quinta-feira, 4 de setembro de 2025

UM DOMINGO QUALQUER....

DANILO
ALLEGRETTI
O convite chegara inesperado: Venha estar conosco no domingo para uma tarde musical. 
Será em nosso salão de festas, a partir das quinze horas. 
Nossa primeira iniciativa foi consultar o calendário. 
Seria a comemoração de um aniversário? 
Mas nada apontavam nossos registros. 
E, na tarde fria e anunciadora de chuva, amigos de longa data foram chegando. 
Alguns bem conhecidos, companheiros de atividades no voluntariado. 
Em cada um, fomos descobrindo a leveza de sorrisos guardados e a promessa de memórias a serem revividas.
SHOU
ALLEGRETTI
Cada abraço apertado era um verso em prosa, recontando histórias de tempos que o coração jamais esquece. 
O violonista chegou. 
Vimos o violão se acomodar entre suas mãos, pronto para despertar acordes adormecidos.
As partituras estavam nas mentes e nos corações, prontas para serem decifradas pela emoção de cada um. 
Porém, para garantia da união em torno da mesma canção, foram distribuídas velhas letras digitadas de forma ordenada. 
À medida que cada qual foi folheando as páginas recebidas, foram crescendo os sorrisos. 
-Essa eu conheço! 
-Essa é da minha infância! 
Uma avó, de cabelos brancos, lembrou: 
-Essa eu cantava para os meus filhos pequenos...
Lembranças foram sendo despertadas. 
O amigo anfitrião parecia desafiar a todos, olhando um a um, como a questionar, no silêncio da alma: 
-Quero ver quem conseguirá cantar todas. 
Então, a melodia das vozes principiou a encher o ar, um prelúdio suave para o concerto de lembranças que estavam por vir.
Experiente cantora conduzindo, a primeira nota ressoou, tímida. 
Logo se uniu a outras, formando a harmonia de uma velha canção. 
Era mais que som. 
Era o tempo voltando, sussurrando segredos e confidências esquecidas. 
As letras, antes apenas palavras, ganharam vida nas vozes uníssonas, evocando imagens de juventude e de momentos partilhados. 
Cada refrão era um portal para um passado que, na verdade, nunca se fora. 
Entre um verso e outro, olhares se cruzavam, pontuando a trilha sonora da tarde. 
As histórias se misturavam às canções, criando um tecido rico de vivências e de laços inquebráveis. 
A mesa do lanche estabeleceu uma breve pausa para o saborear das doçuras ofertadas. 
Na simplicidade do afeto, em cada gesto, uma evocação particular entre os pares, os trios, formados aqui e ali, ocupando as mesas. 
Os olhos brilhavam, refletindo a chama da amizade que, apesar dos anos, permanecia acesa e forte. 
Aquele era um refúgio, um porto seguro onde a alma encontrava paz e pertencimento. 
Enquanto a noite chegava suavemente, as últimas notas se dissiparam no ar, embora a melodia continuasse a vibrar.
O eco das canções e das memórias prosseguia aquecendo os corações. 
Não foi uma simples tarde musical, nem mais um domingo.
Foi uma celebração da vida, da amizade e da capacidade de recordar e renovar. 
Uma prova de que algumas harmonias são eternas, feitas para serem tocadas e sentidas para sempre, mesmo quando a memória parece diluída, na linha tênue do horizonte da vida de muitas décadas... 
Redação do Momento Espírita, descrevendo tarde musical em casa de Danilo e Shou Allegretti. 
Em 03.09.2025

Nenhum comentário:

Postar um comentário