sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

DESCOBRINDO DIAMANTES

Sydney Johnson
retratado em 'The Crown'
Quando aquele rico empresário adquiriu um dos mais famosos hotéis de Paris, o revitalizou totalmente. E celebrou com uma grande festa. Tudo ia bem até ele descobrir um garçom de cor negra, num dos salões. De imediato, pediu ao filho que providenciasse a sua retirada. Ele não desejava deslustrar a grandeza daquele momento. O filho obedeceu. Mas, depois, disse ao pai: 
-Você sabe quem era aquele garçom? Ele serviu durante mais de trinta anos ao Rei Eduardo VIII, da Inglaterra. 
No dia seguinte, o empresário chamou Sidney Johnson, para uma entrevista. E descobriu que, aos dezesseis anos, foi contratado pelo Duque de Windsor, quando esse era Governador das Bahamas. Quando retornou para a Europa, trouxe Johnson consigo e o promoveu. Seu trabalho era ajudar o casal de Windsor nas tarefas diárias e acompanhá-los nas viagens ao Exterior. Naturalmente, ele não estava habituado à etiqueta e a tudo que era exigido para servir a um rei que renunciara ao trono britânico. Mas, como ele mesmo confessou, o exilado rei o ensinou, com paciência e gentileza. Suas responsabilidades somente foram crescendo. Johnson lhe escolhia as roupas para cada dia, com base em um sistema numérico que criaram juntos. Tornaram-se próximos, ao longo dos anos. Além de ensinar as tarefas que deveria executar, o Duque melhorou sua formação, oferecendo-lhe livros de grandes autores ingleses para leitura: de Charles Dickens a Shakespeare e Rudyard Kipling. Com a morte do Duque, Johnson foi trabalhar como garçom no Hotel Ritz. O grande empresário, que lhe ouvia o relato, o contratou como seu mordomo pessoal, em sua casa, em Paris. Precisou de algum tempo para aceitá-lo, por causa dos seus preconceitos raciais. No entanto, descobriu a riqueza que era aquele homem. Quando, mais tarde, ele decidiu restaurar a casa do Duque e da Duquesa de Windsor e assumiu o contrato de arrendamento da mansão, transformando-a em um museu repleto de mobília real, confessou a grande ajuda de Johnson. Ao Jornal New York Times, revelou: 
-Johnson é um dicionário. Ele é um homem muito culto. Tirou todas essas coisas de caixas, cofres e depósitos, e conhece a história de cada um deles. 
O antigo valete do Rei Eduardo, Duque de Windsor, viveu para ver a reabertura da Villa Windsor. Pouco mais de um mês após, ele morreu, aos sessenta e nove anos de idade. E nós pensamos: uma ação precipitada, julgando pelo preconceito racial, quase perde uma joia inigualável! 
* * * 
Duas grandes lições nesses fatos. 
Primeiro, a disposição de Johnson em aprender, em se aprimorar, ao receber a oportunidade. 
Segundo, quando se julga somente pela aparência, sem conhecer a riqueza interior da pessoa, sempre incorremos no risco de desprezar diamantes preciosos. 
Entendamos que se Deus optou para que tivéssemos cores de pele diferentes, conformações físicas diversas, é para tornar este mundo ainda mais extraordinário, multicor. 
E o que nos define não é, absolutamente, nossa origem, a cor da epiderme, mas o que somos na intimidade. 
Aprendamos a descobrir as pedras preciosas em nossos relacionamentos. 
Redação do Momento Espírita 
Em 10.2.2023.

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