domingo, 4 de dezembro de 2016

CONVERSÃO

O episódio das três negações de Pedro é muito emblemático. Contudo, antes que ele ocorresse, Jesus cuidou de alertar o Apóstolo. Segundo a narrativa evangélica, pouco antes da prisão do Mestre, deu-se uma interessante conversa. Nela, Pedro foi avisado de que corria perigo moral. Jesus lhe disse que tinha rogado por ele, a fim de que sua fé não desfalecesse. Afirmou-lhe ainda que, quando se convertesse, deveria confirmar seus irmãos. Pedro afiançou ao Cristo estar disposto a segui-lO à prisão e à morte. Então, Jesus lhe disse que, antes que o galo cantasse, ele O negaria três vezes.
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 Essa narrativa funciona como um alerta. Com frequência, ouve-se o discurso de que é preciso e suficiente aceitar Jesus. Que essa aceitação resolve de imediato todos os problemas da vida. E faz cessar as tribulações materiais e morais. Como um passe de mágica, transforma homens em quase anjos. Entretanto, não é tão fácil a genuína conversão. Muitos portadores de convicções apressadas se equivocam quanto a isso. Incontáveis dizem eu creio, mas poucos podem declarar estou transformado. As palavras de Jesus a Simão Pedro são muito simbólicas. Jesus as proferiu, na véspera do Calvário, na hora grave da última reunião com os discípulos. Recomendava ao pescador de Cafarnaum confirmasse os irmãos na fé, quando se convertesse. Acresce notar que Pedro sempre foi o Seu mais ativo companheiro de apostolado. O Mestre, habitualmente, preferia a Sua casa singela para exercer o Divino ministério do amor. Durante três anos sucessivos, Simão presenciou acontecimentos assombrosos. Viu leprosos limpos, cegos que voltavam a ver, loucos que recuperavam a razão. Deslumbrou-se com a visão do Messias transfigurado no Tabor. Assistiu à saída de Lázaro da escuridão do sepulcro. No entanto, não estava convertido. Ainda lhe faltavam os trabalhos imensos de Jerusalém. Carecia de fazer muitos sacrifícios pessoais. Deveria travar lutas enormes consigo mesmo. Somente depois poderia se considerar convertido ao Evangelho e dar testemunho do Cristo aos irmãos. Assim, não basta maravilhar a própria alma para operar-se a necessária conversão ao bem. A aceitação das revelações espirituais não logra promover a imediata transformação de um homem para Jesus. Simão Pedro presenciou essas revelações com o próprio Messias. Mas custou muito a obter tais títulos. A crença não é um passe de mágica, que tudo resolve e transforma. Ela reclama serviço intenso para frutificar. Demanda esforço, reflexões e renúncias. É preciso trabalhar firme para conseguir se converter. Aprender a servir anonimamente e a perdoar. Apenas após longas vivências no bem, o homem estará habilitado para testemunhar sua condição de cristão. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 15, do livro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 17.10.2012.

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