domingo, 31 de julho de 2016

COMEMORAÇÃO DE ANIVERSÁRIO

Jamie Lee Curtis e atriz Janet Leigh
Como você costuma comemorar o seu aniversário? Quando se é criança, aniversário tem gosto de brigadeiro e sabor de brincadeiras. Espera-se o dia com muita ansiedade. As mães já estão habituadas a responder, durante meses, a mesma pergunta: É hoje o dia do meu aniversário? E, em verdade, embora as crianças queiram muito comemorar, para elas o mais importante são os amigos. É claro que elas adoram abrir os pacotes de presentes. Aliás, rasgam o papel com muita pressa, pois querem logo ver o que está dentro. Elas gostam de cachorro quente, brigadeiro e sorvete. Mas, o que mais apreciam são as brincadeiras com os amigos. Tão verdadeiro é isso que, normalmente, quem fica ao redor da mesa de doces e salgados são os adultos. A criançada está correndo no jardim, no pátio, gritando, pulando, rindo. Costuma-se dizer que algumas datas são marcantes. O calendário terrestre estabeleceu, por exemplo, o aniversário de quinze anos como especial. Particularmente para as meninas. Não mais que o de vinte e um anos, porque os jovens conquistam a sua liberdade. É a maioridade. E que se dizer da marca dos cinquenta anos? Meio século de conquistas, de atividades. Idade de reflexão, de ponderação. Na medida em que os anos vão se somando, os aniversários passam a ter outro sabor. Sabor de saudade, de lembrança, de recordações, de amigos que já não estão ao seu lado. Há os que apreciam festas ruidosas, com música, dança e muitas pessoas ao redor. Há os que preferem comemorações mais íntimas, com os amigos mais chegados. A atriz Jamie Lee Curtis instituiu uma tradição de aniversário envolvendo a sua mãe, a também atriz Janet Leigh. Todos os anos, até a morte de sua mãe, em 2004, no aniversário de Jamie, ela telefonava para a mãe às oito horas e trinta e seis minutos,e imitava um obstetra: 
-Muito bem, Janet. Vamos. Continue a fazer força. Respire fundo. Lá vai! 
Às oito horas e trinta e sete minutos, Jamie imitava o choro de um recém-nascido e agradecia à mãe por ter feito tanta força. Toda vez, conta a atriz, sua mãe ria e chorava ao mesmo tempo. E sempre que alguém comemora um aniversário, Jamie pergunta: 
-Já ligou para sua mãe e agradeceu? 
 * * * 
Todos os que estamos vivendo na Terra devemos ser muito gratos pela vida. Nosso primeiro agradecimento a Deus, que por amor nos criou. Depois a nossos pais que nos geraram. A nossa mãe que nos embalou com sua sinfonia rítmica, mantendo-nos próximos ao seu coração, durante toda a gestação. E depois de termos nascido, nos amamentou, cuidou, ensinou, esquecendo-se de si mesma. Por isso, não aguarde o seu aniversário. Hoje mesmo, agora, diga para sua mãe: Obrigado, mãe, por tantas coisas, pela minha vida. Obrigado por ter me transformado nesse ser completo que vive, ama, sente, trabalha e é feliz. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Comemoração, de Seleções Reader's Digest, de abril de 2000. Em 02.09.2011.

sábado, 30 de julho de 2016

COMECE POR VOCÊ!

Para quem tem olhos de ver, em toda parte ensinamentos se fazem presentes. No túmulo de um bispo anglicano, que está na cripta da Abadia de Westminster, na praça do Parlamento, em Londres, pode-se ler o seguinte: 
-"Quando eu era jovem, livre, e minha imaginação não tinha limites, eu sonhava em mudar o mundo. À medida que me tornei mais velho e mais sábio, descobri que o mundo não ia mudar. Reduzi, então, meu campo de visão e resolvi mudar apenas meu país. Mas acabei achando que isso, também, eu era incapaz de mudar. Envelhecendo, numa última e desesperada tentativa, decidi mudar apenas minha família, os mais próximos, mas, ai de mim, eles não estavam mais ali. Agora, no meu leito de morte, de repente percebo: se eu tivesse primeiro me empenhado apenas em mudar a mim mesmo, pelo meu exemplo eu teria mudado minha família. Com a inspiração da família e encorajado por ela, teria sido capaz de melhorar meu país e, quem sabe, poderia até ter mudado o mundo."
  * * * 
Quase sempre, pensamos e agimos exatamente assim. É comum lermos um trecho do Evangelho e logo pensarmos como aquelas frases seriam muito importantes para alguém da nossa família. Quando ouvimos uma palestra edificante, que concita ao bem, logo nos vem à mente o pensamento de que seria muito bom se determinada pessoa estivesse ali para ouvir. Isso faria muito bem para ela! É o que dizemos para nós mesmos. Como esta informação a poderia modificar, mudar sua forma de agir. Quando estamos vinculados a uma determinada religião, o pensamento não é diferente. Ficamos a desejar que nossos parentes, nossos amigos, colegas professem a mesma crença, comunguem dos mesmos ideais. Por vezes, chegamos a nos tornar um pouco inconvenientes, ou talvez até em demasia, mandando recados, frases escolhidas para os amigos. Tudo nesse intuito de que eles as leiam, as absorvam e coloquem em prática. São frases que se referem aos bons costumes, à ética, à moral e quem as recebe, com certeza, pensará também: Seria muito bom que o remetente colocasse em prática essas fórmulas. Ele precisa disso. Por isso é que o Mundo ainda não é esse local especial que tanto ansiamos: um oásis de compreensão, com aragem de paz e fontes cantantes de fraternidade. Porque cada um de nós deseja, pensa, anseia por mudar o outro. Por fazer que o outro se revista de compreensão, de polidez. Contudo, o Modelo e Guia da Humanidade estabeleceu que cada um deve dar conta da sua própria administração. Administração da sua vida, dos seus deveres, da sua missão. O mundo é a somatória de todos nós, das ações de todos os homens. Cabe-nos pois a inadiável decisão de nos propormos à própria melhoria. E hoje, hoje é o melhor dia para isso. Nem amanhã, nem depois. Hoje. Comecemos a pensar em que poderemos nos melhorar. Quem sabe, um gesto de gentileza? Que tal um Bom dia? Um Obrigado, um sorriso? Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 30.04.2008.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

COMECE BEM O SEU DIA

Qual é o primeiro pensamento que lhe vem à mente quando você acorda de manhã? Talvez você acredite que o que você pensa, no primeiro instante do seu dia, tem pouca importância, mas não é assim. O pensamento é uma poderosa ferramenta com a qual você pode obter resultados valiosos na sua jornada diária. Assim, você pode definir como vai ser o seu dia, logo que abrir os olhos de manhã. Analise, se já teve algum desses pensamentos ao despertar: 
-Eu queria que hoje fosse feriado, para dormir até tarde! 
-Ah como eu gostaria de ser milionário para não precisar trabalhar! 
-Meu Deus! Que vida dura. Não aguento mais ser escravo do relógio! 
-Ah, como é difícil ter que bater ponto todos os dias... 
-Ah se eu descobrisse quem inventou o trabalho... 
-Um dia eu ainda acabo com esse maldito despertador para sempre! 
Se você notou qualquer semelhança, não é mera coincidência não. Esses são pensamentos matinais muito comuns em grande número de pessoas. Há até aquelas que chegam ao cúmulo de desejar uma doença qualquer que pudesse servir como desculpa para ficar em casa o dia todo, em regiões de clima frio, ou curtir uma praia, nas regiões quentes. Ora, se você saúda o dia com pensamentos dessa natureza, o que espera que o seu dia lhe ofereça? É importante considerar que a força de um simples pensamento pode alterar a paisagem do seu hoje. Se, ao acordar, você se lembrasse de agradecer pela nova manhã que Deus lhe concede; pela oportunidade de estar ainda no corpo físico, quando muitos partem para o além durante o sono; pelo fato de estar empregado, enquanto muitos não conseguem dormir, preocupados com uma forma de conseguir um trabalho que lhes permita sustentar a família; por desfrutar de saúde, enquanto muitos gemem de dor nos leitos dos hospitais... certamente o seu dia teria um colorido diferente. Quando o dia consegue vencer a noite e nos saúda pela manhã com novas oportunidades, é hora de elevar o pensamento ao Criador e agradecer, ainda que ligeiramente. É hora de sintonizar com as esferas mais altas e colocar-se à disposição para uma nova jornada de trabalho útil. Agindo assim, em vez de criar nuvens escuras com pensamentos pessimistas, você estará clarificando o seu dia e fazendo luz ao seu redor. Cultivando pensamentos saudáveis você espalha uma atmosfera radiante no ar e contagia as pessoas com as quais convive, tornando o seu ambiente mais agradável e mais harmônico. 
 * * *
Ao despertar para mais um dia de experiências na Terra, eleve o pensamento aos céus através da oração. Alcance, pelo pensamento, as altas paragens onde reina a harmonia... E já não ouvirá os sons estridentes da Terra, mas as melodias suaves dos anjos, que são mais delicadas que as brisas da manhã quando brincam na folhagem dos bosques... Eleve a alma ao Criador e sinta o perfume das flores celestes cultivadas nos mundos sublimes, antes de iniciar o seu dia... Busque a paz interior e, só então, levante-se para ter um bom dia... 
Redação do Momento Espírita Disponível no livro Momento Espírita, v. 2, ed. Fep. Em 31.01.2011.

quinta-feira, 28 de julho de 2016

COMEÇANDO O DIA

O homem acordou pela manhã e recordou-se de algo que lera em um livreto: Comece o dia na luz da oração. O amor de Deus nunca falha. E então decidiu orar: Senhor, hoje, até o momento, me comportei bem. Não fofoquei. Não me zanguei. Não fui ganancioso, mal-humorado, precipitado ou egoísta. Estou realmente satisfeito com isso. Mas, em poucos minutos, Senhor, vou me levantar, e daí em diante, provavelmente vou precisar de muito mais ajuda. Obrigado. 
 * * * 
Assim mesmo é a prece. Um diálogo franco com a Divindade, onde o ser expõe a própria alma. Não há necessidade de longas frases, nem de palavras ensaiadas. É o que a alma sente e deixa transbordar. Um pedido simples, mas profundo. Um pedido de quem reconhece que a necessidade maior reside em si mesmo, nas suas deficiências morais. Um exame de consciência e um pedido de socorro. A resposta é exatamente a fortaleza para vencer, a pouco e pouco, as dificuldades íntimas e ir vivendo melhor a cada dia, conquistando a paz. Devotando-se ao trabalho, sem se deter a observar defeitos alheios e muito menos a comentá-los, semeia-se tranquilidade no ambiente profissional. Não se permitindo envolver pelas teias do nervosismo, da inquietação, os problemas vão sendo solucionados um a um, na medida em que surjam. Sem desejar possuir em demasia, usufruir de todos os prazeres que os bens terrenos oferecem, o homem se entrega às lutas do cotidiano, sereno e confiante. Não se permitindo o mau humor por coisa nenhuma, por um contratempo no trânsito, um defeito mecânico no carro, um funcionário que não atende aos deveres, a criatura distribui serenidade onde se encontre. Sem precipitação, ouve o seu semelhante até o fim, antes de dar respostas que nem sempre atendem ao que o outro deseja. Deixando de lado o egoísmo, o homem se sente feliz em compartilhar o de que disponha e se torna uma pessoa amiga, prestativa. Compartilhar coisas pequenas, simples, como oferecer uma carona a um vizinho, emprestar um livro, indicar uma boa leitura. Compartilhar o que detenhamos inclui os valores intrínsecos do ser, que tem a ver com a vida e os seus objetivos. Portanto, compartilhemos a nossa certeza da existência de Deus, da imortalidade da alma com aqueles que se debatem no mundo, sem fé, sem rumo, sem objetivos. E guardemos a certeza de que, se assim rogarmos a Deus que nos ajude, Ele estará conosco, auxiliando-nos nessas pequenas grandes auto-conquistas diárias, que somente redundarão em felicidade para nós mesmos.
 * * *
Cada dia é um presente especial que Deus concede aos homens. Cada dia é de tal forma único, que nunca se repete. Observemos como o sol rompe a treva da noite, trazendo a manhã radiante, sempre com um novo colorido. As flores de ontem não estão exatamente iguais hoje. As gotas da chuva que caem em abundância não são aquelas que rolaram em dias anteriores. Tudo é novo a cada dia. Essa é a grande mensagem de Deus para os homens: a renovação da oportunidade de crescer, melhorar-se e ser feliz. 
Redação do Momento Espírita, com prece inicial de autoria ignorada. Disponível no CD Momento Espírita, v. 25, ed. FEP. Em 9.9.2013.

quarta-feira, 27 de julho de 2016

COM DOÇURA


O rapaz entrou na repartição pública, de forma impetuosa e sentou-se em frente à recepcionista. Antes que ela pudesse abrir a boca para cumprimentá-lo ou lhe perguntar a que vinha, ele desatou a falar. Falava sem parar, sem pausas, sem pontos nem vírgulas. As suas eram reclamações pesadas, porque, dizia, todos estavam contra ele. A moça logo verificou que ele estava totalmente fora de controle e tentou perguntar: 
-O que o senhor deseja que fa...?
O rapaz a interrompeu, de imediato, dizendo que ela ficasse quieta porque ele não concluíra o rol das reclamações. No entanto, embora ela se mantivesse silente, ouvindo, ele foi elevando o tom de voz, de forma que atraiu a atenção dos colegas das salas próximas. Agora, várias pessoas se encontravam ali, preocupadas com a integridade física da recepcionista, dado o descontrole que ele manifestava. A chefe de gabinete acionou a segurança, pedindo que, de forma discreta, ficasse à porta, para alguma eventualidade mais grave. Cada qual ali presente, por sua vez, foi tentando estabelecer um diálogo com o jovem. Ele respondia a uma ou outra pergunta que lhe era feita, mas sempre em altos brados. Então, uma jovem, de voz doce, lhe indagou: 
-Você quer um copo d´agua? 
Ele parou, surpreendido e disse: 
-Quero sim, obrigado. 
Ela logo retornou com a água e uma barra de chocolate. Os olhos dele brilharam. 
- Não como há bastante tempo! – Desabafou.
Na sequência, ela lhe foi perguntando a respeito de seu pai, se eles se falavam, se o pai o poderia ajudar na situação em que se encontrava. Ele foi se acalmando e, tocado pela doçura da voz, o acolhimento que sentiu, foi respondendo, uma a uma as questões, o que permitiu pudesse receber atendimento. Os que acompanhavam o desenrolar das cenas, ficaram boquiabertos. Eles, embora de forma serena, haviam tentado o diálogo, sem êxito. No entanto, ela, com a sua doçura, lembrando-se de lhe oferecer algo que o pudesse confortar, retirando-o da crise de lamúrias, foi quem conseguiu. Mais do que seu gesto, a doçura que colocou nas palavras teve o condão de modificar a disposição daquele jovem. Atendido, ele se levantou e se dirigiu à porta. A segurança fora previamente dispensada. Ele se voltou, olhou para todos e disse: 
-Obrigado. Nunca fui tratado como gente como aqui. 
E, com a cortina das lágrimas quase a romper em caudal, se foi.
* * * 
Por vezes, na mecânica das atitudes, nos esquecemos o quanto a doçura pode conseguir. Esquecemos de que pessoas que estão quase fora de si, por vezes, somente estão dizendo, de forma desesperada: Olhe para mim. Trate-me bem. É tão pouco o que eu peço: me ouça. Há muita carência de amor, de afeição, no mundo. Fiquemos atentos e sejamos mais atenciosos com quem nos busca na repartição, no escritório, na escola. Francisco de Assis, com sua doçura, falou ao irmão lobo, assassino da região, e dele conseguiu adesão à mudança de hábitos. Nós também, utilizando doçura, poderemos alcançar corações em turbulência, que somente aguardam um gesto de bondade, para alterarem o rumo da própria vida. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. Em 18.7.2014.

terça-feira, 26 de julho de 2016

COM DEUS ME DEITO, COM DEUS ME LEVANTO!

Espírito José Lopes Neto
Numa antiga oração popular, ensinada às crianças para que seja orada antes de dormir, encontramos uma expressão muito interessante: 
Com Deus me deito, com Deus me levanto...
Eis então algumas considerações importantes inspiradas neste costume: Com Deus me deito... Que importante anelo para alguém que se prepara para o sono! Tendo em vista que ao dormir, ao se penetrar o universo do sono e dos sonhos, ninguém pode garantir a qualidade deste transe, a harmonização com Deus faz-se fundamental. Cada pessoa que se desprende do corpo físico, passa a travar contato com os variados tipos espirituais. Amigos uns, inimigos outros, comparsas do pretérito reencarnatório, incontáveis. Por causa disso, torna-se primordial criar-se o hábito benfazejo de orar, antes de dormir, entregando a mente, os raciocínios e os sentimentos às mãos do Criador. Quando alguém mergulha nesse rio do sono, não tem idéia de com quem deparará. É o que nos ajuda a entender os sonhos suaves, cheios de estesias, repletos de alegrias, que levam muita gente a dizer que chega a ter vontade de não despertar. Há, por outro lado, os conhecidos pesadelos, que não são, senão, o resultado do contato angustiante e perturbador com adversários ou inimigos, cobradores, em vários níveis, das condutas daquele que dorme. Deitar-se com Deus, então, transforma-se em providência muito feliz, com o fito de libertar-se de qualquer perseguição sombria. Com Deus me levanto... Em realidade, a referência é ao ato de despertar do sono. É fundamental alguém aprender a levantar-se com Deus, num mundo em que, de costume, muitos indivíduos anseiam por levantar-se admitindo a não necessidade de cogitar Deus. Quantos indivíduos, caídos na rua da amargura, rogam a ajuda divina para erguer-se da dificuldade em que se acham? Mãos anônimas, mãos amigas, benfeitores humanos, socorristas encarnados, atendentes sociais, todo este plantel de almas do bem representa a presença de Deus junto aos irmãos que sofrem. Tanto caminho, tanta ajuda, tanto apoio impulsionarão o sofredor para que ele se levante, e se levante com Deus. Quantos experimentam dramas econômico-financeiros, fazendo-se endividados, inadimplentes, desgastados sociais, desacreditados, muito embora a sua honestidade, a sua consciência dos próprios deveres? Esses companheiros anseiam pelo socorro de amigos e de instituições bancárias que lhes retirem do pescoço o nó, que lhes ofertem algum oxigênio. Assim livrando-os da sufocação em que se acham, para que se levantem, e se levantem com Deus. Qualquer que seja a queda humana, material ou moral, a possibilidade de levantar-se com Deus, com o apoio do Mundo Superior, será sempre a melhor maneira de se levantar no Planeta. 
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RAUL TEIXEIRA
A oração é uma das melhores maneiras de nos colocarmos em sintonia com os amigos espirituais. Eis um hábito muito salutar: travar conversas constantes, onde quer que estejamos, com nosso Espírito Protetor, e com os Espíritos afins que nos acompanham diariamente. Mantendo-nos em sintonia com os bons Espíritos, através de pensamentos elevados, de alegria, gratidão e amor, conseguiremos ouvir suas inspirações, e delas nos utilizarmos para nosso bem. Contemos mais com este recurso fabuloso que temos: a prece, e nos surpreendamos com os bons resultados obtidos. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Levanta-te com Deus, do livro Em nome de Deus, do Espírito José Lopes Neto, psicografado por Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 09.03.2009.

segunda-feira, 25 de julho de 2016

O COMBUSTÍVEL DA ORAÇÃO

É certo que haverá dias em que os problemas naturalmente se avolumarão nas lides cotidianas, nos demandando maior dedicação para solucioná-los. Não raro, haverá momentos em que as exigências emocionais se tornarão mais intensas, exigindo-nos maiores esforços para manter o equilíbrio, a fim de não nos perdermos em nós mesmos. Possivelmente, haverá situações em que as dores morais se intensificarão de maneira quase insuportável, obrigando-nos a esforços inauditos para que não sucumbamos. Vez por outra, compromissos e responsabilidades pesarão nos ombros, pedindo-nos acionar mais e mais as nossas capacidades. Seja qual for a situação que a vida nos ofereça, será sempre a oração o bálsamo que nos dará o sustento, a coragem e a perseverança. Se os problemas e desafios da vida são inevitáveis, será através da oração que eles tomarão sua verdadeira dimensão. Será a prece e o recolhimento que nos permitirão ter a clareza e entendimento para enfrentar nossos problemas. Com a mente tranquila e serena, fruto da oração, da comunhão com Deus, conseguiremos não dar valor excessivo aos problemas. Tampouco subestimá-los, não lhes oferecendo os cuidados necessários. Dessa forma, ao nos refugiarmos alguns minutos em prece, estaremos nos dando a oportunidade da reflexão, do asserenamento necessário, da paz íntima, fundamentais para o bom enfrentamento dos desafios da vida. Quando nos colocamos em contato com Deus, nenhum de nossos problemas será solucionado miraculosamente, ou nenhuma dificuldade irá desaparecer de nosso panorama. Afinal, todos os problemas que nos ocorrem são oportunidades de aprendizado e crescimento pessoal. E, quando buscamos a oração como recurso terapêutico, poderemos dela usufruir as bênçãos celestes que nos impulsionarão ao bem agir e melhor nos conduzirmos em nossa estrada. Para tanto, não será necessário ritual ou fórmulas pré-estabelecidas. Também dispensável que estejamos nesse ou naquele lugar específico. Onde estivermos, esse será sempre o momento adequado de buscarmos a inspiração Divina, o Seu amparo e as Suas benesses. Portanto, conversemos com Deus como o filho que divide com o Pai amoroso seus problemas, aconselhando-se e pedindo ajuda. Não tardará que a vida nos traga as melhores respostas e os melhores recursos, repercutindo na intimidade de nossa alma. Assim, enfrentando problemas de qualquer monta, lembremo-nos que será a prece a companheira ideal para nos aclarar a mente, apaziguar nosso ânimo e nos indicar quais os melhores passos a dar, frente ao que nos cabe cumprir. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 25, ed. FEP. Em 9.9.2013.

domingo, 24 de julho de 2016

COMBATENDO O PRECONCEITO

MAHATMA GANDHI
Quando Gandhi trabalhava pela independência da Índia, empenhou-se também em combater uma questão interna: o preconceito de castas. Tradição milenar que divide a sociedade indiana em religiosos, guerreiros, agricultores, comerciantes e servos, as castas até hoje persistem. Na base da pirâmide social, uma categoria desprezada: os párias. Sem casta, os párias são considerados impuros e acredita-se que quem os toca fica impuro também. Por isso são chamados intocáveis. Mas Gandhi, ao estudar profundamente os ensinos de Krishna, aprendeu que Deus não faz diferença entre Seus filhos. Ele compreendeu que o sistema de castas havia sido modificado pelos homens, que o usaram para fins de dominação política e social. E foi assim que Gandhi passou a combater o preconceito contra os párias, que ele chamava harijans, palavra que significa filhos de Deus. Estava certo Gandhi. Somos todos filhos de Deus. Os preconceitos que carregamos são parte de um contexto social e cultural que devemos combater. À medida que a Humanidade progride, os preconceitos vão perdendo espaço. A ciência vai demonstrando que certas teorias não têm validade e aos poucos vamos expurgando práticas vergonhosas. Vejamos, por exemplo, o preconceito racial. Ele é decorrente de uma visão que data da época da colonização. Os europeus se achavam superiores aos povos indígenas ou africanos. É uma tese absurda que o tempo se encarregou de derrubar. Sim, pois quando se ofereceu oportunidade, negros e índios mostraram tanta capacidade intelecto-moral quanto os demais. Nunca é demais lembrar que – mesmo na época do mais rigoroso preconceito racial no Brasil – houve quem triunfasse. É o caso do maior escritor brasileiro de todos os tempos: Machado de Assis. Filho de uma ex-escrava, que trabalhava como lavadeira, ele trabalhava durante o dia e estudava à noite, sob a luz de um lampião. Demonstrou que o talento e o esforço vencem o preconceito, por mais forte que seja. Hoje, por mais que se combata o preconceito, muitas vezes ele ainda aparece inesperadamente. É porque estava apenas oculto, escondido sob o verniz social. É assim na questão dos homossexuais. Os preconceitos contra eles se manifestam de forma agressiva. Eles são ridicularizados, alvo de piadas e até de violência. Muitos são espancados e assassinados. E tem mais: hansenianos, tuberculosos, ex-presidiários, aidéticos, etc. Será que numa sociedade em que os homens cumprissem as leis de Deus isso ocorreria? Será que já conseguimos ver todos os demais seres humanos como irmãos que também amam, sofrem e querem ser felizes? Lembre-se do exemplo notável de Jesus, que tinha como filhos prediletos os desprezados pela sociedade. O Mestre reergueu a adúltera e a mulher prostituída. Elogiou publicanos. Não teve medo de hospedar-se na casa de homens de má fama e elegeu como discípulo um coletor de impostos que era mal visto. Por outro lado, advertiu severamente os orgulhosos e os que se achavam melhores que os demais. Repreendeu os religiosos sem compaixão e tomou a defesa dos mais frágeis. Se Jesus – o Ser mais perfeito que já habitou a Terra – agiu assim, por que não imitá-Lo? 
Redação do Momento Espírita Disponível no livro Momento Espírita, v. 7, ed. Fep. Em 19.05.2008.

sábado, 23 de julho de 2016

COLOMBO E A CORAGEM DE SAIR AO MAR

Em outros tempos, o calendário estava repleto de datas gloriosas que, enquanto crianças, nas escolas, aprendíamos a celebrar com admiração. Não conhecíamos muito bem esses heróis, mas havia alguns que nos fascinavam pela complexidade de seus feitos: os grandes navegadores. Pensar que uma pessoa pudesse entrar por um oceano totalmente desconhecido, em busca de novas terras, era algo surpreendente e que preenchia nosso imaginário infantil. Encontravam índios, papagaios, elefantes, ouro e aquelas famosas especiarias. Tudo novo, tudo fantástico. Qualquer navegador, portanto, era, aos nossos olhos inocentes, um grande herói, que se aventurara com muita coragem e uns barquinhos quase de brinquedo, por esses oceanos infinitos. Colombo, porém, era um caso especial. Víamos aquele destemido homem passar por entre palácios e portos, de mapa na mão, a falar de seu itinerário. Conhecemos suas glórias e infortúnios. Um navegador que chegou à América Central, vindo da Europa, com três barquinhos e muito entusiasmo, colecionando adversidades mil. Acompanhamos com melancolia o resto de sua vida: prisão, desgraças, desprestígios. A pobreza e a morte depois de tantas aventuras e glórias. Já sentíamos, então, a falibilidade dos homens e guardávamos na memória a imagem de Colombo como retrato de um velho amigo, incompreendido e desmerecido no mundo, ao qual mandávamos os nossos humildes recados de simpatia. Um grande navegador. Um desbravador. Um herói. 
 * * * 
Voltar a viver num mundo material, como a Terra, é das maiores aventuras que se pode imaginar. Assim como os grandes navegadores, não sabemos o que iremos encontrar no oceano da vida, que mundo nos espera, como seremos recebidos... As leis maiores, porém, nos dizem que precisamos sair ao mar diversas vezes, nas encarnações sucessivas, buscando crescer em cada uma delas. Alguns voltamos com as glórias do mundo, mas sem paz na consciência. Outros voltamos, como Colombo, esquecidos e desprestigiados pelas lideranças da Terra, mas levando na bagagem a coragem, a perseverança e a bravura conquistadas com muito empenho. As adversidades são muitas... Por vezes pensamos até em desistir, mas algo sempre nos lembra que precisamos continuar, pois o oceano intrépido passa a ser nosso lar temporário, e compreendê-lo faz parte de todo aprendizado. À moda dos grandes navegadores, invistamos toda nossa coragem, toda nossa bravura nesta grande viagem. É preciso coragem para sair ao mar. Não nos preocupemos com as glórias do mundo. O mundo não está apto a enxergar ainda os verdadeiros heróis. Infelizmente não... Estejamos em paz com a consciência, com a natureza, com nosso coração... Lembrando que apenas aqueles que não desistiram, que foram corajosos, encontraram as novas terras. Terra à vista! Será o grito daqueles de nós, vitoriosos, que seguirmos na direção do amor universal. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Colombo, de Cecília Meireles, do livro Quatro vozes, de diversos autores, ed. Record. Em 13.2.2013

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O COLIBRI

Carlos era um garoto estudioso. Seu problema era a falta de paciência. Se ele estivesse fazendo a lição de casa e algo saísse errado, logo se irritava. Jogava longe o caderno, a régua, o lápis e desistia do trabalho. A atitude preocupava seus pais. Os conselhos eram reprisados todos os dias. Sem nenhum efeito. Uma manhã, ao abrir a janela do seu quarto, Carlos viu um beija-flor sobrevoando o jardim. Debruçou-se na janela e ficou observando. O lindo pássaro, de penas verdes e azuis, batia rapidamente as asas, parava diante de uma flor. Depois descia até o chão, pegava um raminho e subia até o galho de um pinheiro. Tornava a descer e subir, sempre carregando um raminho no bico. A cena deixou Carlos extasiado. Chamou o pai, a mãe, o irmão. Todos ficaram longo tempo olhando o trabalho contínuo do beija-flor que logo teve ajuda da sua companheira. O encantamento era geral. Naquela noite, houve uma violenta tempestade. Ventos fortes. Chuva. Pela manhã, o ninho estava no chão. Carlos ficou olhando triste. Tanto trabalho por nada. Logo o sol saiu. Os ramos começaram a secar. A natureza tornou a sorrir maravilhas. O casal de beija-flores se apresentou no jardim e recomeçou a tarefa. Raminho após raminho foi sendo levado. A construção do novo ninho demorou alguns dias. Tinha a forma de uma concha bem funda. A fêmea se acomodou e botou dois ovinhos. Carlos passou a visitar o ninho. Se a fêmea se afastava, ele ia dar uma espiadela. Numa bela tarde, que surpresa! Os filhotinhos haviam nascido. Já estavam com os biquinhos abertos, esperando que a mamãe beija-flor colocasse o alimento. Nessa hora, o pai de Carlos aproveitou para falar: Você já imaginou, meu filho, se no dia daquela tempestade, quando o ninho caiu, os beija-flores tivessem desistido? O exemplo deles é de persistência e paciência. Procure reforçar essas qualidades dentro de você. Se você desistir, na primeira dificuldade, perderá a chance de realizar coisas maravilhosas. Pense nisso.
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Existem muitos animais que dão ao homem excelentes lições. Assim é a abelha com sua disciplina, a aranha com sua perseverança, a pomba com sua mensagem de paz, os pelicanos com seu exemplo de fidelidade. As aves estão presentes na literatura desde épocas remotas. Elas figuram na Bíblia, nas obras de autores clássicos da Grécia e de Roma, em fábulas e histórias famosas. 
Redação do Momento Espírita. Em 20.01.2009.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

COLHENDO BENEFÍCIOS DA DOR

Maria Laura Neves
Quando o sofrimento chega, fustigando a alma; quando a dor se apresenta como tempestade impiedosa, destruindo sonhos e planos, normalmente reagimos muito mal. Deixamos que a revolta nos abrace e externamos em palavras e atos o que nos vai n´alma por ver destroçados nossos sonhos. Alguns de nós descambamos para o desespero insano. Deixamos de viver, abandonamos emprego, amigos... Isolamo-nos em nós mesmos, seguros de que não há, no mundo, sofrimento que se equipare ao que nos dilacera a alma. No entanto, para algumas pessoas, o sofrimento age de forma diversa. Eles buscam soluções, não se permitindo considerar vencidos, enquanto não forem esgotadas todas as possibilidades. Seja o problema a enfermidade, o abandono, o desemprego, eles prosseguem em frente. E, além de não se entregarem ao desespero, encontram forças para auxiliar outros que descobrem em igual sofrimento. Na sua dor, tornam-se mais sensíveis às dores alheias, aguçam os sentimentos da alma e ouvem os soluços de quem padece tanto ou mais que eles próprios. Assim foi com o casal Beira, cujo filho, aos dezessete meses, foi diagnosticado com um tumor cerebral. Dali em diante foram cirurgias e quimioterapia se sucedendo. Aos dez anos, Francesco passou a andar em cadeira de rodas, perdeu a fala e precisou de uma traqueostomia para respirar. Os dias, as semanas e os meses se sucediam entre idas ao hospital e alguns retornos para casa. Então os pais decidiram mantê-lo em casa, montando ali todo o aparato de uma Unidade de Terapia Intensiva – UTI. Desejavam que ele tivesse paz. Francesco foi envolvido pelo amor da família: as duas irmãs, o pai, a mãe. Partiu tranquilo, num domingo, enquanto seu pai e uma das irmãs seguravam cada uma das suas mãos. Os batimentos cardíacos começaram a cair lentamente, até cessarem. Algumas lágrimas rolaram dos olhos do pai mas, olhando a serenidade do rosto do filho, orou.
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A morte é sempre representação de uma separação, por breve que seja. Por isso mesmo, dolorida. Dizem os médicos que mais difícil do que a de um adulto é aceitar a morte de uma criança. Ela é promessa e a perspectiva é que cresça, se desenvolva, se torne jovem e adulta. Pois os pais de Francesco, após a sua morte e em sua homenagem, transformaram sua dor em benefício. Associando-se a uma ONG, que atende crianças com câncer, eles optaram por fundar em São Paulo um Hospice, um abrigo pediátrico de cuidados paliativos. Será o primeiro do país, nessa proposta da área médica de atenuar o sofrimento e aumentar a qualidade de vida de pacientes desenganados. Boa parte dos recursos para essa obra foram bancados pelos pais de Francesco que doaram, após a morte dele, os recursos da poupança do filho. Conforme falou o pai, foi um jeito de dar sentido à experiência vivida. 
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Sim, há muitas formas de sofrer. Bem sofrer é passar pela experiência dolorosa e ainda encontrar forças para minorar alheias dores. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base na reportagem A mais difícil decisão, de Maria Laura Neves, da revista Cláudia, ed. Abril. Em 3.4.2013.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

A COLHEITA DE AMANHÃ

Aquele homem de cabelos brancos e rosto sulcado por profundas marcas que o tempo esculpiu, certamente tinha acumulado muitas experiências que a vida lhe proporcionara. Quantos sorrisos, quantas lágrimas já haviam contemplado aquele velho rosto agora cansado e quase sem expressão. Empregou seu tempo de juventude construindo o futuro e amparando a esposa e os filhos. Agora que suas forças físicas estavam sumindo e o corpo quase não obedecia aos comandos do cérebro, ele foi viver com um dos filhos, a nora e o neto de seis anos de idade. Sentia-se um intruso naquele lar. Tinha saudades da esposa, que já havia retornado ao mundo dos Espíritos há alguns anos. Nos primeiros dias, o vovô se sentava à mesa para fazer as refeições junto com os familiares, mas a nora não estava gostando que aquele velho de mãos trêmulas derramasse alimentos sobre a mesa e no chão. Sim, uma visão embaralhada e mãos que tremem deixam rolar algumas ervilhas, derramar o leite do copo, sujar a toalha. O filho e a nora não suportaram por muito tempo aquela sujeira toda, providenciaram uma mesa pequena e a colocaram no canto da sala. Agora, o vovô passaria a comer lá, sozinho, pois o barulho das suas mastigadas rudes também incomodavam o jovem casal. O velho homem também havia quebrado dois pratos e por isso passou a comer numa tigela de madeira, por ordem do seu filho. O neto era a única pessoa que se aproximava do velho e só ele percebia que, vez em quando, uma lágrima rolava discretamente do olho do vovô. Apesar da pouca idade, o garoto sabia que as lágrimas eram por causa do abandono e da solidão e tentava animar o vovô com sua alegria infantil. Numa noite, em que o casal conversava na sala de jantar, o pai notou que o menino lidava com pedaços de madeira e outras sucatas jogadas no chão, e lhe perguntou interessado: 
-Filho, o que você está fazendo com essas madeiras? 
O filho respondeu com a doçura e a inocência de seus seis anos: 
-Estou fazendo duas tigelas de madeira. Uma é para você, e a outra para a mamãe. Afinal, quando eu crescer vocês precisarão delas. 
As palavras do garoto foram um golpe para os pais, que ficaram mudos por alguns minutos. Depois, entenderam a lição e grossas lágrimas rolaram dos seus rostos jovens. E, naquela mesma noite, na hora do jantar, o marido foi buscar seu velho pai e o trouxe para sentar-se à mesa e usar talheres e pratos como todos os outros. Sem entender o que estava acontecendo, aquele homem de cabelos brancos e rosto sulcado por profundas marcas que o tempo esculpiu, pôde fazer parte outra vez do mundo dos vivos, apesar das mãos trêmulas e da visão embaralhada. 
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Os pais são espelhos vivos dos filhos, que neles buscam um norte para suas vidas. Lembre-se sempre de que eles o observam e seguem as suas pegadas. Por essa razão, vale a pena deixar marcas de luz e exemplos dignos de serem seguidos.
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. Em 3.5.2013.

terça-feira, 19 de julho de 2016

COLHEITA DA GRATIDÃO

Tratava-se de um Congresso Estadual. As pessoas chegavam de todas as bandas e os largos corredores de acesso ao auditório principal se apresentavam movimentados. Pequenos grupos se formavam, aqui e ali, onde abraços e risos se misturavam, percebendo-se que se tratava de reencontros de amigos. Amigos de cidades diferentes, de outros Estados que novamente se encontravam. A expectativa, para a sessão de abertura, era de dez mil pessoas. Os voluntários estavam em toda parte: na recepção, no setor de informações, nas livrarias, onde grande era igualmente a movimentação. Uma senhora conversava, animada, com amigos, quando se aproximou um dos voluntários, pedindo-lhe ajuda para uma das livrarias. O movimento se fizera de tal intensidade que os atendentes precisavam de um apoio extra. Feliz por servir, a senhora logo se postou atrás do balcão. Entre sorrisos e cumprimentos, a um indicava o lançamento mais recente em livro, cd e dvd. A outro, esclarecia a respeito do conteúdo do produto que tinha em mãos. Vendia, acondicionava em sacolas e entregava a mercadoria. Bastante conhecida, detinha-se a brincar com um ou outro dos que se achegavam para tomar ciência das novidades editoriais. Então, alguém lhe perguntou: 
-Poderia me dizer se, há uns catorze anos, a senhora esteve na Maternidade Y, a visitar algum parente seu? 
A pergunta surpreendeu a voluntária. Contudo, consultou os arquivos da memória e respondeu de forma afirmativa. Há catorze anos, pelo período de trinta dias, estivera, muitas vezes, na citada Maternidade. Sua sobrinha nascera prematura e estava no Centro de Terapia Intensiva Neonatal. E concluiu: 
-Desculpe-me, mas por que a pergunta? 
Então, entre a emoção mal contida, os olhos marejados de lágrimas, disse a indagante: 
-Eu nunca soube seu nome. Mas jamais esqueci seu rosto. Fico muito feliz em encontrá-la, agora e poder lhe agradecer.
E, ante o surpreso silêncio, ela continuou: 
-Eu sou aquela mulher que a senhora viu a chorar na recepção. Sem me conhecer, notando meu desespero, se aproximou de mim e perguntou: "Por que chora tanto? O que aconteceu?" E eu contei sobre a doença do meu filhinho de poucos meses, do pavor de perdê-lo, da dor de ter que deixá-lo hospitalizado, das tantas incertezas da minha alma de mãe ansiosa. Então, a senhora me envolveu em um abraço terno e me disse: "Confie em Deus. Entregue seu filho aos cuidados dEle. Ore, acalme-se e guarde a certeza: seu filho ficará bem." E eu me acalmei, ao influxo das vibrações que recebi do seu abraço. Orei, esperei. E meu filho aí está, prestes a completar seus quinze anos. Por isso, por aquele dia ter acalmado o desespero de uma estranha, eu lhe agradeço. A partir de hoje, tenho um nome para guardar em gratidão. 
Um abraço prolongado encerrou a narrativa. A senhora sequer lembrava do fato mas, em sua intimidade, agradeceu a Deus pela felicidade de colher flores no seu caminho. Flores de gratidão de uma estranha, guardadas há pouco mais de catorze anos. Verdadeiramente, pensou, o bem faz bem a quem o realiza. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato. Em 28.06.2011.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

COLHEITA ABENÇOADA

Joey era uma criança com desenvolvimento aparentemente adequado até que, aos onze anos, foi acometido de Síndrome do Pânico. Mostrava um medo profundo de lugares abertos e públicos e ficou quase um ano confinado ao quarto. Após onze meses de tentativas de tratamento, finalmente, um psiquiatra lhe receitou o remédio que apresentou efeito terapêutico adequado. A causa desse distúrbio psíquico, disseram os médicos, fora uma disfunção de aprendizado não percebida, que acabara por se refletir em sua área psicológica. Com o controle da Síndrome do Pânico os pais enfrentaram um novo desafio: encontrar uma escola especializada em disfunções de aprendizado. No entanto, as escolas contactadas não o aceitavam, alegando que seus alunos possuíam apenas distúrbios educacionais e não emocionais e que não estavam preparadas para recebê-lo. A mãe desejava matriculá-lo em uma escola que ficava perto de sua casa e que desfrutava de excelente reputação. Mas a matrícula foi várias vezes negada. Certa noite, a mãe compareceu a uma festa de caridade. Sentou-se ao lado de uma mulher chamada Bárbara, que ela conhecia vagamente. Repentinamente, sem saber como, a genitora do garoto se viu abrindo o coração àquela senhora, sobre as dificuldades em matricular seu filho. Ao final da narrativa, Bárbara, emocionada, disse-lhe, para sua surpresa, que era vizinha do fundador e diretor da escola desejada, além de contribuir para a mesma. Prometeu-lhe ajuda. Através de sua influência, Joey foi finalmente aceito para o ano seguinte e, durante o tempo que lá estudou teve excelente aproveitamento, figurando, pela primeira vez na vida, entre os melhores alunos. Um ano após aquele encontro o marido de Bárbara faleceu. A mãe de Joey compareceu ao funeral e, ao ver uma mulher ao lado da viúva, indagou sua identidade a uma pessoa. Era a filha de Bárbara. Neste momento a emoção foi imensa. Sua memória voltou vinte e cinco anos no tempo. Lembrou-se de sua viagem de formatura de segundo grau. Ela se oferecera para dividir o quarto com uma aluna que entrara em sua turma naquele ano. Chamada de retardada pelas colegas, a caloura sofria forte preconceito. Seus olhos se encheram de lágrimas: vinte e cinco anos antes ela ajudara, voluntariamente, a filha de Bárbara e, há um ano, sem nada saber, esta ajudara seu filho! 
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Talvez nossa mente ainda não tenha a capacidade de reter todas as lembranças vivas no que chamamos de memória, mas, felizmente, a memória Divina é infalível. Quando fazemos o bem sem interesse oculto, o feito não passa despercebido. A Lei de Causa e Efeito jamais falha, mesmo que muito tempo se passe, pois o tempo nada significa na imensa jornada que nosso Espírito empreende em busca de sua evolução. Todo o bem que fazemos a outrem é como semente que plantamos e cujos frutos, cedo ou tarde, haveremos de colher. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo intitulado A semeadura, de José Ferraz, publicado na Revista Presença Espírita de novembro/dezembro de 2009, ed. LEAL. Em 14.7.2015.

domingo, 17 de julho de 2016

CÓLERA

NEIO LÚCIO
O rapaz fora despedido e ficou muito magoado com o seu chefe. Pegou um papel e grafou sua ira com palavras agressivas e o enviou ao seu ex-gerente. Quando esse leu o bilhete, assimilou o seu conteúdo venenoso e ficou muito irritado. Chegando em casa para almoçar, com aquela carga pestilenta, xingou a esposa porque seus sapatos não estavam bem lustros. Transferiu o veneno para a esposa, que sentiu necessidade de agredir alguém. E a vez foi da auxiliar doméstica. A patroa descarregou toda sua ira na pobre moça, porque não havia deixado os sapatos do patrão com o brilho desejado. A serviçal, no entanto, não tinha ninguém para descarregar sua raiva. Saiu esbravejando e viu logo à sua frente um velho cão que tirava um cochilo tranquilamente deitado no chão. Não teve dúvidas. Extravasou toda sua ira em um pontapé no pobre bicho. O cão saiu em disparada e mordeu a primeira pessoa que encontrou no caminho. Era a vizinha. Essa, com a mordida recebeu a carga que havia sido emitida pelo funcionário despedido. Tomada de dor e muito irada, acabou por agredir o rapaz que a atendeu na farmácia. Esse, por sua vez, ao adentrar o lar, furioso, começou a esbravejar contra a mãezinha que o aguardava para o jantar. Que vida miserável! A senhora é culpada por eu ter que trabalhar feito um condenado naquela farmácia. Não aguento mais tantos problemas! A mãezinha, calmamente, o envolveu num abraço afetuoso e falou suavemente: É verdade, filho, você tem razão. E passando a mão nos seus cabelos com carinho, amortizou a ira e fez com que se dissipasse ali, aquele veneno letal que já havia prejudicado a tantos. A força do amor! Não há arma mais capaz do que o amor! Ninguém resiste à força do amor. Se uma pessoa chega furiosa, agredindo-nos com palavras e lhe respondemos com calma, ela fica como que imobilizada e sem ação. É como jogar água sobre o fogo. Enquanto o revide, a ira, são como o elemento inflamável jogado na fogueira. Ghandi foi um exemplo vivo da força do amor. Enquanto os ingleses portavam armas pesadas, aparentemente invencíveis, ele, com a força do amor, logrou libertar seu povo do jugo da Inglaterra. Se temos usado a tática do revide, tentemos agora a tática do amor. Basta que respondamos ao mal com o bem, à violência com a não violência, ao ódio com a paciência. O ensino do Mestre de Nazaré é sábio quando recomenda que se alguém nos bater na face direita lhe apresentemos a outra. Pois bem, quando se nos apresente a ira, a revolta, mostremos a outra face, a face da paciência, da concórdia, da tolerância. Agindo assim, com certeza, não seremos propagadores da revolta, da ira, da cólera, e de tantos outros males que poderiam ser aplacados com apenas algumas gotas de tolerância. 
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CHICO XAVIER
Quando ficamos irados, os batimentos cardíacos aceleram-se e o sangue flui para as mãos, tornando mais fácil pegar uma arma ou golpear o inimigo. Por isso, é que, às vezes, temos notícias de pessoas que agridem o semelhante por motivos irrelevantes. É que foram dominadas pela cólera. Assim, é importante que treinemos diariamente para vencermos a ira a qualquer custo, para o nosso próprio bem. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 26, do livro Alvorada cristã, pelo Espírito Neio Lúcio, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 23.06.2010.

sábado, 16 de julho de 2016

UM COLAR VALIOSO

Usar, por alguns dias, a pulseira da mãe, era o sonho de consumo do pequeno Rick, de seis anos de idade. Eles eram pobres e a pulseira não tinha muito valor, mas tanto o garoto insistiu que a mãe lhe entregou, mas recomendou que tomasse cuidado. Rick colocou o cordão no pulso e se sentiu o homem mais feliz do bairro. Jogava futebol com os amigos, de pulseira. Ia comprar pão, com a pulseira e na escola ele exibia sua preciosidade sempre que podia. As semanas se passaram e, como sempre acontece com as crianças, um dia aconteceu com Rick. Uma distração e ele se deu conta de que havia deixado a pulseira em algum lugar. Procurou por todos os cantos e... nada. Ele estava sozinho em casa. A mãe estava no trabalho. Mas, e quando ela chegasse, como lhe contaria a tragédia? Mil preocupações surgiram naquela cabeça infantil. E a mais cruel era a de ter perdido o que ele considerava ser o único tesouro da sua mãe. Depois de muitas cogitações, ele tomou uma difícil decisão: iria embora de casa. Jogou algumas roupas dentro da velha sacola e saiu porta afora. Não foi muito longe e ouviu uma voz bem conhecida... Era o Sr. Severino, um velhinho bom que morava na vizinhança. 
-Ei, aonde você vai com essa trouxa nas costas, Rick? 
Preocupar-se com os filhos alheios não é muito comum nos grandes centros mas, nos vilarejos de gente pobre, os vizinhos se importam uns com os outros. 
-Vou embora. Respondeu, cabisbaixo, o menino. 
-Mas a sua mãe não está em casa. É melhor você esperar que ela chegue, senão ela ficará aflita quando não o encontrar. 
O garoto costumava ouvir os mais velhos, então voltou, é claro, na companhia do velho Severino. Quando a mãe chegou já estava escuro. Mal entrou e já sentiu algo no ar, pois as mães sempre sentem quando tem alguma coisa errada com seus filhos. 
-O que houve, Sr. Severino? Perguntou logo. 
Ele se aproximou e lhe falou baixinho o que havia acontecido. Ela, já em lágrimas, entrou no quarto, onde o pequeno Rick estava escondido e o abraçou com ternura. 
-Meu filho, você ia embora sem avisar a mãe? Por que ia fazer isso, meu anjo?
-Mãe, lembra daquela pulseira que você me emprestou e me pediu para ter cuidado? 
-Sim, disse a mãe! 
-Eu não sei como aconteceu, mas perdi, mãe. Quando notei, eu procurei, procurei, mas não achei. Então fiquei com medo e com vergonha, e por isso eu ia embora de casa, pra não ver você triste. 
-Ora filho, eu ia ficar muito triste se você tivesse ido. Nunca mais pense nisso! 
-E a pulseira? Perguntou, mais aliviado. 
-Ah, meu anjo, aquela pulseira tinha pouco valor. Um dia, quem sabe, nós compremos outra. 
-Mãe, eu quero lhe dar um belo colar. Você sabe quanto custa um? 
-Não faço ideia, mas eu já tenho o colar mais valioso do mundo. E sabe qual é? 
-Não, mãe, eu nunca vi você de colar. 
-Pois bem, disse a mãe, puxando os bracinhos do filho e os envolvendo no pescoço. Filho, o seu abraço é o colar mais valioso do mundo, para mim. E eu desejo tê-lo para sempre. Promete que nunca mais vai pensar em ir embora? 
Rick sorriu, aliviado, e encheu o rosto da mãezinha de beijos. 
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Não há tesouro mais valioso do que os filhos. Um filho é a prova da confiança de Deus aos pais. Mas os filhos nem sempre sabem que são valiosos para seus pais. É preciso dizer isso a eles, sempre. E você, já disse isso ao seu filho, hoje? 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 11, ed. Fep. Em 29.07.2011.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

COLAR DE PÉROLAS

Todas as vezes que nos deparamos com alguém que nos chama a atenção pelas suas virtudes, capacidade ou inteligência, é inevitável questionar de onde vêm tais capacidades. Há quem imagine serem apenas dons, presentes de Deus para alguns que nascem ungidos, abençoados dessa maneira especial. Se o coração é generoso alegam ser essa virtude presente dos céus. Se a competência é intelectual afirmam ser presente da Divindade. Esquecem-se tais pessoas de que essa situação não é coerente com a bondade e justiça de Deus, que estaria preferindo a uns e preterindo outros. Há quem busque explicações na ciência. Imaginam que as capacidades morais ou intelectuais são frutos da genética, de uma combinação favorável do DNA. Um fruto do acaso. Esses julgam que a vida é obra de fatores aleatórios, como um jogo matemático, onde a probabilidade fosse a condutora de valiosos fatores. No entanto, todos os nossos dons, virtudes e capacidades são frutos do esforço de cada um de nós. Ao caminharmos pelas estradas da vida, nas mais variadas expressões físicas, nascendo ora aqui, ora acolá, experienciando diversas oportunidades e desafios, vamos colhendo nossas experiências. Dessa forma, talentos, virtudes, inteligência não são obra do acaso genético, nem tampouco presente Divino. Cada um de nós cultivou aquilo que palpita em nossa intimidade. Assim, cada uma das capacidades que hoje surgem em nossa mente e em nosso coração, são a resultante dos esforços pessoais realizados em algum momento. Vamos, ao longo da jornada de Espíritos imortais, que somos todos nós, cultivando os valores de Deus, que jazem latentes em nossa intimidade. É esse caminhar, a perseverança e o esforço pessoal que vão nos permitindo colecionar tesouros para a alma. Tal qual um cultivador de pérolas, vamos montando nosso colar, fiando aos poucos as virtudes que desenvolvemos. Por isso nossas virtudes serão umas mais brilhantes, outras com uma coloração diferente, algumas com uma geometria particular. Cada uma, porém, com seu brilho próprio. Como pérolas em harmonioso colar, vão sendo acrescidas aos poucos, adornando nossa alma com seu brilho. Dessa forma, poderemos ter todas as virtudes e valores que queremos, todas as capacidades e competências que desejamos. Basta o esforço individual, o investimento no coração e na mente. 
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Cientes dessas verdades, prossigamos, abrindo mão das paixões e desejos que não nos enriquecem. Abramos espaço em nossa intimidade para que nos ornemos das mais belas pérolas que a Divindade nos oportuniza. 
Redação do Momento Espírita. Em 16.03.2012.
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quinta-feira, 14 de julho de 2016

COLABORE COM DEUS

Você já pensou em como pode colaborar com Deus? Já se perguntou alguma vez o que o Criador espera de você? É comum ouvirmos pessoas dizendo que só a Deus cabe o destino das criaturas e das nações, mas, será que Deus não espera que façamos a parte que nos cabe? É verdade que só Deus pode criar, mas você pode valorizar o que Ele criou, começando por valorizar-se a si mesmo. Só Deus pode dar a vida, mas você pode respeitá-la e honrá-la, dando-lhe valor e utilidade. Só Deus pode dar a saúde, mas você pode preservá-la e orientar os outros para que também a preservem, a valorizem. Só Deus pode criar a fé mas você pode cultivá-la através do estudo das Leis que regem o Universo, e dar o seu testemunho na hora que Deus lhe solicitar. Só Deus pode infundir a esperança, mas você pode restituir a confiança ao irmão em desespero, evitando comentários desagradáveis que não levam a nada e nada constroem. Só Deus pode criar as flores, mas você pode se encarregar de espalhar o seu perfume. Só Deus conhece a essência do amor, mas você pode aprender a amar e ensinar o amor, amando tudo o que Deus criou. Só Deus cria o tempo, mas você pode valorizar as horas utilizando-as para grandes realizações. Só Deus pode criar a paz, mas você pode semear a união e pacificar o mundo a sua volta, começando pela própria intimidade. Só Deus cria a alegria, mas você pode sorrir para todos e fazer-se alegre para amenizar a dor do seu semelhante. Só Deus pode criar a força, mas você pode conquistar a fortaleza e amparar quem se sente fraco a continuar caminhando. Só Deus é perfeito, mas você pode buscar a perfeição em tudo o que faz. Só Deus é a luz, mas você pode refleti-la através das boas obras, vivendo com dignidade onde quer que se encontre. Só Deus é a vida mas você pode restituir aos outros o desejo de viver, semeando flores nos caminhos por onde passar. Só Deus pode acender as estrelas, mas você pode fazer-se uma pequena chama a clarear a noite escura de quem segue a seu lado. Só Deus pode fazer o que parece impossível, mas você pode fazer o possível, realizando a parte que lhe cabe na construção de um mundo melhor. É verdade incontestável que Deus tudo pode, mas, sem dúvida, Ele preferiu contar com você...
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Deus, pai amoroso e bom, coloca à nossa disposição todos os talentos de que necessitamos para construir a felicidade tão desejada. Mas, como Pai justo e misericordioso, permite que conquistemos o mérito do aprendizado pelo próprio esforço. Deus quer que cada um dos Seus filhos caminhe com as próprias pernas e aprenda tudo o que lhe diz respeito para a aquisição da felicidade suprema e da perfeição relativa que a todos nos aguarda. 
Redação do Momento Espírita com base em texto recebido de José Eduardo Chamon. Em 18.10.2010.
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quarta-feira, 13 de julho de 2016

COLABORAÇÃO

Uma das virtudes pouco lembrada é a colaboração. A vida, pródiga de sabedoria em toda parte, demonstra o princípio da cooperação em todos os seus planos. O verme enriquece a terra e a terra sustenta o verme. A fonte auxilia as árvores e as árvores conservam a fonte. O solo ampara a semente e a semente valoriza o solo. As águas formam as nuvens e as nuvens alimentam as águas. A abelha ajuda a fecundação das flores e as flores contribuem com as abelhas no fabrico do mel. Um pão singelo é gloriosa síntese do trabalho de equipe da natureza. Sem as lides da sementeira, sem as dádivas do sol, sem as bênçãos da chuva, sem a defesa contra os adversários da lavoura, sem a assistência do homem, sem o concurso do moinho e sem o auxílio do forno, o pão amigo deixaria de existir. Um casaco inexpressivo é fruto do esforço conjugado do fio, do tear, da agulha e do costureiro, solucionando o problema da vestidura. Podemos perceber nesses exemplos de colaboração um convite para que sejamos também colaboradores. Sem nos darmos conta, muitos colaboram conosco no decorrer dos dias. São os médicos que nos atendem com presteza e afeto, doando-se além da sua obrigação. São os professores que fazem jus ao seu salário, mas se empenham um tanto mais para que os alunos aprendam as lições. É a sua colaboração espontânea. São os guardas de trânsito que se dedicam um pouco mais, prestando uma informação, ajudando alguém a atravessar a rua com delicadeza e boa disposição. São enfermeiros atenciosos que se esforçam por atender bem a um paciente, só porque seu coração assim o determina. É alguém gentil que nos cede a passagem no trânsito. Um motorista anônimo que avisa do perigo na estrada. Um transeunte que ajuda um idoso ou cego a atravessar a rua... Se é certo que pagamos por alguns desses serviços, também é certo que a dedicação e o carinho de cada profissional, ninguém, nenhum dinheiro pode pagar. É a sua colaboração para o bem-estar do semelhante. Se não nos damos conta de tudo isso, é porque talvez estejamos cegos para as coisas boas, ou porque estamos acostumados a perceber somente as coisas ruins. É importante que tenhamos olhos para ver os fatos positivos que nos cercam. Assim sendo, poderemos dar a nossa colaboração por mais singela que seja, onde quer que estejamos, para que a nossa vida e a vida dos que caminham conosco nessa estrada evolutiva possa ser mais suave. Agindo assim, em tudo o que fizermos, estaremos colaborando de forma efetiva para o nosso próprio progresso espiritual. Porque vamos além das nossas obrigações para adentrar na função que nos cabe no progresso moral da Humanidade. 
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A vida na Terra é abençoada oportunidade de aprendizado para cada indivíduo. Na colaboração mútua encontramos a chave que abrirá novos caminhos, quebrando as barreiras do individualismo e vivendo a verdadeira fraternidade. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 32, do livro Roteiro, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. Em 19.07.2010.

terça-feira, 12 de julho de 2016

COISAS QUE APRENDI COM VOCÊ!

Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você pegar o primeiro desenho que fiz e prendê-lo na geladeira e, imediatamente, tive vontade de fazer outros para você. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você dando comida a um gato de rua e aprendi que é legal tratar bem os animais. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você fazer meu bolo favorito e aprendi que as coisas pequenas podem ser as mais especiais na nossa vida. Quando você pensava que eu não estava olhando, ouvi você fazendo uma oração e aprendi que existe um Deus com quem eu posso sempre falar e em quem eu posso sempre confiar. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você fazer comida e levar para uma amiga que estava doente e aprendi que todos nós temos que tomar conta uns dos outros. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você dando seu tempo e seu dinheiro para ajudar as pessoas mais necessitadas e aprendi que aqueles que têm alguma coisa devem ajudar quem nada tem. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu percebi você me dando um beijo de boa noite e me senti uma pessoa amada e segura. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você tomando conta da nossa casa e de todos nós e aprendi que nós temos que cuidar com carinho daquilo que temos e das pessoas que gostamos. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi como você cumpria com todas as suas responsabilidades, mesmo quando não estava se sentindo bem e aprendi que eu tinha que ser responsável. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi você se desculpar com uma amiga, embora tivesse razão e aprendi que, às vezes, vale a pena abrir mão de um ponto de vista para preservar a amizade e o bem-estar nos relacionamentos. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu vi lágrimas nos seus olhos e aprendi que, às vezes, acontecem coisas que nos machucam, mas que não tem nenhum problema a gente chorar. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu percebi você cuidando do vovô com carinho e atenção e aprendi que devemos tratar bem e respeitar aqueles que nos cuidaram na infância. Quando você pensava que eu não estava olhando, foi que aprendi a maior parte das lições que precisava para ser uma pessoa boa e produtiva quando crescesse. Quando você pensava que eu não estava olhando, eu olhava para você e queria lhe dizer: Obrigado por todas as coisas que eu vi e aprendi quando você pensava que eu não estava olhando! 
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Esta é uma mensagem portadora de grandes motivos de reflexão para todos os educadores que desejam atingir seus nobres objetivos no campo da educação. É uma mensagem importante porque nos faz pensar que nossos educandos estão nos olhando e memorizando mais o que fazemos do que o que dizemos. Nossos gestos e nossas ações produzem lições mais efetivas do que muitas palavras vazias, jogadas ao vento. Pense nisso! E lembre-se sempre: alguém está observando e aprendendo algo com você, em todos os momentos. 
Redação do Momento Espírita com base em mensagem de autoria desconhecida. Disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep. Em 05.03.2012.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

COISAS MÍNIMAS

Do Evangelho de Lucas, capítulo 12, versículo 26, destaca-se uma fala de Jesus que indaga: Pois se nem ainda podeis fazer as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras? Pouca gente conhece a importância da boa execução das coisas mínimas. Existem homens que, com falsa superioridade, zombam das tarefas humildes, como se elas não fossem necessárias ao êxito dos trabalhos de maior envergadura. Um Prêmio Nobel de Literatura não poderá esquecer que um dia necessitou aprender as letras simples do alfabeto. Um extraordinário matemático precisou, também, aprender a contar, reconhecer os números de zero a nove e depois a somar, dividir, multiplicar e subtrair, a fim de chegar aos complicados cálculos que hoje lhe conferem fama. Um compositor não pode prescindir de nenhuma das sete notas musicais, com todos seus tons e semitons, que envolvem bequadros, bemóis, escalas e sustenidos. Um alpinista, para vencer a escalada íngreme, deve atentar para todos os detalhes, que vão do equipamento checado minuciosamente mais de uma vez, ao apoio de equipe, conhecimento da estação mais adequada ao empreendimento. Para um prato especial, todos os ingredientes se fazem necessários. Deixe-se de colocar um deles ou se altere a quantidade para mais ou para menos e pronto, estará alterado o sabor, a consistência, o resultado final. Nenhuma obra será perfeita se as particularidades não forem devidamente consideradas e compreendidas. De modo geral, o homem está sempre fascinado pelas situações de grande evidência. Deseja a fama, o poder, o dinheiro. Destacar-se, entretanto, exige muitos cuidados. Fama exige estrutura psicológica adequada, a fim de que a criatura não se fascine e perca o equilíbrio. Ou se torne atormentada pela paz que deixa de fruir, face o assédio constante de jornalistas, fotógrafos, fãs, cobranças da mídia em geral. Poder exige equilíbrio e bom senso, para que o ser não se torne um déspota infelicitando a sua e as vidas alheias, enlouquecendo ante as possibilidades que se apresentam. Dinheiro em excesso requer sabedoria para a devida utilização, de forma a colaborar para a felicidade e não a desgraça própria e dos demais. Convém, desse modo, atender às coisas mínimas da senda que Deus nos reservou, para que a nossa ação seja de real proveito à vida. A sinfonia estará perturbada se faltou uma nota e o poema é obscuro quando se omite um verso. Estejamos zelosos pelas coisas pequeninas. Elas são parte integrante e inalienável dos grandes feitos, guardando a certeza de que, cada qual recebe a parte que melhor esteja preparado para realizar. Não deixemos passar as oportunidades de crescimento, com a distração para as coisas que não temos, mas desejamos, que não podemos realizar, mas que aspiramos. Façamos sim, o melhor daquilo que nos compete. 
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Quem será maior: a mãe que agasalha o filho alheio em seu seio e o alimenta, ou o médico que o salva da morte cruel, com intervenção minuciosa? Quem terá maior mérito: o lixeiro que recolhe os detritos pela cidade, todos os dias, mantendo-a asseada, ou o sanitarista que determina normas de conduta para a Humanidade, a fim de que esta se mantenha distante das enfermidades mortais? Reconheçamos em cada um a parcela de contribuição indispensável para a manutenção da vida no planeta e o melhor relacionamento da Humanidade. Aprendamos que a cada um cabe realizar o que pode, sabe e deve fazer. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 31 do livro Caminho, verdade e vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier,ed. Feb. Em 31.01.2010.

domingo, 10 de julho de 2016

COISA DE CRIANÇA

Rosy Greca
A menina Rosy foi uma dessas crianças que ajudavam a mãe a “escolher o feijão”, antes que ele fosse colocado na panela, para ser servido no almoço. Hoje em dia, o feijão já chega aos supermercados devidamente selecionado. E as crianças nem imaginam que um dia havia necessidade de espalhar o feijão sobre a mesa, retirar os grãos estragados, as pedrinhas, os pedaços de terra e outros detritos. Bem, mas a menina Rosy fazia esse trabalho. E, enquanto catava o feijão, deixava a imaginação voar, a criatividade despertar, e ao mesmo tempo curtia a presença da mãe ao seu lado, preparando o almoço para toda a família. Naquele tempo as famílias se reuniam em casa para fazer as refeições. Enquanto trabalhava, Rosy observou que os grãos de feijão saudáveis eram enviados para a panela, melhor dizendo: para a morte. Em sua sabedoria de criança, ela resolveu fazer alguma coisa em favor daqueles inocentes e indefesos grãos, que não tinham a mínima chance de sobreviver às altas temperaturas a que seriam submetidos... Foi então que resolveu separar, junto com os detritos, alguns feijões saudáveis, a fim de preservá-los. Na sua imaginação, aqueles grãos salvos teriam oportunidade de produzir novos grãos, de germinar, florescer e frutificar, dando continuidade à vida. É claro que se a mãe percebesse isso, consideraria um desperdício, o que para a garota era uma iniciativa tão nobre quanto criativa. O que vale ressaltar desse fato, é que os anos não conseguiram matar a sensibilidade nem a criatividade daquela menina, que hoje é uma compositora de músicas para crianças. Ela tem a sensibilidade incomum de se comunicar com a alma infantil, e isto é a sua tarefa, sua missão. Disse-nos ela, numa oportunidade: “não somos nós que escolhemos compor para a infância. São as canções que nos escolhem.” E as canções sabem a quem escolher... Não há dúvida. Escolhem as pessoas que guardam na alma a ludicidade, o sonho, a observação, a imaginação sadia, próprias da criança. Rosy foi uma menina que brincou na rua, subiu em árvores, interagiu com outras crianças, viajou pela imaginação, pelo sonho, teve a leveza de uma infância descontraída e feliz. E conservou na alma esse ser especial. Nos tempos atuais, infelizmente as crianças não brincam mais nas ruas. A grande maioria delas vive em apartamentos, e interage com os equipamentos eletrônicos. O calor humano do convívio com os familiares e amigos, foi cedendo lugar a um isolamento quase mórbido. As canções que ouvem geralmente são feitas para adultos, por compositores que ignoram a beleza, a estesia, os sentimentos nobres... São músicas que produzem imagens obscenas, com forte apelo da sensualidade, da leviandade, dos valores corrompidos. Mas a menina Rosy, hoje uma mulher madura, continua acreditando que ainda se pode fazer alguma coisa em favor da infância, através da música. Foi relembrando os tempos em que salvou alguns grãos de feijão, que compôs a música intitulada os olhos do coração, que diz:. Quando abrimos os olhinhos do coração tudo se ilumina, vemos a imensidão... No botão de rosa, no grão de areia, na semente do limão O pequenino lá por dentro é grandão! Quando abrimos os olhinhos do coração, vemos o universo todo em expansão... O ovo da galinha, a notinha da canção, o tatu bolinha, a bolha do sabão... O pequenino lá por dentro é grandão! Há! Como o mundo seria melhor se houvesse mais compositores com coração de criança, com esse poder de penetrar o solo fértil desses seres pequeninos, que têm olhos de ver o que muitos adultos já não enxergam mais... As crianças conseguem ver que dentro de uma pequenina semente, de um grão de areia, do miolo do pão tem um mundo, e dentro desse mundo, outro mundo, e dentro de todos esses mundos, está o mundo da imaginação...
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base nas letras das canções “Os olhos do coração”, que consta no CD Sonho de voar, e “Dentro de um mundo”, do CD Gente criança, ambas da compositora Rosy Greca.

sábado, 9 de julho de 2016

COINCIDÊNCIAS

Yitta Halberstam
Acontecem muitas vezes e, de um modo geral, simplesmente nos admiramos que aconteçam, sem atentar para detalhes. No entanto, muitas dessas tais coincidências têm por trás a Sábia Mão Divina. Lembramos de um empresário aposentado que recebeu um telefonema certo dia. Era da secretária de um famoso cardiologista que ele consultara há seis meses. Ela desejava confirmar a sua consulta para o dia seguinte, às nove horas da manhã. Richard Fleming não se recordava de ter marcado consulta. Lembrava que estivera na clínica, submetera-se a uma extensa bateria de testes e tudo estava bem. Reticente, disse à secretária que não se lembrava de nenhuma consulta marcada com o cardiologista. Ela pareceu um pouco hostil, nesse momento. O senhor é Richard Fleming? Então, aqui está, amanhã, nove horas da manhã. Por favor, o Dr. Brown é um médico muito conceituado, sua agenda está sempre lotada. Se o senhor não quiser vir à consulta, é só dizer. Desmarco e ligo para um paciente que esteja em lista de espera. Richard achou que seria muito deselegante desmarcar a consulta, por isso a confirmou. Mas, ficou preocupado. Será que o Mal de Alzheimer o estava abraçando? Pensou que, no dia seguinte, depois dos exames e dos testes, perguntaria ao médico o que fazer quanto a essa possibilidade. Afinal, de todos os processos de envelhecimento, o que ele mais temia era perder a sua capacidade mental. Contudo, nem deu tempo para fazer indagações. Ao avaliar os primeiros resultados dos exames, o médico lhe disse que detectara um problema grave em seu coração. Algo que necessitava urgente intervenção. Fora muito bom que ele tivesse vindo àquela consulta. Um ou dois meses mais e poderia ter sérios problemas. Enquanto isso, na recepção da clínica, uma discussão tinha lugar. Um homem estava quase a gritar com a secretária: Como o senhor Richard Fleming já está sendo atendido? Eu sou Richard Fleming e minha consulta estava marcada para as nove horas, hoje! Ante a sua insistência e impaciência, a secretária foi verificar no arquivo e descobriu duas fichas separadas para dois Richard Fleming. Um era o que estava à sua frente e marcara a consulta. O outro era o que estava recebendo um diagnóstico grave e a prescrição da cura. O Richard Fleming errado havia recebido o seu telefonema. Um equívoco que foi providencial para a vida do empresário aposentado. Em verdade, ele precisava que isso acontecesse para que sua vida pudesse ser salva! 
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Deus tem sempre inusitadas formas de agir. Uma coincidência de duas pessoas com o mesmo nome poderia criar muita confusão. Nesse caso, foi utilizada pela Providência Divina para que uma pessoa pudesse ter sua vida salva! Por isso, quando algumas coincidências acontecerem em sua vida, beneficiando-o, provocando-lhe felicidade, analise com cuidado e verifique se não podem ter sido provocadas pelo Pai amoroso e bom. Isso porque o que chamamos simples coincidências são a expressão do amor de Deus aos Seus filhos. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em texto do livro Pequenos milagres, v. II, de Yitta Halberstam & Judith Leventhal, ed. Sextante. Em 5.1.2016.