Ele é um jovem alto e de porte elegante. Adentra Roma, a Cidade Eterna, com esperança no coração. Vem em busca de trabalho.
Naquele início do século quarto, o jovem artista deseja um lugar para se apresentar e garantir o sustento próprio. No paredão do aqueduto vê um cartaz:
“O circo necessita de músicos, malabaristas, atores para representações.”
O coração do jovem bate forte. Ali está a sua grande oportunidade. O circo necessita de artistas. Ele é um artista.
Mas, Domiciano não sabe como chegar ao circo. A noite já começa a desdobrar seu manto negro sobre a Terra, enquanto ele principia a procurar o circo.
Há muita gente nas ruas. Todos parecem seguir para uma mesma direção. São mulheres e crianças, velhos e jovens como ele.
Ao contemplar-lhes os rostos, Domiciano percebe que todos estão felizes.
-“Ora”, pensa, “são outros candidatos ao circo.”
E segue-os.
Rumam para fora da cidade e na medida que ganham as cercanias, o número de pessoas cresce. Domiciano pensa na concorrência. Seria bom que não fossem tantos.
Contudo, os caminheiros não chegam ao circo, mas ao portão de uma quinta às escuras, quase oculta por entre espesso arvoredo.
Um homem a todos recebe e a cada recém-chegado diz:
- “Seja bem-vindo!”
Domiciano está intrigado. Apesar do grande número de pessoas, ainda confia que apresentará sua performance e conseguirá o emprego.
À luz de tochas de resina, um homem alto, de grisalhas barbas, adentra o local. Todos começam a cantar baixinho.
-“Pois então”, pensa Domiciano, “não é que estão ensaiados.”
Todos sabem o hino que ele tenta acompanhar.
As palavras lhe entram no coração.
São palavras mansas, a música é suave.
Fala de um Reino além deste Mundo. Ele se sente transportado a uma esfera diferente. Emociona-se. Sente os olhos úmidos.
Distribui-se um pedaço de pão, do qual ele mesmo se serve, com emoção. Depois, o homem grisalho relembra palavras e feitos de um outro Homem, chamado Jesus.
Fala do princípio da caridade, do amor entre as criaturas, do abandono aos bens da Terra, do trabalho e canseiras da Terra, das alegrias do Céu.
O jovem ouve e ouve. Não, aquilo não é o circo. Ele se enganou. Porém, seu coração lhe diz que aquele é um grande dia.
Ao terminar a reunião, ele se aproxima do orador da noite e lhe fala:
- “Cheguei aqui por acaso, mas quero ficar.”
O outro o abraça e lhe diz:
-“Nós te aceitamos. Mas não creio que chegaste por acaso. Alguém te trouxe.”
- “Quem?” Pergunta Domiciano.
E o próprio coração responde:
-“Jesus.”
* * *
Jesus todos os dias renova o Seu convite às criaturas para que se acheguem à Sua mensagem e ao Seu coração.
Para cada um, um convite especial.
Você já recebeu o seu e o entendeu?
* * *
Wallace Leal Rodrigues |
Jesus é o mesmo ontem, hoje, sempre. Amor não amado prossegue amando. Seus braços abertos na cruz do martírio continuam abertos para abraçar a Humanidade inteira. Seus irmãos.
Texto da Redação do Momento Espírita com base na pág. 194 – Domiciano, do livro A esquina de pedra, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim.
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