LÉON DENIS |
Uma figura de costas, estática, olhando para o oceano imenso à sua frente. Não há mais ninguém na areia, apenas aquele espectro.
Ele se despede de alguém que vai longe? Será que aguarda a chegada de um grande amor? Aquele mar lhe traz lembranças de chegadas ou partidas? Em que margem ele está? Na margem de cá ou na margem de lá?
E todos nós, habitantes do planeta Terra, em que margem estamos?
Ora, dizem os mais práticos, na margem de cá! Será? Onde é aqui e onde é lá? Não seria apenas uma questão de ponto de vista?
O partir não seria um chegar, caso visto da outra margem, da margem de lá?
Podemos pensar da mesma forma no que diz respeito a eles e nós. Os que partiram, que vivem na nova realidade do mundo espiritual são chamados de eles.
Porém, será que do ponto de vista daqueles seres, irmãos nossos que atravessaram o portal da morte física, eles não somos nós aqui, encarnados ainda na Terra?
Questão de ponto de vista!
Por isso, podemos afirmar com toda certeza, que a morte, a grande partida, é também a grande chegada, a grande volta ao mundo de origem, ao mundo dos Espíritos.
Nascemos para o mundo de lá, quando desencarnamos. Somos motivo de festa quando retornamos vencedores, homens e mulheres de bem.
Quando reencarnamos na Terra há também uma despedida no mundo espiritual. Há lágrimas de saudade, palavras de incentivo e apoio.
Os que deixamos lá não perdem o contato conosco. Sempre que possível estão conosco, acompanhando nossos passos, dando bons conselhos, velando por nossas vidas. O amor proporciona isso.
Assim, eles e nós meio que nos misturamos aqui e lá, pois, por exemplo, durante o sono, nós nos desprendemos parcialmente e voltamos ao mundo dos Espíritos, temporariamente.
Durante a vigília, embora com os olhos materiais não os enxerguemos, estão em constante contato, influenciando-nos, mais do que podemos imaginar.
Não há como distinguir, em termos de espaço físico o aqui e o lá. O Universo é um só e somos todos habitantes do cosmo, apenas vivendo realidades distintas em cada instante da vida.
Eles e nós, nós e eles. Somos todos criaturas do mesmo Criador, não importa onde ou em que realidade da existência estejamos no presente momento.
* * *
Muitas vezes, os seres que chorais e que ides procurar no cemitério estão ao vosso lado.
Vêm velar por vós aqueles que foram o amparo da vossa juventude, que vos embalaram nos braços, os amigos, companheiros das vossas alegrias e das vossas dores, bem como todas as formas, todos os meigos fantasmas dos seres que encontrastes no vosso caminho, os quais participaram da vossa existência e levaram consigo alguma coisa de vós mesmos, da vossa alma e do vosso coração.
Ao redor de vós flutua a multidão dos homens que sumiram na morte, multidão confusa, que revive, vos chama e mostra o caminho que tendes de percorrer.
Redação do Momento Espírita, com citações do cap. X,
do livro O problema do ser, do destino e da dor, de
Léon Denis, ed. FEB.
Em 26.2.2016.
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