terça-feira, 23 de julho de 2019

QUANDO A BONDADE SE EXPRESSA

Chris Benghue
O rapaz estava desempregado. Fora despejado e dormia no carro. Carro, aliás, que ele não tinha dinheiro para colocar combustível. Chegou o dia em que estava com fome. E sem dinheiro para comprar nada. Desesperou-se. Na noite fria, o estômago reclamando, ele entrou em uma lanchonete. Como não sabia quando seria sua próxima refeição, comeu a mais não poder. Quando chegou a hora de pagar, fingiu que tinha perdido sua carteira. Fez um barulho enorme. Começou a olhar por todo lugar. Virou a lanchonete de cabeça para baixo. De trás do balcão o cozinheiro, que era também o dono do lugar, saiu e foi até onde estava o rapaz. Abaixou-se, fingiu apanhar alguma coisa do chão e entregou a ele. Eram cem reais. Acho que você deixou cair quando entrou. Danilo ficou confuso mas pagou a conta e saiu rapidinho. 
-E se o dono do dinheiro aparecer? 
Ele se perguntava, andando pela rua. Até que se deu conta que na verdade o dono da lanchonete fingira achar o dinheiro. Ele colocou gasolina no carro e rodou para outra cidade. Enquanto rodava, agradeceu a Deus o gesto daquele desconhecido. E prometeu que se sua vida melhorasse, ele faria aos outros o que aquele homem fizera por ele. O tempo passou. Ele teve fracassos, reveses. Até que, afinal, as dores da pobreza passaram. Foi então que Danilo decidiu que era hora de honrar a promessa e completar o voto feito naquela noite escura de inverno. Pelos anos seguintes, ele iniciou sua jornada de doações. Queria dar, mas não queria que as pessoas o agradecessem. Começou a identificar pessoas realmente necessitadas. Assim, a família de um garoto de 14 anos, que sofria de leucemia, encontrou uma larga soma de dinheiro, em sua caixa de correio. Uma viúva, com sete crianças e dois netos, foi surpreendida com várias notas, colocadas embaixo de sua porta. Um jovem que precisava de um transplante de pulmão, respirou aliviado quando em sua conta apareceu a expressiva soma que precisava para a cirurgia. Ele pagou aluguel, prestações de carro, contas de mercado, sempre sem aviso e sem ficar por perto para elogios. A sua alegria era a expressão no rosto dessas pessoas. Agora só faltava ele agradecer a quem o socorrera. Ele procurou pelo dono da lanchonete por quase um ano. O local estava fechado. Arranjou em encontro, dizendo-se historiador e que desejava fazer uma matéria sobre pessoas antigas da localidade. Chegou carregado de presentes e uma grande quantia em dinheiro. 
-Eu sou aquele sujeito que você ajudou 29 anos atrás, disse Danilo. Você mudou a minha vida, naquela noite. 
O ex-dono da lanchonete, aposentado, com 81 anos de idade, chorou. Sua esposa estava doente, lutando contra o câncer e o mal de Alzheimer. Ele estava atolado em contas hospitalares. O dinheiro fora mandado por Deus. Para Danilo, era um simples gesto de gratidão. Para aquele idoso, era o acenar de um novo tempo, sem provações. 
 * * *
Fomos criados para amar. Importar-se com os outros é caminho para a felicidade. Se você segura a porta para a pessoa que está atrás de você, se leva uns docinhos para repartir com o pessoal do escritório, respire fundo. Respire e sinta o cheiro da bondade. O mundo em que vivemos depende dela. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. O princípio do altruísmo, do livro Muito além da coragem, de Chris Benghue, ed. Butterfly. 
Em 23.7.2019.

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