J. Raul Teixeira |
Cada manhã é um novo desafio. A forma que o encaramos reflete nossa postura perante as Leis Divinas.
Alguns despertamos descontentes e contemplamos as horas novas como uma carga, que deve ser transportada a qualquer custo.
Outros olhamos o dia que surge e logo alçamos o pensamento em fervorosa prece de gratidão, pela renovação da vida no planeta.
Os primeiros somos os pessimistas, que ainda não aprendemos a perceber a vontade de Deus no transcorrer dos acontecimentos.
Os segundos somos os que nos alicerçamos na fé, cientes de que a vida deve ser vivida em plenitude.
Se nos encontramos entre os primeiros, tudo nos transcorre mal. Se o ônibus atrasa, se a chuva nos surpreende em plena rua, se a fila do caixa do banco está morosa. E tudo é motivo para reclamação e desconforto.
Nesse passo, acreditamos que todos têm má vontade para conosco: no trânsito, ninguém nos concede a passagem, quando estamos aguardando para adentrar a via movimentada; a recepcionista agendou nosso atendimento somente para daqui há uma semana...
Abrimos os jornais e conseguimos somente destacar as manchetes ruins, desagradáveis, que falam de agressões, de desemprego, baixos salários, fugas ao dever, corrupção.
Se somos daqueles que pertencem ao outro grupo, conseguimos vislumbrar em todo transtorno uma oportunidade de servir ou nos ilustrar.
Assim, aproveitamos o tempo para ler, enquanto aguardamos na fila do ônibus ou do caixa. Ou então para um sorriso, um gesto de boa vontade.
Ante a intempérie, agradecemos a bênção dos ventos, da água, do frio, reconhecendo-lhes o justo valor.
Numa dessas manhãs, ouvimos a conversa de um senhor idoso e que demonstrava, pelos trajes, sua condição de dificuldade econômica.
Falava do salário que ganhava, aliás, tomara a condução justamente para se dirigir ao banco, a fim de sacar o valor de sua aposentadoria por invalidez.
Mostrava-se feliz. Não podia mais trabalhar, pela enfermidade que o incapacitara. Contudo, sentia-se feliz por estar andando com suas próprias pernas.
Comentou sobre o atendimento médico e farmacêutico que busca, dizendo-se satisfeito por sempre o atenderem muito bem.
Detalhou como conseguia sobreviver com o mísero salário, economizando, pesquisando preços, não se permitindo alguns produtos alimentares.
E sorria, dando graças a Deus.
Em verdade, observando aquele anônimo, fomos levados a cogitar acerca da forma com que estamos encarando nossos dias, nossos problemas, nossa vida.
Quantos possuímos muito mais do que o idoso desconhecido e nada fazemos além de reclamar?
Sábios somos se, em meio à adversidade, conseguimos elaborar preciosas lições de vida, modelos que podem ser seguidos pelos que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir.
* * *
A maior tristeza que pode se abater sobre nós, rotulando-a, fomentando desditas para o Espírito, é o mau aproveitamento das oportunidades que nos concede o Criador, para evoluir e brilhar.
Meditemos sobre isso e cultivemos as alegrias de que necessitamos, nos nobres serviços do amor.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4,
do livro Rosângela, pelo Espírito Rosângela, psicografia
de J. Raul Teixeira, ed. FRÁTER.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 4, ed. FEP.
Em 28.6.2018.
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