Quando os filhos nascem são amados, de forma incondicional, pelas mães. Contudo, à medida que o tempo passa, que os dias se somam e as tribulações, as canseiras vão sendo adicionadas, parece que tudo se transforma em rotina. Até o amor. No entanto, basta qualquer coisa acontecer com o filho e eis o amor, de forma incondicional, se apresentando. É um sentimento intenso, gratificante, capaz de coisas inacreditáveis. Mães que atravessam anos à cabeceira do filho doente, que movem céus e terra para os ver, de novo, sadios. Nada é demasiado para aquele ser amado. Recordamos de uma mãe, ainda jovem, com a filha nos braços. A menina era portadora de síndrome incomum e os meses se arrastavam, penosos, com peregrinação materna na ala especializada do hospital. Naquele dia, com a pequena nos braços, Luciana estava ali, outra vez. E aguardava pacientemente, aconchegando ao peito seu tesouro. Chamou-lhe a atenção um senhor, ao seu lado, que de tudo reclamava. De tudo mesmo. Era um resmungo atrás do outro. Em certo momento, ele desabafou: A única alegria que tenho é minha filha. Ela é minha razão de viver. Se não fosse por ela, eu já teria desistido. Então, a mãe corajosa o olhou profundamente e lhe disse: Pois, então, senhor, quando estiver se sentindo mal e tiver vontade de reclamar, de achar que a vida o está castigando, agradeça a Deus por não ser sua filha a sofrer tudo isso. Digo isso porque eu daria tudo para estar no lugar da minha filha. O senhor se calou, assustado. Lágrimas lhe vieram aos olhos ao ver aquela mãe tão sofrida. * * * E é assim em todo lugar. A coragem materna se manifestando. Por vezes, até, um coração materno ao outro socorre. Foi o que aconteceu em outra ala hospitalar. Na recepção, estava a mulher. Magra, lenço à cabeça. Portadora de leucemia, muito jovem, duas filhas pequenas. Havia um certo desencanto no olhar. Esse olhar de quem sabe que tem o passaporte da vida vistado para o Além. Ela fora submetida a um transplante de medula e não resultara exitoso. A leucemia, implacável, lhe determinava pouco tempo de vida física. Ali, ao seu lado, estava Luciana, com a filha nos braços, pequena, magra, doentinha. Trocaram confidências as duas mães. Luciana buscava dizer à outra que continuasse a lutar, que não desistisse. Era possível que o quadro revertesse. Então, a jovem desenganada, com o mais doce dos sorrisos, olhando emocionada para Luciana, disse: Apesar de tudo que sofri e tenho passado, apesar de talvez eu não poder ver minhas filhas crescerem, digo que, de forma alguma, desejaria estar em seu lugar. * * * Ouvindo esses depoimentos, pais e mães, agradeçamos a Deus os filhos sadios que nos exigem tanto; os filhos enfermos que dilaceram nossos corações com suas dores. E quando o dia for de cansaço e rotina, superemos. E fiquemos ao lado dos nossos filhos, intensamente, por quinze, vinte ou trinta minutos. Isso porque é maravilhoso ter um filho para amar!
Redação do Momento Espírita, com base em fatos da vida de Luciana Costa Macedo. Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP. Em 30.3.2015.
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