Quando adentramos pela História das grandes descobertas marítimas, é natural que nos extasiemos. Vikings, com seus barcos compridos e esguios, com linhas de remos nas laterais, uma única vela, cujo casco deslizava sobre ondas bravias em vez de perfurá-las, num truque de engenharia náutica para driblar as tempestades do Norte.
Os fenícios com suas embarcações de duas ou três fileiras de remos – birremes ou trirremes e até trinta e cinco metros de comprimento, copiadas por gregos e romanos, que as usaram para dominar a navegação no Mediterrâneo.
Os navios chineses, que chegavam a levar duzentas toneladas de carga, o que lhes permitia uma garantia de sete mil quilômetros, o suficiente para cruzar o Atlântico, sem paradas.
As caravelas portuguesas, com suas velas triangulares que permitiam navegar, na direção contrária aos ventos, com muito mais rapidez e segurança.
De se admirar os fenícios, um povo de população diminuta e de humilde ocupação territorial, em torno de duzentos e cinquenta quilômetros da atual costa libanesa, com cidades importantes como Tiro, Sídon e Biblos.
Suas colônias mediterrâneas eram simples feitorias que mal adentravam no continente. Tendo sido tão poucos, é surpreendente o tanto que realizaram.
Dentre seus méritos náuticos estão as rotas até a Bretanha e o mar Báltico, quando nenhum outro povo nem sequer sonhava ir tão longe.
E a circum-navegação da África, mais de dois mil anos antes de Vasco da Gama. Tudo isso eles fizeram sem o uso de mapas, contando apenas com a habilidade para construir seus navios e navegar.
Homens de coragem, de visão. Homens que sonhavam sem limites, que desejavam descobrir o desconhecido, o inexplorado.
Na atualidade, vivemos a exploração espacial, esse conjunto de esforços do homem em estudar o espaço e seus astros, fazendo uso de satélites artificiais, naves e sondas espaciais.
Em algumas missões, seres humanos se lançam no espaço e é realidade uma estação espacial internacional, cuja construção foi concluída em 2011.
* * *
Descobertas, arrojo, entusiasmo são as marcas registradas
dos navegadores do ontem, dos astronautas do hoje.
Há, no entanto, um local para o qual todos deveríamos migrar, em verdadeiro papel de exploradores: a intimidade de nós mesmos.
Essa viagem nos levaria ao auto-descobrimento: Quem somos? Que tipo de seres somos: simples, desataviados, amorosos?
Ou pessoas complexas, criadoras de problemas, geradoras de inquietação onde quer que nos situemos?
Somos flores que engalanam o jardim da vida ou espinheiros que enfeiam a paisagem e agridem quem se aproxime?
Sim, é preciso coragem para navegar pelas águas turbulentas que conduzem ao mar da intimidade de nós mesmos.
É preciso ser destemido para encarar os monstros que se asilam, adormecidos, desejando despertar, famintos e abusados: ciúme, inveja, ódio, ambição.
As águas territoriais que conduzem ao continente interior são, normalmente, atormentadoras.
E, quais novos argonautas, não em busca do velocino de ouro, mas da realidade interior, o grande desafio é a descoberta de si próprio, é o reconhecimento das próprias virtudes e vícios, a fim de alcançar os louros da vitória sobre si mesmo.
Iniciemos a grande viagem ainda hoje ao país da alma.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita,v. 30, ed. FEP.
Em 6.9.2016.
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