Luis Carlos Lisboa |
“Um brinquedo, uma roupa, a pequena cama – os objetos que cercam a vida de uma criança conservam a sua energia quando ela se ausenta para ir à escola ou viaja..
Há naquelas coisas uma vibração que se percebe no ar.”
A beleza da desordem... A desordem dos brinquedos espalhados pela sala; peças repletas de cores, sons, cantos arredondados e delicadeza.
A caminha desfeita, ainda aquecida, e lá novamente aquele desalinho sutil, terno, de pequenos cobertores e mantas sobrepostos, desencontrados e multicolores.
Tudo parece tão vivo, mesmo na ausência da protagonista daquele espetáculo radiante.
As crianças modificam os ares por onde passam. Modificam o sentido da vida dos mais próximos.
Poucos – pobres no sentir – resistem ao seu sorriso, que nos faz recordar com clareza como são os sorrisos sinceros (tão esquecidos nos dias de hoje).
Poucos passam por elas sem receber uma injeção de vida, de coragem, pois são mensagens vivas de Deus aos homens dizendo, quem sabe:
Sejam gratos pela oportunidade da vida! Ou: A Criação é um hino constante de alegria, não deixem de ouvi-lo dia após dia!
E elas, as crianças, são arautos dos Céus, que mantêm em nossa Terra a docilidade, a esperança, a pureza.
Muitos – pobres no sentir – talvez ainda vejam a infância apenas como um período de preparação para a vida real.
Lamentável conclusão - precipitada e dura.
O que é a vida real? Poderíamos perguntar.
A vida dos adultos que se esqueceram de sorrir, de brincar? Que se esqueceram dos verdadeiros objetivos que os trazem aqui?
A vida do ter, da busca desenfreada pelo tal sucesso?
Não creia que a dita vida real esteja nas coisas do Mundo, e nas conquistas materiais.
Quem sabe, se soubéssemos perceber melhor a rotina das crianças, notaríamos nuances fabulosas desta verdadeira vida real.
A vida dos detalhes, da simplicidade, do viver o momento, dos abraços, beijos e carinhos.
A vida da valorização da família, da gratidão aos pais, da atenção ao pequeno bichinho que passa de uma folha para outra no jardim.
As crianças nos trazem lições constantemente. Não somos nós, os adultos, que ensinamos a elas as coisas da vida, apenas.
Elas nos mostram caminhos, cores, espectros luminosos, da grande e verdadeira vida do Espírito.
* * *
E lhe trouxeram crianças para que as tocasse; os discípulos, porém, as repreendiam.
Vendo isto, Jesus disse-lhes:
"Deixai virem a mim as crianças, não as proibais, porque destas é o Reino de Deus.
Em verdade vos digo, quem não receber o Reino de Deus como uma criança, de modo algum entrará nele".
E abraçando-as, as abençoava, pondo as mãos sobre elas.
Redação do Momento Espírita com base em citação retirada da obra O som do silêncio, de Luis Carlos Lisboa, ed. Verus e do Evangelho de Marcos 10:13-16.
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