domingo, 3 de fevereiro de 2019

ELEGÂNCIA

A vida moderna caracteriza-se pela informalidade, pela pressa e pelas mudanças constantes. Hábitos até pouco tempo bastante difundidos, hoje são raros. A carta escrita a mão foi substituída por mensagem via e-mail. Poucos homens permanecem puxando a cadeira para suas companheiras ou abrindo a porta do carro para elas. Malgrado todo o interesse por almas gêmeas e temas da espécie, o romantismo parece quase extinto. Há muita afoiteza em começar, consumar e terminar os relacionamentos. Prestar atenção no companheiro, identificar seus sonhos e os tesouros de seu mundo íntimo, tudo isso se afigura terrivelmente fora de moda. Tal descuido com a essência do ser humano está presente em quase todas as espécies de relações. Tem-se pressa para tudo. Essa urgência desmedida faz com que regras básicas de educação sejam constantemente ignoradas. Os cumprimentos, quando existem, são lacônicos e despidos de calor. Uma palavra mal posta é de pronto devolvida. Não se pára para pensar se o interlocutor enfrenta algum problema e por isso se manifesta com rudeza. Afinal, tem-se pressa, embora raramente se tenha um objetivo nobre a embasar os atos que ela inspira. Nesse contexto, desentendimentos surgem à toa e rápido degeneram em antipatias e inimizades. É mais fácil julgar, responder e reagir de plano. Refletir, compreender, preservar e aprofundar vínculos demanda tempo. É difícil ignorar as pressões do mundo moderno. Globalismo, competitividade, empregabilidade, há inúmeros conceitos que inspiram a pressa. Às vezes até a explicam, mas não a justificam, no trato com o semelhante. Afinal, a afoiteza não pode justificar converter-se o homem em um bruto insensível. Para permanecer civilizado, é preciso preservar um pouco da tradicional e boa elegância. Ao contrário do que talvez sugira, o termo elegância não implica forçosamente a adoção de vestuários requintados e gestos afetados. Segundo o dicionário, um dos significados de elegância é distinção de maneiras. Ser elegante é ser distinto, atencioso e polido. É prestar atenção nas necessidades dos que o rodeiam e tratá-los como pessoas importantes. Elegância implica abster-se de expressões rudes e não se envolver em discussões ácidas e ferinas. Elegante é não falar dos ausentes, é não ser uma presença desagradável aos demais. Para quem responde tudo ao pé da letra e não costuma levar desaforo para casa, ser elegante constitui um grande desafio. Contudo, quem fala e age sem pensar, cedo ou tarde se arrepende e percebe que fez bobagem. Atos impulsivos e grosseiros destroem oportunidades pessoais e profissionais. Ninguém gosta de estar perto de um grosseirão. Mas você jamais se arrependerá de ser elegante. Talvez no princípio estranhe não responder quando provocado. Ser gentil e obsequioso em face de ofensas e grosserias demanda uma boa dose de disciplina. Mas você colherá os melhores frutos desse novo naipe de comportamento. Quem o maltratar fatalmente ficará constrangido, ao perceber o esmero de sua educação. E gradualmente um novo padrão de conduta se estabelecerá em torno de você. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível noCD Momento Espírita, v. 14 e no livro Momento Espírita, v. 7, ed. Fep. 
Em 31.01.2010.

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