sábado, 31 de dezembro de 2016

CONVITE

Dei-me conta, dia desses, que o Seu aniversário está chegando. Não que eu tivesse anotado no calendário. Lembrei da data, por causa do tumulto das lojas. Todo ano é assim. As pessoas ficam muito preocupadas em comprar muitos presentes e coisas novas. O mais estranho é que eles não são para Você. São para si mesmos, para parentes, amigos, clientes, conhecidos. Este ano, pensei em convidar Você para comemorar o seu aniversário lá em casa. Como sua família é a humanidade, é possível que Você tenha muitos convites. É possível que muitas pessoas, no mundo todo, queiram que Você esteja com elas, nesse seu dia tão especial. Sabe, como existe a questão do fuso horário, criando diferentes horas em diversos locais do globo, creio que Você não terá muitas dificuldades. Você poderá vir à hora que quiser. Estarei esperando. Minha casa não é muito grande. Aliás, é bem pequena. Tenho certeza que Você não se importará. E também creio que não se importará de andar em estrada de chão, porque o bairro onde moro é dos mais distantes. Quase ao final da cidade. Porém, como Você andou muito pelas estradas, e pelos campos, não creio que terá dificuldades em enfrentar esse pequeno trecho. Se vier durante o dia, Você reconhecerá minha casa, pelas rosas que enfeitam a cerca. Estarão todas desabrochadas, no dia do seu Natal. Elas costumam se debruçar, pendendo para o lado de fora, espiando a rua. Tenho certeza que nesse dia, mais do que nunca, elas estarão alongando suas hastes para vê-Lo desde longe. E quando o virem, exalarão tal perfume que me dirá que Você está chegando. Deixarei a luz acesa, caso Você decida vir após o cair da tarde. E a porta entreaberta. A mesa estará posta. Tenho guardado uma toalha para ocasiões especiais. Estará cobrindo a velha mesa. Assarei pão. Possivelmente não será tão saboroso como o de sua mãe. Entretanto, tenha certeza que farei a massa com todo o carinho. Colherei frutas das árvores do quintal e farei um bolo. Como sei que Você aprecia convidar os que andam pelas ruas, os que andam sozinhos, para a comemoração do seu aniversário, colocarei alguns pratos extras. Só peço que Você não convide muita gente, Jesus. Afinal, minha casa é pequena e meus recursos são poucos. Mas, repartirei com prazer o que tiver. Talvez Você não possa ficar muito tempo. Sei que Você é muito ocupado. Contudo, mesmo que Você parta, os seus amigos poderão ficar. Continuaremos a conversar sobre a grandeza dos Seus feitos e a sublimidade dos Seus ensinos. Preciso muito relembrar essas questões tão esquecidas. Se Você vier, Jesus, talvez possa esse ser o Natal da minha redenção. É que me sinto um tanto perdido, entre as coisas do mundo. Ando esquecido de orar. Por vezes, quase esqueço que sou filho de Deus. E herdeiro do universo. Sinto-me tão só que esqueço que posso encontrar irmãos em toda parte. Esqueço de tantas coisas. Por isso, Jesus, a sua presença, no Seu aniversário, será tão importante. Desejo, sinceramente, Jesus, que Você possa vir à minha casa para encher de luz meu coração e minha vida. Eu lhe direi feliz aniversário. Você me dará o presente de sua presença. E, então, será verdadeiramente Natal. 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita. Mhm18/11/2003.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

QUANTO AMOR!

ALAN KARDEC
Eu a conheci bela, nos seus trinta e cinco anos, mãe exemplar de duas crianças maravilhosas. Uma profissional bem sucedida, esposa dedicada. Ao se submeter a uma cirurgia, sofreu uma parada cardíaca, lesionando o cérebro, por falta de oxigênio. Começava ali, para ela e seus familiares, uma nova etapa em suas vidas. O olhar se tornou inexpressivo, parecendo vaguear em busca de algo. Toda a família se agregou ao seu redor, buscando dar-lhe o respaldo necessário. Mãe e irmãs, em rodízio constante, deixam seus lares para cuidá-la, na capital distante. Marido e filhos buscam adequar seus horários para colaborar. Seu lar foi transformado em um mini-hospital. Enfermeiras e médicos, de áreas diversas, se esmeram em atendimento constante. Anos se dobraram e a situação persiste. Tornei a vê-la, depois de dezoito anos. Linda na sua condição passiva, mostra uma fisionomia de serenidade plena. Firmes, seus familiares, agora com a presença também do pai, mantêm um ritmo incomparável, na atenção às suas necessidades. Nos mínimos detalhes, percebe-se a presença de um amor sem limites, que não se permite um só deslize. Pode-se dizer que ela está impecável, na sua aparência bem cuidada, e no seu estado totalmente dependente. 
 * * * 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
A lei Divina é inexorável. Devedores do ontem, rudes expiações nos podem envolver. As dificuldades podem se apresentar árduas, no entanto, a bondade Divina sempre nos providencia amparo, permitindo que, ao nosso lado estagiem amores desinteressados. Colhemos de O Evangelho segundo o Espiritismo, a belíssima mensagem: O amor é de essência divina. Desde o mais elevado até o mais humilde, todos vós possuís, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. Como todos temos essa centelha Divina, basta que nos dediquemos a praticá-lo para que se multiplique. O amor é base de todos os ensinamentos do Mestre Jesus, que o coloca na raiz de nossa felicidade, onde estivermos. É um sentimento tão especial que Jesus nos pede para o oferecermos também, aos inimigos e adversários. É por amor que Deus faz o sol nascer sobre os bons e os maus, sobre os justos e os injustos. Jesus, por amor, renunciou à glória estelar, mergulhando nas sombras da terra, a fim de elevar o homem de sua pequenez à luminosidade solar. É o amor que imprime no herói as marcas da mansidão e da justiça. É o amor que levanta o campeão do trabalho, na edificação do bem geral. É o amor que penetra a alma abrasada pela beleza e pelo bem, fazendo-a crucificar-se no ideal a que se entrega em regime de totalidade. Sendo Deus o amor, por excelência, por sermos Seus filhos, Sua criação, em nossa essência somos amor. Que essa fonte sublime jorre generosa de nós, permitindo que a sagrada linfa refresque os alheios sofrimentos. O amor de Deus, que tudo vitaliza, é o apelo para que o nosso amor vitalize uns aos outros, nesta maravilhosa aventura da evolução. 
Redação do Momento Espírita, com base em fatos; no item 9, do cap. 11 de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB e no cap. 30, do livro Terapêutica de emergência, por Espíritos diversos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 30.12.2016.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

NOSSA SOLIDÃO

Como ainda podemos nos sentir sós num mundo tão conectado, onde temos tanto acesso à informação, onde podemos nos comunicar com tanta facilidade uns com os outros? A resposta é simples, ao mesmo tempo indigesta: solidão tem a ver com algo mais profundo do que a presença de pessoas ao nosso lado, do que movimento das gentes, do que estar ou não conectado ou acompanhado. A prova disso é que alguns podem passar muito tempo sozinhos e não se sentirem sós. Outros, por sua vez, podem ter cônjuge, filhos, contarem amigos às centenas nas redes sociais, mas sofrerem de imensa solidão. 
 Friedrich Nietzsche
Nietzsche foi capaz de dizer com todas as letras: 
-Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou com a ausência das pessoas. 
A solidão patológica, que se instala como gigante da alma, tem a ver com a distância entre o ser e sua essência. Tem a ver com o vazio que ainda reina absoluto em nós. Há um imenso espaço a preencher dentro de nós, um espaço que apenas agora estamos descobrindo. Um universo onde ainda reina o silêncio – um silêncio incômodo, que tentamos preencher com os barulhos do mundo. Por isso falamos tanto e ouvimos tão pouco. Por isso buscamos tanto entretenimento e tão pouca cultura. Por isso apreciamos locais e músicas ruidosos. Tudo isso nos afasta do silêncio. O silêncio nos assusta. O silêncio nos força a ouvir os ecos da alma, nos força a olhar para dentro, a nos encontrarmos. Mas é justamente aí que está o caminho para tratar a solidão. Temos que buscar nossa essência através de dois grandes movimentos: amando a nós mesmos e amando ao próximo. A lição não é nova. Já fomos orientados, há muito tempo, sobre esse movimento necessário em direção ao Criador: nós e nosso próximo na direção de Deus. Conhecendo-nos, aceitando-nos, podemos dar os primeiros passos no rumo do auto-amor. Auto-perdão, disciplina, persistência são outros componentes importantes desse processo, que é longo, mas que precisa ser iniciado com urgência. Ao mesmo tempo, o amor ao próximo irá nos mostrar como nos preencher interiormente de outra forma. A lâmpada que ilumina o caminho de alguém, antes de tudo, clareia a si mesma. Quem ama se sente pleno, quem ama se completa, quem ama nunca se sente só. Ao invés de querermos a companhia de alguém, nos tornamos companheiros do outro. Ao invés de desejarmos que satisfaçam nossas carências, atenderemos as carências alheias. 
-Quem é solidário, nunca estará solitário, diz-nos, com propriedade, o Espírito Joanna de Ângelis. 
Esses dois amores primordiais, a nós e ao nosso próximo, colocam o ser, naturalmente, na direção do amor ao nosso Criador. Assim, enfim, a criatura que sempre esteve abraçada pelo Criador, mas nunca percebeu, agora o abraça conscientemente e diz: 
-Não me sinto mais só. 
* * * 
Não estamos sós, embora nosso coração ainda se sinta dessa forma. O mundo talvez não nos trate da maneira como desejaríamos. Criamos expectativas que se frustram com frequência. Aqueles que desejam nosso bem estão sempre ao nosso lado. Conversemos mais com eles. Paremos um pouco, façamos uma oração, em qualquer lugar, quando sentirmos vontade, e não nos sentiremos mais assim. Percebamos a vida pulsando à nossa volta. Não estamos sós. 
Redação do Momento Espírita. Em 29.12.2016.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

CONVITES DA VIDA

JOANA DE ÂNGELIS
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
Sem percebermos, a vida nos oferece convites sem cessar, em todos os aspectos, nas mais variadas situações. São os planos Divinos, que arquitetam lições para nosso aprendizado. Seja nas pequenas coisas do cotidiano, seja nas grandes decisões da vida, estaremos, não raro, sob os convites da vida, que estará a aguardar nossas decisões. O bem avaliar de cada um desses convites será decisório em nosso caminhar, em nosso aprendizado. Dessa forma, faz-se necessário avaliarmos com cuidado e maturidade cada uma das oportunidades que nos surge, cada situação que nos ocorre porque elas serão, sempre, os convites que teremos a analisar. Não raro, alguns de nós, nas lides profissionais, somos convidados à desonestidade, à ilegalidade. São convites à corrupção, ao suborno, às práticas ilícitas, quando lesamos a empresa que nos honra o salário ou a instituição governamental que representamos. Assim, o policial rodoviário, quando convidado pelo motorista desonesto ao suborno, poderá aceitar ou não o dinheiro ilícito. É convite que a vida lhe oferece. Haverá também o fiscal desse ou daquele órgão instituído, que poderá trocar suas obrigações funcionais pelo dinheiro fácil. São outros convites que a vida oportuniza. Algumas vezes, na vida em sociedade, somos convidados à mentira e à falta de honradez nas relações pessoais. Então, aquele que nos tem por amigo, na confiança da relação, deixa de contar conosco porque, por conveniência pessoal, traímos o sentimento. Na vida familiar os convites nos surgem, no sentido de priorizar as coisas do mundo às coisas do coração. Será quando, por questões financeiras, abrimos mão de relações afetuosas e de relacionamentos familiares felizes, por um desentendimento na partilha de uma herança ou na consumação de uma dívida. Por isso, será sempre oportuno que fiquemos atentos a respeito dos convites da vida que estamos aceitando. Quando o convite chega para que sejamos desonestos, é momento importante que a vida oportuniza para demonstrarmos a honestidade como valor da alma. Se o convite se concretiza na oportunidade de priorizar o dinheiro às amizades e relações familiares, é a chance que a vida oferece, para que optemos pelos valores do coração, preterindo os monetários. 
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Há convites perturbadores em toda parte, conclamando-nos ao desequilíbrio. Porém, se já conseguimos percebê-los, na intimidade da alma, poderemos bem conduzir o nosso proceder. O bem ou o mau caminhar de nossas vidas será sempre o reflexo de nossas opções, dos caminhos que decidimos percorrer. Assim, avaliemos como temos respondido aos convites da vida para que, mais tarde, não tenhamos o remorso e o arrependimento como companheiros das nossas desditas, fruto das opções que fizemos ao longo do nosso caminhar. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 9, do livro Momentos de felicidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 09.12.2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

EXEMPLOS MODIFICAM VIDAS

Archibald Joseph Cronin,
ou simplesmente 
A.J.Cronin
Dizem que as palavras convencem, mas os exemplos arrastam. Ou seja, os exemplos sempre falam mais alto e têm o condão de transformar vidas, arrebatar as pessoas. Narra o médico e escritor escocês A. J. Cronin, em uma página solta na imprensa internacional, intitulada Porque eu creio em Deus, sua experiência pessoal. Estudante de medicina na Universidade de Glasgow, durante a sua juventude, não era diferente dos seus colegas quanto à irreverência na crença no Ser Supremo. Quando pensava na palavra Deus, um sorriso de mofa lhe aparecia nos lábios, transparecendo o desprezo por esse mito, desgastado pelo tempo. Quando se formou e foi clinicar, ao sul do país de Gales, conheceu uma jovem enfermeira, cuja atuação lhe chamou muito a atenção. Ela trabalhava sozinha, numa ronda de quinze quilômetros diários, montada numa bicicleta, para atender os seus pacientes. Sua fisionomia revelava os traços de uma disposição, jovialidade e paciência dignas de admiração. Mesmo depois de um dia estafante, se chegasse um chamado urgente, retornava à sua tarefa. E nunca estava tão ocupada que não pudesse pronunciar uma palavra de consolo e bom ânimo a quem precisasse. Seu salário era irrisório e mal atendia as suas necessidades básicas. Mas, ela realizava o seu trabalho como se estivesse recebendo a maior remuneração de toda a classe médica. Certa noite, depois de um dia particularmente trabalhoso, difícil, doutor Cronin se sentou ao lado dela, para saborear uma xícara de chá. Observando-lhe o cansaço, o médico lhe perguntou: Enfermeira, por que você não exige que lhe paguem melhor? Você devia ganhar, pelo menos, o triplo do que ganha por semana. Você merece mesmo. Um silêncio se fez, por alguns instantes. Depois, ela sorriu e seu olhar brilhou intensamente, surpreendendo o médico. Então, com voz terna e modulada, ela respondeu: Doutor, se Deus sabe que eu mereço, isso é tudo para mim. Naquele momento, Cronin compreendeu que toda aquela existência de trabalho, em que se destacava o amor ao próximo, era um atestado evidente da sua maneira de adorar a Deus. Percebeu, num lampejo, a riqueza da significação da vida daquela jovem. E, por outro lado, o vazio interior existente no seu próprio mundo íntimo, pela ausência da crença em Deus. Aquilo o fez pensar e, depois de algum tempo, em que outros fatos se lhe alinharam à observação, ele se ergueu do pântano do cepticismo para a terra firme da adoração a Deus. 
 * * * 
Sim, exemplos arrastam. Falam muito mais alto à razão e ao coração do que muitas palavras. Por esse motivo, é que o sábio de Nazaré convocou os homens ao amor, prescrevendo: Amai-vos uns aos outros. E, para acrescentar Como eu vos amei, abandonou as estrelas, tomou um corpo de carne e veio viver entre as Suas ovelhas, Pastor Celeste que é. Durante pouco mais de três décadas, viveu a infância, a juventude e caminhou para a maturidade, servindo sempre, no lar, na carpintaria do pai, no mundo. Finalmente, certo de que lhe seguiríamos a exemplificação nobre, afirmou: Os meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem. Pensemos nisso. Vivamos e exemplifiquemos a sábia exortação. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A lei de adoração, de José Couto Ferraz, da Revista Internacional de Espiritismo, outubro 2016. Em 27.12.2016.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

CONVITE ESPECIAL

Em famosa passagem do Evangelho, Jesus fez um convite muito especial. Afirmou que quem desejasse ir após Ele deveria renunciar a si mesmo, tomar sua cruz e segui-lO. Esta afirmação é extraordinariamente rica, como ocorre em tudo o que procede do Cristo. Nela, o aspecto da renúncia pessoal não é o menos interessante. O serviço da própria sublimação não costuma ser compatível com a satisfação de todos os caprichos do coração. Quem deseja viver o bem, necessariamente precisa se afastar um pouco do bulício mundano. Não se trata de afastamento físico. Afinal, a virtude não pode ser uma flor de estufa, que não resiste à prova da realidade da vida. Esse afastamento é, num sentido muito específico, de não se deixar contaminar pelas loucuras e paixões correntes. A responsabilidade é muito variável entre as criaturas. Quem há pouco saiu da infância espiritual possui menores recursos de sublimação. É, até certo ponto, compreensível que se empolgue com o discurso mundano. Falta-lhe discernimento para compreender o que de fato lhe convém. Contudo, a situação é bem diferente em relação às almas já tocadas pela mensagem cristã. Para essas, grave é a responsabilidade. Caso optem por viver a ardência dos sentidos, em detrimento dos valores eternos, complicam-se de modo muito importante. Não se trata de um Deus punitivo a lhes cobrar contas. O problema reside na consciência desperta e lúcida. Por saber o que era possível fazer, a própria criatura se afunda no arrependimento. Se pôs a perder santas oportunidades, é com dificuldade que se justifica perante si mesma. Por isso, o caminho da redenção pressupõe renúncia. Renúncia às banalidades que tomam tempo. Renúncia às baixezas tão em voga. Renúncia à maledicência, à pornografia, às vantagens indevidas, à preguiça e ao ócio. A alma enamorada do ideal cristão tem em si uma urgência do bem. Tal não significa que viva enlouquecida no afã de muito fazer. Ela goza de uma paz especial, feita de serviço e de retidão. Trabalha porque sabe o valor do tempo. Mas entende que o resultado sempre pertence ao Senhor da vida. Seu foco reside em ser digna, útil e bondosa. Para atingir esse estado, dispõe-se a vários sacrifícios. Abdica de ter razão para viabilizar a paz. Abre mão de seu conforto para confortar o próximo. Tudo porque seu coração foi tocado pelo convite do Senhor. Ela realmente deseja segui-lO. Por isso, encontra forças para fazer as renúncias necessárias. Pense a respeito. 
Redação do Momento Espírita. Em 03.05.2012.

domingo, 25 de dezembro de 2016

NATAL EM NÓS

Eis que vos trago uma boa nova de grande alegria: na cidade de David acaba de vos nascer, hoje, o Salvador, que é Cristo, Senhor... Glória a Deus nas alturas, paz na Terra aos homens de boa vontade. Assim foi anunciado, aos pastores de Belém, por um mensageiro celeste, o grande acontecimento. Nas palavras vos nascer está toda a importância do Natal. Jesus nasceu para cada um em particular. Não se trata de um fato histórico, de caráter geral. É um acontecimento que, particularmente, diz respeito a cada um. Realmente, a obra do Nazareno só tem eficácia quando individualizada. A redenção, que é obra de educação, tem de partir da parte para o todo. Do indivíduo para a coletividade. Enquanto esperamos que o ambiente se modifique não haverá mudanças. Cada um de nós deve realizar a sua modificação. Depende somente de nós. O Natal, desta forma, é aquele que se concretizará em nós, com a nossa vontade e colaboração. O estábulo e a manjedoura da cidade de David não devem servir somente para composições poéticas ou literárias. Devemos entendê-los como símbolos de virtudes, sem as quais nada conseguiremos, no que diz respeito ao nosso aperfeiçoamento. O Espírito encarnado na Terra não progride ao acaso, mas sim pelo influxo das energias próprias, orientadas por Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Assim, toda a magia do Natal está em cada um receber e concentrar em si esse advento. Jesus é uma realidade. Ele é a Verdade, a Justiça e o Amor. Onde estes elementos estiverem presentes, Ele aí estará. Jesus não é o fundador de nenhum credo ou seita. Ele é o revelador da Lei eterna, o expoente máximo da Verdade, da Vontade de Deus. Jesus é a Luz do mundo. Assim como o sol não ilumina somente um hemisfério, mas sim toda a Terra, assim o Divino Pastor apascenta com igual carinho todas as ovelhas do Seu redil. O Espírito do Cristo vela sobre as Índias, a China e o Japão, como sobre a Europa e a América. Não importa que O desconheçam quanto à denominação. Ele inspira aos homens a Revelação Divina, o Evangelho do Amor. Aqui lhe dão um nome, ali um outro título. O que importa é que Ele é o mediador de Deus para os homens, e intérprete da Sua lei. Onde reside o Espírito do Cristo, aí há liberdade. Jesus jamais obrigou ninguém a crer desta ou daquela forma. Sábio educador, sabia falar ao íntimo da criatura, despertar as energias latentes que ali dormiam. Esta a Sua obra: de educação. Porque educar é pôr em ação, é agitar os poderes anímicos, dirigindo-os ao bem e ao belo, ao justo e ao verdadeiro. Este é o ideal de perfeição pelo qual anseia a alma prisioneira da carne. Jesus nasceu há mais de vinte séculos... Mas o Seu natalício, como tudo o que dEle provém, reveste-se de perpetuidade. O Natal do Divino Enviado é um fato que se repete todos os dias. Foi de ontem, é de hoje, será de amanhã e de sempre. Os que ainda não sentiram em seu interior a influência do Espírito do Cristo, ignoram que Ele nasceu. Só se sabe das coisas de Jesus por experiência própria. Só após Ele haver nascido na palha humilde do nosso coração é que chegamos a entendê-lO, assimilando em Espírito e Verdade os Seus ensinos. 
* * * 
Neste Natal lhe desejamos muita paz. Em nome do Celeste Menino, o abraçamos irmão, amigo. Jesus lhe abençoe a vida e lhe confira redobradas oportunidades de servir no bem. Que Sua mensagem de amor lhe penetre a alma em profundidade e que juntos possamos, em nome dEle, espalhar sementes de bondade, pela terra árida e sofrida dos que não creem, porque ainda não O conhecem. 
Feliz Natal! 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 4, do livro Na seara do Mestre, de Vinícius, ed. FEB. Em 22.12.2016.

sábado, 24 de dezembro de 2016

CONVITE DE JESUS

Ele é um jovem alto e de porte elegante. Adentra Roma, a Cidade Eterna, com esperança no coração. Vem em busca de trabalho. Naquele início do século quarto, o jovem artista deseja um lugar para se apresentar e garantir o sustento próprio. No paredão do aqueduto vê um cartaz: 
“O circo necessita de músicos, malabaristas, atores para representações.” 
O coração do jovem bate forte. Ali está a sua grande oportunidade. O circo necessita de artistas. Ele é um artista. Mas, Domiciano não sabe como chegar ao circo. A noite já começa a desdobrar seu manto negro sobre a Terra, enquanto ele principia a procurar o circo. Há muita gente nas ruas. Todos parecem seguir para uma mesma direção. São mulheres e crianças, velhos e jovens como ele. Ao contemplar-lhes os rostos, Domiciano percebe que todos estão felizes. 
-“Ora”, pensa, “são outros candidatos ao circo.” 
E segue-os. Rumam para fora da cidade e na medida que ganham as cercanias, o número de pessoas cresce. Domiciano pensa na concorrência. Seria bom que não fossem tantos. Contudo, os caminheiros não chegam ao circo, mas ao portão de uma quinta às escuras, quase oculta por entre espesso arvoredo. Um homem a todos recebe e a cada recém-chegado diz: 
- “Seja bem-vindo!” 
Domiciano está intrigado. Apesar do grande número de pessoas, ainda confia que apresentará sua performance e conseguirá o emprego. À luz de tochas de resina, um homem alto, de grisalhas barbas, adentra o local. Todos começam a cantar baixinho. 
-“Pois então”, pensa Domiciano, “não é que estão ensaiados.” 
Todos sabem o hino que ele tenta acompanhar. As palavras lhe entram no coração. São palavras mansas, a música é suave. Fala de um Reino além deste Mundo. Ele se sente transportado a uma esfera diferente. Emociona-se. Sente os olhos úmidos. Distribui-se um pedaço de pão, do qual ele mesmo se serve, com emoção. Depois, o homem grisalho relembra palavras e feitos de um outro Homem, chamado Jesus. Fala do princípio da caridade, do amor entre as criaturas, do abandono aos bens da Terra, do trabalho e canseiras da Terra, das alegrias do Céu. O jovem ouve e ouve. Não, aquilo não é o circo. Ele se enganou. Porém, seu coração lhe diz que aquele é um grande dia. Ao terminar a reunião, ele se aproxima do orador da noite e lhe fala: 
- “Cheguei aqui por acaso, mas quero ficar.” 
O outro o abraça e lhe diz: 
-“Nós te aceitamos. Mas não creio que chegaste por acaso. Alguém te trouxe.” 
- “Quem?” Pergunta Domiciano. 
E o próprio coração responde: 
-“Jesus.” 
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Jesus todos os dias renova o Seu convite às criaturas para que se acheguem à Sua mensagem e ao Seu coração. Para cada um, um convite especial. Você já recebeu o seu e o entendeu? 
 * * * 
Wallace Leal Rodrigues
Jesus é o mesmo ontem, hoje, sempre. Amor não amado prossegue amando. Seus braços abertos na cruz do martírio continuam abertos para abraçar a Humanidade inteira. Seus irmãos. 
Texto da Redação do Momento Espírita com base na pág. 194 – Domiciano, do livro A esquina de pedra, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

O MENINO DO NATAL

Ele foi aguardado pelo casal por mais de um ano. Considerados portadores de infertilidade, marido e mulher se inscreveram numa fila de adoção. Com seis dias de vida ele chegou. E porque fosse próximo ao Natal, logo foi chamado de nosso menino do Natal. Em seguida, o casal foi surpreendido com dois filhos biológicos. O menino do Natal, contudo, era muito especial. Natal era mesmo com ele. Era ele que se esmerava na decoração da árvore, que elaborava a lista de presentes, não esquecendo ninguém. Era pura felicidade. Natal era família, era orar e entoar cânticos. No seu vigésimo sexto Natal, ele se foi, tão inesperadamente quanto chegou. Morreu num acidente de carro, logo depois de estar na casa dos pais e decorar a árvore de Natal. A esposa e a filhinha o aguardavam em casa. Ele nunca voltou. Abalados pelo luto, os pais venderam a casa e se mudaram para outro Estado. Dezessete anos depois, envelhecidos e aposentados, resolveram retornar à sua cidade de origem. Chegaram à cidade e olharam a montanha. Lá estava enterrado seu filho. Lugar que jamais conseguiram visitar. O filho do casal morava em outro Estado. A filha viajava, em função de sua carreira. Então, próximo do Natal, a campainha da porta soou. Era a neta. Nos olhos verdes e no sorriso, via-se o reflexo do menino do Natal, seu pai. Atrás dela vinham a mãe, o padrasto, o meio-irmão de dez anos. Vieram decorar a árvore de Natal e empilhar lindos embrulhos de presentes sob os galhos. Os enfeites eram os mesmos que ele usava. A esposa os havia guardado, com carinho, para a sogra. Depois foi convite para a ceia e para comparecerem à igreja. A neta iria cantar um solo. A linda voz de soprano da neta elevou-se, fervorosa e verdadeira, cantando Noite feliz. E o casal pensou como o pai dela gostaria de viver aquele momento. A ceia, em seguida, foi cheia de alegria. Trinta e cinco pessoas. Muitas crianças pequenas, barulhentas. O casal nem sabia quem era filho de quem. Mas se deu conta de que uma família de verdade nem sempre é formada apenas pelo mesmo sangue e carne. O que importa é o que vem do coração. Se não fosse pelo filho adotado, eles não estariam rodeados por tantos estranhos, que se importavam com eles. Mais tarde, a neta os convidou para irem com ela a um lugar. Foi em direção às montanhas, ao túmulo do seu pai. Ao lado da lápide, havia uma pedra em formato de coração, meio quebrada, pintada pela filha do casal. Ela escrevera: Ao meu irmão, com amor. Em cima do túmulo, uma guirlanda de Natal, enviada, como todos os anos, pelo outro filho. Então, em meio a um silêncio reconfortante, a jovem soltou a voz, bela como a de seu pai. Ali, nas montanhas, ela cantou Joy to the world. E o eco repetiu diversas vezes. Quando a última nota se ouviu, o casal sentiu, pela primeira vez desde a morte do filho adotado, um sentimento de paz, de continuidade da vida. Era a renovação da fé e da esperança. O real significado do Natal lhes havia sido devolvido. Graças ao menino do Natal... 
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A verdadeira família é a que se alicerça em laços de afeto. Não importa se os filhos são gerados pelos pais ou se chegam por vias indiretas. O que verdadeiramente importa é o amor. Esse suplanta o tempo, a morte. Existe sempre. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Nosso menino do Natal, de Shirley Barksdale, do livro Histórias para aquecer o coração das mulheres, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jennifer Read Hawthorne e Marci Shimoff, ed. Sextante. Em 23.12.2016.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

CONVITE À REFLEXÃO

A transitoriedade da vida terrena é um convite à reflexão. Os homens em geral se empenham para atingir variados objetivos. Elegem metas por vezes ambiciosas e dedicam suas vidas a conquistá-las. Também fazem de tudo para ver seus filhos vitoriosos, conforme os padrões do mundo. Pagam-lhes bons colégios, cuidam de sua instrução formal com desvelo. Esses objetivos costumam ser louváveis. Como vivem em um mundo material, os homens precisam se ocupar das coisas tangíveis. Não dá para se tornar um peso nos ombros do semelhante, enquanto se filosofa sobre tudo e sobre nada. Apenas não é prudente esquecer que as questões materiais fatalmente passarão. No esforço de conquistar ou manter coisas, não compensa comprometer a própria dignidade. Às vezes parece que certa conquista é questão de vida ou morte. Se dado cargo não for conquistado, a vida parecerá sem sentido. Entretanto, a permanência nesse cargo será por pouco tempo, considerando a eternidade da vida que jamais se esgota. Do mesmo modo, a paixão pode colorir de modo excepcional o afeto que alguém inspira. Ainda que ele seja comprometido, parece que tudo se justifica, desde que seja possível viver aquele sonho dourado. Nessas situações, a criatura pode se permitir comportamentos indignos. Ocorre que a felicidade jamais é fruto de indignidade. A paixão violenta cedo ou tarde amainará. O cargo importante mudará de mãos. O dinheiro será consumido, perdido, roubado ou apenas deixado para trás no momento da morte. O automóvel novo se desgastará e sairá de linha. Em suma, tudo passa e lentamente perde a importância. Mas é preciso conviver para sempre com o que se é. A realidade íntima não se altera com o simples passar do tempo. Ela não se desgasta, não se torna obsoleta e nem se recicla, sem vontade e esforço. Muitos Espíritos, pelo fenômeno mediúnico, relatam sua decepção após a morte física. Tiveram de contemplar suas posses e conquistas materiais passarem a outras mãos. Ao mesmo tempo, constataram a miséria a que se reduziram, à custa de atos indignos. Renasceram para evoluir e transcender e se tornaram grandes devedores perante a vida. 
Pense nisso, para não inverter suas prioridades. Viva no mundo, mas não se torne escravo dele. Antes de mais nada, cuide de adquirir grandeza íntima. Seja bondoso, leal e trabalhador, mesmo nos momentos difíceis. De nada lhe adiantará conquistar coisas e perder-se a si próprio. 
Redação do Momento Espírita. Em 04.06.2010.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

COMO DEUS AGE!

Quando se fala em Providência Divina, nesse especial cuidado que o Pai Celeste tem para com cada um de nós, um certo ar de descrença, por vezes, nos envolve. Tudo nos parece como que algo um tanto místico, mágico e desconsideramos a questão. No entanto, Deus tem formas muito estranhas de enviar o Seu auxílio. Como para com aquele idoso, Dan Peterson, de mais de oitenta anos, que fazia compras em um mercado, na Geórgia, nos Estados Unidos. Passando por um dos corredores, uma garotinha que ajudava sua mãe, Tara Wood, nas compras, acenou para ele e disse: 
-Oi, velhinho. 
A simples frase despertou o interesse dele, que olhou para ela, que concluiu: 
-Hoje é meu aniversário. 
Peterson conversou rapidamente com Norah e os dois se abraçaram como se fossem velhos amigos. Comovido, ele segredou para a menina que aquele tinha sido o seu melhor dia, desde há muito tempo. Minutos depois, a garotinha voltou, querendo tirar uma foto com o senhor, que tinha acabado de conhecer. A mãe achou tudo aquilo muito interessante e resolveu compartilhar a foto no Facebook, contando para os amigos o ocorrido. Recebeu, de retorno, em meio a muitas mensagens, a informação de um amigo de Peterson de que ele perdera a mulher há poucos meses, estava muito triste, solitário e que conversar com Norah o deixara feliz. Ao saber disso, Tara decidiu levar sua filha para visitar o novo amigo. No primeiro reencontro, Norah abraçou o idoso, mostrou a foto que tinham tirado no mercado e deu a ele algumas pinturas que tinha feito. Ele pendurou todas elas na geladeira e ofereceu doces. Alguns dias depois, Norah manifestou a sua preocupação porque o amigo morava sozinho. Perguntou para a mãe se poderiam comprar um cachorro para ele. Afinal, disse a pequena, em sua sabedoria infantil, cachorros fazem tudo ficar melhor. Foi assim que, numa visita surpresa, mãe e filha levaram um cachorro de pelúcia para ele que também tinha comprado um bichinho de pelúcia para Norah. Entretanto, a garota continuou a se preocupar com ele e, em outro dia, levou para o amigo especial um cobertor para que ele não passasse frio à noite. Porque, afirmava ela, em sua lógica, ele mora sozinho e deve sentir frio. E para o aniversário de 82 anos dele, ela tratou de providenciar balões, presente e bolo para a comemoração. A vida de Peterson se transformou. Ele confessou que não tinha uma noite inteira de sono há muitos meses. A tristeza e a ansiedade o martirizavam. Agora, durmo bem e rapidamente, todas as noites. Ela me curou, confessa o idoso, emocionado. E afirmou, por fim: 
-Se eu não tinha mais nada para fazer no restante da minha vida, agora eu tenho uma pessoa especial para amar. 
 * * * 
Sim, Deus age de formas inusitadas. Provoca um encontro entre uma menininha e um idoso e tudo se altera. Alguém que havia desistido de viver, arrasado pela morte da companheira de tantos anos, encontra novo ânimo. E quem pode afirmar que não se trata de um reencontro de almas afins? Afinal, como explicar o encantamento e a preocupação de uma garotinha por um idoso, a partir de um encontro casual, em um mercado? 
Redação do Momento Espírita, a partir de narrativa de Geovanna Mazzeo.
Em 21.12.2016.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

CONVITE À PALAVRA

Com fúria e raiva acuso o demagogo 
e o seu capitalismo das palavras.


Pois é preciso saber que a palavra é sagrada 
que de longe muito longe um povo a trouxe 
e nela pôs sua alma confiada.

De longe muito longe desde o início 
o homem soube de si pela palavra 
e nomeou a pedra, a flor, a água 
e tudo emergiu porque ele disse.

Com fúria e raiva acuso o demagogo 
que se promove à sombra da palavra 
e da palavra faz poder e jogo 
e transforma as palavras em moeda 
como se fez com o trigo e com a terra.

Instrumento valioso é a palavra, doação Divina para o elevado ministério do intercâmbio entre os homens. Resultado de notáveis experiências, o homem nem sempre a utiliza devidamente, dominado pela leviandade. Embora o ser humano, com raras exceções expiatórias, seja dotado do recurso vocálico, somente poucos dele se servem com a necessária sabedoria, de modo a construir esperanças, balsamizar dores e traçar rotas de segurança. Fala-se muito por falar, matar-se o tempo. A palavra, não poucas vezes, se converte em estilete da impiedade, em lâmina da maledicência, em bisturi da revolta e golpeia às cegas ao império das torpes paixões. No entanto, pode modificar estruturas morais, partindo dos ensaios da tolerância às materializações do amor. Semelhantes a gotas de luz, as boas palavras diluem conflitos, equacionam incógnitas, resolvem dificuldades. Falando e lutando insistentemente, Demóstenes tornou-se o insigne orador e construtor de conceitos lapidares dos tempos antigos, vencendo a gagueira, qual Webster ante a timidez, nos tempos hodiernos, na América do Norte... Falando, heróis e santos reformularam os alicerces da idiossincrasia ancestral, colocando alicerces para a era melhor. Falando, não há muito, Hitler hipnotizou multidões enceguecidas que se atiraram sobre as nações inermes, transformando-as em ruínas, por onde passeavam as sombras dos sofrimentos humanos... Guerras e planos de paz sofrem a poderosa força da palavra. De tal forma é importante, que os modernos governantes do mundo, envidando esforços titânicos, modificaram as bases da diplomacia universal, visitando-se reciprocamente para conversar. A palavra, todavia, deve partir das fontes do pensamento luarizado pelo Evangelho. Há quem pronuncie palavras doces, com lábios tisnados de fel. Há quem sorria, embora chorando. Há aqueles que falam meigamente, cheios de ira e ódio... Mas esses são enfermos em demorado processo de reajuste. 
 * * * 
Desculpa a fragilidade alheia, lembrando-te das próprias fraquezas. Evita censura. A maledicência começa na palavra do reproche inoportuno. Se desejas educar, reparar erros, não os abordes estando o responsável ausente. Toda palavra rude, como qualquer censura contumaz, faz-se hábito negativo que culmina por envilecer o caráter de quem com isso se compraz. Enriquece o coração de amor e banha o cérebro com as luzes da misericórdia Divina e da sabedoria, a fim de que fales, e fales muito, o de que está cheio o coração. 
Redação do Momento Espírita com citação do poema Com fúria e raiva, de Sophia de Mello Breyner Andresen, da obra O nome das coisas e do cap. 35 do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 15.10.2009.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

TERNURA E AMOR

Um homem, desiludido da vida, foi em busca de um profissional, pois precisava de ajuda para o seu peito oprimido. Começou dizendo que não amava mais sua mulher, e por isso, queria se separar. O terapeuta o observou e lhe disse que seu caso era simples, desde que esclarecidos determinados pontos. Continuou, falando que ele deveria amar sua esposa e tratá-la com ternura. Inquieto, o homem afirmou que não sentia mais nada pela sua mulher, e que precisava de ajuda para conseguir separar-se dela. Novamente, ouviu que deveria amá-la com ternura. Aquele homem, que esperava uma solução simples, prática e plausível, sentiu-se muito desconfortável. Diante disso, falou o profissional, dando um novo colorido à situação: 
- Amar é uma decisão, não é apenas um sentimento. Amar é dedicação e entrega, é ternura e carinho. Amar é um verbo, e o fruto dessa ação é o amor. O amor é um substantivo, um exercício de jardinagem. É preciso arrancar o que faz mal, pela raiz, preparar o terreno, semear, ter paciência, regar, cuidar... Podem aparecer pragas, vir a seca, nem por isso devemos abandonar o jardim. Assim, devemos amar nosso par, aceitá-lo, valorizá-lo, respeitá-lo, dar amor e ternura, admiração e compreensão. Por isso é que o caminho mais correto, para o seu caso, é amar. Ame simplesmente, ame! 
E aquele homem, antes desconfiado, agora pensativo, saiu com o firme objetivo de pensar naquela receita: amar é um verbo, uma ação. Amor é um substantivo, um exercício. 
 * * * 
Descartar o que, aparentemente, não mais nos serve e incomoda, é muito prático e conveniente. Não exige muito, apenas um pouco de coragem e ousadia. Quando, porém, nossos sentimentos amadurecem e passamos a desejar ao outro o que queremos para nós, tudo muda. Benditos sejam os que fazem pensar, meditar. Abençoados os que nos mostram a situação vivenciada sob um ângulo mais claro. A vida é uma escola, onde as lições de cada dia servem de despertador, para fazer acordar determinadas situações. Temos necessidade de descobrir os potenciais ocultos em nós próprios. Sempre é momento de dedicarmos carinho, ternura e amor, a quem compartilha nossos caminhos na vida. Aprendemos que é necessário fazer o bem na medida de nossas forças. Mais: que responderemos por todo o mal que resultar do bem que não fizermos. Assim sendo, não podemos nos considerar inúteis. Deus está presente em nós. Busquemos auxílio e auxiliemos nossos amores a crescerem na vida. Os tesouros de bondade, levamos no coração, para serem espalhados ao nosso redor. Mesmo que não tenhamos a riqueza da cultura intelectual, sempre podemos espalhar a riqueza dos bons sentimentos. Podemos não ser imensamente felizes, mas poderemos nos felicitar com o bem-estar que semearmos. A vida nos apresenta oportunidades a cada novo dia. Somos filhos de Deus, e estamos mergulhados no Seu amor. Se ainda não começamos a agir de acordo, sempre é tempo de começar. A inteligência sem amor nos faz perversos. A vida sem ternura e amor não tem sentido.
Redação do Momento Espírita. Em 19.12.2016.

domingo, 18 de dezembro de 2016

CONVITE AO PERDÃO

Francisco Cândido Xavier foi um homem que viveu semeando a palavra do Cristo. Através das suas atitudes, pregou a paz e ensinou a caridade. Sua vida foi um exemplo de conduta cristã. Médium, viveu por noventa e dois anos, foi desprezado por muitos e durante sua vida sofreu ofensas e insultos, tendo passado imune a tudo. Em uma de suas muitas frases que ficaram registradas, ele disse: 
-Graças a Deus, não me lembro de ter revidado a menor ofensa que sofri, certamente objetivando, todas elas, o meu aprendizado. E não me recordo de que tenha, conscientemente, magoado a quem quer que fosse. 
Esta frase nos faz refletir sobre a forma como agimos diante das ofensas que sofremos. No cotidiano, nos deparamos com situações que põem à prova a nossa conduta. São os olhares de desprezo ou de inveja. As palavras que ferem, humilham, magoam. As indelicadezas e os gestos que perturbam e ofendem. São também as atitudes contínuas de omissão, de abandono dos deveres, ou de opressão, que acontecem entre irmãos, casais, pais e filhos, que vão se somando e se transformando em imensas mágoas. É comum vermos famílias desestruturadas pelo cultivo da raiva, do rancor e da indelicadeza. Enfim, vemos com frequência, relações se esvaindo pela ausência do perdão. Seja qual for a gravidade do ato infeliz que nos atinja, enxerguemos o outro, que nos fere e magoa, como alguém que pode estar enfermo e precisando de ajuda. E como escolhemos agir diante de quem nos ofende? Quando procedemos da mesma forma que o outro, entrando na sua sintonia, revidando, seja com palavras ou com atitudes, estaremos deixando que o outro dite a nossa conduta. Estaremos nos equiparando àquele que cometeu o gesto desequilibrado. É certo que ficamos tristes quando alguém nos ofende, mas o que deveria mesmo nos entristecer, é quando somos nós os ofensores. Trabalhar o perdão ao próximo, assim como o auto-perdão, é um exercício diário que podemos nos propor. Todos nós somos capazes de perdoar. Não nos esqueçamos de que, por diversas vezes, nós é que desejamos ser perdoados. Temos que começar relevando e perdoando as leves ofensas, para que estejamos preparados, quando nos depararmos com situações mais delicadas que nos exijam essa virtude. Perdoar também é doar. Ao perdoar estaremos doando entendimento, paciência, compreensão e o amor que purifica. O esquecimento das ofensas é próprio da alma elevada. Mas o perdão não é o esquecimento do fato. Por vezes, torna-se difícil eliminar da memória uma atitude que tenha nos ferido. Perdoar é cessar de ter raiva, é deixar de nutrir em nós o ressentimento pela pessoa que nos causou a dor ou o gesto infeliz que nos atingiu. Perdoar acalma, liberta, traz paz e harmonia às nossas vidas. O verdadeiro perdão é aquele que vem do coração e não dos lábios. Façamo-nos hoje o convite para que deixemos que o perdão triunfe sobre a mágoa e o ressentimento. 
Redação do Momento Espírita. Em 03.06.2011.

sábado, 17 de dezembro de 2016

CONVITE À JUVENTUDE

Narra-se que, entre a Judéia e a Síria, na cidade de Sebastes, também chamada a "Rainha do Ponto", pelos anos trezentos, 40 jovens deram sua vida por amor à verdade. Eram todos legionários e cristãos. Recrutados pelas ordens romanas. Vestiam os uniformes, os capacetes e as capas vermelhas. Em seus corações, porém, serviam a Jesus, e somente a Ele. Muito antes que as vozes de Roma se fizessem ouvir, nas ordens de recrutamento, eles haviam acedido, vindos de variadas partes do globo, à doce voz do Rabi Galileu. Porque as perseguições se fizessem intensas, reuniam-se às escondidas em local ermo e abandonado. Após o recrutamento, raramente podiam estar todos juntos, ao mesmo tempo, pois que diferentes eram os dias das suas folgas. Mas não descuidavam do estudo dos ditos do Senhor e dos Atos dos Apóstolos, das epístolas de Pedro e Paulo. Serviam na Décima Segunda Legião todos eles. Um dia, uma denúncia anônima os colocou frente a um teste terrível. Para salvar suas vidas deveriam oferecer sacrifícios ao deus Júpiter. Porque se recusassem, receberam a pena máxima. Desejosos seus superiores que suas mortes servissem de lição a outros ou quem sabe, com o intuito de que fraquejassem e voltassem atrás em sua decisão, escolheram uma forma lenta de agonia para eles. Foram conduzidos até a beira de um lago, cujas águas frias tornavam-se geladas nas noites de inverno. Ao som dos tambores, os quarenta jovens perfilados, robustos na sua fé, avançaram para o lago. A água foi lhes chegando às virilhas, depois às cinturas, finalmente aos ombros. Foram horas e horas de imersão nas águas negras e salgadas. A chama da fé os aquecia ao ponto de cantarem. E o canto era como uma cascata de esperanças feita em sons de ternura e renúncia. Na madrugada, um a um, eles foram morrendo, hirtos de frio, congelados. Lembrando os legionários, heróis da fé, recordamos da mocidade dos dias atuais. Observando tantos moços a descerem pelas ladeiras escuras do vício e da desesperança, pensamos na mensagem do Cristo que se dirige, esperançosa e viva a todos os homens. Muito poderiam esses jovens, se portassem Jesus em suas vidas, desde que dispõem da agilidade mental, do vigor físico, de energias! Crescer para a luz, e na sua ascensão, arrastar outros tantos, pois toda vez que um homem se ergue no Mundo, centenas se erguem com ele. 
 * * * 
Jovem! Ouve a mensagem de Jesus que te chega, límpida e pura e afeiçoa-te ao bem. Não permitas que passe o tempo e fujam as horas. Enquanto a juventude canta em teu corpo, estuda e trabalha. Executa tarefas no bem, semeia luzes em tuas veredas. Mais tarde, as haverás de perceber como estrelas luminescentes que aclararão os dias da tua madureza e da tua velhice. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXVIII do livro Esquina de pedra, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O Clarim. Em 24.01.2008.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

QUERO SER UMA TV

Na sala de aula, a professora pediu aos alunos que fizessem uma redação, e que nela expressassem, de alguma forma, o que gostariam que Deus fizesse por eles. Já em casa, quando corrigia os textos dos alunos, deparou-se com uma que a deixou deveras emocionada. Um choro sentido irrompeu sem que ela pudesse controlar. Deixou tudo o que estava fazendo, sentou-se numa poltrona, ainda com a redação nas mãos, e ficou ali, pensativa, entre lágrimas. O marido percebeu que alguma coisa estava errada, e entrou no escritório onde ela estava: 
-O que aconteceu, querida? 
Ela, sem conseguir falar direito, passou a ele a redação e disse:
- Lê... A redação é de um aluno meu. 
O marido segurou a folha de papel e começou a ler: 
"Senhor, nesta noite, peço-te algo especial: transforma-me numa televisão. Quero ocupar o espaço dela. Viver como a televisão da minha casa vive. Ter um espaço especial para mim e reunir a família ao meu redor. Quero ser levado a sério quando falar. Ser o centro das atenções e ser escutado sem interrupções e perguntas. Senhor, quero receber a mesma atenção que ela quando não funciona, quando está com algum problema. Ter a companhia de meu pai quando ele chega em casa, mesmo que esteja cansado. Que minha mãe me procure quando estiver sozinha e aborrecida, ao invés de me ignorar. E ainda, que meus irmãos briguem para poderem estar comigo. Quero sentir que minha família deixa tudo de lado, de vez em quando, para estar comigo. Por fim, que eu possa divertir a todos. Senhor, não te peço muito. Só te peço que me deixes viver intensamente como qualquer televisão vive!"
Quando o marido terminou a leitura, estava incomodado. 
-Meu Deus, coitado desse menino! Que pais ele tem! 
Disse ele, virando-se para a esposa. A professora olhou bem nos olhos do marido e depois baixou-os, dizendo num sussurro: 
-Esta redação é do nosso filho... 
 * * * 
Há tantas coisas que o mundo moderno nos oferece! Tantas opções para tudo, que ainda parecemos deslumbrados com esta realidade, como crianças ao adentrar numa imensa loja de brinquedos. São tantas informações disponíveis, tantas distrações, tanto entretenimento ao nosso dispor... Mas será que não estamos deixando de lado o mais importante? Será que sabemos o que é mais importante, o que procurar na vida? Mediante esta constatação, será que a família não está sendo deixada em segundo plano? Será que os relacionamentos não estão sendo vividos numa certa superficialidade confortável? É tempo de pensar em tudo isso. Não troquemos a brincadeira com um filho por um jornal televisivo. Não troquemos momentos de conversa amiga com os familiares por um capítulo de novela. Aquele reality show não é mais importante do que o telefonema ao amigo, perguntando se está bem. A vida em família é o grande alicerce da felicidade de todos nós. O resto é acessório. O resto... é resto. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. Em 16.12.2016.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O ANIVERSARIANTE

Aquela família se reunia na véspera de Natal, na entrada da noite. Assim procedia porque, em seguida, os filhos e netos compartilhariam com os outros avós, a ceia natalina. Nada mais do que um acordo amigável. A família contava com quatro pequeninos muito espertos, que não deixavam as guloseimas do Natal esperando. O ponto alto era o bolo, feito pelas mãos da avó, com várias camadas e muito bem decorado. Ela o trazia para a sala, colocava-o sobre a mesa e falava do significado daquela noite. Uma noite de festa. Uma noite para comemorar um Aniversário muito importante. O Aniversário de Alguém especial. Entre a emoção e o entusiasmo, a avó narrava como se dera o nascimento do Aniversariante, alguns detalhes da Sua vida e Seus ensinamentos. Chegava, enfim, o momento de todos cantarem Parabéns a você. Era uma alegria imensa para as crianças. Cada qual fazia uma declaração ou uma homenagem, agradecendo a doce presença de Jesus e o que Ele representava em suas vidas. Os maiores declamavam poesias que falavam do Natal e do amor do Mestre. Como o Aniversariante era Jesus, para Ele eram direcionadas as homenagens. E o grande presente de amor e gratidão. Mais tarde, na casa dos outros avós, os pequenos teciam comentários sobre a comemoração. O assunto tomava corpo, e uma atividade era programada para o dia seguinte: levar os bolos e doces para um lar de crianças do bairro, em nome de Jesus. Aproveitar para falar sobre o grande amor de Jesus por todos os Seus irmãos. Entusiasmados, os pequenos acrescentavam algo de realmente seu e selecionavam alguns brinquedos para oferecer àquelas crianças. Assim agindo, aquela família ensinava, desde cedo, aos pequeninos, o verdadeiro sentido do Natal. E como ofertar ao nobre Aniversariante o melhor presente: o amor espalhado entre todos. 
 * * * 
Reconhecer o verdadeiro sentido e valor do Natal é obrigação de todos os que nos afirmamos cristãos. Natal é uma festa eminentemente cristã, por ser dedicada ao Cristo Jesus. Muito oportuno seria estimularmos em nosso lar, a autêntica comemoração cristã, que fala de fraternidade, de encontro da família. Uma noite para estarmos juntos, cearmos, rirmos, trocarmos presentes, se desejarmos, sem esquecer a figura principal, o Aniversariante. Ideal seria se, a cada ano, nos esmerássemos em criar formas sempre renovadas de prestar homenagem ao Mestre. Há tanto que pode ser feito: visitar os que se encontram hospitalizados ou um idoso que sabemos vive só. Podemos levar brinquedos para crianças em carência material e ofertá-los, sejam em pacotes vistosos, com laços de fita chamativos ou não, representando o nosso carinho, que é, sem dúvida, o maior presente. Um abraço, um aconchego, um afago. Tudo em nome de quem aniversaria nesse dia e que espera que a Sua mensagem de amor e de paz se espalhe por toda a Terra. Excelente dia para iniciar essa prática. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Em 15.12.2016.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

CONVITE À HARMONIA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
A harmonia íntima é um estado d'alma dos mais almejados pelo ser humano, mas também um dos mais difíceis de ser alcançado. No entanto, esse bem-estar requer investimento, disposição e muita força de vontade. A harmonia só pode ser conquistada, com esforço constante, nas mais variadas situações do quotidiano, até naqueles mais adversos. Talvez adivinhando esse nobre desejo dos homens, e com intuito de ajudar, o Espírito Joanna de Ângelis, através do ilustre médium Divaldo Pereira Franco, escreveu uma mensagem que intitulo Convite à harmonia. Eis o seu carinhoso convite: Como hábito, uma que outra vez com regularidade, altera o ritmo das atividades do quotidiano, a fim de haurires na comunhão da Natureza a necessária harmonia para o prosseguimento dos labores abençoados. Uma evasão da cidade agitada na direção do bosque; Uma excursão a um local bucólico e ameno; Uma jornada aos campos dos arredores; Uma caminhada pela orla marinha; Um piquenique na montanha... Paisagens novas, pouco habituais à contemplação, ao exercício, à reflexão. Neste recanto uma delicada flor oscilando em haste tênue; de um local mais alto, visão ampliada, superando detalhes e vencendo distâncias; em volta o ar rarefeito, suave, respirável; margaridas rasteiras salpicando o verdor de todos os tons; o pulsar do corpo gigante do mar; búzios e algas variados pelas praias, despertando atenção; painéis coloridos, o céu, o sol, a vida... Detém-te um pouco a considerar a harmonia que palpita em toda parte, ausculta o coração da Natureza, deixa-te arrastar... Refaze programações, renova o entusiasmo, desasfixiando-te, eliminando tóxicos, miasmas que te excitam no dia-a-dia ou te entorpecem na maior parte das horas... Nada de complexas e exaustivas arrumações: barracas, farnéis, guloseimas, isto, aquilo... Algumas horas nada são. Não devem ser complicadas, de modo a não se converterem em nova inquietação, diferente ansiedade. Se, todavia, acreditares não dispor de tempo, de oportunidade, de meios, de recurso nenhum, senão disposição, abre a janela, à noite e fala às estrelas, escuta os astros fulgurantes e harmoniza-te. Harmonia é também pão e medicamento. Não a dispenses se pretendes lograr êxito. Mesmo Jesus, após as atividades de cada dia, ao lado dos amigos, refugiava-se, longe das multidões, no contato com a Natureza, orando, para prosseguir em harmonia com o Pai.
 * * * 
Existem muitos livros de mensagens escritas pelos Espíritos superiores para nos ajudar a encontrar a felicidade que tanto desejamos. São nossos irmãos em humanidade que, do outro lado da vida, se compadecem das nossas árduas lutas e nos enviam seus sábios conselhos através de médiuns abnegados. São mensagens esclarecedoras e que trazem consolo aos corações sofridos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 27, do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 27.8.2012.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

CONVIDEMOS O AMOR

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANA DE ÂNGELIS
Diz a lenda, que uma mulher abriu a porta de sua casa e viu três homens de longas barbas brancas, sentados em seu quintal. Ela não os reconheceu, mas os convidou a entrar. Acho que devem estar com fome. 
-Por favor, entrem que lhes servirei algo, falou-lhes a mulher, com ar amistoso. 
-O homem da casa está? Perguntaram os visitantes. 
-Não, ele está fora. 
-Então, não podemos entrar, responderam rapidamente. 
À noite, quando o marido chegou, ela lhe contou o que havia acontecido. 
-Vá e diga a eles que já estou em casa e convide-os a entrar. 
A mulher saiu e os convidou. 
-Não podemos entrar juntos, responderam. 
-Por que isto? Ela quis saber. 
Um dos velhos, apontando para um de seus amigos disse-lhe: 
-O nome deste é fartura. 
Depois, apontou para o outro e falou: 
-Ele é o sucesso e eu sou o amor. 
E logo completou: 
-Agora vá e discuta com o seu marido qual de nós vocês querem em sua casa. 
A mulher entrou e falou ao marido o que tinha ouvido. E ele, muito contente, disse: 
-Que bom! 
Pensou um pouco e respondeu à esposa: 
-Neste caso, vamos convidar fartura. Deixe-o vir e encher nossa casa de abundância. 
A esposa discordou, dizendo: 
-Meu querido, por que não convidamos o sucesso? 
A cunhada, que ouvia do outro canto da casa, apresentou sua sugestão: 
-Não seria melhor convidar o amor? Nossa casa então ficará cheia de amor.
-Atendamos ao conselho da nossa cunhada, disse o marido para a esposa. Vá lá fora e diga ao amor que ele é nosso convidado. 
A mulher saiu e perguntou aos três homens: 
-Qual de vocês é o amor? 
O ancião que representava o amor apresentou-se e ela o convidou: 
-Por favor, entre e seja nosso convidado. 
O amor levantou-se e seguiu em direção à casa. Os outros dois também se levantaram e o seguiram. Surpresa, a senhora lhes falou: 
-Convidei apenas o amor. Por que vocês entraram? 
Os velhos homens responderam juntos: 
-Se você convidasse o fartura ou o sucesso, os outros dois esperariam aqui fora, mas como você convidou o amor, onde ele for, iremos com ele. 
E é por isso que, onde estiver o amor, também estará a fartura e o sucesso. 
* * * 
O amor é o ilustre convidado do qual nunca deveríamos nos esquecer. Onde o amor se faz presente não há lugar para dúvida nem para outros visitantes indesejáveis, pois só ele atrai todas as demais virtudes que nos trazem a felicidade. Não é outro o motivo pelo qual Jesus viveu e recomendou o amor em todos Seus ditos e feitos. Ante o amor, a dificuldade torna-se desafio, a dor faz-se teste, a enfermidade constitui resgate, a luta se converte em experiência, a ingratidão ensina, a renúncia liberta, a solidão prepara e o sacrifício santifica...
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem de autoria ignorada e com pensamentos do verbete Amor, do livro Repositório de sabedoria, v. 1, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 13.09.2010.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

DIAS DE OPORTUNIDADES

Diz-se que a vida é construída nos sonhos e concretizada no amor. Sabe-se que um pequeno grão de alegria e esperança no coração, tudo pode transformar. Comenta-se que cada dia que nasce é como uma página em branco, para registrarmos mais um capítulo de nossas vidas. Tudo na vida muda de aspecto quando encarado com otimismo. Deus nos permite, enquanto na Terra, dias de sol e outros de chuva. Dias de alegria e descontração para nos revigorarmos, e dias de dores e lágrimas, para ponderarmos. Permite-nos acendermos as nossas luzes interiores, mesmo frente às borrascas morais. Conforta-nos quando estamos tristes iluminando sempre nossos caminhos. Porém, é nossa escolha pensar positivo, ou mergulhar nas lamúrias. Proferir palavras de ânimo e esperança, ou falar de maneira a abrir feridas na alma de quem nos ouve. Hoje é oportunidade de melhorarmos nossa maneira de sentir, pensar e falar, buscando felicidade. De deixar a solidão de lado, buscando nos aproximar de quem precisa de atenção especial. Fazer um agrado, dar um bom dia, sorrir com simpatia. Hoje é dia de vencermos a nós mesmos, buscando alegria na prática do amor e da caridade. Começamos fazendo um pouco e logo realizaremos o muito. 
 * * * 
Quando a tristeza invadir nosso coração, levantemos os olhos para o infinito e teremos o espetáculo do sol ou da chuva a nos estimular. Ouçamos o canto da passarada que, desde os primeiros cícios da manhã, desperta, e louva a Deus com seus gorjeios. Contemplemos o orvalho que beija as flores, segredando-lhes notícias do dia que se espreguiça, tentando despertar. Mesmo que o nosso coração esteja enlutado pela ausência de um amor, pela partida de um ser querido, pelo ultraje sofrido, a natureza nos diz que é tempo de abandonarmos os crepes. O sol é mensageiro de vida, com seus raios de luz, dizendo às trevas que é hora de seu recolhimento. A chuva generosa penetra a terra e podemos ouvi-la ser sorvida, com sofreguidão. Cada dia é uma mensagem de renascimento. Cada dia se esmera em ser diferente do anterior, porque Deus é, de tal forma, insuperável, que não se repete. Por isso Ele não reprisa as cores da madrugada, nem envia as mesmas gotas de chuva para abrandar a sede das matas. Tudo é novo, a cada dia. Absorvamos, pois, essa mensagem de revigoramento e vivamos. Se a dor nos atingiu, haverá de passar. Ou, ao menos, amenizar, no transcorrer das horas. Não permitamos que ela nos abrace e não mais nos deixe. É tempo de viver, de conquistar virtudes, de aprender algo mais, de usufruir das amizades que se nos oferecem, generosas. Se não nos sentirmos bem conosco mesmos, busquemos quem nos possa oferecer o apoio, a palavra, a sugestão para sairmos dessa condição. Não nos permitamos perder a chance de viver mais um dia de oportunidades, sobre este bendito planeta azul. Planeta que o amor de Jesus, sob o comando da Divindade, preparou nos mínimos detalhes para todas as Suas ovelhas. Para nós, as ovelhas do Seu rebanho. Guardemos a certeza de que nem sempre temos o que desejamos, mas com certeza, temos tudo o de que precisamos. 
Redação do Momento Espírita. Em 12.12.2016

domingo, 11 de dezembro de 2016

CONVIDADO ESPECIAL

AMÉLIA RODRIGUES
Jesus veio pregar a paz e plantar a semente do amor no coração das pessoas. Sua mensagem era direcionada para todos aqueles que estivessem prontos a absorvê-la. Homens, mulheres, velhos, moços, ignorantes e doutores. As pessoas buscavam nEle o consolo para as dores da alma e a cura para as feridas do corpo. Suas palavras possuíam um poderoso magnetismo e tinham um poder balsamizante. Nele havia inexplicável magia que comunicava paz, e, à Sua volta, ondas de júbilos explodiam na multidão, mesmo quando nada dizia. Os Seus silêncios, nas pausas naturais das palestras que proferia, revestiam-se de poderosa emanação de segurança interior, que igualmente impregnava os que O seguiam. Suas palavras caíam como gotas Divinas sobre os corações, penetrando-os. Em um de Seus diálogos com os habitantes da região, envolvido pela ternura que Lhe era natural, deixou a seguinte mensagem: Agora estou ao vosso lado. Logo mais, estarei com meu Pai. Nunca, porém, me apartarei de vós nem vos deixarei. Sois a terra generosa e eu sou a semente da vida. Se não morre o grão, não se enriquece a mesa de pão. Sem o solo a semente não sobrevive porque não se renova nem se multiplica e sem o grão a terra crestada é morta... Sois a minha paixão, a minha longa dor, o amor da minha vida. Eu sou a vossa esperança, o alento da vossa felicidade. Sem mim caminhareis em inquietação crescente. Sem vós sofrerei soledade. Vinde, novamente a mim, e deixai-me demorar em vós.
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Jesus nos deixou a mensagem Divina que revela a beleza da vida espiritual. Ensinou-nos a importância de amar a Deus e ao próximo, e dentre tantos outros ensinamentos, mostrou-nos o nobre papel que representa a prática da caridade em nossas vidas e a necessidade de perdoarmos para sermos felizes. No Natal, quando comemoramos o aniversário desse Divino Amigo, deixemos renascer em nós a Sua mensagem. É época de reencontros. Costumamos preparar os lares para receber amigos e familiares. Lembremo-nos de preparar também nossos corações para a prática do amor fraterno ensinado por Jesus. E não nos esqueçamos jamais de convidar para a festa Aquele que é o motivo da comemoração. Deixemos que Jesus entre em nossas casas neste Natal e permaneça vivo dentro de nós. Sintamos a Sua presença a iluminar o ambiente e o Seu abraço a nos envolver. É tempo de reviver a mensagem de amor, perdão e solidariedade que nos foi trazida há mais de dois mil anos. Meditemos sobre o verdadeiro sentido do Natal. Estejamos certos de que, nessa época, a luz do Cristo se faz mais intensa e nos estimula a agir com mais sensibilidade. Que este Natal marque o nosso despertar para o verdadeiro amor ensinado por Jesus e que possamos manter a Sua mensagem viva por todos os dias.
Redação do Momento Espírita, com base no cap 17 do livro Luz do mundo, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal Em 17.12.2011

sábado, 10 de dezembro de 2016

POEMA PARA DEUS

EURÍPEDES BARSANULFO
Um dia, a alma desperta e se encanta com a manhã que se espreguiça no horizonte. Sente-se como que a pairar acima e além da escala humana. Então, se recorda ser filha de um Pai amoroso e bom. Recorda de um Criador que a tudo para todos provê. E plena de gratidão, extravasa em versos sua alma: Deus, inteligência das inteligências, causa das causas, lei das leis, princípio dos princípios, razão das razões, consciência das consciências. Bem tinha razão Isaac Newton ao descobrir-se, toda vez que pronunciava Vosso Nome. 
CORINA NOVELINO
Deus, Pai bondoso, eu vos encontro na natureza, Vossa filha e nossa mãe. 
Eu vos reconheço, Senhor, na poesia da Criação, no vento que dedilha harmonias na cabeleira das árvores. Nas cores que se apresentam tão diversificadas em matizes e gradações. Nas águas que rolam, silentes, em córregos minúsculos, nas cachoeiras que se lançam, ruidosas, de alturas consideráveis, no verdor da grama que atapeta o jardim e as praças. 
Reconheço-vos, Pai, na flor dos jardins e pomares, na relva dos vales, no matiz dos campos, na brisa dos prados. 
Senhor, eu vos encontro no perfume das campinas, no murmúrio das fontes, no rumorejo das menores ramificações das copas das árvores. 
Também vos descubro na música dos bosques, na placidez dos lagos, na altivez dos montes, na amplidão dos oceanos, na majestade do firmamento. 
Eu vos vejo, Senhor, na criança que sorri, brinca, pula e distribui alegrias, provocando risos. 
Eu vos reconheço, Pai, no ancião que anda lento, que tropeça. Mas, sobretudo, na inteligência que ele revela, resultado de suas experiências bem vividas. 
Eu vos descubro no mendigo que implora, na mão que assiste, na mãe que vela, no pai que instrui, no apóstolo que evangeliza. Deus! 
Reconheço-vos no amor da esposa, no afeto do filho, na estima da irmã, na misericórdia indulgente. 
E vos encontro, Senhor, na fé do que a tem, na esperança dos povos, na caridade dos bons, na inteireza dos íntegros.
Reconheço-vos, Senhor, na inspiração do poeta, na eloquência do orador, na criatividade do artista. 
Também vos encontro na sabedoria do filósofo, na intelectualidade do estudioso, nos fogos do gênio! 
E estais ainda nas auroras polares, no argênteo da lua, no brilho do sol, na fulgência das estrelas, no fulgor das constelações.
Deus! Reconheço-vos na formação das nebulosas, na origem dos mundos, na gênese dos sóis, no berço das humanidades, na maravilha, no esplendor, no sublime do infinito! 
Por fim, entendo, com Jesus, quando ora: Pai nosso, que estais nos céus... Ou com os anjos quando cantam: Glória a Deus nas alturas... 
Redação do Momento Espírita, com base em poema de Eurípedes Barsanulfo, do livro O homem e a missão, de Corina Novelino, ed. IDE. Em 9.12.2016.