quarta-feira, 3 de julho de 2024

TENHO MEDO

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Tive medo. 
Saí e escondi o teu talento na terra. 
Essa foi a resposta do último dos servos daquele homem que, saindo em viagem, confiou a eles os seus bens, na conhecida parábola dos talentos. 
Jesus apresenta diferentes perfis de pessoas no que diz respeito à forma de lidar com os talentos recebidos. 
Focando na atitude do último servo, percebemos que sua justificativa se baseou no medo. 
Imaginou um senhor muito severo. 
Enterrou o talento para devolvê-lo. 
Teve medo de lutar para valorizá-lo. 
Há muitas pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar no mundo como desejariam. 
Acabam se recolhendo na ociosidade, na inação, alegando medo de agir. 
Medo de trabalhar. 
Medo de servir. 
Medo de fazer amigos. 
Medo de desapontar. 
Medo de sofrer. 
Medo de incompreensão. 
Medo da alegria. 
Medo da dor. 
E alcançam o fim do corpo sem passar pelas experiências edificantes que o planeta lhes oferece. 
Hipersensíveis, desconfiadas, cheias de suscetibilidades, não constroem as forças da alma. 
Na vida, agarram-se ao medo da morte. Na morte, confessam o medo da vida. 
Muitas vezes, a pretexto de serem menos favorecidas pela natureza, transformam-se, gradativamente, em campeões da inutilidade e da preguiça. 
Se você se percebe um pouco assim, se você se encaixa de alguma forma nessas características vez ou outra, esta é uma mensagem de despertamento. 
Se você recebeu a mais rude tarefa no mundo, não tenha medo à frente dos outros e faça dela o seu caminho de progresso e renovação. 
Por mais sombria que seja a estrada a que você foi conduzido pelas circunstâncias enriqueça-a com a luz do seu esforço próprio no bem, porque o medo não serviu como justificativa aceitável no acerto de contas entre o servo e o senhor. 
Se tiver que fazer, faça com medo mesmo. 
Se tiver que enfrentar, enfrente com medo mesmo, mas enfrente. Não coloque as suas sementes em lugar escuro.
Não se esconda, não fuja do mundo. 
Muitas vezes, atrás do que você chama receio, timidez, reserva, há um pouco de orgulho minando as relações, minando tudo que você pensa e pode fazer. 
Não se veja como o centro das atenções a todo instante. 
Não ache que todos estão avaliando você, julgando-o a toda hora. E se estiverem, o problema será deles. 
São eles que gastarão tempo com coisas inúteis. 
Você, ao contrário, estará multiplicando seus talentos, fazendo a sua parte, com o que tem, com o que pode, sem se comparar a toda hora.
Que possamos ser aquele servo que recebeu cinco e devolveu dez ao senhor. 
Analisemos, não se trata de obra fantástica, de feito sobre-humano.
Ele apenas duplicou o que recebeu, transformou em algo um pouco maior. 
Da próxima vez que uma voz interna lhe disser: 
Tenho medo, lembre-se da parábola, do servo frustrado. 
Lembre-se de que não precisa temer. 
Se mesmo assim, o medo persistir teimosamente em você, sirva com medo mesmo. 
Aprenda a conviver com ele, dia a dia. 
Descobrirá que aos poucos, você o vencerá porque você é maior, mais precioso do que o seu medo. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Tendo medo, do livro Relicário de luz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
Em 03.07.2024

terça-feira, 2 de julho de 2024

CARTAS PARA DEUS

Alguns de nós, por vezes, quando convidados a orar, dizemos: 
-Eu não sei como fazer. Não sei como se ora, ou como se reza. 
Parece mais ser coisa de religiosos, de pessoas que são vinculadas a algum culto. 
No entanto, é tão simples. 
Cada um de nós pode encontrar a sua forma de orar a Deus que nada mais é do que um diálogo de nossa alma com o Pai Criador. 
Um menino de apenas oito anos de idade, vítima de câncer, travando uma batalha diária com a doença que o consumia, criou a sua própria fórmula. 
Afastado da escola, ficou internado por longo tempo, enfrentando cirurgia e sessões de quimioterapia. 
Foram dois longos anos de idas e vindas ao hospital, pequenas fases de aparente descanso e retorno à quimioterapia. 
Amado por sua família e por seus amigos, Tyler escreveu cartas endereçadas a Deus. 
Nelas contava das suas dificuldades, das suas preocupações com a mãe, o irmão, os amigos. 
E fazia seus pedidos. 
Para si e para todos os que amava. 
O carteiro que recepcionava as cartas ficava perplexo. 
Para onde ele enviaria aquela correspondência? 
Afinal, ele não descobrira o correto endereço de Deus, nem o CEP.
Sequer uma mera caixa postal. 
Inteirando-se da história do menino, o carteiro foi guardando todas em determinado local do edifício dos correios. 
Um local onde eram depositadas cartas sem destino certo. 
A história que acabou se tornando filme, com roteiro escrito pelo próprio pai do garoto, registra que a atitude do garoto influenciou outras pessoas. 
Não é que é legal escrever para Deus? 
Contarmos o que sentimos, do que precisamos. 
Até fazermos alguma reclamação, de vez em quando, por acreditarmos que algo não foi bem definido ou pensado pela Divindade. 
Isso é oração. 
Abrir a alma, falar francamente de coração para Espírito, porque o Mestre de Nazaré ensinou que Deus é Espírito e em Espírito e Verdade deve ser adorado. 
É isso aí. 
A fé do pequeno Tyler era tal que, vez ou outra, escrevia: 
-Eu vi que você atendeu o pedido que eu fiz. Então, eu tenho certeza que está lendo as minhas cartas. 
Sinal de fé, certeza de que a Divindade nos ouve. 
Por vezes, isso nos faz falta. 
Essa certeza de que não estamos sós. 
De que, se a enfermidade nos abraça, se a morte leva os nossos amores, se as dificuldades para manter o lar parecem maiores do que possamos resolver, Deus não nos esquece. 
Tudo tem uma razão de ser. 
E como diz o ditado popular não há mal que não se acabe. 
Ainda conforme o Mestre de Nazaré Deus é Pai. 
E qual o pai que ouvindo o filho lhe pedir pão, lhe ofereceria uma pedra? 
Pensemos a respeito. 
E tornemos a oração parte de nossas vidas. 
Não precisa ser em horários definidos, em momentos específicos.
Acostumemo-nos a dialogar com nosso Pai, a qualquer hora. 
-Deus, proteja minha filha a caminho da escola. 
- Deus, estou saindo para mais uma entrevista de emprego. Pode me ajudar, por favor? 
-Deus, estou me sentindo tão só. Será que poderia mandar um passarinho para cantar em minha janela para alegrar a minha alma?
-Deus, fica comigo. 
Oremos. 
Redação do Momento Espírita, com base no Filme Cartas para Deus, lançado no Brasil em 2011; transcrições do Evangelho de João, cap. 4, vers. 23 e 24 e Evangelho de Mateus, cap. 7, vers. 9.
Em 2.7.2024.

segunda-feira, 1 de julho de 2024

DEUS DISSE NÃO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Nas horas difíceis, quando lembramos de rogar a Deus por Seu socorro, nem sempre sabemos interpretar a Sua resposta. 
No entanto, a resposta sempre chega de conformidade com as nossas necessidades e merecimentos. 
Um homem que costumava fazer pedidos específicos a Deus, um dia conseguiu entender a Sua resposta e escreveu o seguinte: 
"Eu pedi a Deus para tirar a minha dor. Deus disse não. “Não cabe a Mim tirá-la, mas cabe a você desistir dela.” Eu pedi a Deus para fazer com que meu filho deficiente físico fosse perfeito. Deus disse não. “Seu Espírito é perfeito e seu corpo é apenas provisório.” Eu pedi a Deus para me dar paciência. Deus disse não. “A paciência nasce nas tribulações. Não é doada, é conquistada.” Eu pedi a Deus para me dar felicidade. Deus disse não. “Eu lhe dou bênçãos. A felicidade depende de você.” Eu pedi a Deus para me proteger da dor. Deus disse não. “O sofrimento o separa dos apelos do Mundo e o traz para mais perto de Mim.” Eu pedi a Deus para me fazer crescer em Espírito. Deus disse não. “Você tem que crescer sozinho, mas Eu o podarei para que você possa dar frutos.” Eu pedi a Deus todas as coisas para que eu pudesse gostar da vida. Deus disse não. “Eu lhe dou vida para que você possa gostar de todas as coisas.” E, por fim, quando pedi a Deus para me ajudar a amar os outros, tanto quanto Ele me ama, Deus disse: “Finalmente você captou a ideia!” "
* * * 
Se, porventura, você está se sentindo triste por não ter recebido do Pai Criador a resposta que desejava, volte a sorrir. 
O sol beija o botão da flor e ela sorri.
A chuva beija a terra e ela, reverdecida, sorri. 
O fogo funde os metais e esses, depurando-se, expressam formas para sorrir. 
Vai a dor, volta a esperança. 
Foge a tristeza, volta a alegria. 
* * * 
Certa vez um discípulo rogou, emocionado, ao seu mestre:
-Senhor, quando identificarei a plenitude da paz e da felicidade, vivendo neste Mundo atribulado de enfermidades e violências? 
O mestre, compassivo, respondeu: 
-Quando puder ver com a suavidade do meu olhar as mais graves ocorrências, sem julgamento precipitado; quando lograr ouvir com a paciência da minha compreensão generosa; quando puder falar auxiliando, sem acusação nem desculpismo; quando agir com misericórdia, mesmo sob as mais árduas penas e prosseguir sem cansaço no caminho do bem entre espinhos pontiagudos, confiando nos objetivos superiores, você se identificará comigo e gozará de felicidade e paz. 
O aprendiz ouviu, meditou, e, levantando-se, partiu pela estrada do serviço ao próximo, disposto a conjugar o verbo amar, sem cansaço, sem ansiedade e sem receio. 
* * * 
Se, porventura, você está triste por não ter recebido a resposta que desejava do Pai Criador, volte a amar e a sorrir.
Só assim vai a dor e volta a esperança. 
Foge a tristeza e volta a alegria. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida e mensagem volante, do Espírito Eros, psicografia de Divaldo Pereira Franco. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5 e no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP 
Em 1º.7.2024