terça-feira, 30 de junho de 2020

EXPLOSÃO DEMOGRÁFICA

No ano de 1798, o Reverendo Thomas Robert Malthus publicou uma teoria dizendo que a população do mundo aumentaria muito mais do que a produção de alimentos. Com isso houve o desespero por parte dos partidários dessa teoria, esperando a escassez e a peste provocadas por essa desarmonia. Todavia, os avanços na agricultura permitiram um aumento dos estoques de alimentação e a revolução industrial aumentou a produção de alimentos industrializados, contribuindo para a melhoria de padrão de vida de milhões de pessoas. Nos dias atuais, não faltam aqueles que predizem a completa desarmonia provocada pela explosão demográfica no planeta Terra, espalhando a fome e a desorganização social. Homens de pouca fé! Talvez essas fossem as palavras de Jesus, se pudéssemos ouvi-Lo a esse respeito. É evidente que, se até hoje Deus conduziu a Terra com equilíbrio e harmonia, continuará a conduzir. Alguns dirão que a fome grassa e desgraça, e que as enfermidades matam sem piedade os que não têm recursos financeiros para buscar ajuda médica. E nós perguntamos se a fome existe em função da escassez de alimento ou é fruto do egoísmo do ser humano? Perguntamos, ainda, se a falta do necessário para as populações carentes é em função da impossibilidade de produção ou é o resultado da ganância do homem? Deus, a Inteligência Suprema, que a tudo provê, vai liberando Seus filhos para viverem na Terra à medida que esta tenha recursos para recebê-los. Não imaginemos que o Criador do Universo, que cuida da harmonia dos astros na imensidão infinita, venha a Se equivocar nos cálculos relativos à população que a Terra deve abrigar. Se há desarmonia, essa sim, é por causa do egoísmo humano e não pela falta de recursos materiais para a população terrestre. Se tomarmos conhecimento dos altos índices de desperdício nos transportes de grãos, das quantidades de alimentos que apodrecem nos armazéns e em nossos armários, das toneladas de produtos jogadas ou queimadas visando o controle de preços, perceberemos que não está sobrando gente na Terra, mas está faltando bom senso e caridade. Assim, se fizermos a nossa parte, a Terra muda sua feição, porque Deus faz a Sua, dando-nos a inteligência para criar novas tecnologias e produzir mais em menos espaço. Por essa razão, tenhamos a certeza de que as Leis Divinas são sábias e justas e não nos inquietemos com o que não nos diz respeito. 
* * * 
O ex-presidente dos Estados Unidos, George Bush, citou certa vez que todo o ser humano representa mão-de-obra e não mais uma boca para alimentar. Olhando o mundo sob esse ponto de vista, teremos que admitir que, se os governos impedem o nascimento dos seus cidadãos, estão, consequentemente, empobrecendo suas possibilidades de produção e progresso. Por tudo isso, cada vez que um indivíduo, jovem ou velho, morre de fome, não culpemos o excesso de população, mas o excesso de ganância e de egoísmo que trasbordam dos corações humanos. Assim sendo, não soframos com as possibilidades de uma explosão demográfica, mas confiemos em Deus que a tudo provê e mantém sempre o equilíbrio, em qualquer época e em qualquer situação.  
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita com base no artigo A explosão demográfica, da Revista Index News Saúde. 
Em 19.07.2010.

segunda-feira, 29 de junho de 2020

A EXPLOSÃO DA RAIVA

Ela havia acordado irritada, por conta de uma noite mal dormida, fruto de uma discussão na noite anterior. Levantou-se lentamente, como se carregasse uma carga muito grande, pesada demais para seu corpo. Sentia-se cansada e desanimada. Mal olhou pela janela. Não viu o sol se mostrando num raio multicolorido. Não ouviu os pássaros cantando. Não deu atenção para a suave brisa que embalava os galhos das árvores. Foi checar as mensagens no celular e constatou que estava sem sinal. Tentou ler os e-mails no computador e notou que estava sem conexão. Sua indignação se misturou ao cansaço e à irritação da noite anterior. Um turbilhão de raiva se formou em seu interior. Assim que o sinal retornou, apanhou o telefone e discou. Mal ouviu a voz da funcionária do atendimento, descarregou sobre ela sua insatisfação por conta dos sucessivos problemas ocorridos. A moça ouviu palavras ríspidas, num tom de voz que lhe feria os ouvidos. Terminada a enxurrada de reclamações, a atendente fez uma pergunta que pareceu irônica aos já irritados ouvidos da consumidora. Foi a gota que faltava. Despejou na jovem toda a fúria que sentia, acrescida da frustração que carregava. Sua ira não distinguia o que era de âmbito pessoal do profissional. Tudo se misturava e jorrava de sua boca como lava destrutiva. Não falava, gritava. Sentia-se desrespeitada em seus direitos de consumidora e desrespeitava o ser humano que estava do outro lado da linha. Totalmente desequilibrada, não conseguia se conter. Atacava ferozmente quem julgava ser a causa de seu aborrecimento. A operadora tentou falar, mas foi interrompida, de forma brusca. Pensou em cortar a ligação, mas sabia que o sistema retornaria a chamada e concluiu que pioraria a situação. A mulher estava muito nervosa. Teve um mal estar e acabou desligando. Do outro lado da linha, a funcionária suspirava pesadamente. Depois de outros telefonemas como aquele, teve um ataque de pânico e acabou sendo afastada do trabalho. O problema que motivara o telefonema não foi resolvido e as duas terminaram o dia com grande sobrecarga emocional, desequilibrando o corpo e a mente. 
* * * 
Quantas vezes, abalados por questões pessoais, acabamos despejando sobre os outros, ao menor sinal de contratempo, nossas angústias e irritações, sem avaliar que eles, nem sempre, são responsáveis pelos nossos problemas. Cegos pela raiva, não ouvimos, pois a ira não permite o diálogo. Ela afasta a razão e a consciência de que estamos lidando com alguém que, como nós, também tem sentimentos. Ao nos depararmos com questões graves e importantes, é preciso ter em mente que a pessoa que nos atende poderá não ter a solução de que necessitamos no momento, mas poderá ajudar a conduzir o problema de maneira menos desgastante. Tudo dependerá da forma como nos posicionarmos. Se nos irritarmos e agredirmos, difícil se tornará o entendimento. Se buscarmos o diálogo e a conciliação, descobriremos recursos que ajudarão a encontrar a melhor solução possível. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 25.3.2015.

domingo, 28 de junho de 2020

EXPLICAÇÕES PONDERADAS

Habitualmente, quando algo estranho nos chega ao conhecimento, temos duas reações: se somos daqueles que creem em tudo, logo abraçamos o conteúdo, passando-o adiante, através das redes sociais. Esses somos aqueles fáceis de sermos enganados e que, de modo geral, nos tornamos responsáveis pela enxurrada de notícias inverídicas, assombrosas, que tomam conta da internet. Para esses de nós, tudo é levado à conta do maravilhoso, do mágico, do milagroso. Fáceis de sermos desacreditados, não é raro que nossas mensagens passem a ser deletadas por quem usa a razão e a ponderação ante qualquer ocorrência. Outros de nós, somos daqueles que, ante um fato que nos pareça inusitado, estranho, buscamos saber se ele pode ser possível, se existe alguma explicação razoável. Conta-se que a fábrica de automóveis de Detroit recebeu uma carta de um homem muito rico de Chicago. 
-"Os senhores não vão acreditar, escrevia ele. O automóvel que comprei, modelo fora de série, apresenta um defeito sui generis, para o qual não tenho solução. Coloco-o em suas mãos, embora creia que os senhores irão rir muito de mim. Toda noite, depois do jantar, vou comprar sorvetes para a família aqui próximo de casa, onde se localiza uma sorveteria. Bem, o carro atende muito bem, menos no dia em que compro sorvete de baunilha. Toda vez que vou comprar o sorvete desse sabor, o carro não funciona." 
Os diretores da fábrica riram muito, a princípio e deduziram que existem loucos de todo tipo. Imagine o carro saber que o dono vai comprar sorvete de baunilha! Mesmo assim, eles destacaram um engenheiro para ir a Chicago investigar. Ele foi, hospedou-se num hotel e tomou informações a respeito de quem escrevera a carta. Era um executivo de certa indústria, respeitável e abastecido economicamente. Diariamente, o engenheiro passou a acompanhá-lo, à distância, entre 19h30 e 20h, quando saía para comprar sorvete. E constatou que, de verdade, algumas vezes o carro afogava. Então, finalmente, dirigiu-se a ele, identificou-se e disse que estava ali para descobrir a causa do problema. Começaram os testes. 
Eles saíram e foram comprar sorvete de chocolate. 
Sem problema. 
Saíram de novo e compraram sorvete sabor coco. 
Maravilha.  
Mas, quando compraram sorvete de baunilha, o carro afogou! O engenheiro pensou, pensou. E verificou que nas filas de todos os sabores, menos o de baunilha, havia muita gente. O veículo parava, tinha tempo de desafogar e funcionava. Por isso, quando o executivo comprava sorvete de baunilha, onde não havia quase ninguém, o engenheiro entendeu. Tratava-se do tempo de desligar e religar o carro. Essa era a questão. Uma explicação simples, nada extraordinária, nem surpreendente. 
* * * 
Em nossa vida, as coisas também são assim. Simples. É preciso parar, raciocinar, tentar descobrir o que seja ou não verdadeiro. Existirá, por trás, alguma verdade? Somente a ponderação, o tempo, a pesquisa poderão nos dizer. Dessa forma, procedamos em todos os momentos da nossa vida. Até mesmo quando as dificuldades nos alcancem, os problemas pareçam sem solução. Estamos na Terra para colocar luzes de esperança em nossos dias e do nosso semelhante. 
Pensemos nisso. 
Grande é a nossa responsabilidade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, do livro A estrela verde, de Divaldo Franco e Délcio Carvalho, ed. LEAL. 
Em 7.7.2018.

sábado, 27 de junho de 2020

EXPERIÊNCIA TENTADORA

Recordamos dos versos do hino de nossa escola, na infância: 
"Só o herói, não o escravo, é que pode, 
sempre avante, sorrindo avançar."  
Referia-se aos que fingiam saber e colavam nas provas, alcançando as notas devidas para ir passando de classe a classe, até alcançar o diploma. Lembrando-nos, nesses dias, de tais versos, pusemo-nos a pensar o quanto, hoje, somos escravos de certas tecnologias. Por exemplo, a tecnologia que foi criada para aproximar as pessoas, esquecendo fronteiras e distâncias, está, em verdade, isolando-as. Vejamos a Internet. 
Num primeiro momento, a novidade enriqueceu relações por tornar possível a comunicação em tempo real e de fácil acesso a quase todos. Podemos nos comunicar com alguém, inclusive visualizando-o, diariamente, amenizando a saudade, batendo longos papos, como se juntos estivéssemos na mesma sala. Enviamos fotos, informações, realizamos pesquisas, tudo tão fácil e agilmente. No entanto, toda essa tecnologia está, exatamente, nos tornando pessoas isoladas. Conectados a redes, a comunidades virtuais, a salas de bate-papo, estamos esquecendo dos que se encontram ao nosso lado. Estamos realizando tanto virtualmente que nos esquecemos de abraçar fisicamente, de enlaçar o outro, de olhá-lo nos olhos. Estamos desaprendendo a falar, a conversar, isso realizando através de sinais, símbolos e abreviaturas, muito próprias de quem vive a enviar torpedos, mensagens digitadas e assemelhados. O telefone móvel deixou de servir como meio de acesso rápido para uma necessidade, uma emergência, passando a ser o meio pelo qual vivemos a enviar mensagens a uns e outros. Assim, as crianças e adolescentes viajam com seus pais mas, no banco de trás, utilizam constantemente os dedos no celular. Enviam mensagens, respondem e.mails, ouvem música, fazem download disso e daquilo, jogam. 
Diálogo? Olhar a paisagem? Admirar a natureza que vai bordando exuberâncias, em colorido variado? Nem pensar! 
Adolescentes saem com colegas mas, logo, um e outro retiram os celulares dos bolsos e o ciclo recomeça. Os amigos tocam violão, cantam mas vários estão totalmente alheios, dissociados. 
* * * 
Se você é escravo de qualquer mídia que o esteja isolando, por hoje, ao menos, pare. Pare e observe. Redescubra o valor de abraçar seu amor, de conversar com ele, de sorrir para ele. Interaja com seus colegas de trabalho. Cumprimente-os, pergunte como estão, envolva-se com eles. Olhe a paisagem, descubra o arco-íris, as flores que despejam perfumes pelos canteiros. Veja seu filho que ensaia desenhos no papel, que rabisca montanhas e rios, que pinta o céu de anil. Esqueça o celular, o teclado do computador e viva um dia diferente. Um dia de amor, de entrega, de doação e de muitas surpresas maravilhosas. Só hoje! Depois? Depois temos a certeza que gostará tanto deste hoje que desejará repetir a dose. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 12.03.2012.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

O ÊXITO DA EDUCAÇÃO

Grávida de sete meses, Luciana pediu ao marido que pintasse o quartinho do bebê. Afinal, ele logo chegaria. Sem muita disposição, Álvaro se armou de coragem, tinta, rolo e pincel. Resolveu chamar a filha. Quando não se deseja fazer alguma coisa, qualquer ajuda é bem vinda. Mesmo que seja de uma esperta garotinha de apenas sete anos. Ele deu o rolo para a menina, que começou a pintar e a conversar: 
-Pai, eu gosto desse negócio de pintar. Eu sou libriana, sabe... Os librianos são das artes! Eu gosto dessas coisas de desenho, de pintura, de pintar parede. 
-É, filha? 
E, enquanto ia passando o rolo pela parede, veio a segunda pergunta:
-Você não gosta de pintar, né, pai? 
-Não, não gosto. 
Respondeu Álvaro, bem rapidinho. Foi então que a pérola do dia apareceu. A menina já ouvira a mãe falar que o pai era do signo de leão. E, por isso, largou a sua explicação, fruto de grande observação: 
-Pois é, pai. É que leão não tem dedo polegar! 
O pai mal pôde se conter para não dizer: 
-Como é que é? 
Pois é: Marina observara, em gravuras, em documentários e no próprio zoológico, como era a pata do leão e, de imediato, fez a associação. Só mesmo uma cabecinha de sete anos poderia fazer tal ginástica mental, mesclando zoologia e astrologia, para dar uma explicação ao pai da sua quase aversão à pintura. Com certeza, nunca ninguém ousou pensar o quão penoso seria para o leão segurar um rolo de pintura. Mas Marina pensou. 
* * * 
Assim são as crianças. Essencialmente observadoras. Por isso mesmo, é que a educação, nesse período, é de vital importância. Contudo, muito mais do que ouvir o que se lhes diz, as crianças são impressionadas pela forma de agir dos que as cercam. Quando pensamos que estão alheias a tudo, elas nos estão observando, medindo nossas palavras e nossos atos. É de nos indagarmos: Temos tido coerência entre palavras e ação? Ou ainda somos daqueles que seguem o lema: 
-Faça o que eu digo e não faça o que eu faço? 
Esse é o essencial motivo pelo qual a nossa educação não alcança o êxito que aguardamos: não somos bons exemplos. Avançamos o sinal vermelho, desde que não haja guarda na esquina. Transitamos bem devagar ao passar em frente ao posto policial para, logo adiante, abusar da velocidade, dirigindo acima da permitida e aconselhável. Vangloriamo-nos porque alguém nos deu troco a mais, equivocando-se; porque pagamos por uma mercadoria e foram colocadas duas no pacote; porque substituímos a etiqueta de um produto mais caro pela de outro mais barato. Alardeamos o que conseguimos, em vantagens, aqui e ali, graças à nossa esperteza. E mentimos, sem corar, a respeito das qualidades do carro que estamos vendendo: nunca informamos que estamos nos desvencilhando dele porque o motor está prestes a fundir, os freios estão ruins. Entretanto, as crianças nos observam. Essas mesmas a quem pregamos honestidade, dignidade, correção, sinceridade. Pensemos nisso: além da Divindade, a quem nada é oculto, temos olhos atentos sobre nós: nossos filhos, Espíritos que Deus confiou aos nossos cuidados e que de nós aguardam os melhores exemplos. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Luciana Costa Macedo. 
Em 10.2.2014.

quinta-feira, 25 de junho de 2020

AS PALAVRAS QUE NÃO ENTENDEMOS!

Tua estranha fala ainda nos merece reflexões. 
Por muito tempo, ficamos a discutir as anotações de Mateus e Lucas. Terão sido estas mesmas as palavras pronunciadas? Próximo a Ti, havia três Apóstolos. Aqueles mesmos que estiveram Contigo em outros momentos de extraordinária importância, como na transfiguração no Monte Tabor, na intimidade da casa de Jairo, chamando-lhe a filha de retorno ao corpo físico... Testemunhas oculares, auditivas: Pedro, Tiago e João. Cogitamos se não teriam se enganado aqueles ouvidos temerosos, sobretudo depois dos discursos que fizeras durante aquela celebração pascal. 
- Afasta de mim este cálice! 
As palavras nos incomodavam, toda vez que líamos que Tu, o Embaixador dos céus, o único Ser perfeito que a Terra conheceu, as pronunciara. Lembrávamos dos mártires que encharcaram com seu sangue as arenas dos circos. Teus seguidores, que cantavam, enquanto as feras famintas se aproximavam, de forma célere, para os atacar. Nenhum temor naqueles que foram supliciados lentamente, pelo fogo, açoitados, crucificados. Somente a firmeza da fé e a certeza de que adentrariam, gloriosamente, à Espiritualidade. Como acreditar que o Pastor, o Modelo e Guia, tivesse fraquejado na hora do testemunho? Estudiosos cogitaram de traduções equivocadas e de que as palavras não seriam exatamente essas. Então, alguém nos recordou que Tu és o Governador Planetário. És o Pastor deste imenso rebanho que povoa a Terra física e espiritual. Bilhões de almas. Naquela época, não éramos tantos, mas Tu te dirigias ao Pai de justiça, misericórdia e bondade. E a Tua súplica foi para aquele e todos os milênios seguintes. Ao te dirigires a Ele, agora entendemos, não pedias por Ti, Fortaleza Moral. Vias o Teu entorno e os séculos futuros. Rogavas por nós, as Tuas ovelhas. Afasta de mim este cálice era Tua rogativa pela Humanidade, Teu rebanho porque vislumbravas o futuro e todas as dores que nos alcançariam. Resultado da nossa ignorância, da maldade que semeávamos. Esta a Tua verdadeira rogativa. Pedias por nós, os que transitávamos na Terra e aqueles que viríamos depois. Rogaste ao Pai para que o cálice dessas dores não nos chegasse porque Tu nos amas e quem ama, sofre com o sofrimento do ser amado. No entanto, sabias das nossas necessidades de resgate, de aprendizado. Por isso, completaste: 
-Contudo, que não seja como Eu quero mas como Tu queres. 
A Vontade do Pai, que Tu bem entendias por seres o cumpridor dela sobre a Terra. Agora, te entendemos, Jesus, e mais do que nunca, reconhecemos como nos amas, como te preocupas conosco. Quantas dores poderíamos ter evitado se menor fosse nosso egoísmo, nossa ambição, nossa insensatez! Nestes dias de pandemia, de luto, mortes, guardamos a certeza de que prossegues a olhar por nós, a rogar por nós. Jesus, fica conosco, nesta hora triste que vivemos. Ajuda-nos a que não venhamos a sucumbir pelo medo, pela insegurança. Fortalece-nos a chama da fé e envia-nos o sol da esperança. Fica conosco, Pastor Celeste. 
Redação do Momento Espírita, com citação do Evangelho de Mateus, cap. 26, vers. 39. 
Em 25.6.2020.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

EU PRECISAVA

Eu precisava respirar. A fumaça das chaminés de todo o porte me sufocava. Vinha de todas as partes e das mais variadas formas. Eu buscava renovar os ares com ventos mais fortes, a fim de que pudessem promover a limpeza da atmosfera. Em vão. Promovi tempestades, esperando que varressem, de vez, as nuvens negras que subiam, sem cessar. O céu permanecia claro por alguns segundos, apenas. Depois, tudo voltava a ser como antes. Procurei deter a sanha dos ambiciosos, desencadeando a borrasca, a fim de arrancar árvores e plantas, como a dizer: 
-Estou cansada! Podem diminuir a minha exploração, por um pequeno lapso temporal, ao menos? 
Minhas entranhas eram perfuradas todos os dias, em busca dos tesouros que abrigo em minha intimidade. Nada contra, desde que tudo fosse adequado, realizado de modo racional, ordenado, preservando o entorno. Enquanto pensavam em extrair os minerais preciosos, destruíam-me e nem se importavam com as tragédias que promoviam para si mesmos, para seus irmãos. Eu não suportava mais o peso das águas dos rios, oceanos e mares, encharcadas de todos os poluentes imagináveis. Alguns jogados, de forma deliberada, outros, por desastres resultantes de puro descaso ou imprudência. Assistia ao espetáculo contínuo da depredação dos habitantes das águas, das matas, dos ares. Alguns caminhando de forma acelerada para sua extinção. Eu precisava parar. Não sei bem o que aconteceu, e com certeza o meu objetivo não era agredir ninguém. Mas, eu precisava parar. Era isso ou, em breve tempo, a espécie mais preciosa de todas iria ser aniquilada. Uma pandemia se alastrou por toda minha extensão, com a celeridade de um raio, prenunciando intensa tormenta, exigiu que tudo parasse. A Humanidade precisou se proteger. E a melhor proteção foi o confinamento. O isolamento se fez imprescindível. Em apenas alguns dias, de forma quase miraculosa, voltei a poder respirar. A fumaça diminuiu, quase desapareceu. As chaminés deixaram de ser tão poderosas. O trânsito ficou reduzido. Os poluentes deixaram de infestar o ar, a água, o solo. Todos precisaram olhar para si mesmos e descobrir que o que tinham de mais valioso precisava ser preservado: a vida. A sua vida, a vida do seu semelhante. Mais importante do que o metal, a vida. Mais importante do que dobrar os valores monetários, a vida. De forma alguma, eu pretendia e nem fui a causadora da pandemia que se instalou. Contudo, ela me permitiu refazer-me de algumas chagas. Estou em convalescença. Minha grande esperança é de que o homem, esse ser especial que anda sobre mim, repense a sua maneira de viver. Que se lembre que transita, de forma temporária, sobre mim. Que a sua essência é imortal e é nos termos dessa Imortalidade, que ele precisa trabalhar. Cultuar o progresso, sem agredir-me. Desenvolver a tecnologia, no sentido de aprimorar métodos de salutar convivência entre todos. Repensar atitudes. Renovar disposições. Viver em plenitude. Eu, Terra, desejo ardentemente isso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 23.6.2020.

terça-feira, 23 de junho de 2020

EXISTÊNCIA PROVADA

RICHARD SIMONETTI
As crianças nos surpreendem, diariamente, com suas falas e suas deduções. Naturalmente, elas estão recebendo, na atualidade, maior soma de estímulos, o que as faz progredir mais rapidamente. Desde pequenos se envolvem com computadores, jogos, aparelhos eletrônicos, sem se falar que sempre mais cedo comparecem aos bancos escolares. Deixando de lado essas questões, entretanto, pode-se observar crianças que revelam, desde muito pequenas, disposições e sentimentos que superam a sua idade. Lembramo-nos de uma garotinha que, passeando ao pôr do sol, com sua mãe, lhe perguntou, atenciosa:
-Mãe, quem fez as nuvens? Elas são tão lindas, parecem macias. E fazem, no céu, uns desenhos tão curiosos. Quem as fez e colocou no céu, de onde não caem? 
-Foi Deus, respondeu a mãe. Nosso Pai que tudo criou. 
Andando mais um pouco, ela olhou para o chão, curvou-se sobre a grama e voltou à carga: 
-Mãe, quem fez estas flores tão pequenas mas tão coloridas? 
A resposta da mãe foi a mesma. A menina insistiu: 
-E as pedras? Quem criou as pedras que seguram o chão? 
-Foi Deus também. 
Foi a resposta pronta da mãe. 
Então, colocando seu dedinho perto do rosto, em expressão de meditação, a pequenina contemplou o pôr do sol e exclamou: 
-Como Deus é bom! Ninguém, nem nada ficou esquecido. 
* * * 
Que lição da boca de uma criança! Quantos adultos andam pela vida, sem atentar para os detalhes das maravilhas que os rodeiam. Preocupados com a conta bancária, que se encontra no vermelho, não aproveitam os momentos do crepúsculo para admirar o poente, que parece incendiar, no cair da tarde. Envolvidos nas preocupações profissionais, esquecem de contemplar os astros, nas noites estreladas. Nem se dão conta de que Deus acendeu centenas e centenas de luzes para iluminar as noites. Ensimesmados, dirigem o carro pelas ruas, sem perceber que o outono caprichou nas cores do arvoredo, que há folhas pelo chão, que nos galhos despidos de uma antiga árvore, uma flor insiste em explodir em perfume e beleza. Absortos pelos trabalhos do cotidiano, esquecem de olhar para si mesmos, para o seu corpo e não se apercebem que, enquanto trabalham, sem cansaço, o coração lhes garante o bombeamento do sangue e a oxigenação das células. Que enquanto andam, o cérebro executa infinitos cálculos para lhes conferir o ritmo adequado aos passos. Que enquanto se dirigem para o lar, pensando no jantar que os aguarda, o estômago prepara as substâncias certas para a digestão. E tudo isso em nome de Deus, que a tudo vela e tudo providencia. Deus, que rege o Universo e governa todas as vidas. 
* * * 
Carlos Lacerda
O político brasileiro Carlos Lacerda, que sempre foi reconhecido como brilhante intelectual, acreditava em Deus por uma simples argumentação lógica. Ele se dizia ignorante em eletricidade, mas sabia que a devia atribuir ao eletricista que, juntando dois fios, produz uma faísca apenas menor do que a que fulgura entre nuvens no espaço. 
-Ora, dizia, por que deverei acreditar que o eletricista é capaz de ligar o positivo e o negativo e fazer luz e não em Deus, que produziu o eletricista? 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais extraídos do cap. 2, do livro A presença de Deus, de Richard Simonetti, ed. São João. 
Em 17.1.2017.

segunda-feira, 22 de junho de 2020

A VIDA EM CORES

Uma artista mineira trouxe uma proposta impactante e sensível ao resgatar fotos antigas de prisioneiros de Auschwitz. Talvez já tenhamos tido a oportunidade de ver algumas dessas fotos em preto e branco, nos documentários ou mesmo pessoalmente. No entanto, os retratos trazidos por Marina Amaral têm uma diferença bastante significativa: eles não estão em preto e branco, estão em cores. O belo trabalho de reconstituição, de restauração, impressiona e emociona. Marina teve acesso a cerca de quarenta mil fotos cedidas pelo memorial e museu de Auschwitz-Birkenau, na Polônia. Previsto para ser lançado como um documentário, Faces of Auschwitz, mostrará os rostos, os nomes, as histórias individuais desses homens, mulheres e crianças, que viveram esse triste capítulo da Humanidade. A autora, que se dedicou com afinco na pesquisa, no estudo, para poder encontrar as cores corretas, os tons, a luz, afirma: A foto, quando é colorida, acaba tocando mais as pessoas. Esse trabalho é mostrar como esse período foi forte e terrível. Como essas pessoas sofreram. Marina fala de humanização de cada um daqueles seres, que para muitos ainda são números, histórias distantes. Falamos de quantos morreram lá, falamos dos requintes de crueldade, mas pouco adentramos na intimidade de cada uma daquelas vidas. As fotos em cores de cada um, em ângulos diferentes, como retratos, seguida da descrição de quem eram, o que faziam, causa um impacto duro, difícil, que sensibiliza de uma forma inigualável. A vida daquelas pessoas era uma vida em cores, assim como a de cada um de nós. Não morreram alguns milhões de judeus na rede de campos de Auschwitz. Morreram Cezlawa, Deliana, August e segue a lista interminável. Isso nos traz reflexões importantes pois, por vezes, nossa indiferença, nossa insensibilidade, ainda está vendo apenas números ou vidas em preto e branco. Tantos morreram assassinados no Brasil no ano que passou. Outros tantos em acidentes de trânsito. Mais outra quantidade dessa doença ou através de contágio por tal vírus. Passamos a colecionar números dentro da dureza de nosso coração. Esse processo piora quando citam estatísticas, dizendo que apenas dois, três por cento de uma determinada população ou grupo de risco, irá perder a vida. Não somos porcentagem, não somos bando. Somos José, João, Marina, Marcelo, Pedro. Cada um desses tem família, amores, coleciona lutas e desafios. São Espíritos em evolução como cada um de nós. Por isso vale pensar: Ainda enxergamos o sofrimento do outro em preto e branco? Ainda não nos envolvemos? Nem através de um bom pensamento, de uma prece? Ainda não nos incomodamos a ponto de fazer algo a respeito, de agir, de dar a nossa colaboração, de fazer a nossa parte? Reflitamos sobre como temos recebido as notícias. Qual o nosso envolvimento? Cada vida importa. Cada vida é vida em cores como a nossa. Pensemos nisso. 
MARINA AMARAL
Redação do Momento Espírita, com base em reportagem do site www.g1.globo.com e nas imagens postadas nas redes sociais creditadas a Marina Amaral - @marinaamaralarts. 
Em 22.6.2020.

domingo, 21 de junho de 2020

EXISTÊNCIA DE DEUS

A ideia da existência de um Ser Supremo é inerente ao homem. Em todos os tempos e culturas, o culto à Divindade esteve presente. As teorias materialistas constituem exceção. Em alguns países, em períodos de revolução, tentou-se reprimir o sentimento religioso. Essa repressão nunca obteve muito sucesso, foi frequentemente burlada e finalmente cessou. Formas de vida e de governo, que ignoram as características e as necessidades humanas, não conseguem formar bases sólidas. O homem necessita de Deus. Não como uma espécie de ópio, para entorpecer seu sentimento e anular seu raciocínio. Sem a noção da existência de Deus, a vida humana carece de sentido. Tudo se torna obra do acaso, um joguete das circunstâncias. Os incrédulos por vezes afirmam que se Deus existisse Ele apareceria para Suas criaturas. Esse raciocínio peca por traduzir uma visão infantil da Divindade. Deus não é equiparável a uma personalidade humana, que passa para fazer uma visita ou dar um show. Deus é a Inteligência Cósmica, Suprema em Seus atributos, e Causa primária de todas as coisas. Uma inteligência não é algo material, passível de ser vista com os olhos da carne. Uma inteligência pode apenas ser compreendida. Os homens ainda são demasiado limitados para compreender a essência da Divindade. É certo que Deus não Se mostra, mas Se revela por Suas obras. Constitui princípio adotado em todas as áreas do conhecimento humano que a partir dos efeitos se chega às causas. Conhece-se a árvore pelos frutos. Suponha-se a existência de um quadro primorosamente pintado, uma autêntica obra de arte. Mesmo sendo ignorado o autor, pode-se fazer uma ideia dele. A partir do conhecido, que é o quadro, chega-se ao desconhecido, que é o autor. Ninguém imagina que o criador de tal primor seja um indivíduo tosco ou insensível. A razão indica tratar-se de um artista talentoso, com grande senso estético. Igualmente, por constituir uma hipótese absurda, não se presume que a tela, a moldura e as tintas se uniram por obra do acaso e originaram uma obra-prima. Não há efeito sem causa. Não há efeito inteligente sem causa inteligente. Não é crível que a vastidão do Universo, em sua sofisticação, seja fruto do acaso. O movimento dos astros, as leis que regem a vida, a perfeição do corpo humano, tudo isso é efeito a denotar uma causa poderosa e sábia. A criação é o efeito que revela a existência do Criador. O homem mais inteligente não consegue colocar planetas em movimento, dar vida a uma planta, modificar as leis da natureza. Tais proezas estão muito além da capacidade humana. Consequentemente, a Inteligência que criou e sustenta o Universo é infinitamente superior ao homem. A maravilha da natureza revela providência, sabedoria e harmonia em grau superlativo de Seu autor. Deus é a causa de tudo. A ordem e a beleza que existem no Universo originam-se Dele e são plenas de significados. Elas sinalizam que a finalidade do viver humano é integrar-se no que de belo e ordeiro há no mundo. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita Disponível no CD Momento Espírita, v. 23, ed. Fep. 
Em 2.1.2013

sábado, 20 de junho de 2020

FILHO RECONHECIDO

André Rieu
Ele é um homem que passou os setenta anos. Famoso no mundo inteiro, tocava violino aos cinco anos de idade. Filho de um diretor de orquestra que fez músicos seus seis filhos, André Rieu sentiu brotar a paixão pela música ao tocar sua primeira valsa. Nascido em Maastricht, capital da província de Limburg, fundada pelos romanos no século 50 a.C., era violinista da orquestra sinfônica. Ao mesmo tempo, gravava discos independentes. Hoje, com uma carreira de sucesso em mais de trinta países, são milhões os discos, CDs e DVDs vendidos. O regente holandês, no entanto, se viaja por tantos lugares e só encontra aplausos, tem um coração agradecido. Em grande concerto ao ar livre em sua cidade natal, teve oportunidade de afirmar que desejava, naquele quase final de apresentação, dizer algo muito pessoal. Recordou que Maastricht não era somente a melhor cidade, mas também a mais antiga da Holanda. Disse que reconhecia o sucesso que tinha no mundo. No entanto, era muito agradecido àquela cidade, àquele povo. Que ele não esquecera suas raízes, porque elas estavam ali. E a melhor forma de expressar a sua gratidão foi executar, com orquestra e coro, o hino de Maastricht. O povo se ergueu, cantou, alguns com a mão no coração. Podia-se perceber que o regente quase não continha sua emoção, deixando-se envolver no amplexo da gratidão. Obrigado, terra natal! Expressava ele com a música, com sua orquestra, com o coro, com todo seu coração. O exemplo do famoso maestro holandês nos leva a meditar. A sua gratidão à terra natal, aos que o viram crescer no corpo e na arte, emociona. Quando, ainda nos dias recentes, tantos brasileiros abandonam a pátria em busca de mais amplos horizontes; quando, ao se despedirem, com quase desprezo, afirmam: 
-Espero nunca precisar voltar para este país.
O gesto do grande músico nos remete a pensar. E concluir que os verdadeiramente grandes homens são almas especiais. Sobretudo agradecidas. Pensemos nisso e onde quer que estejamos, sob aplausos ou não, nunca nos esqueçamos das nossas raízes. Podemos buscar alhures o sucesso, a felicidade, a oportunidade que se nos faz necessária, mas não desprezemos nossas origens. Não as esqueçamos. Sejamos gratos ao país que nos viu nascer, aos pais que nos deram o corpo físico e nos alimentaram os anos nascentes. Aos parentes que aplaudiram nossas primeiras conquistas. Aos irmãos que privaram conosco das horas de folguedos e de alegria. Aos amigos que ouviram nossas queixas e insuflaram novo ânimo na jornada. Aos que nos legaram recursos para que alcançássemos nossos objetivos. Enfim, onde quer que estejamos, felizes, bem sucedidos, sejamos gratos. O torrão natal é nosso marco inicial na presente reencarnação. Não esqueçamos nossas raízes. Não esqueçamos da gratidão. 
 * * * 
É sempre pálido o pagamento material por qualquer dádiva que se tenha recebido. Mas o gesto de ternura, a lembrança gentil, a palavra espontânea são valores-gratidão que não nos cabe desconsiderar. Nem esquecer. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 19.6.2020.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

EXISTE DEUS?

Conta-se que Buda, o grande líder religioso, estava reunido com seus discípulos certa manhã, quando um homem se aproximou e perguntou: 
-Existe Deus? 
O mestre penetrou no olhar do desconhecido por alguns segundos e respondeu objetivamente: 
-Sim, Deus existe. 
O tempo passou e, após o almoço, um outro homem se acercou do sábio e questionou: 
-Existe Deus? 
Buda fitou o homem rapidamente, e logo lhe respondeu: 
-Não, não existe. 
Ao final da tarde, então, uma terceira pessoa se achegou a ele, e lhe fez a mesma pergunta: 
-Mestre, existe Deus?
O sereno e experiente sábio procurou os olhos do questionador, e explicou: 
-Você é quem irá decidir. 
O homem se afastou pensativo e logo os discípulos de Buda lhe exigiram satisfações: 
-Mestre, que absurdo! - Disse o mais surpreso deles. - Como o senhor dá respostas diferentes para a mesma pergunta? 
Com paciência e tranquilidade, respondeu então o Iluminado:
-Porque são pessoas diferentes! E cada uma delas se aproximará de Deus à sua maneira: através da certeza, da negação e da dúvida.
* * * 
O fundador do Budismo estava certo: somos pessoas diferentes, almas que já viveram as mais diversas experiências através das inúmeras existências. Assim, cada um de nós irá se aproximar da verdade de forma diversa. E esta é uma das razões pela qual encontramos no mundo religiões diferentes, crenças distintas e as mais diversas formas de interpretar a verdade. Cada uma dessas interpretações aplica-se a um grupo de Espíritos, conforme suas necessidades naquele momento da sua evolução. É por essa razão que não podemos criticar as crenças que divergem da nossa, pois cada um encontrará a verdade de uma maneira e cada um encontrará a religião, a doutrina que lhe preencha a alma, que o complete, que o console. Não podemos jamais ter a pretensão de que a nossa seja a melhor crença. Ela é a melhor para nós, para os nossos anseios, para as nossas necessidades pessoais, mas nunca teremos o direito de impor, de converter alguém à força, à doutrina que abraçamos. É muito importante lembrar da lição de Buda, que nos convida à reflexão e à mudança de atitudes em relação à liberdade de crença. Cada um de nós se aproximará de Deus à sua maneira: através da certeza, da negação, ou da dúvida. * * * Allan Kardec, na primeira obra da Codificação Espírita, questiona aos Espíritos por que sinal se poderá reconhecer a religião que realmente seja a expressão da verdade. A resposta foi a seguinte: Será aquela que fizer mais homens de bem e menos hipócritas, quer dizer, praticantes da lei de amor e caridade na sua maior pureza e na sua mais larga aplicação. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto do livro Maktub, de Paulo Coelho, ed. Rocco e no item 842, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. 
Em 28.02.2011.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

A HORA EXATA

Maria Helena Marcon
Quando aninhares em teu seio a revolta e o desespero sobrepujar-te a fé e a esperança; quando o anseio de fuga sobrepor-se a teus mais caros sonhos e ideais; quando o mundo afigurar-te um cárcere, não prossigas. Detém o passo! De que vale seguir adiante, se teus pés pisam, raivosamente, o solo por onde transitas, despedaçando as flores que ornamentam os caminhos? É tempo de meditar, analisar, pesquisar causas, fatos, soluções. Estende o olhar ao teu redor. Vê: a multidão nem mais anda. Corre, acotovela-se, esbarra. Todos apressados, com o véu das preocupações a lhes anuviar o semblante. São rostos que desfilam sofridos, acabrunhados, envilecidos, frios, assinalando-lhes o sepultamento da sensibilidade. Não te deixes arrastar pelo convencionalismo material. És um Espírito. Neste momento, te sentes cansado, desanimado ante as lutas que se apresentam, ante os óbices a vencer. Estás esvaído, exausto e envolves teu corpo em ar de abandono... No mundo em que te situas, campeia em todo lugar a malícia, o vício, a desonestidade. Corações a quem te entregaste, dilaceraram-te as aspirações com estiletes de reprovações e queixas. Causas pelas quais te empenhaste, ardorosamente, jazem por terra, por deficiência de quem te auxilie, sustentando-as. Sentes que o fardo é por demais pesado e almejas a fuga desabalada. Entretanto, se te ligasses com o amor infinito, nada disso te afetaria. Se te colocasses em plano superior ao terreno, enxergarias um pouco além do comum e te deixarias arrebatar pela assistência do plano maior. Deus é o Amor sem limites, a Bondade, o Poder Supremos. Permite ao teu Espírito dessedentar-se nessa linfa cristalina que jorra abundante e continuamente do Alto. Deixa-o haurir vigor na Força Divina. Após, verás como as lutas se tornarão insignificantes, as dores diminutas e o próprio fardo, menor. Há tantas paisagens encantadoras com que podes deliciar-te, amenizando o combate ferrenho, por momentos... Torna-te como essas avezitas que voejam, alegres, conquistando o espaço azul. Frágeis, pequeninas, marcadas com vida muito curta, passam-na em gorjeios e labuta. Singra tu também os ares! Teu pensamento pode alçar-te muito acima da maior altitude alcançada por qualquer pássaro. És filho de Deus e, portanto, herdeiro de Sua assistência. Abre-te para o Seu Amor e respirarás a brisa reconfortadora de quem se sabe amparado e vibra feliz. 
* * * 
Faze da tua vida uma senda florida em busca da bondade das almas e da beleza do Universo. Além das nuvens brilha, eternamente, o sol que após as trevas das noites, resplandece sempre em alvoradas de luz. Também nos corações em que palpitam esperanças, sempre um sorriso álacre estanca lágrimas de quem padece. Faze da tua vida um sol, um sorriso, uma esperança. Por onde passes deixa algo de bom, algo de belo. No futuro, serás lembrado como uma esteira de luz, uma terna recordação, uma carinhosa lembrança, um motivo de saudade, uma dedicação de amor. 
Redação do Momento Espírita, com artigo de Maria Helena Marcon, extraído do jornal Correio da Amizade, de fevereiro/1974, ed. Centro Espírita Ildefonso Correia e com pensamentos finais do livro Pensamentos ao longo da jornada, de Alcyone Vellozo, publicação pessoal.
Em 18.6.2020.
http://momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=972&let=&stat=0

quarta-feira, 17 de junho de 2020

EXILADOS DE CAPELA

Nos mapas zodiacais, que os astrônomos terrestres usam em seus estudos, observa-se uma grande estrela na Constelação do Cocheiro, que recebeu, na Terra, o nome de Cabra ou Capela. Há vários milênios, um dos planetas da Capela, que guarda muitas afinidades com o globo terrestre, atingiu o ponto máximo de um dos seus extraordinários ciclos evolutivos. Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, dificultando o progresso daqueles povos cheios de piedade e virtudes. As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmo, resolveram, então, trazer aqueles Espíritos aqui para a Terra longínqua. Na Terra, eles aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu ambiente, as grandes conquistas do coração, impulsionando, simultaneamente, o progresso dos povos primitivos que habitavam este planeta. Foi assim que Jesus, como governador da Terra, recebeu, à luz do Seu reino de amor e de justiça, aquela multidão de seres sofredores e infelizes. Jesus mostrou-lhes os campos imensos de luta que se desdobravam na Terra, envolvendo-os no halo bendito da Sua misericórdia e da Sua caridade sem limites. Abençoou-lhes as lágrimas salutares, fazendo-lhes sentir os sagrados triunfos do futuro e prometendo-lhes a Sua colaboração cotidiana e a Sua vinda no porvir. Esses Espíritos, vindos de um mundo em que o progresso já estava bem acentuado, guardavam no coração a sensação do paraíso perdido. Ao encarnar na Terra, se dividiram em quatro grandes grupamentos dando origem à raça branca, ou adâmica, que até então não existia no orbe terrestre. Formaram, desse modo, o grupo dos árias, a civilização do Egito, o povo de Israel e as castas da Índia. Tendo ouvido a palavra do Divino Mestre antes de chegar à Terra, guardavam a lembrança da promessa do Cristo. Eis por que as grandezas do Evangelho foram previstas e cantadas alguns milênios antes da vinda do Sublime Galileu, no seio de todos os povos, pelos antigos profetas. Dentre os Espíritos exilados na Terra, os que constituíram a civilização egípcia foram os que mais se destacaram na prática do bem e no culto da verdade. Importa considerar que eram eles os que possuíam menos débitos perante as leis Divinas. Em razão de seus elevados patrimônios morais, guardavam no íntimo uma lembrança mais viva das experiências de sua pátria distante. Uma saudade torturante de seu mundo distante, onde deixaram seus mais caros afetos, foi a base de todas as suas organizações religiosas. Depois de perpetuarem nas pirâmides os seus avançados conhecimentos, todos os Espíritos daquela região africana regressaram à pátria sideral. Isso explica por que muitas raças que trouxeram grande contributo de conhecimentos à Terra, desapareceram há muito tempo. Informações preciosas sobre a História da Humanidade terrestre foram trazidas pelo Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier e constam do livro A caminho da luz. Nesse livro você encontrará esclarecimentos sobre as grandes civilizações do passado, sobre a trajetória evolutiva do planeta, e muitas outras. Irá saber porque Jesus afirmou que os mansos herdarão a Terra. Descobrirá, também, que a Terra não está desgovernada; que no leme dessa gigantesca nave está Jesus, com mãos firmes e olhar sereno. 
* * * 
Os mundos também estão sujeitos à lei de progresso. A Terra, por exemplo, já foi mundo primitivo, e hoje está na categoria de provas e expiações, que é apenas o segundo degrau da escala evolutiva. Como o progresso é da lei, um dia a Terra atingirá o ponto máximo do atual ciclo evolutivo e passará para a categoria de mundo de regeneração, e assim por diante. Por isso vale a pena investir na melhoria do ser humano, pois só assim conseguiremos transformar a Terra em um mundo de paz e felicidade. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro A caminho da luz, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, ed. Feb. 
Em 11.3.2013.

terça-feira, 16 de junho de 2020

FILHOS DE DEUS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Enquanto estamos na Terra, na roupagem carnal, alimentamos muitas ilusões. Também um igual número de ambições. Entre essas, a de conquistarmos títulos. A História registra que, até há poucos anos, o que mais disputávamos eram os títulos de nobreza. Quando não nascíamos nobres, nos permitíamos qualquer coisa, até mesmo distanciados da ética e da moral. Tudo para sermos agradáveis aos poderosos e lhes conquistar as graças. Como consequência, quem sabe, um título de nobreza. Foram períodos de tristes lembranças. Nos dias atuais, a disputa não é menor. Desejamos títulos e destaques nas colunas sociais, buscamos projeção política. Alguns fazemos questão de colecionar títulos honoríficos de instituições assistenciais e religiosas. Por isso, às vezes, nos candidatamos a cargos, sem, no entanto, abraçarmos os encargos que eles exigem. O que nos importa é somente a denominação. Porém, existe um título muito precioso e que todos temos. Nem sempre nos apercebemos que o detemos ou quão importante ele é. É o título de filho de Deus. Que título maior podemos almejar? Somos filhos de Deus, cujo amor inunda o Universo e se encontra nas fibras mais íntimas de cada um de nós. Ser filho é ser herdeiro. Somos herdeiros do Universo. Por direito natural, possuímos tudo que é de Deus, bastando somente que desenvolvamos os dons latentes em nós, a fim de que possamos desfrutar de toda essa grandeza. Somos herdeiros das ideias sublimes, desde que o Pai nos fez à Sua imagem e semelhança. Ideias sublimes que nos proporcionam a inteligência para conquistar espaços, penetrar o mecanismo da vida e decifrar os enigmas desafiadores da sabedoria. Filhos de Deus somos todos nós. Com uma imensa herança a nos aguardar, além daqueles bens de que já usufruímos, como o ar, a água, os planetas que utilizamos como moradia, os mil detalhes da Criação que nos servem e sustentam. Para a conquista de todos esses tesouros, é imprescindível a confiança e a fé. Igualmente o esforço para desdobrarmos as capacidades adormecidas em nós mesmos. E, naturalmente, se temos tantos bens e tantos direitos, como filhos de Deus, também temos deveres. O primeiro de todos é o de nos vermos como filhos do mesmo Pai, herdeiros do Universo, usufrutuários de todas as Suas bênçãos. Bênçãos generosas, distribuídas a todas as horas, mesmo para aqueles que não admitem a Paternidade Divina, um criador excepcional. O Pai é somente um, o Criador, a Causa incausada de todos os seres e de todas as coisas. O segundo dever é de nos amarmos, pois o Pai a todos ama de igual forma. Como Pai, Ele não deixa de fora nenhum dos Seus filhos. A ninguém deserda. Mais cedo ou mais tarde todos haveremos de compreender o plano divino e a Ele nos amoldaremos. Nesse dia, sairemos da infância espiritual em que nos situamos para a maioridade. Nesse dia, utilizaremos e nos felicitaremos com todos os tesouros da Criação. Nesse dia, seremos felizes. 
Redação do Momento Espírita, com base na introdução e no cap. 5, do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 16.6.2020.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

QUEM PERDER A SUA VIDA!

Era uma cela compartilhada por vários homens, com tristes histórias de vida. Por estarem ali, juntos, falavam a respeito de si mesmos, do que os levara àquela situação. Um deles se elegera como o líder e o que quer que cada qual desejasse, precisava lhe pedir autorização. Ele exercia o poder como se a cela fosse o seu reino particular. Era temido. Por isso, obedecido. Então, um dia, um novo prisioneiro chegou. Um homem acusado de ter matado uma garotinha. A recepção foi uma grande surra de todos os detentos. Quase foi à morte. Mas, depois de permanecer na enfermaria por alguns dias, voltou para a cela. De forma admirável, chamou a todos de amigos. Passaram a chamá-lo de maluco, de idiota. Agia mesmo como um tolo. Falava com as pombas que estavam no pátio da prisão, soltava-as no ar, mandando recados para sua filha amada. Era um homem diferente. Com o passar dos dias, deram-se conta da inocência do crime que lhe fora imputado. Mais tarde, conheceram sua filhinha, doce menina de nove anos que o viera visitar. Ela falou de uma testemunha, de um homem que vira tudo e podia dizer da inocência de seu pai. A pequena visitante, toda envolvida em carinho, conversou com cada um daqueles prisioneiros a quem seu pai, Raul, chamava de amigos. Se eram amigos dele também eram amigos seus. Apesar de todos os esforços, a sede de vingança do pai da vítima era maior do que qualquer conceito de justiça e ele conseguiu a pena de morte para Raul. Foi então que um daqueles prisioneiros, que se dizia ser o maior dos criminosos, pelo que fizera, se ofereceu para morrer no lugar dele. Raul precisava retornar para os braços daquela menina. E ele precisava resgatar o próprio crime. O plano foi arrojado. Contou com a cumplicidade dos prisioneiros, de guardas, do diretor da prisão, todos que estavam certos da inocência do condenado. E assim se fez. Enquanto um se oferecia para a forca, o outro ganhava a liberdade. E retornou para sua pequena Beatriz. Na sua deficiência mental, não entendia muito bem o que acontecera. Somente sabia que estava de volta para os braços da filhinha. E, ainda com o auxílio de corações amigos, deixou o país rumo a outra terra, para viver em paz. 
 * * * 
Uma vida por outra vida. O Evangelista Mateus anotou as palavras do Mestre, conferindo a lição do amor altruísta: 
-Quem perder a sua vida por causa de mim, a ganhará. 
Quem oferece sua vida pela do seu irmão, o faz ao próprio Cristo, segundo as suas palavras: 
-O que fizerdes a um desses pequeninos, a mim o fazeis. 
Perder a própria vida para salvar outra vida. Para fazer felizes duas vidas. Para salvar um inocente de uma pena injusta. É preciso muito amor para se realizar tal ato, sobretudo quando não se trata de algo feito de rompante, mas pensado, arquitetado e executado. Isso nos diz de como existem preciosidades na intimidade da criatura humana. Pérolas maravilhosas que somente conhecemos quando elas se expressam na exterioridade. Que extraordinário ser é esse, criado à imagem e semelhança de Deus, que se revela nos momentos mais adversos. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no filme turco Milagre na cela 7. 
Em 15.6.2020.

domingo, 14 de junho de 2020

EXERCITANDO VIRTUDES

Segundo Aristóteles, virtude é uma disposição adquirida de fazer o bem, e que se aperfeiçoa com o hábito. Muitas são as virtudes que podemos desenvolver, no decorrer de nossas vidas. Conforme as conquistamos, elas vão construindo uma aura luminosa, ao nosso redor. São várias as situações que nos fazem despertar para esses aprendizados. Muitas dessas realizações nos chegam através da mídia. Cenas de devastações naturais, que abalam nossos sentimentos. Centenas de pessoas que perdem suas moradas, outras que perdem a vida, inúmeras famílias destroçadas. E, mesmo estando a milhares de quilômetros dessas catástrofes, nossos corações se enternecem e sofrem, junto com os diretamente atingidos. Essa emoção que nos invade, é um despertar de solidariedade, de compaixão, de empatia, ou, simplesmente, de piedade. Quando esses sentimentos despertam em nós e nos levam a estender as mãos para ajudar, ou mesmo elevar o pensamento em preces, estamos na prática dessas virtudes. Não devemos sufocar no coração esse ímpeto, pois são maneiras de exercitarmos o que agasalhamos de bom, em nós. Por vezes, um simples gesto resulta em grande ajuda. Recentemente, soubemos de um menino de doze anos, Pedro, que, ao se dirigir para a escola, presenciou uma cena, que o sensibilizou. Duas crianças maltrapilhas e descalças, frente a uma vitrine de padaria, olhavam, fixamente, para os doces, biscoitos enfeitados, pães e bolos. Percebeu, pelas fisionomias, que elas os desejavam. Aparentavam ter fome. Um sentimento de compaixão o tomou por inteiro. Apalpou os bolsos e viu que tinha somente o suficiente para o seu lanche, no intervalo escolar. Não teve dúvidas, nem pensou duas vezes. Entrou, comprou dois pedaços de bolo e os entregou aos pequenos. Eles sorriram com os olhos, a boca, os gestos. E ele, simplesmente, continuou no seu caminho para a escola, com o coração batendo diferente, emocionado, com vontade de cantar. 
* * * 
Como é bom se deixar envolver pela felicidade de um ato de amor. Sim! A compaixão, quando profundamente sentida, é amor, amor ao próximo. Esse esquecimento de si mesmo em favor do outro, essa abnegação pelos demais, esse ato de se doar em favor do próximo, é essa virtude colocada em ação. Jesus, quando Se viu rodeado pela multidão imensa, faminta, abençoou os pães e peixes disponíveis e mandou que fossem distribuídos. Importante o destaque do Evangelista ao relatar que Ele mandou que o alimento fosse distribuído àqueles homens, mulheres e crianças que O seguiam. Não pensou em Si, mas em lhes saciar a fome. Seguindo o exemplo do Mestre, quando a oportunidade se apresentar, aproveitemo-la e façamos aos outros o que gostaríamos que nos fizessem. Logo, desejaremos transformar esse gesto em hábito, sentindo a necessidade de nos tornarmos atuantes e úteis, na sociedade. E, de forma gratificante, sentiremos o coração vibrar de alegria diante daqueles a quem dispensarmos atenção, cuidados, fizermos uma doação.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita.
Em 8.9.2015.

sábado, 13 de junho de 2020

EXERCITANDO A PACIÊNCIA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Antiga lenda europeia narra que alguém perguntou a um sábio como ele poderia explicar a eternidade do tempo e do espaço. Depois de meditar, ele apontou enorme montanha de granito que desafiava as alturas e respondeu com simplicidade: 
-Suponhamos que uma pequena ave se proponha a desbastar essa rocha, de forma paulatina e insistente, atritando o bico de encontro à pedra. Quando houver destruído tudo, estará apenas iniciando a eternidade...
* * * 
A eternidade nos convida ao exercício da paciência, esse fator que representa, de maneira mais eficiente, o equilíbrio do homem que se candidata a qualquer trabalho. Como virtude, está no ponto médio entre a passividade e a precipitação. É comum sentirmos entusiasmo por algo novo, ao qual nos devotamos. No entanto, também é comum abraçarmos o desencanto no desdobrar do tempo. A paciência é a medida metódica e eficaz que ensina a produzir no momento exato a tarefa correta. Nem pouco, nem muito; nem antes, nem depois. Aguardar e agir no momento necessário. Muitas vezes nossas ações são precipitadas. Frente a tarefas acumuladas e a problemas que se multiplicam, indispensável fazermos demorado exame e cuidada reflexão antes de apressar atitudes. Precipitação traduz desarmonia, perturbação, com agravante desconsideração ao tempo. Normalmente, trazendo consequências negativas. Por isso, paciência significa autoconfiança. Não é por outra razão que antigo ditado afirmava que ela seria a mãe de todas as virtudes. Sem ela não conseguimos conquistar nenhuma das outras. Recordemos exemplos de paciência: a pirâmide se ergueu bloco a bloco. As construções grandiosas resultaram da colocação de peça sobre peça. Isaac Newton foi capaz de dizer: 
-Se fiz descobertas valiosas, foi mais por ter paciência do que por qualquer outro talento. 
Benjamim Franklin também afirmou que aquele que tiver paciência terá o que deseja. O que hoje não conseguimos, perseverando com dignidade e paciência, alcançaremos amanhã ou depois. Importante, no entanto, não confundir paciência com preguiça, passividade, inatividade. Paciência não é apenas esperar. E quando seja necessário esperar, importante tenhamos em mente que espera não significa, necessariamente, passividade. 
A paciência é dinâmica e eficiente, produzindo diante dos deveres que nos competem realizar. 
Paciência para com a vida, para conosco mesmo e para com os outros.
Ao lado de alguém que nos desconsidera – paciência. 
Ante as dores que nos chegam – paciência. 
Diante do rebelde que nos atormenta – paciência. 
O tempo é mestre eficiente que a todos ensina, no momento próprio, com a lição exata, moldando o que cada um necessita a benefício de si mesmo. Jesus, acompanhando e inspirando o progresso da Terra, pacientemente espera que nos voltemos para Ele, a fim de que, encarregado de nossa felicidade, possa nos dirigir pelo caminho que leva a Deus. Dessa forma, em qualquer circunstância, procuremos manter a paz e a paciência para o êxito daquilo que muito desejamos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 34, do livro Convites da Vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 15.10.2018.

sexta-feira, 12 de junho de 2020

CADA CONQUISTA

Interessante perceber como tratamos nossos pequeninos, nossas crianças, no que diz respeito às primeiras conquistas. 
O primeiro sorriso – quanta festa! 
As primeiras palavrinhas – quanto orgulho dos pais! 
Depois, ou um pouco antes, os primeiros passos – que conquista importante! 
Celebramos, contamos aos amigos com brilho nos olhos. Cada nova façanha é celebrada com alegria e novas vitórias vão se somando na vida dos filhos, que vão crescendo, aprendendo e nos surpreendendo. São êxitos singelos, mas muito importantes. São fundamentais para o desenvolvimento da autoestima, da segurança e da autonomia dos petizes. São os primeiros progressos da alma que retorna ao mundo numa nova existência. Alma que vem com planos, promessas e ideais elevados, buscando na escola da Terra aprender o que precisa para ser mais feliz. Infelizmente, perdemos muitos desses costumes sadios quando chegamos à idade adulta. Parece que pouco sobrou para comemorar... O que não é verdade, de forma alguma. Alguns chegam até a ignorar seus aniversários, como se mais um ano de vida na Terra fosse algo do qual deveríamos nos envergonhar. Pequenas vaidades tolas, que acabam inibindo sentimentos e reflexões importantes. Os êxitos da alma necessitam ser celebrados e partilhados com aqueles que estão à nossa volta. Não apenas as conquistas materiais, as conquistas intelectuais, mas principalmente os tesouros do Espírito. Celebremos nossos aniversários com quem amamos. Sem grandes estardalhaços sociais e sem grandes gastos, mas não deixemos passar a data em branco. Fechar mais um ciclo é importante. Fazer uma análise, um balanço. Agradecer pela oportunidade da reencarnação, pelos amores, pelas experiências... A vida precisa estar repleta de vitórias. 
Vencer a depressão, vencer a dependência química, vencer a obesidade... 
Vencer a maledicência, vencer algum medo, vencer o ressentimento de anos e poder dormir com a consciência em paz. 
São alguns exemplos de conquistas da alma guerreira, que luta contra suas imperfeições dia após dia. É fundamental registrar essas glórias, pois são elas que nos darão forças para enfrentar os dias difíceis, os novos desafios. Cada vencer traz forças para os novos enfrentamentos, para novos desbravamentos espirituais, fundamentais para se lograr a felicidade almejada. O alvo supremo, a felicidade, não é apenas uma meta, mas uma construção de pequenas grandes felicidades acumuladas através das vidas. E cada júbilo desses, cada conquista, precisa ser guardada no íntimo de nosso coração com muito carinho e atenção. Cada conquista da alma é importante. Conquistas são como as pequenas rochas que, amontoadas, vão construindo os muros e paredes de nossa edificação felicidade. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 11, ed. FEP. 
Em 11.6.2020.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

VOLTAR PARA CASA

Cezar Braga Said
O novo coronavírus nos impôs alterações em nossa forma de viver. Todos fomos convidados a uma volta para casa. Para os que acreditamos que a morte seja uma vírgula e não um ponto final, voltar para casa pode ser retornar à pátria espiritual, de onde um dia saímos e para a qual retornaremos. Esperamos que mais experientes, virtuosos e sábios. Podemos pensar, também, num olhar mais atento para a nossa morada comum, a casa planetária, tão maltratada e explorada por causa da ganância e egoísmo que ainda nos caracteriza. Por conta dessas imperfeições destruímos abusivamente, pensamos exclusivamente em nós, burlamos leis, ferimos ecossistemas. Tudo por conta da nossa sanha de poder e domínio. Nossa Terra, com sua biodiversidade, culturas diversas e histórias maravilhosas de cada povo, pedia socorro e nos convidou a repensar a relação que temos estabelecido com ela. Cabe refletirmos na quantidade de lixo que produzimos, no consumo desenfreado, na poluição que geramos, no acúmulo desproporcional de riqueza em detrimento do empobrecimento contínuo de tanta gente. Uma terceira interpretação é a de valorizarmos mais a nossa habitação, o espaço que nos abriga, todos os dias, com nossa família consanguínea. Além dos cuidados materiais que esse lugar solicita em termos de limpeza e conservação, é nele que damos e recebemos afeto. É esse recanto formidável que podemos transformar em lar, criando genuínos laços de amor. Um quarto viés é pensarmos no corpo físico, morada da alma, da essência espiritual que somos. Zelarmos por ele com uma alimentação saudável, boa ingestão de água, atividades físicas, ocupação útil, descanso necessário. Também deixando de bombardeá-lo com o tóxico dos maus pensamentos, valorizando o investimento evolutivo e espiritual que a vida nos oferece. Estarmos num corpo físico é estarmos matriculados numa escola onde temos muito para aprender. Naturalmente, nenhum aluno consciente deixa de valorizar e preservar uma escola tão sublime como esta. Por fim, voltar para casa também nos faz pensar na casa mental e emocional. Há muito lixo mental e emocional que guardamos sem reciclar e descartar adequadamente. Por isso adoecemos. Essa parada forçada em casa é um convite divino para repensarmos o que temos feito da vida, das nossas múltiplas relações, do tempo, da inteligência, do dinheiro, do planeta, da saúde. Também como temos utilizado os princípios religiosos que abraçamos. É a possibilidade de um mergulho mais profundo em nós mesmos a fim de mudarmos, corrigirmos o rumo, acertarmos o prumo, voltarmo-nos para o que é essencial. E essencial é o respeito ao outro, o compartilhar, descobrindo que não somos donos de nada e que toda forma de apego gera sofrimento. Enfim, que precisamos de mais empatia e compaixão. Temos em nossas mãos a possibilidade real, de agora em diante, de fazermos do amor a nós mesmos e ao próximo, a regra áurea da vida. Uma regra com roteiro ensinado e exemplificado por um homem terno e gentil, sábio e amigo, há mais de dois mil anos: Jesus de Nazaré.
Redação do Momento Espírita, com base no texto Volta para casa, de Cezar Braga Said. 
Em 10.6.2020.

quarta-feira, 10 de junho de 2020

INSPIRAÇÃO DO POETA - TOCANDO EM FRENTE

ALMIR SATER 
E RENATO TEIXEIRA
Conta-se que, num dia qualquer, o compositor Almir Sater estava em São Paulo para uma temporada. Em certo momento, desceu do seu apartamento para tomar um cafezinho num mercado ali perto. Encontrou um amigo, que o convidou para experimentar uma viola que acabara de comprar. Enquanto tomavam café, Almir dedilhou a viola e soltou a voz:
-Ando devagar... ao que o amigo emendou... 
-Porque já tive pressa. 
Dizem que essa maravilha chamada Tocando em Frente, ficou pronta em dez minutos. Um dia, alguém perguntou ao Almir como essa música fora feita e ele respondeu:
-Ela estava pronta. Deus apenas esperou que eu e o Renato nos encontrássemos para mostrá-la para nós. 
Será verdade ou será mais uma dessas lendas que se inventam, a respeito de pessoas célebres e suas produções?
Lenda ou verdade, não importa. O que sabemos é que a inspiração existe e disso entendem muito bem os gênios de todos os matizes. E a letra e música de Tocando em frente são uma joia rara. Convidam-nos a parar em meio à correria, a viver com mais vagar, como a saborear cada momento. Também nos recordam que, na vida, lágrimas e sorrisos se sucedem. Assim dizem os versos: 
Ando devagar porque já tive pressa. 
E levo esse sorriso, porque já chorei demais.
Hoje me sinto mais forte, 
mais feliz quem sabe... 
Eu só levo a certeza de que
 muito pouco eu sei, 
eu nada sei... 
Há tanto para aprender. 
E quantos cremos ser superiores por entendermos disso ou daquilo. E, contudo, quem verdadeiramente se dedica a aprender, descobre que quanto mais aprende, mais há a ser pesquisado, descoberto. 
Conhecer as manhas e as manhãs, 
o sabor das massas e das maçãs. 
O planeta Terra é o grande laboratório divino em que provamos a dor, a alegria. Em que nos extasiamos ante a manhã que se espreguiça e nos encantamos com a riqueza das pessoas. Cada uma com seu talento especial, sua forma de ser, de agir em nossas vidas. E, neste planeta de provas e expiações, com quantas delícias nos agracia Deus. Sabores de frutas, consistências inúmeras. É preciso tudo provar. Aprender a degustar, reconhecendo o sabor de cada fruta, do trigo transformado em pão, do grão triturado, moído, servido com aroma de café. 
Mas é preciso o amor pra poder pulsar, 
é preciso paz pra poder sorrir 
Continua cantando o inspirado poeta. Sim, o amor nos é imprescindível porque fomos criados e somos mantidos pelo amor de Deus, trazendo essa essência divina em nossa intimidade. E somente sorri, num mundo de tanta perversidade ainda, quem já descobriu o segredo da vida na Terra, que se chama oportunidade e progresso. Por isso, cada um de nós compõe a sua história. E cada ser em si, carrega o dom de ser capaz, de ser feliz. E, como todo mundo ama, todo mundo chora, não esqueçamos que um dia a gente chega, no outro vai embora. A vida é transitória. Aproveitemo-la, ao máximo, vivendo com a família, os amigos. Produzindo na sociedade, deixando nossas marcas de luz para, como alguém já falou, quem venha atrás, possa dizer: 
-Por aqui passou um ser iluminado. Uma estrela... 
Redação do Momento Espírita. 
Em 9.6.2020.