terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

JESUS E AS AFLIÇÕES

-Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração. 
Este convite de Jesus, que encontramos exarado no Evangelho de Mateus, toca a todos nós. 
O Mestre se dirige aos que estamos aflitos e sobrecarregados. 
E quem de nós pode se dizer isento de uma ou de outra situação? 
São diversas as aflições no mundo. 
Algumas vezes, nos afligimos por aquilo que está por vir, pelo futuro. 
São as incertezas do porvir, a insegurança do amanhã, a instabilidade daquilo que nos cerca. 
Tomamo-nos de ansiedade e medo frente a um futuro que não podemos controlar.
E nos afligimos. 
Também nos afligimos pelo presente, quando as situações do hoje nos desestabilizam. 
Para alguns, são os revezes financeiros e as dificuldades em enfrentar os compromissos que nos dizem respeito. 
Para outros, as aflições se fazem pela doença que se instalou, pela internação hospitalar do ente amado, pela velhice do corpo que nos limita em demasia. 
Mas, não poucos de nós nos afligimos pelo ontem. 
Trazemos arrependimentos pelo mal feito outrora, e que somente hoje nos demos conta do erro. 
Por vezes, trazemos a alma povoada das dificuldades criadas mesmo em outras existências, que se refletem em nossa vida atual como traumas e complexos de grande monta. 
São muitas as aflições no mundo, sabia Jesus. 
Por isso, Ele nos convoca: 
-Vinde a mim todos vós que estais aflitos... 
Também chama àqueles sobrecarregados. 
O peso das dificuldades da vida, dos desafios que temos a enfrentar, das injunções naturais da existência nos pesa. 
É natural assim nos sentirmos sobrecarregados e cansados de tantos compromissos, deveres e dificuldades que se impõem, em nosso caminhar. 
Por isso, Jesus nos chama, a todos: aos cansados e aos aflitos. 
E, ao nos chamar para ir ter com Ele, também nos convida, doce e suavemente, a tomarmos duas posturas. 
A primeira é a de aceitar o Seu jugo. 
-Tomai sobre vós o meu jugo, diz-nos o Mestre. 
Isso quer dizer, estar sob a Sua tutela, sob as Suas regras. 
Em outras palavras, estar sob uma postura de amorosidade perante a vida. 
Estar sob o jugo de Jesus é estar sob o constante exercício de aprender a amar, de ser amoroso em relação ao próximo e em relação a si mesmo. 
Jesus entende que tal convite é desafiador para nós. 
Por esse motivo nos conclama a uma segunda postura: 
-Aprendei comigo que sou brando e humilde de coração. 
Na dúvida, na incerteza, busquemos Jesus. 
Se não sabemos como agir, aprendamos com Ele. 
Seja Ele nossa referência, na situação difícil, perante os desafios da existência ou a cada decisão que nos caiba. 
Esta é a proposta de Jesus para todos nós que estamos cansados e aflitos.
Dobrarmo-nos a uma postura de amorosidade, de quem se propõe a ser aprendiz da Sua doçura e mansuetude. 
Somente dessa maneira conseguiremos o alívio e tranquilidade necessários para bem enfrentarmos aquilo que nos cabe nesta existência. 
Redação do Momento Espírita, com base no Evangelho de Mateus, cap. 11, vers. 28 a 30. 
Em 28.02.2023.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

JESUS, MODELO E GUIA

JESUS
E
ALLAN KARDEC
Referência, todos precisamos de referências para saber como agir. 
Desde criança nossas ações são influenciadas profundamente pelos referenciais que temos mais próximos de nossas vidas. 
Entendemos hoje que a família é o primeiro modelo de comportamento que o infante tem à sua disposição e que será de suprema importância em seu desenvolvimento. 
Foi assim que, entendendo esta característica humana milenar, Allan Kardec, iniciando a exposição das Leis Morais em sua obra-prima, O livro dos Espíritos, inquiriu à Espiritualidade: 
-Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? 
Há sabedoria na pergunta kardequiana, que inicialmente vê como indispensável termos referencial, e depois na solicitação de um tipo mais perfeito. 
Sim, precisamos ter um Guia e Modelo acima de todos os outros. 
Um inquestionável, que apresente todas as características de perfeição possíveis. 
A resposta dos Espíritos é muito clara e objetiva: 
-Jesus. 
Logo em seguida, o professor lionês faz um comentário esclarecedor: 
-Para o homem, Jesus constitui o tipo de perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-Lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor(...) 
Aí está Kardec ressaltando uma vez mais a idéia de Modelo e Guia proposta por ele mesmo no questionamento inicial. 
Faz-se mister que diferenciemos, didaticamente, estas duas características desse Mestre maior, para que nos aprofundemos mais nas reflexões. 
O que podemos entender por modelo?
Modelo seria uma forma típica para se reproduzir ou imitar. 
Para os pintores, escultores, o modelo é a figura a ser copiada, ou a referência única de inspiração para se compor uma obra. 
No mundo da moda, os modelos são padrões de beleza ditados por esta ou aquela corrente, neste ou naquele momento da História. 
Entender Jesus como Modelo, é perceber em Seus atos, em Suas atitudes, na maneira como procedeu nesta ou naquela situação, uma referência atemporal a ser imitada. 
Quando o Mestre proclama, heróico: 
-Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei comigo que sou manso e humilde de coração, 
Ele nos diz: 
-Percebam Minha mansidão ao enfrentar as adversidades da vida. Mirem-se na Minha humildade, virtude que já tenho conquistada, para que vocês construam a sua. 
Em outra feita, quando nos momentos finais de sua vida na Terra, pede ao Pai Maior que compreenda os que O estavam assassinando, Ele exemplifica o perdão incondicional. 
Nas entrelinhas poderíamos ler: 
-Inspirem-se no Meu exemplo. Estou compreendendo, perdoando aqueles que Me matam. Façam o mesmo. 
O que podemos entender como Guia? 
Guia é aquele que aponta o caminho, que conduz, que aconselha. 
E o Cristo sempre foi o Guia por excelência, mostrando-nos todos os caminhos seguros, alertando-nos sobre as trilhas incertas e perigosas. Jesus estava sendo Guia quando disse: 
-Aquele que quiser ser o maior dentre vós, seja o servo de todos. 
Ele apontava assim o caminho da grandeza de Espírito, a grandeza de quem serve.
Ao recitar as bem-aventuranças, Ele deixava claro quais as consequências de quem tomasse o caminho da misericórdia, do pacifismo, da pureza de coração...
Finalmente, coroando Sua missão como Guia e Modelo, deixa-nos Seu maior ensinamento: 
-Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei. 
Como Guia lúcido, indica o caminho seguro do amor. 
Como Modelo irretocável, sugere-nos que nos inspiremos em Sua forma de amar, na maneira sublime com que amou a Humanidade inteira. 
Redação do Momento Espírita com base no item 625, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. Disponível no Cd Momento Espírita Especial de Natal, v. 15, ed. Fep. 
Em 31.01.2010.

domingo, 26 de fevereiro de 2023

JESUS, EU CONFIO EM VÓS

Recordo que, criança, aguardava ansioso as férias escolares. 
Eu ficava eufórico com as incontáveis possibilidades de diversão: brincadeiras de rua, futebol com os amigos, tardes inteiras com meu pai no parque municipal.
Momentos inesquecíveis que hoje, adulto, trazem imensa saudade ao coração e, por vezes, lágrimas aos olhos. 
Ao longo das férias, sempre havia uma semana que minha mãe me levava para o interior, a fim de que eu passasse alguns dias com minha avó. 
Era uma senhora muito simples, bastante idosa, e que, eventualmente, fazia a chamada de todos os netos até acertar o meu nome. 
Era uma mulher religiosa. 
Durante os dias que eu ficava em sua casa, ela me fazia orar, antes de dormir. 
Mas, eram muitas orações e algumas repetitivas. 
As palavras vez ou outra me escapavam e, por alguns instantes, eu cochilava, cansado depois de um dia inteiro de brincadeiras.
Mas, meio sonolento, de tempos em tempos acordava na hora de responder: 
-Jesus, eu confio em Vós. 
Minha avó fingia se zangar, depois sorria e dizia: 
-Vamos, filho, está quase acabando. Cada prece que fazemos é uma rosa que entregamos para nossa mãe do céu. 
Com essa imagem eu despertava. 
Parecia-me tão grandioso e bonito oferecer uma flor para a mãe de Jesus. 
No entanto, eu tornava a cochilar e, quando percebia, minha avó estava ajeitando o meu travesseiro e me dando um beijo de boa noite. 
Um tanto assustado, eu apenas respondia: 
-Jesus, eu confio em Vós. 
* * * 
Tantos anos rolaram. 
Pela travessia, que é a vida, muitas águas passaram. 
Águas cristalinas, águas barrentas, águas calmas, águas turbulentas. 
Há muito não espero ansioso pelas férias, que continuam demorando muito a chegar. 
Por vezes, quando a agenda está muito cheia, quando acredito que não darei conta de tantos compromissos, eu me lembro dos amigos do campinho de futebol: 
-Onde estarão? Serão felizes? 
Quando estou frustrado por algum negócio que não se concretizou conforme o esperado, lembro-me das tardes ao lado de meu pai. 
Ele sempre ouvia, pacientemente, todas as minhas descobertas e tudo o que eu tinha para contar. 
Quando estou cansado em demasia, quando me sinto só, lembro de minha avó. 
Do lugar em que ela se encontra, na Espiritualidade, estou certo de que olha por mim, de que cuida de mim. 
Então, eu agradeço pela infância, pelas recordações, pelas responsabilidades, pelo trabalho, pela rotina, por todos que passaram por minha vida. 
E repito, com o coração feliz e cheio de gratidão: 
-Jesus, eu confio em Vós. 
* * * 
A fé é semente que, quando plantada, gera frutos. 
Afinal, somos todos produtos da Seara Divina. 
Enviado de Deus, o Mestre Nazareno habita o coração de cada um de nós. 
Basta fecharmos os olhos, serenarmos os pensamentos e O encontraremos: guia de nossa imortalidade, consolo de nossas almas, Senhor que nos renova as forças e que nos conduz, dia a dia, em direção à perfeição. 
Jesus, eu confio em Vós. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 02.05.2019.

sábado, 25 de fevereiro de 2023

JESUS, DOCE SENHOR

Lembro-me de um dia, distante. 
Cheguei em casa e encontrei muita gente ao redor de minha mãe que chorava.
Estranhando aquele movimento, perguntei ao meu irmão o que estava acontecendo. 
Soube então que meu pai havia passado mal, e se encontrava no hospital.
Chocado com a notícia, corri para o meu quarto. 
Sentei-me na cama, entristecido, sentindo-me impotente para fazer qualquer coisa.
Antecipando os dias, já me vi sozinho, sem o calor da presença de meu pai, sem seu carinho. 
Pareceu-me mergulhar num grande vazio. 
Meus olhos pousaram no livro de cabeceira: 
O evangelho segundo o Espiritismo.
Presente de meu pai. 
Que lição poderia eu absorver dali, naquele momento? 
Que consolo me poderia trazer ao coração? 
Abri-o e comecei a ler a respeito de Jesus, o convite para segui-lO. 
O fardo suave.
O jugo leve. 
Fui absorvendo as palavras e tentando compreender o seu sentido profundo e consolador. 
Em minha mente e em meu coração formaram-se imagens de Jesus, que veio ensinar aos homens a respeito do Deus Pai, que ama a todas as suas criaturas. 
Jesus que nos disse que todos os sofrimentos, misérias, decepções, perdas de seres amados encontram consolação quando temos fé no futuro. 
Então, visualizei um futuro além da Terra, e percebi que continuamos todos na lida em busca do progresso. 
O que mais me acariciou a alma, naqueles momentos, foi quando li que Jesus nos convidava para caminharmos juntos, que Ele nos aliviaria.
Esclarecia sobre seu jugo e oferecia seus ensinamentos de brandura e de humildade. 
Chorei silenciosamente, com o coração confiante, agora. 
Tive vontade de orar, de fazer essa prece que brota da intimidade com todo fervor:
-Doce Senhor, és o companheiro de nossas almas, o bálsamo vivo que acalma o coração sofredor. És a esperança dos que vivem, dos que buscam, dos que sofrem, dos que choram e padecem. Jesus, és luz divina todo dia, és paz maior que se irradia pelo mundo atormentado. És a certeza do incerto, a virtude e a verdade, a alegria e a bondade. Por isso te peço Amigo querido, abençoa este mundo sofrido, tornando-o mais belo e mais iluminado. Que a Tua paz envolva o sofredor, acolhendo-o com ternura, inundando-o de amor. Dá-me forças, meu Pastor, para poder com confiança, ser a fortaleza de que necessita minha mãe, neste momento. Que no abraço que vou agora lhe dar, Teu amor se faça presente, entregando a ela a força de que necessita para este momento. 
Agradecido e confiante, fui para junto dela, segurei suas mãos entre as minhas, olhei profundamente em seus olhos. 
Quase não nos enxergávamos, pois tanto ela quanto eu, tínhamos os olhos marejados de lágrimas. 
Abracei-a, com o pensamento no Mestre de nossas almas, apertei-a carinhosamente em meus braços e deixei que nossos corações se fundissem. 
Ela se deixou ficar. 
Quando, devagarinho, nos separamos, ela me olhou e sorriu, de forma tímida. 
Eu lhe disse: 
-Tenhamos confiança em Deus, minha mãe! Jesus nos sustentará agora e sempre. Estejamos com Ele, pois Seu fardo é leve e Seu jugo é suave! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. VI de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 07.12.2019.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

CHAMADA PARA A FELICIDADE

Jack Canfield, Mark Victor Hansen
Renomada escritora conta que tem, sobre a mesa, em seu gabinete de trabalho, um bilhete escrito por sua mãe, há muitos anos. 
São apenas quatro frases. 
O que nele sobressai é que não contém nenhum mas ou porém. 
Ao contrário, todas as frases têm a conjunção e, entre uma observação e outra.
Cada vez que as lê, ela se sente estimulada ao bom trabalho. 
Cada frase está cheia de amor, oferecendo exemplos específicos do que significa para sua mãe e seu pai a sua atividade como escritora. 
Relendo, como costuma fazer, Robin se pôs a pensar em como ela, na função de mãe, tem agido com seus filhos. 
E se deu conta do quanto deve modificar sua conduta para com eles. 
Lembrou que sua filha mais velha é sempre a primeira da turma. 
Seu boletim só traz nota dez. 
No entanto, os professores, mais de uma vez, nas reuniões habituais, com os pais, sugerem que ela fala demais em classe. 
Por isso, os cumprimentos maternos são mais ou menos assim:
-Parabéns! Você conseguiu novamente ser a melhor. Mas, será que poderia falar menos durante as aulas? 
A filha mais nova, dedicada ao estudo, inteligente, adorável, também recebe observações como: 
-Seu projeto está ótimo. Muito bem elaborado. Mas, arrume o seu quarto. 
Isso porque ela costuma tratar o chão do seu quarto e do banheiro como armários.
Pensando em quantas vezes deslustrou boas observações com mas e porém
Robin se pôs a reflexionar em como poderia melhorar os seus comentários.
Importante lembrarmos que não basta dizer aos nossos filhos que os amamos. 
É preciso deixar fluir o amor. 
Em tempos de tanta frustração, depressão, é preciso aumentar o volume da atenção, do elogio, da orientação. 
Claro que nossos filhos precisarão de correções, em diversas situações. 
Poderia ser dessa forma: 
-Vejo que você cometeu uma tolice. Sei que é bastante inteligente para descobrir o que fez errado e melhorar, da próxima vez. Excelente a sua performance. Seu pai e eu estamos muito felizes pelas suas conquistas. E temos certeza de que você pode alcançar muito mais. 
Enfatizar a conquista, porque requereu esforço. 
Deixar de obscurecer ou desprezar o que eles fazem. 
Isso azeda a felicidade deles e aumenta a sua raiva. 
O toque de chamada para a felicidade, todos os dias, é nos concentrarmos no que é bom, no que seja promissor a respeito dos nossos filhos. 
Evidenciar seus pontos positivos. 
Acreditarmos, com todo nosso coração, que eles são capazes de nos ver de igual forma. 
Também a todas as pessoas com quem irão trabalhar, conviver, servir.
Reformulemos nossas falas. 
Permitamo-nos oferecer mais amor, a cada hora, em cada expressão. 
Até mesmo, quando eles precisarem refazer o passo, corrigirem algumas das suas posturas. 
Lembremos de usar mais estímulos, ressaltando o que já alcançaram, o que já conquistaram. 
A chamada da felicidade deve ser estimuladora, de reconhecimento pelo alcançado. 
Frases positivas, sempre. 
Frases que traduzam nosso amor para com eles. 
Lembremos que o Mestre, conhecendo todas as nossas imperfeições, lançou-nos o estímulo: 
-Vós sois deuses. Podeis fazer tudo o que eu faço. E muito mais. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. E, e, e..., do livro Histórias para aquecer o coração – 50 histórias de vida, amor e sabedoria, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen e Heather McNamara, ed. Sextante. 
Em 24.2.2023.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

O INESPERADO

Todos os dias somos surpreendidos por acontecimentos inesperados. 
A tragédia desabando no seio da família, o baque financeiro surgindo do nada, a enfermidade que dilacera, prenunciando a morte de um ente querido.
Nem sempre estamos em vigilância e guarda, capazes de absorver esses impactos e os digerir com a serenidade devida. 
Quase sempre se instalam o desequilíbrio e o pânico, como respostas espontâneas ao surgimento do inusitado que vai contra aquilo que esperamos.
Atrapalhados diante do incomum, sentimos o chão desaparecer abaixo dos pés. 
Como é natural, cada um de nós reage conforme sua estrutura emocional. 
Uns se entregam à apatia, não encontrando ânimo para uma mínima providência. 
Outros, buscam no álcool uma fuga do problema, tentando anestesiar o desafio posto à sua frente pela vida educadora. 
Tem quem procure na fuga desastrosa pelo suicídio um jeito de não precisar lidar com a provação difícil. 
Há ainda os que buscam a oração.
São os que pedem amparo divino para atravessar os momentos tormentosos.
Inegável reconhecer que cada um mobilizará os recursos de que disponha mas, dentre tantas ferramentas, temos aquelas de reação negativa ou de efeito agravador. 
Saibamos: 
O desespero é péssimo conselheiro. 
A precipitação não costuma ser nada ajuizada. 
A dor é sempre estação de difícil acesso, plataforma de que todos os passageiros desejam imediato desembarque. 
Surgindo de surpresa, costuma desestruturar o ser que não aprendeu a conviver com ela. 
E toda experiência de sofrimento pede serenidade no acolhimento, resignação na instalação e trabalho na erradicação de seu foco gerador de mal-estar.
Herdeiros de um pretérito difícil, estamos sempre sob reações de ações cometidas outrora. 
Que o bom senso, no entanto, nos ajude a entender que nem sempre o infortúnio manda aviso prévio ou whatsApp de véspera, informando que está em rota de choque contra nossos interesses pessoais. 
Orar sempre ajuda, pois a oração ilumina o ser em aturdimento diante do conflito instalado. 
Porém, pede que após o momento sublime de comunhão com o alto, o ser tome a charrua e saia a campo para lavrar o terreno destroçado pelas intempéries, dele fazendo vaso fecundo de possibilidades renovadoras mais uma vez. 
Em percebendo chegar teu tempo de poda e desfolhagem de fantasias: prudência e paciência. 
Aciona tua antena psíquica, buscando a estação divina. 
Silencia, por momentos, a algazarra e a inquietação que te assaltam o país interior, refazendo tua paz e te predispondo às primeiras providências para sanar o que aconteceu. 
Um sorriso gentil ajuda a relaxar tensões. 
Um gesto calmo asserena quem possa estar em erupção vulcânica das próprias reações.
Uma leitura otimista e refazente contribui para dilatar o entendimento acerca da melhor atitude a tomar. 
A prece... 
Sempre a prece. 
Ela faculta serenidade na tomada das melhores decisões. 
Lembra-te, por fim, que a expiação corrige. 
A prova, testa. 
A dor inibe o abuso. 
Não existe sofrimento sem causa certa, estacionada no tempo e no espaço.
Pensa nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem mediúnica do Espírito Marta, recepcionada por Marcel Mariano, em data de 18 de novembro de 2022, em Salvador, Bahia. 
Em 23.2.2023.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

PAI NOSSO

Jesus de Nazaré, durante os poucos anos em que emprestou Sua presença amiga aos sofredores e ignorantes da Terra, foi visto orando, inúmeras vezes.
Então, um dos apóstolos, desejando verdadeiramente aprender, rogou a ele:
-Mestre, ensina-nos a orar. 
E Jesus ensinou a mais bela síntese de como se deve fazer uma prece, proferindo a oração que conhecemos como Pai Nosso. 
Percebemos não se tratar de uma simples prece, mas de um roteiro seguro do qual podemos extrair profundas lições. 
Ao enunciar Pai Nosso, evoca o Criador com suprema humildade e submissão, como quem busca a proteção divina de alma aberta. 
E nos autoriza a considerarmos que, filhos do mesmo Pai, formamos uma única e grande família. 
Ao afirmar Que estais nos céus, reconhece a supremacia e a grandeza do Senhor do Universo, que a tudo governa com extrema sabedoria. 
O Senhor do Universo que está em toda parte, em todos os mundos. 
Quando Jesus fala Santificado seja o vosso nome, demonstra o respeito e a veneração pelo Ser Supremo, sentimentos que devemos todos a esse Ser incriado, Pai celeste, Criador de todas as coisas. 
Quando o Mestre roga: Venha a nós o vosso reino, sua alma se abre para nos ensinar que o Reino de Deus está dentro de cada um de nós. 
E que para encontrá-lo é preciso buscar com todas as forças.
Um reino que não é de aparências exteriores, nem de futilidades. Um reino imperecível. 
Quando Jesus profere as palavras: Seja feita a vossa vontade, submete-se fielmente ao Pai, confiante em Suas soberanas leis. 
Oferta-nos a lição de que não devemos desejar que prevaleçam as nossas vontades e nossos desejos. 
Quando Seus lábios se abrem para pedir: O pão nosso de cada dia nos dai hoje, sua rogativa é de um filho agradecido, que reconhece a misericórdia e a providência divinas. 
E nos diz que, se com nosso trabalho, obtemos nosso sustento, também necessitamos do pão da alma, que somente o Pai nos pode oferecer. 
Jesus continua e roga: Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 
Assinala uma lei simples e imutável que estabelece o perdão como condição básica para sermos perdoados. 
Rogando ao Pai: Não nos deixeis cair em tentação, Jesus nos convida a buscar o amparo do Alto para as nossas intenções de autossuperação, de renovação íntima, de construção do homem novo. 
Uma súplica e um desejo que nos devem ser constantes, querendo trilhar somente as veredas do bem e da justiça. 
E, quase finalizando, ao solicitar: Livrai-nos do mal, ratifica esse nosso anseio de agir com retidão, não desejando nos afastar das soberanas leis de Deus. 
É um pedido para que sejamos fortalecidos a fim de não virmos a cometer erros, tão comuns em nossas jornadas. 
Por fim, conclui: Amém, palavra hebraica que significa, em síntese, concordância, adesão. 
Também podemos entender como Certamente, 
De verdade. 
Assim seja. 
Dessa forma, quando tornarmos a orar o Pai Nosso, pensemos em cada frase, e nos iluminemos, com cada ensino. 
Acima de tudo, lembremos que se trata de oração ensinada pelo nosso Modelo e Guia. 
Um autêntico e sincero diálogo com o Pai.
Redação do Momento 
Espírita. Em 21.02.2023.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

JERUSALÉM E JERICÓ

AMÉLIA RODRIGUES
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
A parábola do bom samaritano começa assim: 
Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram de feridas, e se foram, deixando-o meio morto. 
A imagem utilizada por Jesus é significativa. 
Sem descermos aos detalhes do bom samaritano que auxiliou aquele homem, é de nos perguntarmos por que ele sofreu a agressão? 
Alguns o têm considerado um mercador, um negociante, que padeceu a sanha dos ladrões. 
No entanto, Jesus não tece nenhuma consideração a respeito. 
Simplesmente diz que um homem descia de Jerusalém. 
Jerusalém era a cidade religiosa.
Era lá que estava o templo, local onde oravam os judeus. 
Era, portanto, o símbolo da ligação com Deus. 
Jericó, por sua vez, era a cidade do ócio e da riqueza material. 
Lugar de conforto e área de prazer. 
Local de abundância. 
Seu terreno generoso era tido como o mais abençoado oásis da palestina. 
É considerada, tradicionalmente, como a cidade mais antiga da Terra. 
Acredita-se que o homem ali se instalou entre os milênios 10 e 7 a.c. 
O homem descia, diz a parábola. 
Figurativamente, equivale a dizer que, na sua intimidade, abandonou a condição de ligação íntima com Deus na busca de interesses puramente materiais. 
Jerusalém representa, na parábola, tudo aquilo que diz respeito ao Espírito e seu crescimento: a moral, a ética, o amor. 
Jericó fala aos sentidos mais banais. 
Então, o homem deixa sua condição de moralidade para buscar os prazeres do mundo. 
Nessa etapa de invigilância sofre o assalto, a agressão. 
Assim pode ocorrer conosco. 
Sempre que buscamos as futilidades, esquecendo-nos das primordiais questões do Espírito, sintonizamos com faixas inferiores. 
Nessas oportunidades, poderemos ser vítimas dos maus e do mal, pois nos colocamos no seu meio. 
A exortação de Jesus para a vigilância que devemos exercer sobre nossos pensamentos e ações não deve ser desconsiderada. 
O homem agredido encontrou o bom samaritano que o socorreu. 
Entretanto, se não tivesse sido invigilante, poderia não ter sofrido o assalto. 
Em nosso caminho evolutivo todos passamos pela fieira da ignorância, mas não há necessidade de experimentarmos o mal. 
Existem questões em nossas vidas das quais não poderemos nos furtar. 
Estão no cômputo das nossas necessidades sofrê-las, seja por questões de resgate ou por serem um convite ao progresso. 
Isso porque sempre que as dificuldades nos alcançam, nosso instinto de conservação nos impele a buscarmos soluções. 
Nessa busca, criamos condições novas para nós mesmos e para a Humanidade. É o que chamamos progresso. 
As pandemias, ao longo dos séculos, nos conduziram a pensarmos em melhores condições ambientais, de higiene pessoal, de cuidados para evitarmos a contaminação. 
Também a desenvolvermos medicação apropriada e a elaboração de vacinas.
Contudo, existem muitos problemas que não precisaríamos ter. 
Bastaria maior vigilância pessoal, melhor controle das nossas emoções e dos nossos sentimentos. 
Dessa forma, entendamos que optar por Jerusalém ou por Jericó é questão pessoal.
Importante que saibamos realizar a melhor escolha. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 18, do livro Pelos caminhos de Jesus, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 27.01.2021

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

JEJUM E ORAÇÃO

Jesus havia descido do monte onde, há pouco, Pedro, Thiago e João haviam presenciado o fenômeno da transfiguração. 
Quando chegaram à multidão, aproximou-se-lhe um homem, pondo-se de joelhos diante dele, e dizendo: 
-Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água. E trouxe-o a teus discípulos, e não puderam curá-lo. 
Eis que Jesus lhe respondeu:
-Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei eu convosco, e até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui. 
Narra, então, o Evangelista Mateus que Jesus repreendeu o Espírito mau que estava com ele e o Espírito o abandonou. 
Os discípulos se aproximaram de Jesus, curiosos, e, em particular, lhe perguntaram: 
-Por que não pudemos nós expulsar o espírito mau? 
Ao que o Mestre lhes redarguiu: 
-Por causa de vossa pouca fé. Porque, em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá, e há de passar. E nada vos será impossível. 
Finaliza Jesus a lição, afirmando: 
-Mas esta casta de demônios não é expulsa senão pela oração e pelo jejum. 
* * * 
Necessário serenar a alma e as ideias preconcebidas, e refletir profundamente sobre a proposta de jejum e oração oferecida pelo Rabi. 
Será que Jesus, ao propor o ato de jejuar, referia-se a deixar de se alimentar regularmente? 
Pois é assim que muitos entendem até os dias de hoje. 
Por isso, faz-se mister que nos debrucemos sobre a temática a partir deste ponto. 
A proposição do Mestre ia muito além da dieta alimentar. 
Ele trazia a ideia da abstinência moral, de abster-se de tudo aquilo que nos conduz aos excessos. 
Fala Ele, assim, de um jejum do comportamento doentio. 
Este é o único caminho para a libertação das influências deletérias dos obsessores espirituais. 
A oração é primordial, pois nos liga ao Criador, nos purifica os pensamentos e eleva a sintonia mental. 
Junto dela, a mudança de comportamento, de direção nos propósitos de vida é fundamental.
Os Espíritos infelizes se ligam a nós através da sintonia com nossas misérias íntimas. 
Se deixarmos de cultivar tais misérias, se alterarmos a faixa mental, não haverá mais compatibilidade nesse plug psíquico. 
A privação das ações negativas, dos desejos malsãos deve ser o jejum para a alma que deseja se libertar de qualquer influência espiritual inferior. 
A fé raciocinada e a ação no bem nos protegem de tudo. 
Não há o que temer, quando as mãos estão perfumadas pelas flores do bem que deixamos pelo caminho. 
Não há o que temer, quando o coração está aquecido pela certeza de que as Leis de Deus são perfeitas, e que a Presença Divina é constante em nossas vidas. 
Perante qualquer dificuldade que venhamos a enfrentar, lembremos da lição do jejum e da oração. 
Lembremos deste medicamento poderoso de que todos nós dispomos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.7.2021.

domingo, 19 de fevereiro de 2023

JEITO DE ESCAPAR DO INFERNO

Mohandas Karamchand Gandhi foi um homem fabuloso e inesquecível. 
Seu conhecimento sobre as leis de Deus é digno de nosso mais profundo respeito e admiração. 
Uma das mais belas passagens de sua vida é relatada com competência pelo cineasta britânico Richard Attenborough. 
O filme mostra a sangrenta guerra civil que se seguiu à divisão da Índia em Paquistão muçulmano e Índia hindu. As mortes só trouxeram retaliações e mais vítimas, até que Gandhi, líder espiritual respeitado por hindus e muçulmanos, iniciou um jejum e jurou que não comeria até que a matança terminasse, mesmo que isso significasse sua morte por inanição. Esse foi apenas um dos muitos jejuns de Gandhi defendendo a não-violência. Um hindu enlouquecido visitou o Mahatma e, ao chegar aos pés da cama onde estava, atirou-lhe um pedaço de pão enquanto gritava: 
-Eu já vou para o inferno e não quero a culpa da sua morte também em minha alma! Coma, por favor! 
Gandhi, sereno como sempre, replicou: 
-Por que você vai para o inferno? 
O hindu tremia ao responder: 
-Eu tinha um filho pequeno, mais ou menos deste tamanho, que foi assassinado pelos muçulmanos. Então, eu peguei a primeira criança muçulmana que consegui encontrar e a matei, arrebentando-lhe a cabeça contra uma parede. 
Gandhi fechou os olhos e chorou por dentro. Depois se recompôs, pois sabia da importância de seu papel perante aquele povo e, com esperança na voz, disse: 
-Eu conheço um jeito de escapar do inferno. Muitos meninos agora estão sem os pais por causa da matança. Encontre um menino muçulmano, com mais ou menos este tamanho - repetindo o gesto feito pelo visitante há pouco – e o crie como se fosse seu. Adote-o. 
O homem desorientado estava admirado com a proposta, e tentava assimilá-la da melhor forma. Uma brisa de esperança chegou-lhe ao rosto. Porém, Gandhi não havia terminado sua fala: 
-Atente apenas para um detalhe: você não deve esquecer que deverá criá-lo como um muçulmano. 
O hindu não estava preparado para aquela proposta. Era muito diferente de tudo que sentia, de tudo que pensava. Era uma proposta revolucionária. Era a revolução da lei do amor, ensinada por Gandhi, de forma magistral. O homem caiu aos pés do mestre. A loucura abandonou seus olhos, que choravam copiosamente. Gandhi colocou as mãos na cabeça do hindu, abençoando-o do fundo de seu coração, desejando que ele pudesse aceitar seu novo caminho, o caminho para sair do inferno. Quando o hindu saiu, ele tinha um pouco de paz no coração, e uma proposta da lei do amor em suas mãos: proposta de perdão e de autoperdão. 
* * * 
Nada como o amor, em toda sua resplandecência, para nos libertar desse estado d’alma de inferno. 
Sim, já somos capazes de entender que o inferno não é um local delimitado no espaço, mas um estado d’alma temporário. 
Para alguns, desorientados e reincidentes nos mesmos erros, esse estado de espírito parece uma eternidade, mas essa dita eternidade dura apenas o tempo do aprendizado, o tempo do despertar para o amor. 
O amor cobre uma multidão de pecados, conforme tão bem afirmou o Apóstolo Pedro. 
A lei de causa e efeito abraça-se à lei da amorosidade e ambas, interligadas sempre, carregam-nos para a tão desejada felicidade. 
Redação do Momento Espírita.
Em 09.09.2013.
MINHA NOTA:Definição sobre o INFERNO pelo sábio dos sábios ALBERT EINSTEIN: "O INFERNO É A AUSÊNCIA DE DEUS!"

sábado, 18 de fevereiro de 2023

JARDINS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
É comum se associar a lembrança de uma pessoa a algo que a caracterize.
Digamos, seja seu toque pessoal. 
Dia desses, ao passarmos por um jardim cheio de cores vivas, fomos surpreendidos por uma frase partida dos lábios de uma senhora: 
-Um jardim tão bem cuidado me recorda minha avó. 
A amiga que a acompanhava logo indagou do porquê. 
A continuidade do diálogo, cujas frases nos chegavam com clareza, trazidas pela brisa mansa, nos surpreendeu: 
-Minha avó, dizia, passou sua vida a plantar flores. Recordo-me da infância e do bangalô de minha avó. Quase não havia terra para plantar. A construção era nova e o local mais parecia um campo de batalha que as minas tivessem revolvido e deixado em total desalinho. Pois minha avó não desanimou. Com pedras desenhou retângulos no solo, afofou a terra, preparou-a e plantou suas amadas roseiras. Jardins eram a sua marca registrada. 
A senhora alongou o olhar na distância, como a revolver a saudade na terra do coração e prosseguiu: 
-Era uma pessoa excepcional minha avó. Já mais idosa, os filhos optaram por colocá-la em um apartamento. Mais segurança, diziam, menos trabalho. Afinal, eles temiam o peso dos anos naqueles ombros já não tão fortes. Quando vi o apartamento, entristeci. Tinha uma varanda sim, mas nem sombra de terra, onde ela pudesse utilizar da sua mágica pessoal para transformar em um pedacinho de céu perfumado. Pensei que ela iria murchar. Imaginei-a a fenecer, como flores ao sopro do inverno rigoroso ou sob o sol escaldante do verão. Qual não foi minha surpresa ao visitá-la, alguns meses depois. Levei-lhe um ramalhete de rosas multicoloridas, contando alegrar-lhe o lar. Ela abraçou as rosas, agradeceu e seu rosto se iluminou como em êxtase. 
-"São lindas, querida. E perfumadas." 
Depositou-as com cuidado sobre uma mesa, tomou-me pela mão e levou-me até à varanda. Naquele minúsculo espaço, a terra gentil permitia brotar rosas de delicado perfume e graça. As mãos mágicas de minha avó haviam transformado um retângulo de cimento frio em uma nesga de paraíso florido. Suas mãos acariciaram as flores qual se o fizessem a um filho querido. Depois, ela me reconduziu à sala, e mostrou um troféu. As flores de sua varanda haviam sido eleitas as segundas mais belas de toda a cidade. 
* * * 
Transformar a terra inculta em um oásis de beleza ou deixá-la entregue às ervas daninhas e espinheiros é opção pessoal. 
Assim nos jardins das nossas vidas. 
Podemos ser indiferentes e ociosos, relegando tudo ao descaso, nada realizando de bom, de belo, de útil. 
Ou podemos optar por semear flores de alegria, rosas de ventura. 
Quiçá apenas umas tímidas violetas de discreto perfume. 
Contudo, não sejamos dos que erguem espinheiros. 
Tornemo-nos jardineiros cuidadosos a fim de que, pelas veredas por onde transitarmos, deixemos o perfume e a beleza das nossas ações. 
* * * 
Semeando estrelas, seremos convidados a espancar trevas. 
Semeando esperanças, haveremos de nos tornar luzeiros para corações entristecidos. 
Onde quer que estejamos, sempre poderemos semear as luzes do amor e da esperança. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Os jardins de nossas vidas, publicado na Revista Seleções Reader´s Digest, junho.1998 e no verbete Sementeira, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.
Em 27 .10.2009.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

QUANDO CHEGAR A MINHA VEZ

A notícia me surpreendeu, pela madrugada. 
Em acidente de trânsito, perdera a vida física o filho de uma querida amiga.
Imaginei o quanto ela deveria estar com a alma estraçalhada. 
Embora, como eu, guarde a convicção da vida imperecível, a morte continua a nos assustar, quando se apresenta.
Por vezes, quase nos tira o chão. 
Parece irreal. 
Hoje foi um jovem, no vigor dos anos. 
No entanto, nos últimos meses, tenho assistido a partida de muitos amigos, voluntários, conhecidos. 
Nesses momentos, penso: 
-Ele estará bem? Estava preparado para essa saída do mundo palpável? 
De repente, me surge a indagação: 
-E se a morte me visitasse hoje, eu estaria pronto para seguir com ela? Teria aquela tranquilidade de Francisco de Assis que, enquanto trabalhava em seu jardim, ao ser perguntado o que faria se soubesse que a morte o viria buscar nesse dia, respondeu: Continuaria capinando? 
Ele vivia tão bem os seus dias, que trazia a alma em perfeita harmonia. 
Poderia partir a qualquer momento. 
No entanto, eu, ante essa pergunta, de forma rápida fui repassando pela mente: o seguro de vida está quitado. 
Isso dará aos que ficam o prosseguimento das suas vidas, sem percalços. 
O convênio funeral igualmente está em dia. 
Então, os familiares não passarão por dissabores com preparativos e valores para o sepultamento do meu corpo. 
A senha da conta corrente está em mãos de parente querido, débitos a serem saldados, recursos a serem recebidos, uma lista enorme, tudo em mãos hábeis, para as providências. 
Pensei:
-Posso partir, sem susto. 
Então, num flash, uma ideia atravessou minha mente. 
Lembrei do episódio do Evangelho em que Jesus relata a história do homem que mandou erguer mais celeiros, para guardar todos os seus frutos, pensando, depois, que poderia descansar, comer, beber e folgar. 
Mas, conclui o mestre: 
-Louco! Esta noite te pedirão a tua alma. E o que tens preparado, para quem será?
Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus. 
Dei-me conta de que estou agindo exatamente como esse homem. 
Se a morte me vier buscar, agora, qual a bagagem que poderei levar comigo?
E me questiono: 
-Quais virtudes coloquei no baú da alma, para apresentar perante o tribunal da consciência, na Espiritualidade, na qual adentrarei? Que boas ações pratiquei para enriquecer o enxoval para a nova vida? Terei semeado mais amizades, afeições do que inimigos e desafetos? 
Fui colocando na mala, para essa viagem final, tudo de que me lembrava. 
Descobri que nem preciso de uma mala, bastará uma pequena, muito pequena valise de mão. 
Assustei-me. 
Tantos anos vividos. 
Tão poucas realizações. 
Cresci no intelecto, conquistei títulos acadêmicos, venci no mundo em várias facetas. 
Somente esqueci de semear bem-aventuranças em minha alma. 
Preciso apressar-me.
O tempo urge. 
Permita Deus que novos dias se multipliquem para que eu possa acrescentar mais alguns bons itens na bagagem espiritual. 
Alvorece o dia, a hora se faz de urgência. 
Ponho-me a caminho, enquanto as horas avançam... 
Será este o meu último dia? 
Redação do Momento Espírita, com citação do Evangelho de Lucas, cap. 12, itens 19 a 21. 
Em 17.2.2023.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

DE OLHOS FECHADOS

Vivemos em uma sociedade onde a imagem e o que ela pode representar, é muito valorizado. 
Na propaganda, profissionais se esmeram nos detalhes, para conquistar a atenção de clientes ou parceiros, oferecendo a imagem que acreditam ser a ideal. 
Empresas cuidam de suas peças publicitárias, logomarcas, desejando impactar positivamente com a imagem que transmitem. 
Na esfera pessoal, investimos esforços, em maior ou menor grau, em torno de nossa própria imagem. 
Alguns investimos tempo e valores de grande monta, recursos variados para estruturar a nossa imagem para os outros. 
Buscamos conquistar admiração, respeito ou, ao menos, atenção e comentários.
Detalhes nos acessórios, na marca das roupas, no cuidado da pele, na harmonia do rosto, entre tantos aspectos para moldarmos nossa melhor imagem para os demais.
Porém, já reparamos que as coisas que mais apreciamos, as usufruímos de olhos fechados? 
Quando provamos nossa comida preferida, aquela cheia de lembranças que nos remetem a momentos felizes, o que fazemos? 
Fechamos os olhos!
Quando abraçamos alguém que há muito não víamos e as saudades transbordam do abraço, como nos aconchegamos no peito alheio? 
De olhos fechados! 
Ao escutarmos uma música que nos enleva a alma, nos fazendo lembrar de alguém, ou nos enchendo o coração de paz, o que frequentemente fazemos?
Fechamos os olhos. 
Quando as saudades de quem amamos aperta no peito, e buscamos as lembranças, as boas memórias desse amor agora distante, o que geralmente fazemos? 
Cerramos os olhos. 
Assim procedemos porque as melhores coisas habitam dentro de nós. 
Por isso, fechamos os olhos, procurando as lembranças, as memórias, os registros que trazemos em nosso íntimo. 
Contudo, embora as coisas mais importantes se encontrem dentro de nós, de uma forma estranha, vivemos muito mais para o mundo externo, para o que está fora nós. 
Damos demasiada importância para as redes sociais, enquanto investimos pouco em nossas conexões internas, em valores do coração. 
Aplicamo-nos, intensamente, na harmonia das cores e peças que vestimos, sem nos darmos conta de que há muita desarmonia em nosso mundo íntimo. 
Buscamos novidades e acontecimentos nas imagens do mundo, sem dedicar tempo para examinar o que se passa dentro de nós. 
Sem dúvida, devemos viver no mundo, com suas regras, exigências e possibilidades. Isso é natural. 
Porém, também se faz preciso fecharmos mais os olhos. 
Esquecer um pouco mais do mundo externo para mergulharmos em nós mesmos.
Avaliar nossos sentimentos, organizar nossos pensamentos, repensar nossas prioridades. 
Fechar os olhos por alguns minutos, asserenar a mente. 
Será nesses momentos de reflexão mais íntima, de meditação, que poderemos melhor aquilatar o que é verdadeiramente importante em nossas vidas. 
Fazendo disso um hábito, entenderemos que viver com os olhos abertos para o mundo é tão importante quanto fecharmos os olhos para vermos o que se encontra na intimidade de nós mesmos. 
Redação do Momento Espírita 
Em 16.02.2023.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

O ANIVERSÁRIO DO MEU AMIGO

DANILO ALLEGRETTI
Hoje aniversaria um amigo querido. 
Conheci-o, há alguns anos e, logo, fomos criando raízes de afeto. 
O interessante é que, certa feita, viajando com ele, em diálogo de improviso, constatamos que éramos da mesma cidade. 
-Como assim? 
Descobrimos que ele, alguns anos mais velho do que eu, conhecera meu irmão e tinham sido amigos. 
Ele chegara a frequentar a minha casa. 
Como eu podia não lembrar, nem ele de mim? 
Bom, na época eu era um pirralho, que vivia a correr, subir em árvores e brincar na rua com garotos como eu. 
No entanto, o fato dele ter sido amigo do querido irmão, mais a ele me afeiçoou. 
É como se, nos diálogos com ele, eu reencontrasse um pouco da essência do irmão que já realizara a grande viagem ao Além. 
Eu o ouvia e ouvia e ficava imaginando o que teriam conversado, rapazes da mesma idade, naquela longínqua cidade do interior gaúcho. 
Parecia vê-los, então, numa criação da memória, no porão de nossa casa, naquele recanto que meu irmão chamava de escritório. 
Em verdade, seu refúgio. 
O lugar em que ele, radioamador, tinha seu aparelho, realizava seus contatos, conversava com o mundo. 
Quantas vezes eu o terei visto sem lhe gravar a fisionomia? 
Bom, o importante é que hoje é o aniversário desse amigo especial.
Penso em como o poderei melhor cumprimentar. 
Deverei mandar uma mensagem por whats? 
Enviar flores? 
Como melhor poderia lhe dizer do quanto é importante a sua amizade em minha vida? 
Em verdade, ele anda um pouco esquecido. 
Lembra detalhes mínimos de pesquisas realizadas, de seu trabalho profissional, de concretizados e apaixonantes estudos da Doutrina que ambos abraçamos. 
Porém, por vezes, não consegue lembrar o nome de alguns conhecidos. 
Fico pensando:
-E se eu for à casa dele, para abraçá-lo, pessoalmente, ele me reconhecerá? Poderemos tornar a falar das tantas coisas tolas que fizemos juntos? Como naquela viagem a Paris em que ficamos, ele e eu, do lado de fora da loja em plena Champs Elisées? Ficamos ali, esperando, enquanto a esposa dele e uma amiga visitavam a imensa loja. Rimos muito, na ocasião. Eu confessara que não entraria porque os artigos eram demasiado caros. E ele, de forma sucinta, falou algo como: 
-Nem imagino como ficará o saldo do cartão de crédito. 
E será que ele lembrará de quando visitamos, demoradamente, o Instituto de História Natural, a Torre Eiffel, a casa de Leonardo da Vinci, em Amboise?
Quantas lembranças. 
Eu gostaria que, neste dia do seu aniversário, pudéssemos recordar de bons tempos usufruídos, das risadas, dos lanches saborosos, do café, do chimarrão. 
E se ele não recordar de mim? 
Será mais doloroso para ele ou para mim? 
Situação que nos leva a meditar como a vida é uma caixa de surpresas. 
Não sabemos o que o amanhã nos reserva. 
Escrevi este texto em sua homenagem. 
Espero, sinceramente, que, ao vê-lo, ele sorria, lembrando do pirralho gaúcho, do adulto que viajou com ele e a esposa, das tantas situações em que estivemos juntos. 
É o melhor presente que concebi para ele, neste dia.
Redação do Momento Espírita, em homenagem ao amigo e empresário Danilo Allegretti. 
Em 13.2.2023.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

DISSERAM.....

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Disseram que você não irá vencer naquilo que está buscando.
Que o seu doente querido está no clima da morte. 
Que você irá atravessar longa noite de provações. 
Disseram que não irá encontrar aquele trabalho que mais deseja. 
Que não irá se recuperar de certas perdas sofridas. 
Que os sonhos que mais acalenta não serão realizados. 
Disseram que os entes amados distantes nunca mais voltarão ao convívio próximo. 
Que o desgaste do corpo físico não irá lhe possibilitar aquelas conquistas que tanto almeja. 
 Que por essa ou aquela falta andará sobre a Terra constantemente entre pedras e espinhos. 
Tudo isso disseram... 
Entretanto, continue agindo e servindo, orando e esperando, porque as opiniões de Deus são diferentes. 
* * * 
As leis de Deus nos apresentam outras vias, outras possibilidades de vitórias, que nem sempre são as óbvias ou as que deseja nosso coração. 
Nossos amores adoecem na dimensão acanhada do mundo dos cinco sentidos, porém, muitas vezes, a enfermidade que está preocupando a todos é a redenção que eles escolheram e necessitam para que conquistem a sua libertação. 
As formas de ocupação útil, de servir, nos dias atuais, se multiplicam numa velocidade que quase não se pode acompanhar. 
Novos mercados, novas necessidades, novos empreendimentos surgem aqui e ali, de forma espantosa. 
Importante estarmos dispostos ao trabalho, dispostos a servir onde formos necessários. 
Fundamental colocarmos nossa criatividade e potencial à disposição de nós mesmos. 
As novas oportunidades surgem todos os dias. 
Confiemos. 
E, afinal, o que são perdas realmente?
Já descobrimos que a riqueza do mundo muda de mãos num piscar de olhos. 
O que era nosso, parece que nunca foi, pois se desintegrou, virou pó.
De verdade, nunca nos pertenceu. 
Os bens da Terra são todos de uso temporário, são bens para manutenção da vida, enquanto estamos por aqui. 
Não se trata de bens perenes. 
Os perenes são aqueles que as traças e a ferrugem não consomem, os ladrões não roubam. 
Esses sim são nossos. 
O restante é usufruto. 
E se falamos de perdas de pessoas, o verbo empregado precisa ser repensado. 
Afastamo-nos momentaneamente, quando a desencarnação entrega de retorno ao mundo invisível a alma dos que nos são caros ao coração. 
A sensação que nos envolve é a de termos ficado sozinhos. 
Estamos em endereços distintos apenas, mas não perdemos ninguém.
Pelo contrário, se soubemos amar, se construímos algo grandioso com o convívio, ganhamos todos e saímos de cada final de existência muito mais maduros do que chegamos. 
Ainda, mesmo responsáveis por nossos equívocos, mesmo devedores do passado, a existência nos abraça com amorosidade. 
As leis querem nos educar e não punir. 
Vejamos, assim, como as opiniões de Deus são diferentes daquelas que só percebem uma pequena porção da verdade. 
Porção, quase sempre, feita de pedaços de um espelho embaçado. Sigamos, agindo e servindo ao bem. Sigamos, orando e esperando. 
A vitória nos pertence. 
Deus segue conosco todos os dias, todas as horas. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Disseram, do livro Momentos de Paz, pelo Espírito Emmanuel, psicografia Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 14.02.2023

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

JARDIM DA VIDA

A vida humana pode ser comparada a uma rosa no jardim. 
O bebê é o botão que desabrocha, delicadamente. 
Na medida em que vai se abrindo, vai se extasiando com o orvalho na madrugada de luz, o brilho do cristal ao toque do sol, nas primeiras horas da manhã, o calor do astro rei na tarde ensolarada.
Quanto mais se abre para o mundo, mais descobertas realiza.
Corajosa, a criança não lê obstáculos nas linhas da vida. 
Tudo ela tenta, experimenta, apalpa e sente. 
Confiante, estende os braços a quem lhe oferece o colo.
Perseverante, insiste nas tentativas, sem se permitir considerar derrotada pela latinha que não abre, o brinquedo que não roda, o boneco que teima em não ficar de pé. 
Nenhum obstáculo a detém: uma escadaria que parece não ter fim, uma porta fechada, o portão trancado. 
Estranhamente, à proporção que cresce, parece se esquecer desse seu lado brilhante. 
Nos primeiros anos escolares, pode se mostrar fechada às novidades e até apresentar baixa rentabilidade escolar. 
Mais tarde, já madura, exatamente como o botão totalmente aberto, os bloqueios se fazem maiores. 
Os percalços são considerados intransponíveis. 
Enquanto envelhece gradativamente, mais entraves se coloca: 
-Minha memória não é boa. Esqueço tudo. Estou ficando velha.
Deixa de cogitar de aprender algo novo.
Exatamente no período em que, de um modo geral, passa a ter um tanto mais de tempo livre. 
A aposentadoria chegou, os filhos casaram, as obrigações decrescem em número. 
Tudo o que se pensa em ter durante os anos da juventude, da madureza, agora se encontra à disposição: mais tempo. 
No entanto, esse tempo é inutilizado.
E se há algo que realmente faz a pessoa envelhecer é a ociosidade, o não fazer nada. 
Enquanto a rosa no jardim vai perdendo o viço, murchando e despetalando, o homem se permite também fenecer. 
* * * 
Mas tudo pode ser diferente. 
Nunca é tarde para aprender. 
Envelhecimento nada tem a ver com perda de memória. 
A não ser que a pessoa seja portadora de alguma enfermidade, que prejudique as funções mentais, as intelectuais. 
Absorver sabedoria dos livros, aprender a tocar um instrumento, exercitar-se numa nova língua. 
Tudo aquilo que não se teve tempo ou possibilidade de fazer antes, eis uma chance maravilhosa. 
Oscar Niemeyer, conhecido arquiteto brasileiro, aos noventa anos, afirmou: 
-Não vejo problema algum com minha idade. Nasci em 1907. Desde cedo dediquei-me a ver a poesia que vibra nas curvas das imagens, e não apenas nas linhas retas e tensas. Prossegui com afinco e dedicação em busca de meu crescimento, e posso afirmar que sou uma pessoa feliz. Ajudei as pessoas o quanto pude e aprendi a contemplar a natureza, de modo que todas essas coisas somadas, e muitas outras mais, me trazem a convicção da serenidade. 
E conhecido locutor da televisão afirmou, nos seus setenta anos de idade: 
-Tenho um projeto a realizar antes de morrer. Deverá levar quatorze anos para a sua concretização. Nele utilizarei a minha voz, que hoje se encontra mais encorpada, mais sonora do que jamais o foi. Espero que o bom Pai não me leve antes. Desejo concluir esse projeto antes de partir. 
Isto é velhice abençoada. 
Isto é não murchar, embora o tempo tenha desenhado seu mapa nas faces de quem sorri para a vida, a cada amanhecer. 
Envelhecer com dignidade é ter sempre em mente um projeto de vida para o dia que ainda não nasceu. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 16.9.2014.

domingo, 12 de fevereiro de 2023

JANELAS NA ALMA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
O sentimento e a emoção normalmente se transformam em lentes que filtram os acontecimentos, dando-lhes cor e conotação próprias.
De acordo com a estrutura e o momento psicológico, os fatos passam a ter significação que nem sempre corresponde à realidade. 
Quem se utiliza de óculos escuros, mesmo diante da claridade solar, passa a ver o dia com menor intensidade de luz. 
Na área do relacionamento humano, as ocorrências também assumem contornos de acordo com o estado d´alma das pessoas envolvidas. 
É urgente, portanto, a necessidade de conduzir os sentimentos, de modo a equilibrar os fatos em relação a eles. 
Uma atitude sensata é um abrir de janelas na alma, a fim de observar bem os sucessos da caminhada humana. 
De acordo com a dimensão e o tipo de abertura, será possível observar a vida e vivê-la, de forma agradável, mesmo nos momentos mais difíceis. 
Há quem abra janelas na alma para deixar que se externem as impressões negativas, facultando o uso de lentes escuras, que a tudo sombreiam com o toque pessimista de censura e de reclamação.
* * *
Coloquemos, nas nossas janelas, o amor, a bondade, a compaixão, a ternura, a fim de acompanharmos o mundo e o seu cortejo de ocorrências. 
O amor nos facultará ampliar o círculo de afetividade, abençoando os nossos amigos com a cortesia, os estímulos encorajadores e a tranquilidade. 
A bondade irrigará de esperança os corações ressequidos pelos sofrimentos e as emoções despedaçadas pela aflição dos que se acerquem de nós. 
O perdão constituirá a nossa força revigoradora colocada a benefício do delinquente, do mau, do alucinado, que nos busquem. 
A ternura espraiará o perfume reconfortante da nossa afabilidade, levantando os caídos e segurando os trôpegos, de modo a impedir-lhes a queda, quando próximos de nós. 
As janelas da alma são espaços felizes para que se espalhe a luz, e se realize a comunhão com o bem. 
* * * 
Este é um convite para refletirmos sobre uma realidade especial: a realidade de que tudo na vida conspira a nosso favor; isto é, tudo trabalha para o nosso crescimento íntimo. 
Nada que nos acontece visa nosso mal, embora muitas vezes possa parecer assim. 
Abrir janelas na alma é tornar-se apto a descobrir essas novas realidades que, se bem compreendidas, tornam nosso viver menos árduo. 
A lei de causa e efeito existe para nos educar, e não para nos punir...
A lei da reencarnação existe para nos dar novas oportunidades, e não para nos fazer sofrer... 
A lei do amor existe para nos fazer felizes, pois só haverá júbilo em nossa alma quando concedermos a outros esse mesmo sentir – eis o que chamamos caridade. 
Abramos janelas em nossa alma, uma a cada dia, e deixemos o sol da compreensão entrar. 
Abramos janelas em nossa alma e nos permitamos sonhar, e continuar rumando em busca do sonho. 
Abramos janelas em nossa alma e mostremos ao mundo as muitas belezas que existem. 
Podemos até pensar que não existem, mas tenhamos plena certeza de que sim... 
Elas estão lá... 
Redação do Momento Espírita,com base no cap. 12, do livro Momentos de felicidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 3.3.2014.