quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

COSTUMES ATUAIS

Marina Colassanti
No mundo atual, estamos nos acostumando a muitas coisas como se fossem normais. Estamos nos acostumando a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que as janelas ao redor. E, por não ter uma bela vista, logo nos acostumamos a não olhar para fora. Porque não olhamos para fora, logo nos acostumamos a não abrir de todo as cortinas, o que nos leva a acender mais cedo a luz. Com isso, vamos esquecendo o sol, o ar, a amplidão. Estamos acostumados a acordar pela manhã em sobressalto porque está na hora. Tomamos o café correndo porque estamos atrasados e lemos o jornal enquanto comemos para não perder tempo. Estamos acostumados a comer sanduíche porque não dá tempo de almoçar. A sair do trabalho porque já é noite e a cochilar no sofá porque estamos muito cansados. Deitamos cedo, dormimos pesado, sem ter vivido inteiramente o dia. Estamos nos acostumando a abrir o jornal e a ler sobre a guerra e os mortos que ela produz. Estamos nos acostumando com o grande número de mortos. E, por causa disso tudo, não acreditamos mais nas negociações de paz. Estamos nos acostumando a esperar o dia inteiro por uma ligação importante e quando o telefone toca, ouvimos: Hoje não posso ir. Estamos acostumados a sorrir sem receber um sorriso de volta. A sermos ignorados quando gostaríamos de ser notados. Estamos acostumados a pagar por tudo o que desejamos e necessitamos. Estamos acostumados com as salas fechadas, com o ar condicionado, com a luz artificial e até com a contaminação do mar e a lenta morte dos rios. Vivemos tão fechados que nos acostumamos a não ouvir passarinhos, a não ter galo cantando na madrugada, a não colher fruta no pé. Estamos nos acostumando a coisas demais e nos tornando indiferentes. Somos tantos no planeta que estamos nos acostumando a ouvir falar de desaparecimentos e mortes como simples números estatísticos. Estamos nos esquecendo de ser humanos, de sentir, viver e amar. Estamos nos esquecendo que somos filhos de Deus, Espíritos imortais, criados para o amor. Por isso, vamos recomeçar a reparar nas coisas pequenas e a dar importância a elas. 
 * * * 
Leo Buscaglia
Cada flor é única. Cada rosto é especial. Cada manhã de sua vida é diferente. Preste atenção nas coisas que parecem insignificantes. Perceba as flores. Se não há jardim onde você mora, observe os canteiros floridos das ruas e praças por onde passa. Observe o pôr do sol. Nunca houve, nem haverá dois crepúsculos exatamente iguais, desde o começo dos tempos. Observe a dinâmica da vida que está em todo lugar e não se deixe levar pela acomodação perigosa. Cultive a alegria de viver. Comece hoje, comece agora. 
Redação do Momento Espírita com base no texto Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia, de Marina Colassanti e no cap. Tornando-se você, do livro Vivendo, amando e aprendendo, de Leo Buscaglia, ed. Nova era. Em 17.07.2012.

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