sábado, 7 de outubro de 2017

DESBRAVADORES EM TEMPOS NOVOS

Quando adentramos pela História das grandes descobertas marítimas, é natural que nos extasiemos. Vikings, com seus barcos compridos e esguios, com linhas de remos nas laterais, uma única vela, cujo casco deslizava sobre ondas bravias em vez de perfurá-las, num truque de engenharia náutica para driblar as tempestades do Norte. Os fenícios com suas embarcações de duas ou três fileiras de remos – birremes ou trirremes e até trinta e cinco metros de comprimento, copiadas por gregos e romanos, que as usaram para dominar a navegação no Mediterrâneo. Os navios chineses, que chegavam a levar duzentas toneladas de carga, o que lhes permitia uma garantia de sete mil quilômetros, o suficiente para cruzar o Atlântico, sem paradas. As caravelas portuguesas, com suas velas triangulares que permitiam navegar, na direção contrária aos ventos, com muito mais rapidez e segurança. De se admirar os fenícios, um povo de população diminuta e de humilde ocupação territorial, em torno de duzentos e cinquenta quilômetros da atual costa libanesa, com cidades importantes como Tiro, Sídon e Biblos. Suas colônias mediterrâneas eram simples feitorias que mal adentravam no continente. Tendo sido tão poucos, é surpreendente o tanto que realizaram. Dentre seus méritos náuticos estão as rotas até a Bretanha e o mar Báltico, quando nenhum outro povo nem sequer sonhava ir tão longe. E a circum-navegação da África, mais de dois mil anos antes de Vasco da Gama. Tudo isso eles fizeram sem o uso de mapas, contando apenas com a habilidade para construir seus navios e navegar. Homens de coragem, de visão. Homens que sonhavam sem limites, que desejavam descobrir o desconhecido, o inexplorado. Na atualidade, vivemos a exploração espacial, esse conjunto de esforços do homem em estudar o espaço e seus astros, fazendo uso de satélites artificiais, naves e sondas espaciais. Em algumas missões, seres humanos se lançam no espaço e é realidade uma estação espacial internacional, cuja construção foi concluída em 2011. 
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Descobertas, arrojo, entusiasmo são as marcas registradas dos navegadores do ontem, dos astronautas do hoje. Há, no entanto, um local para o qual todos deveríamos migrar, em verdadeiro papel de exploradores: a intimidade de nós mesmos. Essa viagem nos levaria ao auto-descobrimento: Quem somos? Que tipo de seres somos: simples, desataviados, amorosos? Ou pessoas complexas, criadoras de problemas, geradoras de inquietação onde quer que nos situemos? Somos flores que engalanam o jardim da vida ou espinheiros que enfeiam a paisagem e agridem quem se aproxime? Sim, é preciso coragem para navegar pelas águas turbulentas que conduzem ao mar da intimidade de nós mesmos. É preciso ser destemido para encarar os monstros que se asilam, adormecidos, desejando despertar, famintos e abusados: ciúme, inveja, ódio, ambição. As águas territoriais que conduzem ao continente interior são, normalmente, atormentadoras. E, quais novos argonautas, não em busca do velocino de ouro, mas da realidade interior, o grande desafio é a descoberta de si próprio, é o reconhecimento das próprias virtudes e vícios, a fim de alcançar os louros da vitória sobre si mesmo. Iniciemos a grande viagem ainda hoje ao país da alma. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita,v. 30, ed. FEP. Em 6.9.2016.

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