quarta-feira, 30 de setembro de 2015

ARREPENDIMENTO TARDIO

Fazia pouco que Jesus havia chegado à Jerusalém. Tiago, filho de Zebedeu, e Judas Iscariotes conversavam, em um final de tarde. Judas, embora amasse Jesus, entendia que Ele não tinha pulso suficientemente firme para quebrar o jugo tirânico que pesava sobre Israel, e não seria capaz de abolir a escravidão que oprimia o povo eleito. Em sua limitada visão, acreditava que o Nazareno não aproveitava as oportunidades que surgiam, e que Suas pregações evangélicas eram inúteis, pois atraíam apenas pessoas ignorantes e desclassificadas. Para ele, Jesus deveria ser mais enérgico e altivo. Precisaria chamar a atenção dos poderosos, das autoridades de Jerusalém e dos prepostos de César para, então, alcançar o reconhecimento devido. Ante essas equivocadas ideias, Tiago esclareceu que Jesus não tinha a disposição de um guerreiro e que a verdadeira revolução que se buscava era a da edificação do reino de Deus nos corações dos homens. Lembrou de que Jesus os havia informado de que Seu reino não era deste mundo e que o maior sempre seria aquele que se fizesse menor diante de todos. As colocações de Tiago apenas irritaram Judas. Discordando, ele confessou que faria esforços para estabelecer acordos com altos funcionários e homens de importância para imprimir maior movimento às ideias de Jesus. De nada adiantou Tiago alertá-lo para que percebesse que tal conduta representaria desrespeito à autoridade de Jesus e que as conquistas do mundo são cheias de ciladas para o espírito. Antes do anoitecer eles se separaram. Judas acreditava que poderia entregar Jesus aos poderosos em troca de sua nomeação oficial para dirigir as atividades dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos que lhe permitiriam organizar a mensagem do Cristo perante o povo, e assim, logo após, teria poder suficiente para libertar Jesus. Pensava que o Mestre era humilde e generoso demais para vencer sozinho. Acreditava que ele, somente ele, poderia auxiliá-lO no meio de tanta maldade e violência. Ao amanhecer, foi ao Sinédrio onde lhe foram feitas as mais variadas promessas. Dentro de suas limitadas possibilidades, Judas amava Jesus e esperava ansioso o instante do triunfo para oferecer-lhe a alegria da vitória. Nada, porém, aconteceu como ele supunha. Jesus foi humilhado, supliciado e conduzido à cruz, sem queixas e sem nenhuma resistência. Desesperado, o apóstolo invigilante voltou ao Sinédrio admitindo ter se equivocado. Foi motivo de gargalhadas e de ácidas zombarias. O que nos importa? Isso é lá contigo. – Responderam com indiferença. Ele atirou ao chão as trintas moedas de prata que anteriormente havia recebido e saiu correndo. Pretendia fugir, escapar da própria consciência. Nesse afã abandonou a vida, mergulhando nas trevas densas, onde permaneceu por longo e doloroso período. 
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Nas mais variadas ocasiões são oferecidas à frágil criatura humana moedas de prata e de ouro, poder e prazer. Esses tesouros do mundo, no entanto, após recebidos, deixam transparecer seu desvalor, amargando com o fel do arrependimento a existência daquele que se iludiu. Nesse momento, quando nem sempre o mal pode ser reparado, fugir parece ser a saída mais fácil. Mas de que se foge, de quem e para onde? Não há como ludibriar a própria consciência, tampouco a justiça de Deus. Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap.24, do livro Boa Nova, pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB e no cap. 12, do livro Trigo de Deus, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed.LEAL. Em 10.12.2014.

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