sexta-feira, 5 de julho de 2019

A OPÇÃO IDEAL

ALBERTO ALMEIDA
Narra uma lenda que um príncipe poderoso caiu em mãos inimigas que decidiram tirar-lhe a vida, condenando-o à forca. Dada sua linhagem nobre, o rei dos inimigos lhe propôs um acordo. Se ele conseguisse decifrar um certo enigma, sua vida seria poupada. Para isso, concedeu-lhe a liberdade de procurar a resposta por três dias. Com a pergunta lhe fervendo na cabeça, o príncipe começou a buscar, entre os habitantes do lugar, quem o pudesse ajudar a encontrar a solução. A pergunta era: 
-O que mais deseja uma mulher? 
Ao final do terceiro dia, já desanimado e antevendo sua morte na forca, o príncipe encontrou uma mulher muito feia. Na boca, somente dois dentes. Os cabelos desgrenhados. As vestes sujas. Era chamada por todos, pelo seu aspecto horrível, bruxa. Ela disse que tinha a resposta. Mas exigia que, tendo salva a vida, ele voltasse e casasse com ela. Não desejando morrer, ele consentiu e ela lhe disse: 
-O que mais deseja uma mulher é ter soberania sobre a sua vida. 
Com a resposta, o príncipe teve poupada a sua vida e voltou para casar com a bruxa. Não queria, mas tinha prometido. Triste destino o meu, pensava. Casar com uma bruxa. Entristecido, na noite de núpcias, sentou-se na cama aguardando a noiva de horrível aspecto. Qual não foi sua surpresa quando ela se apresentou belíssima, num vestido branco, com cabelos louros, olhos azuis brilhantes e um sorriso perfeito. 
-Como pode? - Perguntou o príncipe. 
-Esqueci de lhe falar que, durante o dia, eu sou bruxa e à noite viro uma linda mulher. Agora, você pode escolher: quer que eu seja bruxa de dia ou de noite? 
Ele olhou para aquela figura maravilhosa e disse: 
-Deixo à sua escolha.
A noite foi extraordinária. No dia seguinte, ao raiar do sol, o príncipe abriu os olhos e surpreso, viu deitada ao seu lado, a jovem maravilhosa da noite anterior.
-Como? - Perguntou ele. Você não disse que durante o dia virava bruxa? 
-Meu amor, falou ela, como você deixou que eu decidisse sobre o que quisesse ser e quando quisesse, eu decidi ser donzela de dia e de noite. Lembra que eu lhe falei que o que mais deseja uma mulher é a soberania sobre a sua vida? 
 * * * 
No mundo existem pessoas assim. Fora do lar, no contato com as pessoas são excelentes. Gentis, atenciosas, ponderadas. Basta que adentrem o lar para se tornarem déspotas. Gritam, exigem, magoam. Acreditam que o seu lar é seu reino e ali tudo podem fazer, sem limites. Também existem as criaturas que no campo profissional, no trato social são ríspidas, grosseiras, exigentes em demasia. E, no entanto, com a esposa, os filhos são dóceis, educados, prestativos. O que ser, como ser e quando ser é decisão individual. Mas quando optarmos por sermos bons o dia todo, em todo lugar, com todas as pessoas, o mundo se tornará um lugar muito melhor para viver, amar e ser feliz.
Redação do Momento Espírita, com base na Apologia da bruxa, do Seminário de Alberto Almeida – Superando a culpa pelo autoperdão. 
Em 5.7.2019.

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