A vida é um exercício de disciplina.
Desde a infância, a criatura vai sendo condicionada a cumprir determinados papéis.
Na escola, há regras a serem obedecidas.
Tem-se horário de entrada e de saída, intervalo para recreio e a autoridade dos professores.
Mais tarde, no trabalho, também há normas para cumprir.
É necessário tratar os colegas com educação, ser gentil com a clientela, prestar deferência ao chefe.
Cercado por tantos deveres e limites, o homem molda sua personalidade e apresenta-se agradável perante a sociedade.
Alguns resquícios de barbárie surgem por ocasião de atritos e discussões.
Mas em dados ambientes eles necessitam ser controlados, sob pena de severas conseqüências.
Se um profissional distrata seu cliente, perde-o para a concorrência.
Quem se permite ofender os colegas de trabalho corre o sério risco de tornar-se desempregado.
O aluno que se rebela contra as regras e tarefas escolares sujeita-se a repetir várias vezes o mesmo ano.
Trata-se da dinâmica da vida que impõe aos homens um comportamento melhor do que o que lhes é natural.
À força de disciplinar-se, a criatura lentamente domina os próprios impulsos negativos.
Contudo, há um espaço da vida no qual as tendências inferiores mostram toda a sua pujança.
Trata-se dos momentos de lazer.
Neles ninguém se obriga a ser melhor ou diferente do que realmente é.
Quem controla a própria alimentação, nos dias úteis, muitas vezes se comporta como um glutão no final de semana.
Outros gastam suas folgas bebendo e assistindo bobagens na televisão.
Há quem utilize seu tempo livre vendo pornografia na Internet, freqüentando bares e falando mal dos ausentes.
Outro comportamento singular é o apresentado em alguns tipos de reuniões de amigos ou conhecidos.
Não raro surgem brincadeiras constrangedoras e perigosas, como jogar os outros em rios e piscinas.
Nessas situações, habitualmente não se respeita o desejo de quem não quer participar.
Afigura-se até mais interessante apropriar-se da pessoa que resiste e forçá-la a fazer o que não deseja.
O curioso é que os praticantes dessas estranhas brincadeiras são normalmente cordatos e respeitosos.
Apenas nas folgas é que se permitem comportamentos agressivos e vexatórios.
Abandonam seu padrão habitual de conduta e tratam o semelhante sem limites ou respeito.
Não se desconhece a necessidade dos momentos lúdicos.
A vida humana não pode cingir-se a deveres intermináveis.
É bom e útil que os homens se congracem, sejam leves e prazenteiros.
Mas é interessante perceber o modo como o próprio tempo livre é gasto.
Ele conta mais sobre as tendências profundas da criatura do que qualquer outra coisa.
Nele se revelam os verdadeiros gostos, as tendências que vêm do passado milenar, cultivados em inúmeras vidas.
Assim, preste atenção em seu comportamento nos momentos de folga.
Será que você não se aproxima dos brutos em seus instantes de lazer?
Acaso se deixa dominar pelo gosto do ócio, da gula, da luxúria ou da brutalidade?
Perceba como você é quando não necessita obedecer nenhuma regra.
Caso não ache seu comportamento muito nobre, dedique-se a alterá-lo.
Não porque outros o forcem a isso, mas porque você quer ser alguém equilibrado e digno em todos os instantes de sua vida.
Redação do Momento Espírita.
Em 22.04.2008.
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