ALISON LAMBERT |
Aos quinze anos, costumamos ficar em frente ao espelho, pesquisando cada pedacinho de nosso rosto.
Entramos em desespero quando achamos que nosso nariz é muito grande, ou porque mais uma espinha está surgindo.
Em verdade, nunca estamos satisfeitos com nossa aparência, principalmente, quando aquela pessoa pela qual somos apaixonados, parece nem saber que existimos...
Alison não conhecia esses problemas. Era bonita, simpática, popular e inteligente, campeã de natação da escola.
Alta, corpo esbelto, olhos de um profundo azul-piscina e lindos cabelos louros, mais parecia uma modelo do que uma estudante comum.
Mas, durante o verão, alguma coisa mudou.
Um dia, ao enxugar o cabelo, ela notou uma falha no couro cabeludo. Aquilo a intrigou. Depois, esqueceu o incidente.
Três meses depois, uma outra falha no couro cabeludo. E outra, e mais outra. Em pouco tempo, sua cabeça estava repleta de falhas de cabelo.
Os diagnósticos e os tratamentos se multiplicaram até descobrir que sofria de uma doença chamada alopécia e nada poderia deter seu curso.
Como era muito querida, os amigos a apoiaram. Certo dia, vendo os cabelos espessos e luminosos da sua irmã a lhe caírem sobre os ombros, chorou, dando vazão à tristeza que sentia.
Naquele momento, teve uma percepção profunda: havia uma escolha a fazer. Ela não podia deixar que o problema com o cabelo a dominasse a ponto de lhe tirar o gosto de viver. Afinal, ela era muito mais do que o seu cabelo.
Decidiu assumir sua condição e procurar soluções. Comprou várias perucas de cores e tamanhos diferentes, que usava de acordo com a ocasião e com seu estado de espírito.
Voltou para a escola no outono – sem cabelo, sem sobrancelhas, sem cílios e deixando as perucas esquecidas no fundo do armário.
Como sempre planejara, ela se candidatou a representante da escola e acrescentou ao seu discurso de campanha, slides de líderes carecas, como Gandhi.
Os alunos riram muito da ideia. No primeiro discurso, após a vitória, ela se dirigiu à audiência, contando seus planos como representante. Ao final, acrescentou:
- Gostaria de compartilhar algo muito particular. Todos presenciaram o problema que tive que enfrentar e agradeço do fundo do coração o apoio e a força que me deram.
Eles foram fundamentais para que essa experiência promovesse uma descoberta da maior importância na minha vida: de que a beleza se encontra numa dimensão muito mais profunda do que o nosso aspecto exterior.
Não vou negar que sinto falta do meu cabelo, e que, às vezes, sofro com a sua perda. Mas quero lhes afirmar com toda a sinceridade: sou grata por ter descoberto que o amor é o valor essencial e que depende exclusivamente de mim desenvolvê-lo. Obrigada, meus amigos.
Todos vibraram e aplaudiram.
E Alison, linda, popular e inteligente, com seus olhos azul-piscina, do alto da tribuna, sorriu e agradeceu.
Ela havia descoberto a dimensão mais profunda da beleza...
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A
beleza verdadeira, de Alison Lambert e Jennifer
Rosenfeld, do livro Histórias para aquecer o coração, v.
2, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ed. Sextante.
Em 25.4.2014.
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