CORA CAROLINA |
Graças às conquistas médicas, a condições melhores, a possibilidade de longevidade foi aumentada.
Isso nos diz que temos a possibilidade de viver para além dos setenta anos.
Por isso, um alerta se faz de importância. Precisamos aprender a envelhecer. Aprender a olhar para o espelho e perceber que a face não apresenta o mesmo viço.
Contudo, é imperioso que descubramos que nosso olhar continua brilhante, inquieto, desejando ver todas as cores de todos os dias.
Cora Coralina, a poetisa e contista brasileira, que morreu aos noventa e cinco anos de idade, tinha sua fórmula especial para bem envelhecer.
Em entrevista, declarou:
-Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo para você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo. Eu não digo que estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos. Isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que se lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga para você mesmo que está ficando esquecido, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente. Digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada.
Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansado e esquecido, mais esquecido fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então, silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha.
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser. Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir.
* * *
Essa mulher extraordinária não deixou somente palavras bonitas, mas exemplos.
Manteve a jovialidade da alma no avançar dos anos. Criou filhos, enviuvou, produziu e vendeu linguiça caseira e banha de porco para se manter.
Enquanto escrevia versos e contos, derramando a fonte de sua juventude pelas letras, começou a fazer doces para vender em sua cidade de Goiás.
Ela viveu a religiosidade, a simplicidade, trabalhando, auxiliando quanto pôde.
Sobre o despedir-se da vida, escreveu:
-Morrerei tranquilamente dentro de um campo de trigo ou milharal, ouvindo ao longe o cântico alegre dos ceifeiros.
Que belas lições! Pensemos a respeito.
Redação do Momento Espírita, com base
em dados biográficos de Cora Coralina.
Em 13.6.2019.
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