quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

COISAS QUE NUNCA ESQUECEMOS

Existem etapas da vida que nos marcam profundamente. 
Não falamos de traumas, de perdas, de dores superlativas, que nos deixam cicatrizes de difícil recuperação. 
Falamos de acontecimentos positivos que assinalam um momento especial que define ou redefine as nossas vidas. 
Nossa primeira professora, aquela que nos tomou a mão, desenhou um símbolo e disse que aquilo era uma letra. 
Lembramos que o céu se abriu, e despertamos para o mundo da leitura. 
A primeira frase lida.
Muitos de nós guardamos, na memória do coração, esse momento como inesquecível. 
O velho quadro de giz, verde, as letras bem desenhadas como numa pintura celestial. 
O que foi escrito na lousa que nunca mais esquecemos? 
O céu é azul. 
O sol é amarelo. 
Não esquecemos a viagem fantástica pelo mundo da literatura quando chegamos à China, com o navegador Marco Polo. 
Ou quando imergimos, com escafandro, nas profundezas do oceano com Julio Verne. 
Uma mãe amorosa nos confessou que lembra da emoção que foi acompanhar a leitura do primeiro livro de sua filha:
O pato e o sapo. 
Ela guarda o livro até hoje, com anotações do dia e hora em que o milagre aconteceu. 
Foi na sala, com pai, mãe, tia, todos atentos para ouvir o diálogo entre o pato e o sapo. 
-Sapo, você nada? 
-Pato, você pula? 
Uma história de amizade e solidariedade. 
Muitas gravuras, poucas frases. 
Um encanto. 
Descoberto o mundo extraordinário das letras, dos símbolos que formam poemas, contam histórias, fazem rir ou chorar. 
Emocionam. 
Deslumbram. 
Em um treinamento para trabalhadores de uma sociedade benemérita, o coordenador surpreendeu aos quase duzentos participantes com o relato de sua experiência. 
Lembrou de seus quatro anos de idade quando, adentrando à sala de Evangelização, aprendeu uma canção. 
Recordando, ele tornou a ser menino, adoçou a voz e, num encanto, transportou a todos ao ontem, enquanto cantava os versos profundos em sua singeleza: 
Seareiro, seareiro. 
Vamos que o dia já vai começar. 
Olha o brilho do sol, seareiro, 
nos convidando a trabalhar! 
Vê como é vasta a seara, 
chamando o trabalhador.
Vem, seareiro. 
A seara é de amor!
* * * 
Cada um de nós tem um fato, uma música, um momento, uma ação em sua vida que segue conosco. 
O dia em que assistimos a um concerto, no Teatro da cidade, ao lado de um amigo querido. 
O dia em que chegamos aos pés da estátua do Cristo Redentor, no morro do Corcovado, no Rio de Janeiro. 
Não é que nos sentimos um tanto mais perto do céu? 
Até mesmo os que fomos abraçados pelo velho alemão Alzheimer temos lembranças que assomam à memória e nos remetem ao passado, a algum momento de magia e encantamento. 
Algo que a alma arquivou, o coração selou e nossa alegria perenizou. 
Algo que nos fez bem, nos acalentou. 
Um abraço de mãe na noite de tempestade. 
O bater do coração da amada quando a convidamos a fazer par conosco, para o resto das nossas vidas.
Um pôr do sol como jamais tornamos a ver, numa tarde de primavera, em um local paradisíaco. 
Os quadros de beleza de um jardim por onde andou um poeta, um inventor, um sábio. 
Um dia de luz. 
Jamais esquecido.
Redação do Momento Espírita 
Em 28.2.2024.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

FIQUE UM POUCO MAIS

Fique um pouco mais 
Hoje, especialmente hoje, quero lhe fazer um pedido. 
Pode não ser muito fácil, dependendo de como esteja a sua vida e das resoluções que já tomou, mas, peço que confie em mim. 
Eis o que desejo lhe pedir: fique um pouco mais. 
Apenas isto: fique um pouco mais. 
Não desista de tudo, assim, antes do fim. 
Não desista da história antes de chegar às últimas páginas do livro. 
Muitas vezes, o final elaborado pelo autor nos surpreende. 
Você pode dizer que já sabe o final, que sabe muito bem onde isso vai dar, mas posso lhe garantir que o Universo nos surpreende a cada instante.
Sabemos tão pouco da vida... 
Sabemos tão pouco dos acontecimentos. 
E ainda, conhecemos tão pouco de nós mesmos. 
Por isso, fique um pouco mais e dê a você e à vida mais uma chance. 
O filme está cansativo, as costas doem e você quer deixar a sala de cinema antes dos créditos, antes de saber como tudo termina.
Confie em mim: vale a pena cada minuto sentado ali. 
Vale a pena cada esforço que você fizer para suportar. 
Não subestime a existência. 
Não subestime a Inteligência Divina. 
Você não está aqui por um acidente da natureza. 
Aliás, não existem acidentes na natureza. 
Tudo está como deveria estar. 
Você não precisa passar por isso tão sozinho, sem dúvida. 
Peça ajuda. 
Você não imagina a quantidade de pessoas que ficaria muito feliz em poder ajudá-lo. 
Pedir ajuda não é sinônimo de fraqueza. 
Pelo contrário, é sinônimo de inteligência, perspicácia. 
O mundo de hoje nos exige demais. 
Os valores estão confusos. 
A informação abundante nos deixa tontos. 
Parece que tudo acontece mais rapidamente do que podemos acompanhar. 
Você não precisa lidar com isso sozinho. 
Ninguém precisa. 
E o primeiro pedido de ajuda está na oração sincera. 
Ore a Deus. 
Ore ao seu Espírito protetor pedindo luz para iluminar tantas sombras. 
Ore por força, por clareza, por equilíbrio e verá que, conforme esse hábito se instalar em sua vida, naturalmente as coisas começarão a se organizar.
Primeiro, será dentro de você. 
Depois, ao seu redor, do lado de fora. 
Busque espiritualizar-se. 
A vida essencialmente materialista é sufocante. Realmente, não há como suportar. 
Busque um sentido maior. 
Busque conhecer-se. 
Busque atividades que promovam a serenidade da alma. Comece a meditar. 
Pouco tempo por dia, cinco minutos que seja, mas comece. 
Fale com as pessoas sobre como você se sente. 
Não guarde os sentimentos sombrios, as dúvidas e os conflitos só para você. 
Se por acaso não conseguir dividir isso com os mais próximos, procure auxílio profissional. 
Precisamos nos abrir, precisamos colocar certos fantasmas para fora sem temor, sem vergonha e enfrentá-los com tranquilidade. 
Desconecte-se um pouco das notícias, das mídias sociais e dessa necessidade de saber de tudo e de todos, a todo instante. 
Aproxime-se da natureza. 
Perceba quanta beleza existe aí, à sua volta, em seu bairro, em sua cidade, em sua casa. 
Mas, antes de tudo isso, volto ao meu pedido inicial, um pedido simples e respeitoso: 
-Fique um pouco mais. Não vá tão cedo. Dê à vida mais uma chance. Vai valer a pena. 
Redação do Momento Espírita 
Em 26.2.2024.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

DA VIDA, UMA PRECE!

Encontramos, no seio de praticamente todas as religiões, o exercício salutar da prece. 
Em algumas, tal prática apresenta-se na forma de mantras. 
Em outras, de cântico. 
Ou, ainda, de rogativa. 
Entretanto, independentemente da forma, a prece sempre tem como objetivo ligar a criatura ao Criador. 
A prece é um ato de adoração. 
Orar a Deus é pensar nEle; é aproximar-se dEle; é pôr-se em comunicação com Ele. 
A três coisas podemos propor-nos por meio da prece: louvar, pedir e agradecer. 
Louvar a Deus significa reconhecer nEle a fonte de toda vida, de toda a Criação. 
É observarmos tudo o que nos cerca – as plantas, os animais, nosso próximo – e enxergarmos neles a assinatura Divina, o traço que Deus deixa em cada uma de Suas criaturas. 
Uma prece de louvor é feita mais do que com palavras.
Pode ser expressa em atitudes.
Quando louvamos, reconhecendo, em tudo o que nos cerca, a mão do Criador, torna-se impossível não expressarmos gratidão a Deus por todo amor que Ele nos oferece, em todas as circunstâncias do viver. 
Amor esse que se manifesta através das mais variadas expressões: o ar que respiramos, o alimento que temos em nossas mesas, a família que nos acolhe, a casa que nos abriga, os amigos que nos fortalecem. 
O companheiro ou companheira que divide a vida conosco, os filhos que nos são dados ao coração, as oportunidades diárias de progresso intelecto-moral, a conquista das virtudes que nos aproximam da paz e da felicidade. 
E, quando brota em nossas almas o sentimento que nos leva a louvar e a agradecer, o gesto de pedir modifica-se. 
Nossas rogativas já não são mais baseadas nas ilusões da matéria, nem tampouco no orgulho que confunde nossas escolhas. 
Nossas decisões tornam-se mais maduras, pois começamos a compreender as leis que regem toda a Criação. 
Já não mais rogamos a Deus que solucione nossos problemas, dificuldades e sofrimentos. 
Antes, pedimos ao Senhor da vida que nos conceda a sabedoria, a resignação e a humildade para que, além de poder superá-los, possamos aprender com as preciosas lições que acompanham cada momento.
Entrarmos em comunicação com Deus significa fazermos, diariamente, de nossa vida uma prece. 
E a prece se faz em cada gesto de abnegação, de renúncia, de fé. 
A prece se faz quando olhamos para aquele que sofre, para aquele que passa fome, para aquele que não tem onde morar e, desinteressadamente, lhe estendemos a mão que ajuda, o ombro que consola, o abraço que afaga, a palavra que une. 
A prece se faz quando perdoamos quem nos fere e somos capazes de pedir perdão àquele que ferimos. 
A prece se faz quando nos reconhecemos parte integrante de toda a Criação, de todo o equilíbrio universal e, dessa forma, tomamos para nós a responsabilidade de contribuirmos para a construção de um mundo melhor. 
* * * 
DIVALDO PEREIRA FRANCO
E JOANNA DE ÂNGELIS
Na oração a criatura suplica e se apresenta a Deus. 
Pela inspiração profunda e reconfortante responde o Senhor 
e se revela ao aprendiz.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com citação do item 659, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB e pensamento final do verbete Oração, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no CD Momento Espírita, v. 25, ed. FEP. 
Em 27.2.2024.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

LIVRE DECISÃO

CHICO XAVIER
EMMANUEL E ANDRÉ LUIZ
Todos somos construtores dos nossos destinos. 
A cada minuto da vida, fazemos opções importantes e decisivas para a nossa economia moral. 
Sempre temos diante de nós duas ou mais opções que deveremos eleger, de conformidade com a nossa livre vontade. 
Se estamos no trânsito, por exemplo, e alguém nos corta a frente, temos que decidir rapidamente entre duas opções: xingar ou ficar quieto. 
Se nos aproximamos de um cruzamento, cujo sinal está fechado para nós, podemos optar entre parar o veículo ou avançar com o sinal vermelho.
Na convivência diária, quando alguém nos fala mal de outro alguém, podemos optar entre sermos o ponto final da maledicência, ou levar a fofoca adiante. 
Se uma pessoa nos pede uma informação qualquer, podemos dar ou não a informação. 
Ou ainda, dar a informação correta ou incorreta, conforme nossa livre vontade. 
Se abraçamos alguém, podemos optar entre um abraço frio, desprovido de sentimento ou um abraço pleno de afeto verdadeiro. 
Se ofertamos uma flor, poderemos escolher entre uma flor sem perfume e outra perfumada. 
Nas conversações diárias, temos sempre a possibilidade de falar com otimismo ou usar as palavras para espalhar o pessimismo e a insegurança. 
Diante da dificuldade que se apresenta, podemos assinar, de pronto, um atestado de derrota ou acreditar que seremos capazes de vencer o obstáculo. 
Como podemos perceber, em todas as situações nós é que decidimos, de livre vontade, entre as opções possíveis, cabendo-nos depois, o resultado da própria decisão. 
Se no trânsito optamos pelo xingamento, teremos consequências diversas das que teríamos se nos calássemos. 
O motorista que fechou o nosso veículo pode não nos ter visto, ou ter errado no cálculo, e, nesse caso, assumirá o equívoco e não revidará. 
Mas se estiver procurando encrenca, como se costuma dizer, responderá com violência e o desfecho poderá ser totalmente desagradável. 
Se escolhemos avançar com o sinal vermelho poderemos nos chocar com outro veículo e colher as consequências correspondentes. 
Se diante da possibilidade de disseminar a fofoca e a intriga, optamos por nos calar, certamente evitaremos muitos dissabores. 
E isso depende exclusivamente da nossa livre decisão. 
Vale a pena que meditemos em torno dessas questões que nos dizem respeito. 
A situação poderá se agravar ou se resolver, sempre de conformidade com as nossas tomadas de decisão. 
* * * 
Os minutos se apresentam para todos nós como bendita oportunidade de crescimento para Deus. 
Dessa forma, cabe-nos optar entre ser um sorriso que ampara ou um soluço que desanima; um raio de luz ou uma nuvem de preocupações; um ramo de flores ou um galho de espinhos; um amigo que compreende e perdoa ou um inquisidor que condena e destrói; um auxiliar devotado ou um espectador inoperante; um bálsamo que restaura ou um cáustico que envenena; uma chave de solução nos obstáculos ou um elemento que os agrava; um esteio da paz ou um veículo da discórdia; uma bênção ou um problema. 
Enfim, estaremos constantemente tomando decisões importantes, sempre de acordo com a nossa livre vontade. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita com base nos cap. 18 e 29, do livro Educandário de luz,, pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.André Luiz
Em 09.03.2009.

domingo, 25 de fevereiro de 2024

LISTA DE PRESENTES

Quando se aproxima o final do ano, costumamos fazer algumas listas que têm o objetivo de nos auxiliar a cumprir com os compromissos aos quais nos propusemos no decorrer do ano e que acabamos deixando para trás.
Nelas estão incluídas as promessas que fizemos e nem sequer nos movemos no sentido de cumpri-las.
Lista de tarefas profissionais que foram inúmeras vezes deixadas em último lugar. 
Lista de compromissos sociais diversas vezes adiados. 
E, com a proximidade do Natal, vem também a lista de presentes. 
Então, nos esmeramos na compra de lembranças e mimos para os familiares e amigos, em um gesto simbólico de comemoração do aniversário de nosso querido amigo Jesus. 
Movidos pelo sentimento de caridade que nos envolve mais intensamente, nesta época do ano, muitos oferecemos lembranças àqueles menos favorecidos e aos desamparados. 
Na ansiedade de não esquecer nenhum de nossos afetos, verificamos inúmeras vezes nossa lista. 
Mas, num gesto de reflexão, poderíamos incluir em nossas anotações uma lista do quanto nos fizemos presentes na vida de todas as pessoas que nos cercam. 
Com certeza constataríamos o quanto ofertamos de nós mesmos às pessoas que estimamos e também àquelas que, mesmo sem conhecermos muito bem, podem ter precisado de nós em algum momento.
Paremos para pensar o quanto nos fizemos presentes na vida de nossos filhos. 
Se ainda crianças, reflitamos por quantas vezes estivemos ao lado deles brincando, dando-lhes bons exemplos, ensinando-lhes as verdades e também as coisinhas mais simples e importantes da vida. 
Como observar e respeitar a natureza; ou oferecer um cumprimento sincero e afetuoso às pessoas. 
Quantas vezes lhes ofertamos abraços carregados de afeto e dissemos a eles que os amamos? 
O trabalho, a louça suja, a casa desarrumada podem esperar. 
A infância não, essa passa em um piscar de olhos e não volta mais.
Oferecemos aos nossos filhos jovens e aos nossos pais o presente da companhia desinteressada, do apoio nos momentos que precisaram?
Quantas vezes os incluímos em nossos planos diários? 
Telefonamos para eles apenas com o intuito de saber como estavam passando? 
Aos amigos, oferecemos o presente da amizade sincera? 
A prática da verdadeira caridade fez parte de nossos projetos? 
Não sabemos o quanto nos demoraremos nesta existência, se teremos uma vida breve ou longa. 
Procuremos então não adiar esses verdadeiros presentes que somos capazes de oferecer ao nosso próximo. 
As lembrançasque podemos comprar também têm o seu valor, e todos gostamos de recebê-las, pois demonstram carinho, afeto e gratidão. 
Mas nada disso tem sentido se não tocamos o coração das pessoas.
Muitas vezes, a palavra que compreende, o olhar que conforta, o silêncio que respeita, a presença que acolhe e os braços que envolvem podem ter um valor imensamente maior do que qualquer presente material que ofertemos. 
São essas atitudes que dão sentido à vida e fazem com que ela seja mais intensa, leve e feliz. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 2.12.2013.

sábado, 24 de fevereiro de 2024

APRENDENDO COM AS DIFICULDADES

Todos vivemos, vez ou outra, dias particularmente difíceis. 
Normalmente, eles transcorrem no seu ritmo, com pequenos problemas que se sucedem e são prontamente resolvidos. 
É o nosso cotidiano de acordar cedo, arrumar as crianças, ir ao trabalho, ao supermercado, acertar as finanças... 
É a vida a transcorrer sem mais complicadas demandas. 
Porém, em certas épocas, a vida se mostra desafiadora. 
O que era tranquilo e estável parece esvair-se em nossas mãos. 
Sem que nenhum sinal houvéssemos percebido, o cônjuge decide romper a relação, surpreendendo-nos. 
E o que parecia consistente e feliz se desfaz de maneira repentina. 
Os genitores, que seguiam a sua velhice tranquilos e saudáveis, sofrem algum transtorno físico, que os deixa limitados, dependentes. 
A saúde, que tínhamos como sólida e plena, padece transtornos, exigindo-nos demandas que nem imaginávamos. 
O trabalho, nossa segurança financeira e esteio material da família, desaparece frente a uma demissão inesperada.
E, com ela, vão embora a rotina do trabalho e a convivência com os colegas. 
Todos nós passamos por esses momentos desafiadores, nos quais o equilíbrio e a tranquilidade dão espaço ao incerto e às preocupações. 
O coração passa a conviver com a incerteza, com o medo, com a insegurança do amanhã. 
Esses são dias em que devemos exercitar o aprendizado, virtudes adormecidas, acionar capacidades latentes, atendendo, dessa forma, às exigências que se apresentam. 
Tenhamos certeza de que esses dias não irão durar para sempre. 
Terão o prazo estipulado pela Providência Divina, de acordo com o necessário para nosso aprendizado, a intensidade de nossa capacidade emocional. 
Nunca as dificuldades assomarão nosso caminho ao acaso, tampouco acima do que possamos suportar. 
A Providência Divina vela por nós e provê nossas necessidades, enviando-nos o socorro e o alento de que precisamos. 
O ditado popular sabiamente nos lembra de que Deus dá o frio conforme o cobertor. 
Isso assinala que nenhum de nós se encontra desamparado ou desprovido das condições de carregar o fardo que chega. 
Se tudo nos parecer demasiado, peçamos o auxílio do nosso anjo de guarda, esse ser espiritual que nos acompanha os passos, conforme designação do Todo-Poderoso. 
Tenhamos em mente que não nos encontramos sozinhos na jornada.
Assim, em momentos de dor intensa, de conflitos internos, de sentimentos de desamparo, paremos um pouco. 
Tranquilizemos a mente. 
Guardemo-nos na oração. 
Busquemos refúgio em Deus, num colóquio íntimo com Ele. 
Entreguemo-nos aos seus cuidados, rogando para que nos fortaleça.
Deixemos que Ele tome nosso coração e o ouça, detidamente.
Aguardemos as horas, os dias, enquanto, a pouco e pouco, a tempestade se asserena, os tropeços são ajustados na estrada. 
E sigamos, confiantes, certos de que a vitória nos compete. 
Todos os filhos de Deus nascemos para sermos vencedores. 
Trata-se de uma luz chamada progresso, que nos convoca para o Alto, para os cimos. 
Redação do Momento Espírita 
Em 23.2.2024

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

POR QUE NÃO O RECONHECEMOS?

Foram tantos os sinais. 
Grandiosos. 
Mas não lhes demos atenção. 
Muitos séculos antes foi predita a Sua vinda. 
Ele foi cantado pelos poetas do Velho Testamento, aguardado por um povo exausto de escravidão, de desmandos e injustiças.
Ele chegou, no silêncio de uma noite, talvez madrugada. 
O local era uma gruta, lugar que fora ofertado por quem se condoera ao ver aquele casal singular: um homem preocupado, uma jovem em dias finais de gestação. 
A Divindade enviou um coro celeste para o grande anúncio do nascimento para os corações simples dos pastores, no campo. 
Eles ouviram e entenderam: o Pastor de todas as ovelhas nascera, ali próximo. 
O Pai Celeste enviou ainda uma caravana de seres angélicos, que brilharam intensamente, formando uma estrela de brilho inigualável. 
Os habituados a olhar o céu, contando estrelas, observando o brilho dos astros, entenderam a mensagem: o Rei chegara. 
E homens sábios, vindos de diversas partes do Oriente, foram até o menino, levando-lhe presentes, que afirmavam Sua realeza, Sua missão, Seu sacrifício: ouro, incenso e mirra. 
Era o reconhecimento de que o Governador Planetário chegara para implantar o reino dos céus nos domínios da Terra. 
Foi apresentado ao templo, em Jerusalém, pelos Seus pais, para que Sua presença ficasse registrada: nascera mais um hebreu. 
Não um simples hebreu, mas um filho de David, reconhecido pela profetisa Ana e pelo velho Simeão, que O aguardava, para depois, conforme suas próprias palavras, poder partir para o Além. 
Na adolescência, surpreendeu os doutores da lei com Seu conhecimento invulgar. 
Por quase três dias esteve entre eles, falando das coisas dos céus e da Terra. 
Como não reconheceram nEle a grandiosidade do Espírito, um Ser que exalava sabedoria e bom senso, que sabia falar de tudo, com as palavras precisas? 
Como puderam deixar que Aquele Menino se fosse, levado pelos pais, para uma região distante, não desejando saber para onde fora, o que aconteceria com Ele, o que Ele faria? 
Chegado o início do Seu Messianato, foi ao rio Jordão e, para que pudesse ter muitas testemunhas, no cumprimento das escrituras, submeteu-se ao batismo de João, embora ele não o quisesse realizar, por ter a exata ideia de quão grande era Aquele personagem. 
Era o Messias. 
O Ungido. 
O Enviado. 
No entanto, o diálogo entre o Mestre e Seu arauto, os fenômenos de voz direta, nada disso foi percebido pelo povo que ali estava. 
Retornando a Nazaré, foi à sinagoga, tomou os escritos de Isaías e leu: 
O espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados de coração; a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos. A pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. 
Fechou os rolos, sentou-se e afirmou: 
-Hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos. 
E não O reconhecemos. 
Hoje, passados os séculos, tantos de nós nos questionamos se Ele terá mesmo existido, se era tão grande assim, se prossegue conosco, se...
Quando abriremos os ouvidos da alma? 
Quando nos renderemos à grandiosidade do Seu amor? 
Redação do Momento Espírita 
Em 22.2.2024.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

FIM DAS GUERRAS NA TERRA

MARCEL MARIANO E ESPÍRITO MARTA
O menino pobre, vendedor ambulante de jornais, sai da redação com seu pacote. 
A plenos pulmões, vai ao mercado municipal e brada aos ouvidos moucos:
-Extra, extra! Fim das guerras na Terra. Um acordo mundial de paz entre as nações encerrou todos os conflitos. Extra, extra! Olha o jornal, saindo agora da redação! 
Não houve quem não se interessasse pela animadora notícia.
Comerciantes de frutas, atacadistas de secos e molhados, verdureiros, ambulantes deram ligeira pausa na agitação da feira pública e muitas mãos ávidas fizeram as moedas chegar mais depressa ao bolso do moleque encantador. 
A notícia não era falsa.
Era o editorial, estampado na primeira página como manchete e trazendo o pensamento de um articulista desconhecido. 
"Em histórica reunião da ONU - Organização das Nações Unidas - na noite de ontem, líderes e embaixadores credenciados de todos os países, com assento no prédio em Nova York, decidiram, coletivamente, adotar uma postura histórica, que vai alterar os rumos da civilização no planeta. São estes os principais pontos da resolução do milênio: Todas as guerras em curso, pequenas ou grandes, estão suspensas, por tempo indeterminado, permitindo que as partes em conflito busquem uma solução negociada, sob patrocínio de mediadores indicados pela ONU; As nações que assinam essa resolução abrem mão de investimentos em armas, munição, artefatos de destruição de qualquer espécie, doravante direcionando tão vultosos recursos para edificação de escolas e hospitais. As pátrias mais ricas financiarão projetos de longo curso em países pobres ou em desenvolvimento, com ênfase na qualificação profissional, alfabetização de crianças e jovens e acesso ao mercado de trabalho, em condições que permitam o resgate da dignidade da pessoa humana; As religiões serão amparadas e respeitadas em seus locais de culto, facultando que cada um encontre seu alimento espiritual sem o travo da intolerância e do fanatismo. A casa será chamada lar e sua intimidade é inviolável, permitindo que os pares, unidos pelo amor, decidam os melhores rumos da prole e das próprias vidas; Propõe-se às nações, que ora assinam esta resolução, sugerirem aos seus cidadãos a abolição de muros e cercas, e o compartilhamento da mesma internet, podendo cada um chorar em público sem receio de ter sua ferida exposta. A religião universal passa a ser o amor, sustentando quatro colunas: tolerância para quem pensa diferente, paciência no trato com os mais carentes, fraternidade sem fronteiras e perdão incondicional de ofensas e agressões."
* * * 
Mal vendeu seu último exemplar, disputado por feirantes e compradores, o menino saiu correndo, ébrio de felicidade, e desapareceu numa viela pobre. 
Quem leu com atenção logo percebeu que se tratava de um artigo enviado à redação do jornal por um leitor anônimo, que optou por assinar com duas letras: J C. 
Nada mais que isso. 
E por mais que fosse procurado na pequena cidade, o moleque jornaleiro nunca mais foi encontrado. 
Seu paradeiro, até hoje, é discutido em intermináveis rodas de conversa.
Redação do Momento Espírita com base em mensagem do Espírito Marta, psicografia de Marcel Mariano, em 3.11.2023, em Salvador/BA. 
Em 21.2.2024.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

NINGUÉM CRUZA NOSSO CAMINHO POR ACASO

CHICO XAVIER
Todos que estamos aqui hoje, no mesmo meio, nos encontramos em outras vidas; nossa relação de hoje, nosso encontro, é produto de outras existências. 
Como estamos novamente juntos, agora podemos acertar os erros do passado, para que na próxima vida que nos encontrarmos as coisas possam ser mais fáceis para todos, e os laços estarem mais fortalecidos.
As pessoas entram na nossa vida por uma “Razão”, ou por uma “Estação”, ou por uma “Vida Inteira”. 
Quando se percebe por qual motivo é, saberemos saber o que fazer por cada pessoa. 
Quando alguém está na nossa vida por uma “Razão”é, geralmente, para suprir uma necessidade que demonstramos. 
Elas vem para auxiliar numa dificuldade, fornecer orientação e apoio, ajuda física, emocional ou espiritual. 
Elas poderão parecer como uma dádiva de Deus, e são!
Elas estão lá pela razão que nós precisa que estejam. 
Então, sem nenhuma atitude errada da nossa parte, ou em uma hora inconveniente, esta pessoa vai dizer ou fazer alguma coisa para levar essa relação ao fim. 
Às vezes, eles simplesmente se vão, ou agem de uma forma para tomarmos uma posição. O que devemos entender é que nossas necessidades foram atendidas, nossos desejos preenchidos e o trabalho delas, feito. 
As suas orações foram atendidas. 
E agora é tempo de ir. 
Quando as pessoas entram em nossas vidas por uma “Estação”, é porque chegou nossa vez de dividir, crescer e aprender. 
Elas trazem a experiência da paz, nos fazem rir, nos fazem bem. 
Elas poderão ensinar algo que nunca tínhamos feito antes. 
Elas, geralmente, dão uma quantidade enorme de prazer. 
É tudo real. 
Mas apenas por uma “Estação”. 
Relacionamentos de uma “Vida Inteira” ensinam lições para toda a vida: coisas que se deve construir para ter uma formação emocional sólida. 
A nossa tarefa é aceitar as lições, amar a pessoa, e colocar o que aprendemos em uso em todos os outros relacionamentos e áreas da nossa vida. 
"Ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de ninguém sem nenhuma razão." (Chico Xavier)

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

LÍRIOS AO VENTO

Eles são apenas meninos... 
Meninos e meninas soltos nas ruas, como lírios ao vento... 
Não têm lar nem carinho, não sabem o que é aconchego e proteção. 
Eles cheiram mal, dizem uns. 
São pivetes violentos, assaltantes, alegam outros... 
São apenas crianças... 
Somente quem se aproxima desses pássaros indefesos, com atenção, é que pode perceber fatos comoventes e de grande sensibilidade... 
Certa vez ouvimos, dos lábios de um desses pequenos, uma oração sentida: 
Deus, meu Pai,
 ajude as crianças de rua, 
dê um lar para elas. 
Ajude essas pessoas que nos recebem 
e nos dão alimento e carinho.
Deus, meu Pai, ajude minha família, 
que não sei onde está,
 mas o Senhor deve saber. 
Vá até minha família, meu Deus, e a ampare. 
Somente quem se aproxima desses lírios expostos ao vento, pode perceber que são apenas crianças abandonadas à própria sorte, sem rumo e sem esperança... 
A pequena, cansada, se debruça e puxa a manga gasta do moletom, para esconder o dedo na boca, como se fosse uma chupeta. 
São crianças como outra criança qualquer... que vagueiam pelas ruas, sem direção certa... 
Esses pequenos talvez cheirem mal, como qualquer pessoa que ficasse muito tempo sem tomar banho. 
Talvez sejam assaltantes, viciados, violentos... 
Mas são apenas crianças... 
Sem rumo e sem esperança. 
Sem um lar, sem a orientação dos pais, eles criam mecanismos de defesa para não sucumbirem às circunstâncias da vida. 
Agem por instinto. Instinto de sobrevivência, natural em todo ser vivo.
Muitos saíram de casa para fugir das agressões dos pais, padrastos, madrastas, ou de quem os deveria proteger. 
Agora, vivem nas ruas defendendo-se dos perigos existentes nesse meio.
Muitos são explorados por adultos delinquentes. 
São constrangidos a roubar, traficar, se corromper, se prostituir. 
Alguns trazem as marcas da violência sofrida no pequeno corpo em formação. 
No entanto, mais profundas e doloridas são as marcas que trazem na alma dilacerada pela solidão, pelo abandono. 
Que futuro os espera? 
O que será dessas criaturas frágeis, após as ásperas rajadas de granizo sobre suas vidas indefesas? 
O que esperar desses pequenos lírios açoitados pelo vento e pelas tempestades que os arrasam?
* * * 
Se um dia você encontrar um desses pequeninos, pare um pouco e lhe pergunte sobre seus sonhos, seus anseios, suas vontades secretas. 
É bem possível que ele lhe diga que quer um brinquedo, que deseja ter um lar para se abrigar das intempéries, um colo para se aconchegar...
Talvez peça apenas para não ter mais que dormir no escuro, pois sente medo durante a madrugada. 
Quem sabe diga que deseja aprender a ler, escrever, fazer parte da História da Humanidade, como um ser humano, e não como um farrapo sem importância... 
E se você puder atender um de seus desejos, pode guardar a certeza de que nesse instante a Humanidade estará melhor... 
Se, porventura, ele receber você com indiferença ou agressividade, não leve em conta, pois ele estará apenas usando seus mecanismos de defesa, como fazem as criaturas frágeis, quando estão feridas... 
Redação do Momento Espírita. 
Em 14.6.2023.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

UM LÍQUIDO PRECIOSO

Francisco de Assis, referindo-se a ela, em sublime alegria, entoou a canção de amor e fraternidade, o Cântico das Criaturas, nos seguintes versos: 
Sê louvado, Senhor, pela irmã água tão útil, 
tão humilde, preciosa e casta.
Louvai, agradecei e bendizei ao Senhor. 
E a Ele servi com grande humildade e amor. 
Nestes dias em que estamos sendo alertados do problema da escassez de água potável no mundo, devido ao aumento da população mundial e a degradação do meio ambiente, os versos do suave cantor de Assis nos levam a meditar. 
Temos disponível hoje apenas 3% de todo o manancial existente na Terra e, com certeza, é necessário preservar o líquido precioso, a linfa que mantém a vida. 
Diante da escassez da água doce no planeta, lembremos que o amor a Deus significa o respeito e a ação preservadora da vida em todas as suas expressões. 
Somos responsáveis pela natureza, não a agredindo, antes contribuindo para o seu desenvolvimento e harmonia, expressando assim o amor que coopera com a obra Divina. 
Deus criou a água pura e cristalina e esse líquido brilha em nossos caminhos fomentando a vida. 
A água representa 60% do nosso peso corporal. 
Ela é tão importante que a perda de 20% do conteúdo do líquido acarreta a morte. 
Esse precioso líquido serve também como regulador da temperatura de nosso corpo e uma de suas propriedades mais características é a de dissolver numerosas substâncias formando soluções. 
A água é um bem Divino. 
O mar equilibra a nossa moradia planetária. 
Graças às chuvas regulares, desenvolve-se a agricultura e vivem as plantas, os vegetais, os animais, nutrindo-nos a própria vida. 
Os rios são fonte de organização das cidades. 
O aparecimento de povoados e cidades sempre esteve ligado à presença da água. 
Verificando a História, constataremos que o Império romano de há dois mil anos já conhecia e se utilizava das águas minerais para tratamento de seus males. 
Hábito que foi resgatado no Século XIX, pelos ingleses, a partir do que foram feitas também pesquisas científicas sobre a eficácia dessas águas minerais. 
Por tudo isso, pensemos na beleza das águas, meditando num córrego em festa, num lago de azul sereno, numa fonte cantante e abençoemos a linfa preciosa com gratidão. 
Unamo-nos à voz do autor de o Cântico das Criaturas, agradecendo a Deus pela dádiva da chuva, das cascatas que se lançam de grandes alturas, dos filetes de água que logo mais se transformarão em riachos abundantes de vida. 
Sê louvado, Senhor, pela irmã água tão útil, tão humilde, preciosa e casta.
Você sabia? 
Você sabia que a água é dos mais poderosos veículos para os fluidos de qualquer natureza?
E você sabia que em nossas mãos ela pode se tornar alimento de amor?
Quando alguém nos pedir um copo d’água para saciar a sede, podemos colocar nela, através de nossas vibrações, uma benéfica transfusão de vida, saúde e paz. 
Por isso mesmo Jesus nos disse: 
-Qualquer que tiver dado só que seja um copo d’água fria, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que, de modo algum, perderá a sua recompensa. 
Redação do Momento Espírita, a partir do texto O valor da água em nossa vida, de Maria Anita Rosas Batista, da revista Presença Espírita, janeiro/fevereiro de 2002, ed. LEAL e citação do Evangelista Mateus, capítulo 10, versículo 42. 
Em 16.1.2014.

domingo, 18 de fevereiro de 2024

AS LINHAS DE UMA FLOR

Almada Negreiros
Pede-se a uma criança: 
-Desenha uma flor! 
Dá-se-lhe papel e lápis. 
A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. 
Umas numa direção, outras noutras. 
Umas mais carregadas, outras mais leves. 
Umas mais fáceis, outras mais custosas. 
A criança colocou tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu. 
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor! 
As pessoas não acham parecidas essas linhas com as de uma flor!
Contudo a palavra flor andou por dentro da criança, da cabeça para o coração e do coração para a cabeça, à procura das linhas com que se faz uma flor. 
E a criança pôs no papel algumas dessas linhas, ou todas. 
Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor! 
* * * 
O belo texto de Almada Negreiros, poeta e artista plástico português, pode nos levar a várias reflexões. 
A primeira nos leva pelos caminhos de Antoine de Saint-Exupéry e seu principezinho encantador, quando nos mostra a dificuldade que a alma adulta tem para compreender o mundo infantil (como se nunca tivesse transitado pela infância).
O aviador de Saint-Exupéry, quando criança, não conseguia ser compreendido em seus desenhos mirabolantes. 
Eram complexos demais para os adultos... 
Outra nuance do poeminha nos leva a pensar sobre as potências de nossa alma e de como temos, dentro de nós, todas as linhas para desenhar o que bem desejarmos. 
Os gérmens da perfeição, das virtudes da alma, estão todos conosco desde que fomos criados, buscando o tempo de serem desenvolvidos.
Assim como as linhas desenhadas pela criança, nos primeiros momentos nos parecem ininteligíveis, são os primeiros movimentos do ser humano rumo à felicidade. 
Os traços vão se organizando com o tempo, com as encarnações, com os aprendizados, e nossa flor no papel vai ficando cada vez mais bela e mais próxima à figura original criada por Deus. 
A perfeição da flor desenhada nunca chegará a ser a da florescência divina, pois o Espírito alcança apenas uma perfeição relativa.
Porém, será igualmente bela a flor desenhada pelo homem após as sucessivas experiências na carne.
* * * 
Vivemos para organizar os traços de nossa intimidade, buscando dar-lhes aspectos harmônicos, inspirados e guiados pelas Leis Divinas. 
A educação nunca foi um ato de colocar algo para dentro de nós, e sim de colocar para fora, desenvolvendo potencialidades. 
A etimologia da palavra educação nos mostra os termos: ex, que significa para fora, seguido da expressão ducere, que se entende por guiar, conduzir, liderar. 
Assim, educar é conduzir, guiar, retirar de dentro de nós algo que está lá, embrionário. 
Olhemos para dentro, cuidemos de nós, invistamos nosso tempo na evolução espiritual e veremos esses traços bailando pelas telas do mundo produzindo grandes belezas. 
Temos conosco os gérmens de todas as virtudes, de todas as flores de nossa alma. 
Redação do Momento Espírita, com citação do texto A flor, do livro A invenção do dia claro, de José Sobral de Almada Negreiros, ed. Assirio & Alvim. 
Em 15.11.2018.

sábado, 17 de fevereiro de 2024

LINHAS CERTAS

Não posso deixar de lhe dizer, ao ouvir o som insistente dessa chuva de todo final de verão, que em tudo há grande lição. 
Você se queixa desse ou daquele acontecimento desagradável. 
Você gostaria que não fosse assim. 
As coisas parecem que estão sempre fora do lugar, fora de onde deveriam estar. 
Hoje é chuvarada em demasia, mês que vem a seca que ameaça a qualidade do ar. 
Tudo fora da ordem, fora do que deveria ser. 
Em determinada região, a abundância de recursos ou condições. 
Em outra, a escassez de quase tudo. 
Tão estranho e ameaçador. 
Aí é que começa a lição. 
Nada está fora do lugar, ou melhor, talvez apenas um único elemento: a nossa leitura. 
O dito popular afirma que Deus escreve certo por linhas tortas. 
Pois bem, podemos fazer uma releitura e dizer que Deus escreve certo por linhas certas: tortas estão as nossas lentes. 
Lentes do leitor. 
Na natureza tudo está em perfeito equilíbrio. 
O que acontece é que, quase sempre, estamos enxergando apenas a parte e não o todo. 
A natureza tem seus ciclos, suas estações, as épocas, necessárias para cada uma das suas manifestações. 
Tempo de semeadura, tempo de colheita. 
Tempo de frio.
Tempo de calor. 
Necessárias para um equilíbrio global. 
Assim como ocorre nos acontecimentos de nossa vida. 
Todas as estações nos trazem grandes lições. 
Aquilo que chamamos de desagradável, de mal, que nos chateia os dias, pode ser essa chuva que não para. 
Percebamos, porém, que ela está nos dando muitas oportunidades. 
Está preenchendo os nossos mananciais de paciência, de indulgência, de confiança. 
Essa chuva está nos tornando mais fortes, mostrando quanto somos capazes de resolver problemas sem desanimar, o quanto podemos seguir adiante, entendendo que depois de tudo isso ela passa. 
Sim, ela passa. 
E quantas vezes ela já passou... 
Ah, essa nossa memória... 
Quantas estações difíceis, quantas lutas... 
Quantas vezes já tivemos que reconstruir tudo. 
Lembremos do quanto já fizemos, do quanto fomos capazes de realizar quando acreditamos que não conseguiríamos. 
Corrijamos a lente. 
Troquemos por outra, se for o caso. 
Há quanto tempo estamos com os mesmos óculos? 
* * * 
Leiamos, interpretemos, traduzamos os acontecimentos de forma mais inventiva, mais inteligente. 
E até com bom humor. 
Por que não? 
Permitamo-nos rir de nós mesmos, levemos tudo com mais leveza.
Percebermo-nos por esse viés é, muitas vezes, uma terapia muito agradável. 
Só temos a ganhar. 
E, da próxima vez que ficarmos tentados a reclamar da chuva que não para, dos dias de estiagem que não têm fim, da temperatura muito alta, muito baixa, pensemos melhor. 
Reclamar é sofrer duas vezes. 
Entender é aprender com a experiência e crescer com ela. 
Deus continua escrevendo muito bem. 
Suas linhas continuam muito perfeitas. 
Que tal darmos uma revisada em nossas lentes trincadas, riscadas, distorcidas? 
E que tal aprendermos a escrever com ele também? 
Desde algum tempo, andamos com a caligrafia um pouco sem prática.
Observemos as lições da natureza. 
Espelhemo-nos no Criador e escrevamos nossa história com mais dedicação à beleza. 
Redação do Momento Espírita 
Em 19.5.2023.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

A LINHA DE CHEGADA

Entre setembro de 1968 e janeiro de 1969, um desenho criado pela Hanna-Barbera foi transmitido originalmente pelo canal CBS, nos Estados Unidos. 
Também teve sua transmissão no Brasil, em mais de um canal televisivo.
Chamava-se Corrida maluca. 
Eram onze veículos estranhos com ocupantes ainda mais estranhos que iam de um dragão que cuspia fogo a um urso chorão, de uma quadrilha de morte aos irmãos Rocha, Pedra e Cascalho. 
A competição era pelo título mundial de corredor mais maluco do mundo, em um rally pela América do Norte. 
A inspiração para a criação da animação veio de um filme chamado A corrida do século, de 1965
Nele havia uma personagem chamada Maggie Dubois, que foi transformada na Penélope Charmosa, e um professor chamado Fate, que deu origem ao vilão Dick Vigarista. 
Esse vilão, a cada corrida, tinha uma preocupação principal: criar obstáculos para que os concorrentes não cruzassem a linha de chegada.
Assim, esmerava-se em montar armadilhas, ao longo do trajeto. 
Com um detalhe, o seu ajudante, Mutley, costumava fazer sempre alguma coisa errada, na hora de colocar o plano em prática.
Como resultado, a cada episódio, Dick Vigarista acabava provando de seu próprio mal. 
Apesar de ser uma competição, não foi feito um episódio final contando quem foi o grande vencedor. 
No entanto, algo ficou bem evidenciado em cada um dos circuitos que foram ao ar: Dick Vigarista nunca ganhou uma corrida. 
Era tanta armação e tantos problemas que ele tentava criar para os outros, que nunca conseguiu cruzar a linha de chegada, em primeiro lugar. 
A animação teve uma única temporada, de dezessete capítulos, divididos em trinta e quatro segmentos. 
Foi retirada do ar, porque os pais, à época, estavam preocupados com a violência apresentada para as mentes infantis. 
* * * 
Como de tudo na vida nos compete retirar as lições para nós próprios, não poderia ser de outra forma, ao enfocarmos a corrida maluca. 
Quantos de nós seremos como Dick Vigarista, preocupados em criar obstáculos aos outros para que não alcancem os objetivos traçados, sejam eles um concurso, uma competição? 
Não nos surpreendemos, por vezes, em jogos que deveriam ser somente para nos distrair, em horas de lazer, elaborando formas desonestas de impedir a vitória do outro? 
Quantos de nós estaremos mais preocupados com o que fazem os demais, esquecendo de atentar para o que nos compete realizar, alcançar? 
Quantos invejamos o carro novo do vizinho, a festa espetacular do conhecido, a casa do colega transformada em mansão, depois de uma reforma? 
Quantos nos detemos a comentar o que faz ou deixa de fazer o nosso semelhante, sem nos darmos conta do tempo precioso que estamos perdendo? 
Tempo que melhor seria empregado no esforço de observação de nós mesmos, das nossas necessidades, do que devemos empreender para alcançarmos nossos objetivos. 
Afinal, o que nos deve importar não é impedir que outros tenham êxito, mas nos esforçarmos para cruzar a linha de chegada.
O importante, dessa forma, é nos preocuparmos conosco mesmos, com nosso desempenho, no intuito de alcançar aquilo a que nos propomos.
Pensemos a respeito. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 6.4.2019.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

A ESCOLA

David Pontes
Quando as férias acabam, é comum se ouvir, na porta das escolas, da boca dos pais ou de funcionários que recebem as crianças, frases bem desmotivadoras. 
-Acabou a moleza, hein? Aproveitou bem as férias? Melhor para você, porque agora vai ter que dar um duro danado. 
São comentários inocentes e brincalhões, feitos de forma esparsa. 
Por vezes, é mais com o objetivo de puxar conversa. 
Mas têm um efeito desastroso sobre as crianças. 
Os adultos falam brincando mas os garotos não têm condições para entender a sutileza da brincadeira. 
Para quem já está abalado com medo das novidades e o choque das mudanças do novo ano letivo, tais frases soam como ameaças de algo terrível. 
Isso, sem se falar dos comentários ruins que os pequenos ouvem dos pais a respeito da escola. 
São críticas a professores, ao currículo escolar, aos bilhetes que vêm com pedidos de material, normas e decisões da instituição, valores das mensalidades. 
Para os adultos é fácil aceitar, mesmo sabendo que não é o ideal.
Contudo, para as crianças fica um tanto difícil. 
Elas não podem entender porque os pais insistem para que elas frequentem aquela escola que traz tantos problemas para a família. 
E a escola acaba sendo entendida como uma coisa ruim. 
Acrescente-se ainda que, em casa, a mãe fala: 
-Vamos dormir, porque amanhã você tem aula. 
A mensagem que é passada é de que o estudo é um grande estraga prazer. 
Por causa dele é preciso acabar a diversão, deixar de assistir TV, ir para a cama. 
E para finalizar, ainda vem a outra célebre frase: 
-Vamos logo. Está pensando que ainda está de férias? 
É outra dica de que férias são um paraíso e o aprendizado é uma escravidão. 
Com tais mensagens, mais cedo ou mais tarde, as vítimas dessas circunstâncias vão demonstrar o seu desprezo pelos estudos, apresentando baixa produtividade escolar, distração e má vontade.
Naturalmente a escola não é um lugar de prazeres, pois exige esforço e disciplina. 
Pode ser até que ela tenha altos e baixos de qualidade. 
Mas esse é e será sempre um assunto para os pais com professores e diretores, não para discutir e falar para as crianças. 
Os pais podem e devem se esmerar para transformar a escola em um local de felicidade para os seus filhos na busca do conhecimento. 
* * * 
 
A escola é abençoado local de aprendizagem. 
Lembre-se de que a sua criança é a canção com que o tempo embala os ouvidos do futuro. 
É a semente que, lançada na terra fértil da orientação nobre, produzirá flores e frutos de esperança para o amanhã. 
Oferte-lhe, assim, a escola, permitindo que ela receba os estímulos generosos da instrução. 
Estímulos luminosos que anularão as trevas da ignorância e lhe abrirão portais de crescimento. 
Entretanto, ajude-a a enfrentar as dificuldades que surjam. 
Aponte e mostre o que é positivo. 
E se a escola apresenta deficiências, critique. 
Mas faça algo para melhorar. 
Apresente os erros. 
Mas igualmente apresente soluções, a fim de que a escola se torne melhor para os seus e para os filhos de todos os pais. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Chavões que trancam a escola, de David Pontes, em parceria com Ivan Capelatto e Ângela Minatti, publicado no jornal Gazeta do Povo, de 6.2.2000 e no cap. 10 do livro Vereda familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. 
Em 15.2.2024.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

CRIANÇA

Roger Patrón Luján
De tudo o que nos cerca na vida, uma das dádivas mais preciosas que Deus nos proporciona é a presença da criança. 
Ela tem o dom especial de dar sabor e graça a tudo. 
Contenta-se com tão pouco: um passeio, um pôr do sol, um pacote de pipoca. 
E tem a pretensão de que o mundo inteiro lhe pertence. 
É sua a árvore, a bola, a peteca. 
É seu o pássaro, o jardim. 
São seus o carro do papai e o batom da mamãe. 
Uma criança nasce com um brilho angelical e mesmo crescendo, sempre fica um halo de luz suficiente para nos cativar o coração, mesmo que ela se sente no lodo, chore a todo o volume, faça um berreiro ou ande pela casa se gabando, depois de vestir as melhores roupas e sapatos de sua mãe ou de seu pai. 
Ela pode ser a mais carinhosa do mundo e parecer a mais ingênua, até ao ponto de esgotar a nossa capacidade de responder perguntas. 
Quando está brincando, produz todo tipo de ruídos que nos colocam os nervos à flor da pele. 
Quando a repreendem ela fica quietinha, faz beicinho, carinha de choro. Mas continua com esse brilho angelical nos olhos. 
Ela é a inocência jogada na Terra, a beleza fazendo cambalhotas e também a mais doce expressão do amor materno, quando acaricia e faz dormir a sua boneca ou o seu bichinho de pelúcia. 
Quando Deus a cria, utiliza uma parte da matéria-prima de muitas de suas criaturas. Usa os gorjeios do sabiá e os saltos do gafanhoto, a curiosidade e a suavidade do gato, a ligeireza do antílope e a teimosia de uma mulinha. 
Gosta de sapatos novos, de sorvete, brinquedos, do jardim de infância, dos companheiros de folguedos e de correr atrás dos pombos e do gatinho. 
Adora livros de colorir, as lições de dança, a bola e o patinete. 
Ama a praia, o sol, o mar, as férias, o luar e as estrelas. 
Não gosta que lhe penteiem o cabelo e é a mais ocupada criatura na hora de ir para a cama, porque sempre precisa acabar alguma coisa que ainda nem começou. 
Ninguém nos dá maiores aflições ou alegrias, desgosto ou satisfações ou o mais legítimo orgulho. 
Pode bagunçar nossos papéis de trabalho, nosso cabelo e a roupa. 
É especialista em nos pedir tempo para compartilhar das suas brincadeiras e tem uma fértil imaginação.
Às vezes, pode parecer uma calamidade, que quase nos desespera com tantos ruídos e travessuras. 
Mas quando sentimos que as nossas esperanças e desejos estão a ponto de cair por terra, quando o mundo parece que se fecha para nós; quando chegamos a pensar que o fracasso logo nos alcançará, ela nos converte em majestades, quando se senta em nossos joelhos, passa os bracinhos pelo nosso pescoço e pede para contar um segredo no ouvido. 
E diz: 
-Eu te amo! 
* * * 
As crianças são como espelhos. 
Na presença do amor, refletem o amor. 
Quando o amor está ausente, elas nada têm a refletir.
Guardamos sérias responsabilidades para com esses Espíritos que nos foram confiados por Deus, Nosso Pai. 
Na condição de pais, é nosso dever guiá-los pelos caminhos do bem, falar-lhes de responsabilidades e dos objetivos da vida. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Que é uma menina? de Juan Alfonso Astiazarán, do livro Um presente especial, de Roger Patrón Luján, ed. Aquariana. 
Em 14.2.2024

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

A SAUDADE

Divaldo Pereira Franco
e
Espírito Rabindranath Tagore
Vencido pela profunda angústia da minha mágoa, despertei quando o jovem rosto da manhã adornado de luz e o mar de nuvens viajeiras me convidaram para o banquete do dia.
Levantei e percebi que não fora um pesadelo... 
A presença da sua ausência era a mais pura e triste realidade... 
Não sei dizer ao certo se é a presença da ausência ou a ausência da presença ou, talvez seja, simplesmente, saudade... 
Lá fora tudo respirava perfume e os braços do vento, carregando o pólen da vida, cantavam nos ramos do arvoredo delicada canção... 
Saí a correr para fora, tentando fugir da furna escura dos meus padecimentos. 
A presença invisível do bem-amado fazia-me arder em febre de ansiedade, enquanto os pés ligeiros das horas corriam à frente impondo-me fadiga e desconforto...
Embriagado pela saudade, meu ser ansiava pela paz... 
Em vão tentei exaurir as forças para livrar-me da dor, mas não conseguia libertar-me do punhal da melancolia cravado no coração, e da lembrança da sua ausência... 
Quando, enfim, a tarde se escondeu ao longe das montanhas altaneiras, outra vez tombei em mim mesmo, extenuado e só... 
Naquele momento desejei que o Todo Poderoso me dominasse com os fortes recursos da soberana misericórdia, livrando-me de mim mesmo...
Parecia que não mais suportaria o espinho da saudade cravado em meu peito, já dorido e exausto... 
A ausência da sua presença queimava as fibras mais sutis da minha alma.
E a presença da sua ausência me feria o coração dilacerado e só... 
A noite devorou o dia e, ao escancarar a sua boca negra, mostrou a primeira estrela engastada no manto escuro, vencendo as sombras...
Minutos depois, miríades de astros brilhantes compuseram o diadema da vitória total da luz... 
Só então, solitário e meditativo, compreendi como a minha canção de dor chegara aos ouvidos do Criador, que me respondeu em vibrações fulgurantes de esperança à distância... 
Só então compreendi que não há escuridão que resista a um simples raio de luz, e decidi acender a chama da esperança em minha alma. 
E, só então, pude ouvir o sublime cancioneiro do silêncio e suas melodias repletas de sons e paz, convidando-me a confiar em Seu infinito poder e a entregar-me aos braços suaves da esperança... 
* * * 
Se o manto escuro da saudade pesa sobre os seus ombros, ilumine-o com as pérolas da oração sincera em favor do bem-amado que partiu.
Preencha a ausência da presença com a lembrança dos momentos compartilhados nas horas alegres, e confie no reencontro feliz. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LII do livro Estesia, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no livro Momento Espírita, v.1 e no CD Momento Espírita, v.4, ed. FEP. 
Em 13.2.2024.