terça-feira, 18 de setembro de 2018

A DOR TRANSFORMADA EM POESIA

-A Internet é um veículo baratinho para se brincar de ator. - Afirmou determinada colunista em matéria de jornal. 
Na grande maioria do tempo, o mundo das redes sociais parece ser um mundo paralelo, distante da realidade. fotos de pratos de comida e sorrisos; imagens de gatinhos e cachorrinhos fofos; check-in registrados aqui e acolá e mais sorrisos; declarações de amor e citações de frases e pensamentos de autores famosos, que assinam o que jamais escreveram. Raros os conteúdos aproveitáveis ainda, infelizmente. Dias desses uma imagem chamou a atenção: um rosto sério, sem sorriso, sem máscaras; cortes leves desenhados na pele; um dos olhos ferido seriamente na córnea. Abaixo da foto um poema que se iniciava assim: 
Eu quis escrever um grito. 
Era mais uma pessoa, um artista dedicado que no seu caminho diário havia sido vítima da violência do mundo. Assaltado, espancado, deixado desacordado na calçada para ser encontrado horas depois pela polícia. Ao invés de acusar o mundo e a vida, porém, resolveu transformar sua dor, seu grito, em poesia. Encontrou, assim, o belo no feio, o elevado no mais baixo, e levantou-se corajoso. 
 * * * 
O mundo nos aterroriza, por vezes. O ser humano beira a selvageria quando tem a alma doente, e o corpo entorpecido por substâncias que só existem para proporcionar uma espécie de fuga para lugar nenhum. Os atos de violência de que é capaz nos faz, às vezes, perder a esperança, desanimar, querer, quem sabe, estar longe daqui... Indignação, revolta e ódio gritam na alma que chora, pedindo ajuda. No entanto, a presença de Deus e do belo em nosso coração têm nos ensinado a transformar dor em poesia, revolta em resignação, ódio em ação no bem. É a aplicação do princípio, da lição da outra face do Cristo, muitas vezes mal compreendida. Se o mundo nos oferece a face da violência, devolvamos justamente o oposto, mostremos a face do carinho, do entendimento, do auxílio ao outro. Se os homens nos oferecem preconceito, ofereçamos a compaixão, a compreensão. É esse o nosso protesto, é essa a bandeira que irá mudar o mundo e, em verdade, já está mudando. Que nosso grito de indignação seja um canto. Que toda vez que nos tirarem o manto, mostremos que podem levar também a túnica, pois jamais nos irão tirar o que temos de maior valor, pois não é e nunca será material. Se hoje estamos inseridos neste contexto de sociedade adoecida, problemática; se somos capazes de identificar onde estão as causas, pensemos: será que estamos aqui por acaso? Será que não podemos atuar como agente transformador neste meio? O que podemos fazer? De que maneira? Não há, de alguma forma, parte de nossa responsabilidade em tudo que acontece? Pensemos seriamente nisso. Saiamos da posição de encurralados pelo medo ou da condição de revoltados. Lembremos que não nascemos por acaso, não nascemos sem planos, nem sem lugar e momento específico para estar. 
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Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica. 
Redação do Momento Espírita. Em 20.7.2018.

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