sábado, 29 de março de 2025

DETALHES DA INGRATIDÃO

Conta-se que, em Londres, vivia um funcionário de limpeza pública chamado Mollygruber. 
Idoso, era estimado por todos pelos valores morais que cultivava. Uma manhã, quando recolhia o lixo do parque onde trabalhava, viu que um menino se debatia desesperadamente nas águas do lago. Logo percebeu que o garoto estava se afogando. 
Pessoas se aglomeravam, observavam curiosas, barulhentas, sem nada fazer em auxílio à criança. 
O velho trabalhador, embora com suas dores reumáticas, se atirou na água gelada. 
Com dificuldade, trouxe o menino são e salvo, de volta às margens do lago. 
Dada sua saúde precária, caiu desmaiado ali mesmo. 
A ambulância foi chamada e ele foi levado ao hospital. 
Seu feito ganhou as páginas dos jornais. 
Enquanto isso, a mãe do menino que foi salvo, chegou ao local e começou a examinar o filho, totalmente transtornada. 
Em dado momento, olhou para a cabeça do menino e notou a falta do boné que ela dera de presente a ele, naquele dia.
Começou a gritar e a reclamar, dizendo que o velho roubou o bonezinho do seu filho. 
E exigiu que trouxessem de volta o boné. 
Como ninguém atendesse o desejo, por totalmente descabido, ela foi até o hospital. 
Nem se dera conta de que a vida de seu filho, o bem mais precioso, fora preservada. 
Que, graças a Deus, ele estava bem porque fora retirado da água, antes de ficar regelado. 
Não. 
O que ela queria era o bonezinho do garoto. 
Chegando ao hospital, quis ver o velho que realizou o furto. 
Tanto escândalo fez, que o médico de plantão, indignado, disse: 
-Se a senhora não deixar o nosso herói descansar e se recuperar em paz, eu chamo a polícia para prendê-la. 
Com isso, a mulher se calou e foi para casa. 
No dia seguinte, o idoso trabalhador morreu. 
Os moradores da região, onde ele era visto com retidão há anos, inundaram o parque de flores e de letreiros com mensagens de gratidão. 
Era uma sincera homenagem a quem doou a própria vida para salvar uma criança desconhecida. 
* * * 
Por vezes, esquecemos de ser gratos a dádivas que nos são ofertadas.
Em vez de lembrarmos das alegrias que nos chegam, dos amigos que nos brindam com sua presença, lembramos somente da maldade que  tivemos em algum momento. 
Assim, um amigo nos oferece seu carinho e atenção por anos. 
Certo dia, em que ele não está bem e nos dirige uma palavra infeliz, de imediato o descartamos de nossa convivência. 
E, dali por diante, a todos os que encontramos, diremos da nossa mágoa, das palavras que recebemos da má educação do ex-amigo. 
Contudo, nos dias de felicidade e bem-estar, não ficamos alardeando tudo o que aquela pessoa nos ofereceu. 
Esquecemos de que passou a noite conosco, no hospital, quando nos acidentamos e nossos familiares estavam distantes. 
Esquecemos a sua carteira farta, nos dias das nossas necessidades, nunca exigindo pagamento dos dispêndios que teve conosco. 
Não registramos os dias de alegria das férias compartilhadas, os passeios realizados, os momentos em que alimentamos nossa alma com a sua alegria e disposição. 
Pensamos apenas no ato infeliz de um dia, de um instante. 
Pensemos um pouco, antes das vitórias que nos chegam, se estamos despreparados como aquela mãe equivocada. 
Pensemos. 
Redação do Momento Espírita com baseado na história antiga. 
Em 29.03.2025

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