Alice Gray |
Foi quando retornava de sua ronda habitual pela cidade, para saber das notícias recentes, das notícias vencidas e das que ficavam a meio caminho entre umas e outras, que o velho Gramps as viu: pessoas novas na cidade.
Uma mãe e suas duas filhas pequenas acabavam de contornar o corredor da loja. Logo, Gramps passou de cliente da mercearia, onde somente chegara para comprar pão, para especialista em relações públicas.
Em menos de oito minutos, a pequena família conhecia todos os detalhes da cidade. E ele, por sua vez, também já sabia que as meninas estavam comemorando o aniversário do pai naquela tarde. Por isso vieram comprar balões de gás para a festa.
A família escolheu balões de todas as cores, que foram cheios com gás e amarrados a fitas.
-O papai vai adorar isso! – Gritaram as crianças, felizes.
A família se dirigiu ao caixa: primeiro as meninas, saltitantes com seus vestidos cor-de-rosa, depois a mãe carregando uma bolsa branca.
A caixa era uma mãe de sete filhos, habituada a comprar dúzias de balões para os meninos e vê-los desaparecer da vista, rumo ao céu. Por isso, resolveu fazer uma recomendação às meninas:
-Que lindos balões vocês compraram. É melhor vocês os segurarem com força. Com bastante força. Ouvi vocês falarem que vai haver uma festa de aniversário na casa de vocês. Todos nós queremos que esses balões cheguem lá, certo?
As quatro mãozinhas seguraram os barbantes dos balões com mais força ainda e sorriram, olhando para a mãe.
Assim que elas saíram de sob o enorme toldo da loja, as quatro mãozinhas se abriram e os balões subiram.
Gramps viu tudo e correu para fora, com a velocidade de uma estrela cadente, pensando em conseguir ao menos agarrar alguns.
Quando alcançou a família, ele lamentou o que aconteceu, mas ninguém lhe deu atenção.
Suas palavras foram abafadas pela reação normal das crianças quando acompanham, com o olhar, os balões escalando o céu: gritos, risos, mãozinhas batendo palmas e pezinhos pulando de alegria.
Os balões continuavam subindo, dançando, ganhando a liberdade. Tocando de leve no ombro da jovem mãe, Gramps pensou em se oferecer para comprar outros balões para as meninas.
-Que pena! Lamentou. Os balões foram comprados para o pai delas.
A mãe, olhando sorridente para o senhor tão gentil, respondeu:
-Não se preocupe. Ele vai recebê-los daqui a pouco... No céu.
* * *
Nunca – nem antes nem depois – Gramps participou de uma festa de aniversário tão esplêndida. Uma festa de aniversário para quem estava no outro mundo, no espiritual.
* * *
Muitas vezes acreditamos que assuntos tristes como a morte não podem ser tratados com as crianças. E que, quando ocorrem desencarnações na família, elas devem ser afastadas, a fim de não tomarem contato com algo tão lúgubre.
No entanto, se retirarmos a capa negra da morte e a apresentarmos como a grande viagem que todos realizaremos, as crianças poderão administrar muito bem a questão.
Mesmo porque, enquanto crianças, trazem mais viva na sua intimidade, a mensagem da pátria espiritual de onde acabaram de sair e para onde, um dia, todos retornaremos.
Redação do Momento Espírita, com base no cap.
Subindo nas alturas, de Rochelle M. Pennington, do livro
Histórias para o coração da mulher, de Alice Gray, ed.
United Press.
Em 24.5.2014.
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