terça-feira, 30 de abril de 2024

NOSSO TESOURO MAIOR

Khalil Gibran
Davi era um dos seguidores de Jesus. 
Um de seus relatos nos leva a reflexionar sobre o que realmente é importante neste mundo. 
Não compreendi o significado de Seus discursos ou de Suas parábolas até Ele já não estar entre nós. 
Não entendi nada até Suas palavras assumirem vida bem na minha frente, materializando-se em formas vivas que caminham na procissão de meus dias. 
Certa noite, eu estava em casa, refletindo e lembrando-me de Suas palavras e ações para escrevê-las num livro, quando três ladrões entraram. 
Embora soubesse que eles tinham vindo me roubar, eu estava envolvido demais no que fazia para surpreendê-los com uma espada ou até para perguntar “o que fazeis aqui?” 
Continuei escrevendo as memórias de meu Mestre. 
Somente quando os ladrões foram embora me lembrei de Suas palavras: 
-“Se alguém vier pegar uma roupa tua, deixa que ele pegue a outra também”. 
E entendi o que Ele quis dizer. 
Ali sentado, recordando Suas palavras, ninguém teria sido capaz de me interromper, mesmo que levassem todos os meus pertences. 
Pois, embora eu preze tudo o que tenho e minha integridade pessoal, sei onde se encontra o tesouro maior. 
* * * 
Será que entendemos em profundidade o significado da preciosa orientação do Cristo? 
Será que estamos preparados para uma prova? 
Ou será que já passamos por ela? 
Caso sim, como nos saímos? 
Temos consciência de onde se encontra nosso tesouro maior?
Sabemos dar o devido valor às coisas? 
Não se trata de descaso ou menosprezo pelos bens materiais, mas saber o que vem em primeiro lugar. 
Muitas vezes, nos surpreendemos com relatos de pessoas que, em minutos, perdem tudo o que tinham, conquistas de anos de trabalho, em função de uma inundação, de um desmoronamento ou de um incêndio. 
Uma dor profunda... 
E, ao mesmo tempo, inúmeras reflexões no sentido de perceber como tudo que é material é frágil. 
Vem e vai assim, como um sopro. 
Mais belo ainda é perceber que muitas dessas pessoas, passados alguns instantes, estão novamente dispostas a recomeçar, gratas a Deus pela vida, trazendo na alma mais gratidão e resignação do que revolta. 
No fundo do coração sabem onde está o verdadeiro tesouro, aquele que a traça e a ferrugem não consomem, nem os ladrões minam nem roubam. 
O que é da matéria chega e vai. 
Muda de mãos com muita facilidade. 
Mais uma prova de que não deve merecer nosso apego.
Cuidado, zelo, sim. 
Apego, jamais. 
Os valores da alma, os amores, as virtudes, os ensinos, estes ficam conosco. 
E não há quem possa roubá-los. 
Permaneçamos, assim, firmes, mesmo diante das duras provações do mundo material que, por vezes, nos colocam em difíceis privações. 
São lições, são aprendizados. 
Sempre temporários.
Novas oportunidades surgem a todo instante se soubermos aprender os conteúdos e se soubermos olhar em volta, com olhos de aprendiz resignado e corajoso. 
Diante de qualquer desafio neste sentido, nos perguntemos:
-Onde está nosso tesouro maior? 
Redação do Momento Espírita com base no cap. Davi, um de Seus seguidores, do livro Jesus, o filho do homem, de Khalil Gibran, ed. ACIGI. 
Em 30.4.2024

segunda-feira, 29 de abril de 2024

RECORDAR É TORNAR A VIVER

Recordar é viver novamente um momento feliz do passado – cantava a voz de veludo do Brasil. 
No entanto, não se pode viver de recordações. 
Isso nos tiraria o foco da realidade. 
E nos levaria a desconsiderar tudo de excelente de que usufruímos no presente. 
Quem diz que o passado era melhor está fechando os olhos para todas as conquistas de que desfrutamos. 
Vivemos com tantas facilidades que nos parece impossível nossos pais e avós terem conseguido viver sem elas.
Estamos habituados a que as notícias nos cheguem em tempo real pela TV, pela internet, pelas redes sociais.
Lembramos de nossa mãe contar que, em sua meninice, sentava-se aos pés de seu avô para ouvi-lo ler o jornal, com as notícias vindas do outro lado do mundo. 
Ele lia em seu idioma pátrio, o italiano, o que acontecera no Velho Mundo, na sua terra natal, há semanas. 
Ela falava de um tempo em que crescera lendo, bordando, costurando à luz de um lampião. 
Na atualidade, quando a energia elétrica some por algumas horas, perdemos o chão. 
Redescobrimos, então, as páginas de livros ou revistas. 
E a luz das velas, das lanternas, a luz emergencial, tudo nos parece insuficiente para a correta visualização das letras, das cores, dos desenhos. 
Sim, os tempos do hoje nos oferecem comodidades múltiplas.
Com certeza, não desejaríamos trocar por noites do ontem sem TV, sem internet, sem a rapidez das mensagens pelo whatsApp e tantas possibilidades mais. 
Mas é bom recordar alguns momentos ímpares, difíceis de serem reprisados na atualidade. 
Recordamos das tardes quentes, em que, na pequena cidade interiorana, à falta de piscina, enchíamos com a água fresca do poço o enorme tanque de cimento que tínhamos em casa. E, crianças, brincávamos por horas, até ficarmos com a pele dos dedos das mãos e dos pés enrugada de tanto tempo imersos na água. 
Recordamos as noites de verão, em que à luz dos postes da rua, as pessoas se sentavam frente a suas casas, nas calçadas, para trocar impressões dos sucessos do dia.
Achegavam-se os vizinhos, com suas cadeiras de palha e ia aumentando a roda. 
Recordações. 
É bom lembrar as coisas belas, as cenas de amizade e o jogar conversa fora, num tempo sem tempo. 
Sem compromissos. 
Sem pressa. 
Cada um ouvindo o outro. 
Conversas que não iam muito além das traquinagens dos filhos peraltas, da conhecida que tivera mais um filho, das notícias ouvidas no rádio, no jornal do meio-dia. 
Olhava-se a lua, e se fazia o prognóstico do clima no dia seguinte. 
Todos eram meteorologistas com pós-graduação na escola da observação diária. 
Enquanto recordamos, muitos rostos se sucedem na memória, como numa fita cinematográfica. 
Avós, pais, primos, amigos, conhecidos. 
Tantos que partiram há pouco ou há muito tempo. 
E nos perguntamos: 
-De onde estão, recordam também? Vêm ao nosso encontro, nesses momentos? Suas almas se emocionam, riem, choram, desfrutando dessas mesmas doces lembranças? 
Não deixa de ser uma evocação espontânea, um reencontro, na câmara do coração, que nos faz repetir: 
Saudades, queridos... 
Um dia, tornaremos a estar juntos. 
Tão bom recordar... 
Redação do Momento Espírita, com versos iniciais da Valsa da Saudade, de Francisco Petrônio. 
Em 29.4.2024 

domingo, 28 de abril de 2024

LUGAR CERTO

O dia havia apenas amanhecido e o agricultor solitário já estava capinando a lavoura. 
Aquele seria, como outros tantos, um dia de trabalhos árduos de sol a sol. 
Ele sulcava o solo e, ao mesmo tempo, pensava na vida.
Como era difícil a sua luta diária para sustentar a família.
Algumas vezes se surpreendeu questionando a Justiça Divina, que o escolhera para o trabalho duro enquanto privilegiava outros com tarefas leves e agradáveis. 
O sol já ia alto quando ele, cansado, tirou o chapéu e limpou o suor que escorria pelo rosto. 
Apoiou o braço sobre o cabo da enxada e se deteve a olhar ao redor por alguns instantes.
Ao longe podia-se ver a rodovia que cruzava as plantações e ele avistou um ônibus que transitava por aquelas imediações.
Imediatamente pensou consigo mesmo: 
-Vida boa deve ser a daquele motorista de ônibus. Trabalha sentado, e sem muito esforço conduz muita gente a vários destinos. Não toma chuva nem sol e ainda de quebra deve ouvir uma musiquinha para se distrair. 
De fato, o motorista trabalha sentado e não está sujeito às intempéries.
Todavia, ao ser ultrapassado por um automóvel de passeio, começou a pensar de si para consigo: 
-Vida boa mesmo deve ser a desse executivo, dirigindo esse carrão de luxo! Não tem patrão para lhe cobrar horários nem tem que passar dias na estrada como eu, longe de casa e da família. 
No entanto, logo à frente o executivo pensava em como era difícil a sua labuta. 
As preocupações com os negócios, as viagens longas, as reuniões intermináveis, o salário dos empregados no final do mês, os impostos, aplicações, investimentos e outras tantas coisas para resolver. 
Mergulhado em seus pensamentos, olhou para o céu e avistou um avião que cruzava os ares, e disse como quem tinha certeza: 
-Vida boa é a de piloto de avião. Conhece o mundo inteiro de graça, não precisa enfrentar esse trânsito infernal e o salário é compensador. 
Dentro da cabina da aeronave estava um homem a pensar nos seus próprios problemas: 
-Como é dura a vida que eu levo. Semanas longe da esposa, dos filhos, dos amigos. Vivo mais tempo no ar do que no solo e, para agravar, estou sempre preocupado com as centenas de pessoas que viajam sob minha responsabilidade. 
Nesse instante, um ponto escuro no solo lhe chamou atenção.
Observou atentamente e percebeu que era um homem trabalhando na lavoura. 
Exclamou para si mesmo com certa melancolia: 
-Ah, como eu gostaria de estar no lugar daquele homem, trabalhando tranquilamente em meio à vegetação e ouvindo o canto dos pássaros, sem maiores preocupações! E, ao final do dia, voltar para casa e abraçar a esposa e os filhos, jantar e repousar serenamente ao lado daqueles que tanto amo. Isso sim é que é vida boa! 
* * * 
Deus, que é a Inteligência Suprema do Universo, sabe qual é o melhor lugar para cada um dos Seus filhos. 
Deus sabe o de que necessitamos para evoluir e que lições devemos aprender. 
Por essa razão todos estamos no lugar correto, com as pessoas certas, e na profissão adequada ao nosso adiantamento. 
Lembremo-nos de que, se temos problemas, temos também soluções e muitos motivos de alegria. 
Por isso, façamos o melhor que esteja ao nosso alcance, pois viver é, e sempre será, um grande desafio à inteligência humana e à capacidade do homem de florescer no lugar exato em que foi plantado. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 28.06.2010.

sábado, 27 de abril de 2024

LUCROS

CHICO XAVIER E EMMANUEL
No Evangelho, há uma interessante passagem conhecida como A parábola do rico insensato
Trata-se de um homem que havia trabalhado muito para ajuntar bens. 
Quando finalmente se deu por satisfeito, propôs-se a gozar de sua fortuna. 
Contudo, o Senhor da Vida deliberou, nessa mesma noite, promover o regresso do rico ao plano espiritual. 
Daí se colocou a questão:
Para quem seria tudo o que ele tinha ajuntado?
* * * 
Essa lição não poderia ser mais atual. 
Em todos os agrupamentos humanos, palpita a preocupação de ganhar. 
O espírito de lucro alcança os setores mais singelos. 
Meninos, mal saídos da primeira infância, mostram-se interessados em amontoar egoisticamente alguma coisa.
Mães numerosas abandonam seu lar a desconhecidos, a fim de experimentarem a mina lucrativa. 
Pais deixam de dar atenção a sua família, enquanto multiplicam ao extremo as horas de trabalho. 
Nesse sentido, a maioria das criaturas converte a marcha evolutiva em corrida inquietante. 
No entanto, por trás do sepulcro, ponto de chegada de todos os que saíram do berço, a verdade aguarda o homem e interroga: 
-O que você trouxe? 
O infeliz tende a responder que reuniu vantagens materiais.
Diz que se esforçou para assegurar a posição tranquila de si mesmo e dos seus. 
Examinada, porém, a sua bagagem, quase sempre as pretensas vitórias são derrotas fragorosas. 
Elas não constituem valores da alma, nem trazem o selo dos bens eternos. 
Atingida semelhante equação, o viajor olha para trás e sente frio. 
Prende-se, de maneira inexplicável, aos resultados de tudo o que amontoou na crosta da Terra. 
A sua consciência se enche de sombrias nuvens. 
E a voz do Evangelho lhe soa aos ouvidos: 
-Pobre de você, porque seus lucros foram perdas desastrosas. 
E o que tem ajuntado, para quem será? 
É importante meditar sobre essa lição enquanto se está a caminho. 
Os bens do mundo são preciosos enquanto instrumentos de realização da paz. 
O trabalho é um meio de vida e não de morte. 
A título de enriquecer ou ter mais conforto não compensa esquecer o essencial. 
É inútil brindar os filhos com coisas e não se fazer presente em suas vidas, com palavras e exemplos dignos.
As posições tão cobiçadas no mundo sempre terminam por trocar de mãos. 
Constitui loucura convertê-las no objetivo da existência. É preciso viver no mundo, sem ser do mundo. 
Fazer os sacrifícios necessários à vida na Terra. 
Mas jamais esquecer que se está apenas de passagem por ela, com destino ao infinito. 
Pense nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 56, do livro Caminho, Verdade e Vida, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 24.5.2023.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

O MAIOR DESAFIO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Cada um de nós tem desafios diferentes. 
A vida é feita de desafios diários. 
Para quem não dispõe de movimentos nas pernas, transportar-se da cama para a cadeira de rodas, a cada manhã, é um desafio. 
Para quem sofreu um acidente e está reaprendendo a andar, o desafio está em apoiar-se nas barras, na sala de reabilitação, e tentar mover um pé, depois o outro. 
Para quem perdeu a visão, o grande desafio é adaptar-se à nova realidade, aprendendo a ouvir, a tatear, a movimentar-se entre os obstáculos sem esbarrar. 
É aprender um novo alfabeto, é ler com os dedos, é adquirir nova independência de movimentos e ação. 
Para o analfabeto adulto, o maior desafio é dominar aqueles sinais que significam letras, que colocados uns ao lado dos outros formam palavras, que formam frases. 
É conseguir tomar o lápis e escrever o próprio nome, em letras de forma. 
É conseguir ler o letreiro do ônibus, identificando aquele que deverá utilizar para chegar ao seu lar. 
Cada qual, dentro de sua realidade, de sua vivência, apontará o que lhe constitui o maior desafio: dominar a técnica da pintura, da escultura, da música, da dança. Ser um ás no esporte. 
Ser o primeiro da classe. 
Passar no vestibular. 
Ser aprovado no concurso que lhe garantirá um emprego. 
Ser aceito pela sociedade. 
Ser amado. 
Para vencer um desafio é preciso ter disciplina, ser persistente, ser diplomático, saber perdoar-se e perdoar aos outros. 
É ser otimista quando os demais estão pessimistas. 
Ser realista quando os demais estão com os pensamentos na lua. 
É saber sonhar e ir em frente. 
É persistir, mesmo quando ninguém consiga nos imaginar como um prêmio Nobel de Química, um pai de família, um professor, prefeito ou programador. 
Acima de tudo, o maior desafio para deficientes, negros e brancos, japoneses e americanos, brasileiros e argentinos, para todo ser humano, é fazer. 
Fazer o que promete. 
Dar o primeiro passo, o segundo e o terceiro. Ir em frente.
Com que frequência se escutam pessoas dizendo que vão fazer regime, que vão estudar mais, que vão fazer exercício todo dia, que vão ler mais, que vão assistir menos televisão, que vão... 
Falar, reclamar ou criticar são os passatempos mais populares do mundo, perdendo só, talvez, para o passatempo de culpar os outros pelo que lhe acontece. 
Então, o maior desafio é fazer. 
E não adianta você dizer que não deu certo o que pretendia porque é cego, ou porque é negro, ou porque é amarelo, ou porque você é brasileiro. 
Ou porque mora numa casa amarela. 
Ou porque não teve tempo. 
Aprenda com seus erros. 
Quando algo não der certo, você pode tentar de maneira diferente. 
Agora você já sabe que daquele jeito não dá. 
Você pode treinar mais. 
Você pode conseguir ajuda, pode estudar mais, pode se inspirar com sábios amigos.
Ou com amigos dos seus amigos. 
Pode tentar novas ideias. 
Pode dividir seu objetivo em várias etapas e tentar uma de cada vez, em vez de tentar tudo de uma vez só. 
Você pode fazer o que quiser. 
Só não pode é sentir pena de si mesmo. 
Você não pode desistir de seus sonhos.
* * * 
Problemas são desafios. 
Dificuldades são testes de promoção espiritual. Insucesso é ocorrência perfeitamente natural, que acontece a toda e qualquer criatura. 
Indispensável manter o bom ânimo em qualquer lugar e posição. 
O pior que pode acontecer a alguém é se entregar ao desânimo, apagando a chama íntima da fé e caminhar em plena escuridão.
Assim, confia em Deus, e, com coragem, prossegue de espírito tranquilo. 
Redação do Momento Espírita, a partir de carta assinada por Fernando Botelho e endereçada a um cego, de nome Juliano, residente em Curitiba, e do cap. 9 da obra Convites da Vida, psicografia de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis, ed. LEAL. Disponível no CD Momento Espírita, coletânea v. 8/9, ed. FEP. 
Em 25.4.2024

quinta-feira, 25 de abril de 2024

LUCIDEZ TERMINAL

Eben Alexander
Quantas vezes já ouvimos falar a respeito de pacientes em fase terminal que, de forma repentina, acusam melhora do seu estado, surpreendendo médicos e familiares? 
Quantas vezes ouvimos histórias a respeito de enfermos que, apresentando confusão mental ou demência, desde algum tempo, adquirem plena lucidez, conversando com quem esteja ao lado, de forma plena e consciente? 
Também ouvimos que isso dura pouco. 
Talvez algumas horas, um dia, para depois morrerem. 
Isso é tão verdadeiro que o dito popular denominou tais questões de a melhora da morte. 
Aquele médico, cientista de primeira linha, tinha uma história muito peculiar, vivenciada por ele próprio. 
Não havia explicação científica para o que ele presenciara e o assombrara. 
No entanto, ele não pôde se furtar a admitir a verdade profunda e confortante: somos Espíritos imortais. 
E todos os que nos amamos estamos interconectados, nesta vida e na outra. 
A morte não apaga os luminosos raios da estrela do amor nem destrói os laços do afeto. 
Seu pai estava enfermo há cinco anos e entrara em uma fase bastante difícil, nos últimos vinte e quatro meses. 
Incapaz, demente, sentia muita dor e insistia que queria morrer. 
Não suportava mais viver daquela forma, confessava. 
Então, de repente, pareceu tomado de lucidez. 
Fixou o olhar no pé da cama e se pôs a fazer observações a respeito da vida e da família. 
O filho, John, prestou atenção no que dizia seu velho pai e se deu conta de que ele conversava com alguém. 
Ninguém menos do que a sua mãe, morta há uns sessenta e cinco anos, quando ele era apenas um adolescente.
John pouco ouvira falar a respeito dessa avó, mas agora verificava que seu pai mantinha com ela uma animada conversa.
E pelo tom do diálogo, John deduziu que ela estava dando as boas vindas ao Espírito de seu pai. 
Depois de alguns minutos, o enfermo se voltou para ele com uma expressão totalmente diferente no olhar. 
Nada lembrava aquela alienação dos últimos dois anos. 
Ele sorriu, irradiando uma aura de paz jamais antes apresentada. 
-Durma, papai. – Disse o médico. Descanse, está tudo bem. 
E foi exatamente o que ele fez. 
Fechou os olhos, e se deixou levar, com uma expressão de serenidade no rosto. 
Ele partiu e John guardou a certeza de que a sua avó estivera ali, recebendo nos braços o Espírito do filho do qual se apartara fisicamente há mais de sessenta anos. 
* * * 
Nossos amores não nos abandonam. 
Partem para a pátria espiritual mas mantém os olhos fixos nos que permanecemos por cá, ainda com tarefas a realizar, missões a desempenhar. Periodicamente, nos enviam suas vibrações de bom ânimo, por vezes nos visitam nas asas do sonho, arrefecendo as saudades da separação. 
Finalmente, quando se aproxima o momento da nossa partida, ei-los a postos, encorajando-nos para a grande viagem a empreender. 
Eles vêm nos tranquilizar, falando de sua própria experiência e do que nos espera, do outro lado da vida. 
Estão ali para nos recepcionar, para nos abraçar e nos dizer: Sejam bem-vindos. 
Demorou um pouco mas nos reencontramos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 31, do livro Uma prova do céu, de Eben Alexander III, ed. Sextante. 
Em 5.4.2017.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

VIAGEM SEM IGUAL

Quem tem filhos ou viaja com crianças está habituado ao esquema. 
Os dias que antecedem a viagem são de alvoroço e planos sem fim. 
Os pequenos vão amontoando, isso mesmo, amontoando tudo que acreditam seja importante levarem consigo: brinquedos, roupas, pequenos objetos.
São tantos itens que, na fase final, é preciso que os adultos negociemos com eles, retirando alguns, substituindo outros. 
O dia anterior ao da partida é de tanta ansiedade que, por vezes, os pequenos nem dormem. 
Por fim, bagagens no carro, tudo providenciado, começa a viagem. 
Nos primeiros momentos, é só alegria. 
Há cantos, brincadeiras, gritos de felicidade, exclamações de surpresa pelo inusitado da paisagem, pelas novidades do caminho. 
Mas as horas passam, a monotonia se instala. 
Afinal, o verde do campo se repete, o céu é azul neste quilômetro como naqueles deixados para trás. 
Tudo vai perdendo o encanto e começa a cantilena: 
-Falta muito? Quando a gente vai chegar? Estou cansado. Quero parar. Eu quero... 
 * * * 
Podemos comparar essa viagem à nossa vida.
Nós somos as crianças. 
Antes de nascermos, nos preparamos. 
Tudo é uma grande expectativa. 
Fazemos planos, tantos que nosso anjo de guarda providencia a retirada de alguns. 
E adaptação de outros. 
Tudo nos parece maravilhoso. 
Uma nova vida. 
Fazemos planos para os verdes dias da infância, em que redescobriremos os segredos das letras, dos números, das cores e dos sons. 
Teceremos outros para a jornada da adolescência, as incursões no campo dos afetos. 
Sonhos. 
Planos. 
Sabemos que não será tudo cor de rosa. 
Haverá dias de tempestade, de carências. 
Mas a possibilidade de refazer a jornada e chegar ao fim, recolhendo os louros da vitória, nos enche de vontade de vir, de fazer, de realizar. 
Porém, a viagem, às vezes, se alonga. 
Os dias vão se sucedendo com as lutas se repetindo, os desafios se reprisando. 
Decepções aqui, desajustes ali. Um amor que não deu certo. O negócio que faliu, a saúde que foi abalada. 
Os dias já não parecem tão belos, tão ricos de cores. 
Então, exatamente como as crianças, reclamamos ao Grande Pai: 
-Quando chegaremos ao final disso tudo? Quando esse sofrimento acabará? Quando poderei respirar um pouco mais livre? Quando?
Pensemos: viver é um desafio. 
Ter nascido é uma vitória. 
Cada dia vivido é uma batalha vencida. Não nos permitamos o desânimo. 
Depois do cansaço da viagem, chegaremos a local maravilhoso e desfrutaremos de risos, beleza, encontros e reencontros. 
Retornaremos ao grande lar. 
E que sejamos vitoriosos, superadas as questões mais delicadas, resolvidos os problemas intrincados, solucionadas as pendências. 
Para isso nascemos. 
Todos. 
Não estamos sós. 
Temos amigos, temos nosso anjo de guarda, temos Deus.
Não desistamos da viagem. 
Não queiramos que o carro pare para saltarmos, cairmos fora.
Prossigamos até o final. 
Amores do ontem nos aguardam junto aos Espíritos do bem, que avalizaram nossa presente encarnação.
E todos esperam que cheguemos suados, cansados, mas felizes. 
Porque fomos até o fim. 
Porque persistimos, porque não desistimos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 24.4.2024.

terça-feira, 23 de abril de 2024

LOVERS(DAS REDES SOCIAIS)

Dificilmente algum de nós poderá dizer que está totalmente afastado das redes sociais, que não as utiliza, que não tem a mínima ideia do que elas divulgam. 
Desde o início do Século XXI, elas inundam nossa vida com inúmeras possibilidades. 
Alguns de nós as utilizamos para a troca de mensagens rápidas, com a família ou no trabalho, para a comunicação imediata, pontual. 
Outros, utilizamos os recursos de postagem de fotos e vídeos, compartilhando momentos e experiências de vida. 
Muitos veem, nessas ferramentas, a oportunidade para iniciar ou mesmo alavancar negócios. 
Sobretudo, durante a pandemia que se espalhou pelo mundo.
Diante de tantos recursos, difícil mesmo é ficarmos isentos da sua influência e impacto. 
Como efeito natural, junto com as redes sociais, se alastraram as comunicações e a troca de opiniões. 
Sejam artistas, figuras da mídia, ou mesmo qualquer cidadão, todos podemos encontrar, nas mídias digitais, um local para nos expormos e expor as nossas ideias. 
Muitas das postagens feitas, nessas redes, permitem que usuários comentem livremente, opinando a respeito do que foi publicado. 
Começou a surgir, a partir disso, uma figura constante nesses ambientes: o comentarista. 
Muitos optam, simplesmente, por fazer críticas abusivas ou depreciativas, a respeito das postagens alheias. 
Na maioria das vezes, sem conhecimento da pessoa ou da situação, expõem suas ideias de maneira agressiva, destrutiva, dando a impressão de que isso lhes causa satisfação. 
Quando nos permitimos essa forma de agir é porque trazemos, em nós, algum problema, alguma infelicidade. 
No entanto, essa atitude quase sempre provoca indignação e inconformidade. 
Passamos a questionar o papel das redes sociais, e como elas vêm prejudicando a sociedade. 
Importante que tenhamos em mente que a mesma ferramenta que é mal utilizada por alguns, pode ser muito bem utilizada para o bem. 
Vemos tantas pessoas divulgando as boas ações, notícias positivas, conquistas que vale a pena celebrar. 
Vários problemas são resolvidos, redes de solidariedade se formam, pessoas são amparadas, a partir das redes sociais.
Deduzimos, portanto, que, da mesma forma que alguns decidem ser agressivos, críticos terríveis, podemos ser exatamente os que agem diferente. 
Por isso, utilizemos essas possibilidades para divulgar o bem, o bom, o belo. 
Estimulemos as pessoas com boas mensagens, amparemos com bons conselhos, incentivemos com palavras positivas. 
Os que assim agem, e são milhares, são os lovers das redes sociais, as pessoas que espalham amor. 
Como tantas ferramentas no mundo, as redes sociais são neutras. 
Elas serão o que fizermos delas. 
Podem ser, para muitos, um ponto de apoio, um local para encontrar alguém que os ouça. 
Assim, se somos usuários, não sejamos neutros, muito menos os excessivamente críticos e destruidores. 
Sejamos daqueles que semeiam amor, solidariedade, empatia e compreensão. 
Sejamos lovers! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 28.9.202

segunda-feira, 22 de abril de 2024

QUANDO SE RECORDAM OUTROS TEMPOS

Ela ultrapassou a barreira dos setenta anos. 
Prossegue lúcida e operante, envolvida em trabalhos voluntários, que lhe enchem os dias. 
Como ela própria diz: 
-Faltam horas no meu dia para tudo que preciso e desejo fazer. 
Vez ou outra sai com amigos. 
Nessas horas, os tesouros das lembranças assomam. 
Lembra que, morando em cidade interiorana, o leite era trazido, na porta de casa, diariamente, em garrafas de vidro.
Chovesse, fosse frio, caísse a geada, chegava o menino.
Montado em um enorme cavalo. 
Para se proteger dos ventos e da chuva, vestia uma capa grossa de tecido preto, pesado, que o cobria inteiro e descia pelo lombo do animal, como que num escudo de proteção.
Embora a primeira capa impermeável tivesse sido criada pelo químico escocês Charles Macintosh, em 1824, parece que a invenção não tinha chegado àquela cidadezinha do sul do Brasil. 
Ou talvez fosse de preço inacessível ao povo em geral. 
Ela observava, a cada manhã, sua mãe se dirigir ao portão da varanda da casa para apanhar o leite. 
E ficava olhando, admirada, para aquele menino. 
Corajoso ele, andando em cima daquele animal, que lhe obedecia as ordens, de forma tranquila. 
Por vezes, ela até surpreendia os olhos do animal parecendo lhe dizer: 
-Conheço você, menina, venho aqui todo dia. Por que tem medo de mim? 
O menino tinha uns dois ou três anos a mais e estava em classe superior à dela, na mesma escola. 
No recreio, ela o via brincar, correr, jogar bola e se perguntava como ele conseguia se levantar tão cedo, distribuir leite pela manhã, voltar para casa, ir para a escola à tarde e ainda ter fôlego para as brincadeiras. 
Sua timidez não lhe permitiu se aproximar dele, em todo o tempo dos bancos escolares de primeiro grau. 
Nunca soube o seu nome. 
E ele, com certeza, jamais soube como era admirado por aquela menina que, pelo canto da porta entreaberta, o via, todos os dias, entregar o leite à sua mãe. 
Naqueles tempos, lembra ela, as crianças eram habituadas ao trabalho.
Todas tinham suas tarefas. 
Antes ou depois da escola, entre o dever de casa, as refeições e a oração em família. 
Em sua casa, o avô providenciava grossos troncos de árvores que rachava com afiado machado. 
A ela cabia amontoar todos os pedaços de lenha, no porão.
E, diariamente, encher com eles a caixa atrás do fogão na cozinha. 
Tirava água do poço e a transportava em baldes, no final das tardes quentes, para aguar as flores e os vegetais. 
-Bons tempos, diz ela, em que éramos ensinados que trabalho é o bem da vida, que trabalhar é viver.  Entre amigas, falávamos dos nossos deveres e, por vezes, invejávamos aquelas meninas ricas, que diziam que, em sua casa, os empregados faziam tudo. Hoje, no entanto, olhando para trás, somos somente gratidão.Gratidão a nossos pais por nos terem ensinado que é preciso colaborar, que família é esforço conjunto. Que o trabalho nos dignifica os dias. 
Depois de uma pausa, concluiu: 
-Como é bom sentir-se útil. Como é bom poder fazer alguma coisa, todo dia, a cada dia.
Lições do ontem, imprescindíveis para o hoje. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.4.2024

domingo, 21 de abril de 2024

NEM CEDO NEM TARDE

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Nem cedo, nem tarde. 
O presente é hoje. 
O passado está no arquivo. 
O futuro é uma interrogação. 
Faça hoje mesmo o bem que escolheu fazer. 
Se você tem algo a entregar, entregue isso agora. 
Se deseja apagar um erro que cometeu, consciente ou inconscientemente, procure sanar essa falha sem demora.
Caso se sinta na obrigação de escrever uma carta, uma mensagem, não deixe que caia no esquecimento. 
Na hipótese de idealizar algum novo trabalho que poderá ser de utilidade geral, não adie a sua realização. 
Se alguém lhe ofendeu, desculpe e esqueça, para que não siga adiante carregando sombras no coração. 
Auxilie os outros, enquanto os dias lhe favorecem. 
Faça o bem agora, pois, na maioria dos casos, “depois” significa “fora do tempo” ou “tarde demais”. 
* * * 
A vida é breve, a alma é vasta, já dizia o grande poeta português, Fernando Pessoa. 
A existência na Terra é um sopro. 
Tudo passa muito rápido. 
Além disso, chegamos sem saber quando será o instante da volta. 
Algo providencial, assim como o esquecimento do passado, pois isso nos dá a grande lição do recomeço e da urgência. 
O recomeçar deixando seja lá o que fizemos e o que fomos para trás; a urgência de aproveitar a oportunidade ao máximo.
Não confundamos urgência com a pressa que vem acompanhada da ansiedade. 
A urgência aqui é no sentido de prontidão, iniciativa e importante necessidade. 
Realmente, não sabemos quanto tempo temos. 
Saímos para o trabalho, fazemos uma breve viagem, vamos à panificadora. 
Quem garante que iremos voltar? 
Não se trata de nos aterrorizarmos e ficarmos aguardando o instante da morte a qualquer momento, mas de entendermos que se trata de um fenômeno natural e que não sabemos o que está em nosso planejamento reencarnatório. 
Adiar questões importantes da vida será sempre uma aposta arriscada. 
Deixar mais para frente aquilo que sonhamos ou que nosso coração pede que realizemos sempre será uma jogada duvidosa. 
Vejamos que, muitas vezes, a intuição nos é muito clara: 
Faça agora! Diga! Vá até lá! 
Telefone para Fulano, converse um pouco. 
Ignoramos as intuições, porque deixamos que elas se misturem às atribulações e às preocupações menores.
E lá se vão grandes oportunidades. 
Nem cedo, nem tarde, a hora é agora.
Reflitamos sobre tudo aquilo que vai no coração. 
Aquilo que acreditamos ser importante realizar ou mudar em nossa vida. 
Não enchamos a vida de quando eu... 
Ou depois que eu... 
A frustração de chegarmos no plano espiritual, mais uma vez, deixando questões importantes para trás, atravessa o peito como espada incandescente. 
Culpa, decepção, arrependimento. 
Não queremos isso em nosso Espírito já tão marcado pelos acontecimentos dos tempos passados. 
Realizemos agora. 
Comecemos hoje. 
Um primeiro passo pelo menos. 
Façamos do dia de hoje um dia único. 
Surpreendamos aos outros e nos surpreendamos.
Lembremos sempre: 
Faça o bem agora, pois, na maioria dos casos, “depois” significa “fora do tempo” ou “tarde demais”. 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 3, do livro Hora certa, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. GEEM. 
Em 19.4.2024.

sábado, 20 de abril de 2024

O MILAGRE DO AMOR

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Percebendo as árduas lutas por que passam seus irmãos na face da Terra, um Espírito benfeitor ditou uma mensagem que intitulou O milagre do amor, e que é mais ou menos assim:
Quando a dúvida lhe chegue, maliciosa, indague ao amor qual a conduta a seguir. 
Quando a saudade avizinhar-se, tentando macerar-lhe o coração, refugie-se no amor e deixe que as recordações felizes iluminem a noite em que você se encontra. 
Quando a aflição aturdir-lhe o íntimo, chame o amor, para que a calma e a confiança predominem nas suas decisões. Quando a suspeita buscar aninhar-se em seu coração, dirija o pensamento ao amor e a paz dominará as paisagens dos seus sentimentos. 
Quando a cólera acercar-se da sua emotividade, recorde-se do amor e suave balada de entendimento se lhe fará ouvida na acústica da alma. 
Quando o abandono ameaçar estraçalhar-lhe os sonhos, ferindo-lhe a alma, busque o amor, que lhe dará fortaleza para prosseguir, embora a sós. 
Em qualquer situação, dirija-se ao amor. 
Só o amor possui o correto entendimento de todas as coisas e fala, em silêncio, a linguagem de todos os idiomas. O brilho de um olhar, um sorriso de esperança, um gesto quase imperceptível... 
Um movimento rítmico, um aceno, a presença do ausente...
Um toque, a música de uma palavra só o amor logra transformar em bênção. 
Feito de pequenos nadas, o amor é a força eterna que embala o príncipe no leito dourado e o órfão na palha úmida. 
O amor é o único mecanismo que conduz o fraco às tarefas gigantescas, que impulsiona o progresso real; que dá dignidade à vida; que impele ao trabalho de reverdecer o pantanal e o deserto... 
Que concede alento, quando a morte parece dominar soberana... 
O amor é vida, sem o qual perderia o sentido e a significação.
Quando se ama, a noite coroa-se de astros e o dia se veste de sorrisos. 
O amor colore a palidez do sofrimento e o erradica.
Sem este milagre, que é o amor, não valeria a pena viver. 
Em tudo está a presença do amor que provém de Deus e é Deus. 
Descubra o amor, e ame. 
Ame e felicite-se, colocando na estrada do amor sinais de luz, a fim de que nunca mais haja sombra por onde o amor tenha transitado a derramar claridade. 
Por tais razões, Jesus Cristo reuniu toda a lei e todos os profetas num só mandamento, cuja estrutura comportamental e finalidade última é o “amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. 
* * * 
O amor é de essência divina, e todos nós, do primeiro ao último, temos, no fundo do coração, a centelha desse fogo sagrado. 
Portanto, não tenhamos medo de amar.
Redação do Momento Espírita com base no cap. 4, do livro Em algum lugar no futuro, pelo Espírito Eros, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no CD Momento Espírita, v. 4, ed. FEP 
Em 20.4.2024

sexta-feira, 19 de abril de 2024

LOUVOR

A manhã se espreguiça jubilosa, louvando a terra adormecida com a dádiva do despertar. 
A vida canta ao nascer do dia, louvando a mensagem da luz.
As flores exalam perfumes ao contato dos raios solares, louvando a graça do calor. 
A terra umedecida produz, louvando a felicidade da doação fertilizante. 
O rio abraça o oceano, louvando a amplidão marinha. 
O diamante brilha, louvando as marteladas lapidadoras que o fizeram brilhar. 
O homem ama, louvando a oferenda Divina que lhe felicita o coração. 
Aquele que crê se ajoelha feliz e louva o Senhor agradecendo a dádiva da fé. 
A nuvem, flutuando, louva a oportunidade de se espalhar pela atmosfera rarefeita. 
A árvore cresce e louva o solo que a viu nascer. Estende os galhos que projetam sombra acolhedora, multiplicando bênçãos de flores e frutos. 
Toda a vida na Terra é um hino de louvor ao Senhor de todas as coisas. 
O sol que brilha, o coração que ama, a ave que canta, as mãos que socorrem, a flor que perfuma, o ser que perdoa, o diamante que brilha, o sentimento que ajuda são manifestações do Espírito de louvor que vibra no mundo, entoando a música de gratidão à fonte soberana da vida. 
Tu podes te unir a essa orquestra, entoando também o teu hino de louvor, agradecendo a feliz oportunidade de realização na Terra. 
Basta que faças dos teus braços instrumentos do progresso que gera a harmonia. 
E que transformes o teu coração em harpa divina a compor uma canção de esperança e paz. 
Se tens a alegria de crer em Deus, no Espírito imortal e na vida que prossegue vibrante, após a desencarnação, louva ao Senhor que te libertou da ignorância. 
Agradece o discernimento de que desfrutas, o entusiasmo e o amor à vida. 
Louva e agradece a Deus a felicidade que ora te enriquece.
Distribui as flores da tua alegria íntima em forma de caridade para com todos. 
E, acima de tudo, ama. 
Ama a tudo e a todos. 
Com a moeda do amor se adquirem todos os bens da Terra e os incomparáveis tesouros do Céu. 
Isto porque o amor persevera, insistindo nos propósitos superiores que o vitalizam. 
O amor transforma, pela natureza dulcificadora de que se constitui. 
O amor dignifica em razão do conteúdo de que se faz mensageiro. 
O amor liberta, por ser o poder da vida de Deus distribuído para toda a criação. 
O amor, alma da vida e vida da alma, é a canção de felicidade que vibra do Céu na direção da Terra e quando encontra ouvidos atentos que lhe registrem a melodia, se transforma em harmonia envolvente que penetra até onde cheguem as suas ressonâncias. 
Ama, pois, e faze do teu amor um hino de constante louvor ao Criador. 
* * * 
Desperta para a vida. 
Medita em tuas responsabilidades perante a Humanidade e perante Deus. 
De ti dependem criaturas que te cercam, na família, no trabalho, na sociedade. 
Não fujas à responsabilidade que assumiste: realiza o teu trabalho com amor, produzindo o melhor que puderes e o máximo que tuas forças o permitirem. Seja esta a tua forma de louvar ao Criador da vida em todas as horas da tua existência. 
Redação do Momento Espírita, com base nos cap. 38 e 40, do livro Florações evangélicas, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal e no cap. 189, do livro Minutos de sabedoria, de Carlos Torres Pastorino, ed. Sabedoria. 
Em 15.08.2011.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

LOUVORES VAZIOS

SÃO VICENTE DE PAULO
Contam as tradições do mundo espiritual que, certa feita, estava Vicente de Paulo, o nobre sacerdote francês, a celebrar um ofício religioso. 
O nobre clérigo, que ganharia a História pela sua devoção aos pobres e por sua humildade, verifica, em meio à solenidade, repentino louvor público. 
Aproxima-se do altar velho pirata que, em altos brados, inicia sua ladainha de agradecimentos. 
-Obrigado meu Deus, dizia ele, pelos ricos navios que colocaste no meu caminho, pelas boas presas, vítimas dos meus roubos e saques. Graças à Tua generosidade Senhor, pude tomar-lhes as riquezas e os tesouros. Não permitas nunca que este Teu filho se perca na miséria. 
Na sequência, aproxima-se do altar jovem rapaz que, por sua vez, passa a tecer os motivos que tinha de agradecimentos ao Senhor. 
-Obrigado meu Deus, pela herança que permitiste que eu herdasse com a morte de meu avô. Ele, que fez fortuna na guerra e nas batalhas, nos deixa volumosa soma em dinheiro. Assim, passarei a existência no ócio e na diversão, sem a necessidade do trabalho. 
Em seguida, foi um cavalheiro maduro quem se aproximou do altar para seus agradecimentos públicos. 
-Mestre Divino, agradeço-te o amparo pela vitória na batalha que encetei para ampliar os domínios de minhas terras. Agora, graças ao Teu poder, ampliarei minha fortuna e meus bens. 
Não tardou para adornada senhora tomar a posição de agradecimento. 
-Eu Te agradeço Senhor, pelos escravos que me conferiste em minhas terras coloniais. Graças ao trabalho deles, tenho fortuna, poder e riqueza, sem grandes preocupações com meu futuro e o dos meus. 
Os agradecimentos continuavam, quando São Vicente de Paulo, assombrado, reparou que a imagem do Mestre de Nazaré, estática no altar, adquiria vida e movimento.
Reparando que o Mestre, em prantos, afastava-se do altar a passos rápidos, o nobre sacerdote, tomado de susto, lhe indaga: 
-Mestre, por que Te afastas de nós? 
O Celeste Amigo, melancólico, dirige-se ao sacerdote:
-Vicente, afasto-me porque me sinto envergonhado de receber louvores e agradecimentos daqueles que esquecem e desprezam os fracos, os infelizes, os desafortunados e pensam apenas em si mesmos. 
A partir desse dia, São Vicente de Paulo nunca mais abandonou a túnica da pobreza, trabalhando incessantemente na caridade. 
* * * 
Não diferente desses, muitas vezes, agimos de forma semelhante. 
Lembramos de agradecer a Deus, com os lábios e palavras.
Porém, esquecemo-nos de que, como nos lembra Jesus, a cada um daqueles que dermos de vestir, de beber e de comer, será a Ele que estaremos servindo. 
A melhor forma de agradecer a Deus, será sempre servindo ao próximo. 
Dar o agasalho, o pão, ou ainda, dar do nosso tempo e da nossa atenção para quem cruza o nosso caminho, será a maneira mais nobre e feliz de agradecermos as bênçãos da vida. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 13, do livro Contos e Apólogos, pelo Espírito Irmão X, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 7.6.2023.

quarta-feira, 17 de abril de 2024

OLHOS DA REALIDADE

Sidney Fernandes
Um conferencista e escritor, em certa palestra, narrou uma das lições inesquecíveis de seu pai. 
Em tempos idos, como gerente de banco, ele precisava visitar seus clientes. 
Em dias quentes, por estradas empoeiradas. 
Seu meio de transporte era um jipe. 
Nenhum desses modernos. 
Estamos nos referindo àquele com tração nas quatro rodas, criado para fins militares na Segunda Guerra Mundial e aproveitado posteriormente em serviços rurais. 
Quando seu pai chegava em casa, no fim da tarde, cansado, coberto de poeira, falava como fora o seu dia.
Por vezes, ele sofrera alguns problemas com seu veículo mas sempre contava tudo com um sorriso. 
-Filho, olha como eu sou abençoado. Hoje quebrou o jipe na estrada. Graças a Deus, não estava chovendo. 
Ou então: 
-Olha como Deus é bom comigo. Hoje acabou a gasolina do jipe e só faltavam dois quilômetros para um posto de gasolina.
E, finalizando a narrativa, dizia o palestrante: 
-O que foi que ele nos ensinou? Não foi fingir que a realidade não tinha problema, não foi autoengano de olhar em volta e alienar-se das dificuldades. Foi não ser derrotado pelas dificuldades. Já bastava a encrenca de combustível para ele ainda ter esmagado a esperança. Já bastava a dificuldade com a quebra do motor do jipe para ele ser derrotado uma segunda vez. 
* * * 
Bem verdade. 
Se os problemas nos chegam, de nada nos servirá reclamar, ou tentar culpar os outros. 
As reclamações, os xingamentos somente nos farão mal. 
Mal para nosso coração, para nosso fígado, para nossos órgãos nobres. 
E resolvem alguma coisa? 
Sabemos que não. 
Nós mesmos precisaremos resolver o problema. 
Ou, se não tivermos condições, recorrer a alguém. 
Se for um veículo enguiçado, chamaremos o guincho para o levar até a oficina mais próxima. 
Se for falta de combustível, bom, aí não poderemos reclamar de ninguém senão de nós mesmos porque o indicador está visível, sinalizando o quanto de combustível dispomos no tanque. 
Cabe-nos estar atentos e calcular até onde poderemos rodar com aquela quantidade. 
Se for o mau tempo que nos surpreendeu, no caminho, de nada nos adiantará gritar, exasperar. 
O melhor será procurar abrigo, para que não nos arraste a enxurrada, ou nos leve o vendaval. 
Até mesmo nessa questão, por vezes, somos um pouco imprevidentes. 
A meteorologia avisara da possibilidade de ventos fortes ou tempestade, que não demos atenção. 
Para vivermos em paz com nós mesmos, para não dilapidarmos o precioso patrimônio da maquinaria orgânica, sejamos ponderados. 
Usemos de prudência. 
Procuremos ser previdentes. 
E, se mesmo assim, problemas fora do nosso controle, nos alcançarem, nos perguntemos: 
-O que posso fazer para melhorar a questão? 
E, também: 
-O que podemos aprender desse acontecimento? 
Sempre há uma lição a ser aprendida. 
Aprendemos com a experiência alheia, nos servindo dos seus exemplos, das suas atitudes. 
Também das nossas próprias. 
Isso nos permite que cresçamos, que progridamos. 
Para isso estamos aqui. 
Para sermos melhores a cada dia, em tudo e em cada coisa.
Redação do Momento Espírita, com narrativa extraída do artigo Sublime transição, de Sidney Fernandes, da Revista Reformador, ano 142, nº 2338, de janeiro.2024, ed. FEB. 
Em 15.4.2024

terça-feira, 16 de abril de 2024

O UNIVERSO EM MOVIMENTO

Sentado à mesa do café da manhã, estático, meus olhos passam pelas folhas de vidro estáticas, pelo alpendre de madeira estático e se derramam sobre o que restou de floresta estática na cidade do Sul. 
-Mal sabe ele que isso é uma grande ilusão! – Dizem os homens de ciência. 
Meu café da manhã viaja, junto com as folhas de vidro, com o avarandado e os arbustos do quintal, numa velocidade absurda, pelos confins de um Universo sem fim. 
Há uma impressão aparente, de que tudo está parado, mas o nosso planeta gira em torno de si mesmo numa velocidade de mil seiscentos e sessenta e seis quilômetros por hora. 
Quase o dobro dos grandes aviões de passageiros. 
Incrível?
Mas ainda há mais. 
O planeta Terra não se encontra parado no Sistema Solar. 
Ele gira em torno do sol, conforme aprendemos nos anos escolares. 
E a que velocidade ele realiza esse movimento de translação?
Pois bem, estamos também correndo a cerca de cento e sete mil quilômetros por hora em volta da grande estrela de nosso sistema. 
Assim, vivemos num planeta que gira a mil seiscentos e sessenta e seis km/horários e se desloca no espaço a cento e sete mil quilômetros por hora. 
Podemos ficar tontos só de pensar. 
Porém, a surpresa não acaba por aí. 
Sabe-se que todo o sistema solar, sol e planetas, também está se deslocando em torno do centro da Via Láctea. 
A que velocidade? 
Setecentos e vinte mil quilômetros por hora! 
A conclusão é simples: isso parece não ter fim. 
Tudo se movimenta. 
Nada está parado. 
As leis da matéria nos possibilitam ter nossas vidas tranquilas, aqui, sem nenhum tranco, sem nenhuma aceleração ou desaceleração repentina.
Porém, pensemos nisso: tudo está em movimento. 
O Universo é movimento. 
A vida é movimento. 
Nada existe para permanecer no mesmo lugar. 
Tudo está em constante transformação, em constante renovação, dos elementos materiais do cosmos até os Espíritos. 
Reflitamos nisto: 
Como essa lei universal do movimento se reflete em nosso íntimo? 
Onde estávamos há quinhentos anos? 
Onde estamos hoje? 
Quem éramos há duas encarnações? 
E quem somos hoje? 
Tudo é feito para evoluir, para seguir adiante, para viajar pelo infinito cumprindo um papel formidável na Criação de Deus, desde a galáxia até o átomo. 
* * * 
Não nos permitamos parar. 
Não nos permitamos o desalento que nos impede de seguir em frente. 
Tempo de reflexão é importante: são movimentos internos, são revoluções na alma, que procura sair de um lugar de agonia para um de paz. 
No entanto, tempo de inatividade, de ociosidade, leva-nos a perder o compasso do Universo, o que nos faz muito mal.
Movimentemo-nos em outras direções. Movimentemo-nos para dentro. Movimentemo-nos para algo melhor. Movimentemo-nos na direção do amor. Não nos permitamos a estagnação. 
Cada viagem na espaçonave Terra é uma oportunidade sem igual. 
O ingresso é caro, valioso e não pode ser desperdiçado.
Apreciemos a viagem. 
Olhemos pela janela. 
Olhemo-nos também. 
Sigamos nosso caminho. 
Naveguemos pelas sendas do Universo infinito com coragem e alegria. 
Tudo isso é muito mais belo do que possamos imaginar.
Redação do Momento Espírita 
Em 16.4.2024

segunda-feira, 15 de abril de 2024

LOUVAR A DEUS

Eloim, Yaveh, Jeová, Alá. 
Força suprema, energia maior, Deus. 
Não importa como O denominemos, o sentimento de Deus é inerente à criatura humana. 
Em todos os povos e culturas não se encontrará um sequer onde a crença em uma força maior inexista. 
Houve povos que conceberam Deus como muitos deuses.
Confundiram as obras da Criação e seus fenômenos com o próprio Criador, denominando-O por diversos nomes. 
Outros tantos humanizaram Deus, transferindo-Lhe nossas paixões e desejos, criando deuses ciumentos, cheios de cobiças, enfim, com todas as falhas humanas. 
Há outros que, apesar de crerem em um Deus único, O veem como perseguidor, ou como o Deus vingança, o Deus que fica à espreita, esperando nossos erros para, logo em seguida, imputar Suas pesadas penas. 
Alguns, entendendo a mensagem de Jesus, passam a vê-lO como Pai, protetor e soberanamente bom e justo. 
Nas mais diferentes culturas, as mais diferentes visões de Deus. 
Porém, sem exceção, a preocupação do relacionar-se e do louvar a Deus sempre se mostrou presente.
Porém, há que nos perguntarmos: 
-Qual a melhor maneira de louvarmos a Deus? Como devemos louvar a Deus? Devemos mesmo fazê-lo? 
O sentimento de louvor a Deus nasce naturalmente na intimidade da criatura, quando percebe a grandiosidade do Criador. 
Toda vez que olhamos o milagre da vida se desenvolvendo no ventre materno e nos emocionamos, estamos louvando a Deus. 
Se somos capazes de parar o carro, na beira da estrada, somente para admirar um trigal a esparramar-se com as carícias do vento, será esse um louvor a Deus. 
O arco-íris que nos faz parar um momento, na correria dos nossos afazeres para admirá-lo, um jardim florido que nos enternece a alma, o cheiro de chuva que nos faz refletir a respeito da sabedoria da natureza, são momentos de louvor ao Criador. 
Mas é necessário que nosso louvor se estenda além do momento de enternecimento e admiração. 
Deve ampliar-se no sentimento de respeito ao Autor da vida e às Suas obras. 
Assim, estaremos louvando a Deus quando respeitarmos as obras da Criação, não poluindo rios e mares, não destruindo animais e plantas. 
Louvaremos a Deus, olhando nosso próximo como irmão e assim o tratando, trocando o olhar de indiferença, com que muitas vezes cruzamos a multidão, por um olhar de ternura e apreço. 
Embora tantos pensem no louvar a Deus como algo etéreo ou místico, algo interno ou metafísico, o louvar a Deus pode estar nas ações mais simples do nosso cotidiano. 
Quando nossa mente, mergulhada na grandiosidade do amor de Deus, conseguir percebê-lO nas pequenas ações de cada dia, louvar a Deus será sentimento companheiro de nossas almas. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita v. 23, ed. FEP. 
Em 22.1.2016.

domingo, 14 de abril de 2024

O MELHOR AMIGO DE TODO MUNDO

-Pai, sabia que você é o meu melhor amigo de todo o mundo?
Foi o que Bernardo, de cinco anos, disse ao seu pai algumas vezes. 
A noção de amizade para uma criança nessa idade é muito especial, e talvez nossa compreensão de adultos não consiga explicá-la racionalmente. 
O que ele entende como amigo? 
Quem está sempre junto; quem brinca com ele; quem está ali, por perto, quando ele precisa; alguém em quem ele confia, falando sempre a verdade; alguém com quem tem assuntos em comum. 
Os pais, que são também amigos de seus filhos, têm a oportunidade de conquistar seu amor de uma forma única e preciosa. 
Frisamos o também, pois os pais, na posição em que estão, não podem ser apenas amigos, pois têm outras responsabilidades, e há momentos em que a autoridade de pai, de mãe, precisa sobressair. 
Porém, o ingrediente amizade, na relação pais e filhos é fundamental. 
Quantos pais de filhos adolescentes estão por aí, hoje, desesperados, pois não conseguem se comunicar com seus filhos. 
Resolveram, tardiamente, serem amigos deles, bater um papo, serem confidentes, quem sabe... 
Mas sem nunca antes terem se aproximado, de forma adequada, para que hoje pudessem desfrutar dessa posição.
Sim. 
Quem quer poder ter um bom diálogo com seus filhos adolescentes, precisa merecer essa confiança, necessita ter conquistado esse lugar na vida deles desde cedo. 
E é isso que vemos pouco nas famílias. 
Vemos dois mundos afastados: o mundo das crianças e o mundo dos adultos. 
Crianças não podem falar sobre questões de adultos, e adultos não valorizam os assuntos das crianças. 
E assim vamos criando um vale entre nós e eles. Um em cada mundo. 
Os diálogos são poucos. 
Gradativamente eles vão perdendo o interesse em conversar, em perguntar, pois desmerecemos a compreensão que eles têm de mundo. 
Grande erro nosso, como pais e educadores. 
As crianças precisam participar de nosso mundo, de nossos assuntos, de nossos problemas e soluções. 
Obviamente, com critério e cuidado, adequando a linguagem, as explicações e a profundidade do tema, veremos que podemos falar de tudo com elas hoje em dia. 
E elas precisam opinar, precisam ter a possibilidade de debater sobre os mais variados temas do dia a dia. 
Assim, não as ignoremos quando dão suas opiniões, por mais absurdas que possam parecer. 
Amigos falam de tudo. 
São confidentes. 
Não têm vergonha de expor suas fragilidades, suas dúvidas e incertezas. 
Amigos penetram um no mundo do outro. 
Assim, que tal, sempre que possível, fazer uma breve viagem pelo mundo das crianças, com seus heróis, brinquedos, com sua imaginação fantástica? 
Elas gostam tanto quando nos veem mergulhados em suas histórias, em suas brincadeiras! 
Vamos perceber que nos será agradável também. 
Basta se deixar levar. 
Há tanto que eles podem nos ensinar sobre a vida... 
Criando esse diálogo, essa abertura com eles, desde cedo, desde a barriga da mãe, certamente seremos amigos de nossos filhos também e, com isso ganharemos confiança e uma via segura para alcançar seu coração. 
Para ser o melhor amigo de todo o mundo, precisamos estar lá, no mundo deles, e sempre que possível, deixá-los conhecer o nosso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP. 
Em 13.4.2024.