quinta-feira, 10 de março de 2016

O calor escaldante dos desertos da vida

AUGUSTO CURY
O alimento e a bebida ingeridos por Cristo na última ceia foram importantes para sustentá-Lo. Eles não Lhe dariam pão nem água durante o Seu tormento. Sabia o que O aguardava, por isso nutriu-Se calmamente para suportar o desfecho de Sua história. Após a oração, foi sem medo ao encontro de Seus opositores. Entregou-Se espontaneamente. Procurou um lugar tranquilo, sem o assédio da multidão, pois não desejava qualquer tipo de tumulto ou violência. Não queria que nenhum dos Seus mais próximos corresse perigo. Preocupou-Se até mesmo com a segurança dos homens encarregados de prendê-Lo, pois censurou o ato agressivo de Pedro a um dos soldados. O Mestre era tão dócil que por onde Ele passava florescia a paz, nunca a violência. Os homens podiam ser agressivos com Ele, mas Ele não era agressivo com ninguém. Um odor de tranquilidade invadia os ambientes em que transitava. O amor que Jesus sentia pelo ser humano O protegia do calor escaldante dos desertos da vida. Chegou ao impensável, ao aparentemente absurdo, de amar Seus próprios inimigos... 
 * * * 
E como estamos nós? Como nos protegemos das altas temperaturas dos desertos da existência? A tranquilidade de Jesus vinha de Sua moral elevada, sustentada por um amor incondicional por todos. A calma do Mestre vinha de Sua fé, em nível tão elevado, que O fazia ser Um com o Pai. Semeando amor, colhemos felicidade nos campos de Deus. Sem a pretensão de receber recompensas na Terra, pelos atos nobres que praticamos, perceberemos que a consciência em paz é fortaleza indestrutível. Amando, passaremos pelos suplícios da existência com mais equilíbrio. Tal amor dá à alma em aprendizado uma certeza íntima imperturbável, segura de estar no caminho certo, e de não estar sozinha nestas paragens. Amando, nunca estamos sós. A Terra poderá nos oferecer solidão temporária, mas o mundo real, o mundo maior, nos dará a companhia dos grandes. Se estamos em momento grave na existência, sofrendo ataque de inimigos do bem... lembremos de Jesus e de Seu exemplo precioso. Quem ama e está nas sendas do bem, não tem porque pensar em vingança, em responder violência com violência. Quem ama tem sempre um refrigério constante no íntimo, ao enfrentar o calor escaldante da crueldade alheia. Quem ama e trilha os caminhos do bem, não precisa temer, assim como Jesus não temeu, em momento algum, o que Lhe aguardava. Sofreu, ao ver a fragilidade da alma humana tomando decisões ainda tão tolas, mas não teve medo, jamais, pois estava sempre acompanhado de um amor sem igual pela Humanidade inteira. Ama e aguarda. Ama e confia. Ama e resiste. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 6 do livro O mestre da sensibilidade, de Augusto Cury, ed. Academia de inteligência. Em 30.06.2009.

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