segunda-feira, 1 de julho de 2024

DEUS DISSE NÃO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Nas horas difíceis, quando lembramos de rogar a Deus por Seu socorro, nem sempre sabemos interpretar a Sua resposta. 
No entanto, a resposta sempre chega de conformidade com as nossas necessidades e merecimentos. 
Um homem que costumava fazer pedidos específicos a Deus, um dia conseguiu entender a Sua resposta e escreveu o seguinte: 
"Eu pedi a Deus para tirar a minha dor. Deus disse não. “Não cabe a Mim tirá-la, mas cabe a você desistir dela.” Eu pedi a Deus para fazer com que meu filho deficiente físico fosse perfeito. Deus disse não. “Seu Espírito é perfeito e seu corpo é apenas provisório.” Eu pedi a Deus para me dar paciência. Deus disse não. “A paciência nasce nas tribulações. Não é doada, é conquistada.” Eu pedi a Deus para me dar felicidade. Deus disse não. “Eu lhe dou bênçãos. A felicidade depende de você.” Eu pedi a Deus para me proteger da dor. Deus disse não. “O sofrimento o separa dos apelos do Mundo e o traz para mais perto de Mim.” Eu pedi a Deus para me fazer crescer em Espírito. Deus disse não. “Você tem que crescer sozinho, mas Eu o podarei para que você possa dar frutos.” Eu pedi a Deus todas as coisas para que eu pudesse gostar da vida. Deus disse não. “Eu lhe dou vida para que você possa gostar de todas as coisas.” E, por fim, quando pedi a Deus para me ajudar a amar os outros, tanto quanto Ele me ama, Deus disse: “Finalmente você captou a ideia!” "
* * * 
Se, porventura, você está se sentindo triste por não ter recebido do Pai Criador a resposta que desejava, volte a sorrir. 
O sol beija o botão da flor e ela sorri.
A chuva beija a terra e ela, reverdecida, sorri. 
O fogo funde os metais e esses, depurando-se, expressam formas para sorrir. 
Vai a dor, volta a esperança. 
Foge a tristeza, volta a alegria. 
* * * 
Certa vez um discípulo rogou, emocionado, ao seu mestre:
-Senhor, quando identificarei a plenitude da paz e da felicidade, vivendo neste Mundo atribulado de enfermidades e violências? 
O mestre, compassivo, respondeu: 
-Quando puder ver com a suavidade do meu olhar as mais graves ocorrências, sem julgamento precipitado; quando lograr ouvir com a paciência da minha compreensão generosa; quando puder falar auxiliando, sem acusação nem desculpismo; quando agir com misericórdia, mesmo sob as mais árduas penas e prosseguir sem cansaço no caminho do bem entre espinhos pontiagudos, confiando nos objetivos superiores, você se identificará comigo e gozará de felicidade e paz. 
O aprendiz ouviu, meditou, e, levantando-se, partiu pela estrada do serviço ao próximo, disposto a conjugar o verbo amar, sem cansaço, sem ansiedade e sem receio. 
* * * 
Se, porventura, você está triste por não ter recebido a resposta que desejava do Pai Criador, volte a amar e a sorrir.
Só assim vai a dor e volta a esperança. 
Foge a tristeza e volta a alegria. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida e mensagem volante, do Espírito Eros, psicografia de Divaldo Pereira Franco. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5 e no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP 
Em 1º.7.2024

domingo, 30 de junho de 2024

MAGIA DO AMOR

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Um executivo foi a uma palestra e ouviu um grande tribuno falar sobre o maior bem da vida que é a paz interior. 
Podemos tê-la em qualquer lugar, sozinhos ou acompanhados. 
Pois o executivo resolveu fazer uma experiência. 
Pegou cinco belas flores e saiu com elas pela rua, em plena cidade de São Francisco, na Califórnia. 
Logo notou que as cabeças se viravam e os sorrisos se abriam para ele. 
Chegou ao estacionamento e a funcionária do caixa elogiou o seu pequeno buquê. 
Ela quase caiu da cadeira quando ele lhe disse que podia escolher uma flor. 
Segundos depois ele se aproximou de outra mulher, que não assistira à cena anterior, e ela falou do perfume que ele trazia ao ambiente.
Ele lhe ofereceu uma flor. 
Espantada e feliz com o inesperado, saiu dali quase a flutuar, afinal, quem distribui flores perfumadas numa garagem pública quase deserta, num domingo, perto das vinte e duas horas? 
Completamente embriagado pela magia daqueles momentos, ele entrou num restaurante. 
Uma garçonete, com ar de preocupação, foi atendê-lo. 
Ele percebeu que as flores mexeram com ela. 
Como se sentia com poderes especiais para fazer os outros felizes, depois das duas experiências anteriores, ele deu a ela uma flor e um botão por abrir e lhe disse que cuidasse bem dele, pois, ao desabrochar, lhe traria uma mensagem de amor. 
 Dias depois ele voltou ao restaurante. 
A garçonete sorriu para ele com ar de quem tinha encontrado a fórmula da felicidade e falou: 
-A flor abriu. A mensagem era linda. Muito obrigada. 
O executivo sorriu também. 
Sentia-se um mágico: com flores, amor no coração e uma mensagem positiva, inventada ao sabor do momento, produzia alegria. 
Tão simples que até parecia irreal. 
Na manhã seguinte, ele precisava abrir um portão para passar com o carro. 
Surgida nem se sabe de onde, uma sorridente mulher desconhecida, que passava correndo, o abriu e fechou para ele, espontaneamente.
Ele compreendeu que havia uma harmonia universal ao seu dispor. Bastava que a buscasse. 
E passou a recomendar: 
-Tente você também, desinteressadamente. Dá certo e a recompensa é doce! 
* * * 
Se você é daquelas pessoas que vive correndo, com pressa, pense um momento: 
Por que a pressa? 
Vai salvar o mundo? 
Salve este momento vivendo-o com amor ao próximo e a si mesmo.
Seja mensageiro da luz, distribuindo flores em vez de espinhos.
Pense em algo diferente, surpreendente que você possa fazer para melhorar o ambiente do seu lar, do seu local de trabalho. 
Já pensou em colocar sua mesa mais perto da janela, para ser beijado pelo sol, enquanto você trabalha? 
Isso é amor a você mesmo. 
Já pensou em levar flores para sua casa e as colocar na sala, perfumando o ambiente, alegrando a todos? 
Isso é amor ao próximo. 
Um e outro nos dão felicidade. 
A felicidade desde agora, não mais tarde, amanhã ou depois da morte. 
A felicidade de nos sentir e fazer os outros felizes. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A magia amorosa de Divaldo Pereira Franco, de José Luiz Emerim, correspondente do Jornal O Popular, Goiânia/GO. Disponível no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP.
Em 29.6.2023.

sábado, 29 de junho de 2024

FAZENDO AS MALAS

Quando uma longa viagem surge na vida de alguém, várias são as providências a tomar. 
O indivíduo começa um planejamento de longo prazo, com calma e tranquilidade, para tudo poder executar a tempo. 
Aos poucos vai se inteirando das informações do país em que irá morar. 
Busca conhecer seus aspectos culturais, o clima, a alimentação, os hábitos locais. 
E, antes de partir, aos poucos vai se desfazendo das coisas de menor importância, doando alguns pertences, passando a frente outros objetos, descartando as coisas inúteis que no tempo foi guardando.
Pondera o que efetivamente lhe é de grande valia para poder carregar consigo. 
Repensa em como irá conduzir a vida, a partir de uma nova morada.
E aquilata as novas experiências que lhe serão possibilitadas com a viagem. 
Como sabe que os anos no exílio lhe serão longos, despede-se dos amigos, não desesperadamente, mas com lágrimas de até breve. 
Dá à família as instruções necessárias para sua ausência, para que tudo corra de maneira adequada e para que sua falta não lhes seja um grande fardo. 
E assim se vai preparando, para que o dia da viagem não lhe chegue de forma súbita e inesperada, encontrando-o com a mala por fazer e com os preparativos ainda por se concluírem. 
* * * 
Assim se dá com nosso regresso ao mundo espiritual. 
É a viagem inevitável que todos faremos de retorno à nossa pátria, deixando a Terra que nos é escola bendita e redentora. 
Como a viagem está marcada para todos e apenas desconhecemos a data da partida, que possamos aos poucos avaliar como estamos, caso logo mais sejamos convidados a voltar para casa. 
Será que nos despediremos de nossos entes queridos com a tranquilidade de quem sabe que irá reencontrá-los um dia? 
Será que já nos desfizemos do peso desnecessário e improdutivo que carregamos em nosso coração? 
Afinal, ele será a única mala que carregaremos. 
Será que já nos desapegamos das coisas daqui, que hoje, por mais importantes que sejam, logo mais não terão serventia, quando partirmos? 
Não poucos a morte do corpo físico arrebata de maneira despreparada e surpreendente. 
Vivem como se a vida física fosse a de eternidade, sem refletir em momento algum sobre a fragilidade da existência humana, esquecendo-se que imortal é a alma, porém jamais o corpo. 
Desta forma, útil será que todos possamos, vez ou outra, refletir sobre a vida e seus valores. 
Saber que ela vai muito além dos limites do corpo físico faz com que cada um de nós, aos poucos, vá arrumando as malas para a inexorável viagem de volta a casa. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 11, ed. FEP. 
Em 29.6.2024

sexta-feira, 28 de junho de 2024

MÃE

Certa feita, fomos surpreendidos pela resposta de uma criança que, ao ser indagada acerca do que desejaria ganhar como presente, no dia do seu aniversário, sem pestanejar, pediu: 
-Quero uma mãe. 
-Ora, lhe falamos, mas você tem uma mãe. Por que quer outra? 
-A mãe que eu tenho, respondeu, de verdade eu não tenho. Ela nunca está em casa. Eu preciso muito de uma mãe. 
Era o desabafo de uma criança de sete anos, retratando sua realidade.
Temos observado mães que têm mais de um emprego, que ficam distantes do lar horas em demasia. 
Tudo em nome da necessidade financeira. 
Ressalvadas aquelas que realmente se veem obrigadas a longas e exaustivas horas fora do lar, a fim de prover o sustento aos pequenos, o que se vê são algumas mulheres que têm por principal objetivo na vida crescer na carreira profissional. 
Não importa o preço. 
Mesmo sejam os filhos carentes de afeto e de cuidados maternais.
Vê-se também que as considerações de necessidades são bastante relativas. 
Desde que essas mesmas mães, que se esmeram em várias atividades, são as que transitam em férias, anualmente, pelos países da América, da Europa ou períodos mais ou menos prolongados em SPA, praias ou estações termais. 
Essas mesmas mães são as que fazem questão de trocar de carro todo ano e de adquirir para os filhos as roupas da moda, as grifes do momento. 
Necessidades fictícias. 
Jamais verdadeiras. 
E tudo em detrimento da criança, da sua necessidade afetiva, que é real, da necessidade fluídica que tem da mãe. 
A criança se alimenta dos fluidos da mãe, a quem ama e de quem depende. 
* * * 
Mães! 
Repensemos as atitudes. 
Vejamos se não estamos abdicando da mais nobre tarefa que o Senhor da Vida nos confiou: a maternidade. 
Maternidade que nos eleva à tarefa de educadoras por excelência.
Não estamos sugerindo um retorno irrestrito ao lar, ao exclusivo forno e fogão, limpeza e tanque. 
Estamos falando sim, de revermos as horas fora do lar e, tanto quanto possível, as restringi-las um pouco. 
Em especial, quando os filhos são pequenos e mais carentes da nossa atenção. 
Carinho de mãe pode ser substituído? 
Talvez. 
Mas a educação que deixarmos de dar aos filhos - por isso teremos que responder, com certeza. 
Se o trabalho profissional nos exige, verdadeiramente, um excessivo número de horas longe dos nossos rebentos, então, ao chegarmos em casa, dediquemo-nos a eles. 
Ouçamos as mil coisinhas do dia, que para eles são de suma importância. 
Reservemo-nos para lhes dar afagos, sorrisos, brincar com eles.
Permitamos que, ao menos no cair do dia, eles possam matar as saudades pela nossa longa ausência. 
Vejamos se fizeram a lição. 
Seus progressos na escola. 
E, nos finais de semana, saiamos com eles. 
Ouçamos as suas dúvidas. 
Permitamo-nos ser suas confidentes. 
Ensinemo-los a orar. 
Contemos histórias de Jesus.
Demo-nos a eles e realizaremos a tarefa de conduzir para o bem essas almas que Deus nos confiou, à conta de filhos. 
* * *
Nada substitui a presença e o carinho maternos: nem presentes, nem longas viagens, nem folguedos em lugares espetaculares.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 6.5.2014.

quinta-feira, 27 de junho de 2024

O HOMEM INTELIGENTE NA TERRA

Quando assistimos ao noticiário televisivo, ouvimos o radiofônico ou lemos na internet, quase sempre comentamos: 
-Só tem desgraça. Só falam de guerras, de corrupção, de crimes violentos. Será mesmo assim? 
Nessa questão, devemos proceder como o garimpeiro que peneira o cascalho na busca de ouro. 
Quando agimos dessa maneira, descobrimos uma pepita de ouro aqui, outra ali. 
Recentemente, ao ser noticiado que, em apenas nove minutos, dois caminhões pesados se serviram da mesma área de escape em rodovia estadual, o repórter se deteve a falar dos benefícios dessa estratégia.
Os primeiros estudos a respeito surgiram nos Estados Unidos pelos anos 1950 - 1960. 
Nessa época, caminhões maiores e cada vez mais pesados passaram a transitar pelo território norte-americano. 
A preocupação era com a segurança, especialmente a falha dos freios. 
Tentativas iniciais faziam uso de rampas e outros dispositivos para deter o veículo com problemas. 
Surgiram as caixas de brita que, além de frearem, evitavam danos maiores aos veículos e acidentes com feridos graves ou mortos. 
Além de toda a sinalização e equipamentos instalados ao longo do percurso, as tecnologias adotadas se tornaram pontos importantes, em conjunto com a modernização e manutenção das vias. 
As áreas de escape paralisam totalmente veículos desgovernados por causa de problemas mecânicos, principalmente perda dos freios, em descidas de serras. 
No Brasil, as primeiras áreas de escape surgiram no ano 2000.
Inicialmente preenchidas com materiais soltos, como cascalho ou pedras, evoluíram para o uso da argila expandida. 
Trata-se de um agregado leve, em forma de bolinhas de cerâmica, que podem ser rapidamente substituídas. 
Dispensa a criação de rampas. 
Basta uma nova pista, como uma bifurcação, com esse material e sinalização. 
O trecho pode ser mais curto, pois a eficiência é alta e a desaceleração do veículo quase imediata. 
Na matéria, o repórter ainda apresentava a estatística do elevado número de acidentes fatais evitados nas rodovias do nosso país, graças a essas áreas de escape. 
É uma nota que nos leva a agradecer àqueles que pensaram em recursos para deter um veículo desgovernado em uma estrada com trânsito intenso. 
Agradecer aos que se detiveram a estabelecer estratégias, que foram evoluindo, ao longo dos anos, aprimorando a eficiência. 
E nos damos conta de como é importante a missão do homem inteligente na Terra. 
Se Deus, por Sua vontade, permite que nasçamos onde possamos desenvolver a nossa inteligência, é que deseja que a utilizemos para o bem de todos. 
É uma missão. 
A natureza do instrumento nos indica a que ele deve se prestar. 
A inteligência é preciosidade que deve ser bem empregada. 
É um talento, também, do qual teremos que prestar contas, exatamente como os servidores que a parábola dos talentos descreve.
Utilizada para as pequenas dificuldades quanto para as grandes soluções, ela sinaliza a ação benéfica da Providência Divina no mundo. 
Inteligência a serviço do bem. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. VII, item 13 de O Evangelho segundo o Espiritismo, ed. FEB. 
Em 27.06.2024

quarta-feira, 26 de junho de 2024

O MAESTRO

A postura de um maestro, geralmente, é a do corpo ereto, com a coluna alinhada e os ombros encaixados. 
Os braços acima da cintura e levemente arqueados, numa posição confortável e flexível para a realização dos gestos. 
Os movimentos da mão direita orientam os instrumentistas quanto ao compasso e à velocidade de execução, fundamentais para garantir a coesão da orquestra. 
A mão direita é a da batuta, a vareta ou bastão utilizado pelo maestro.
Quando ela se move para cima, sinaliza aos músicos que o início de um compasso está próximo. 
O movimento também assinala o caráter do som, deixando-o, por exemplo, mais agitado, expressivo ou suave. 
Para isso, ela pode desenhar arcos pequenos ou amplos, de maneira suave ou agitada. 
Por sua vez, a mão esquerda se movimenta para complementar a orientação rítmica da direita. 
Ela sinaliza para cada família de instrumentos, as entradas e cortes.
Fechar a mão esquerda diz para os músicos pararem suavemente a execução. 
Movimentá-la, de forma rápida, demanda um corte brusco.
A técnica de regência é mais ou menos assim. 
Para quem assiste, um espetáculo ímpar observar o maestro. 
Ele chega ao palco, saúda o público, que o aplaude. 
Então, se volta para a orquestra e começa a magia. 
Com sua varinha mágica, ele comanda a apresentação. 
Seu corpo se move ao ritmo dos compassos. 
Ele meneia a cabeça. 
Seus pés, por vezes, se erguem, parecendo querer deixar o chão, como se fosse um bailarino desejando voar. 
Ele marca o ritmo, comanda a entrada dos instrumentos, cada qual no seu tempo certo, numa total harmonia. 
Então, move o corpo com delicadeza, como quem estivesse dançando com sua amada. 
A mão esquerda balança, como num gesto de enlace. 
A face dele parece em êxtase. 
A batuta desce e sobe, delicada. 
São os violinos que entram, suavemente, numa melodia quase inaudível. 
Depois, os instrumentos de sopro, vibrantes, a percussão... 
E ele prossegue, no comando frenético... 
Ou suave... 
Os músicos lhe seguem as instruções, num único objetivo: traduzir, com fidelidade, a inspiração dos compositores cujas peças executam.
Um violino geme sozinho, como numa manhã que deseja despertar, ante as carícias do sol. 
E há um diálogo entre o maestro e o primeiro violino. 
Logo mais, numa cadência romântica, a batuta convoca todos os instrumentos. 
Quando se assiste a um concerto não se sabe o que mais admirar: a performance desse comandante, a execução de cada músico, a melodia que nos envolve. 
Em certo momento, ele se volta para o público e a batuta comanda o bater das palmas, no ritmo certo. 
Os presentes aderem, entusiasmados, sorrindo. 
Fazemos parte do espetáculo. 
Compomos uma unidade: público, músicos, maestro. 
* * * 
Como seria extraordinário se assim procedêssemos em termos de Humanidade. 
Nosso Maestro se chama Jesus. 
Sua batuta é o Evangelho que derrama amor enquanto se ergue, vibrante, ou desce, delicada, comandando: 
-Ama... Ama... 
No meio da balbúrdia, o comando enérgico: ]
-Persevera. 
Em meio às calúnias, estabelece: 
-Adiante. 
E, no todo, repete e repete o mesmo compasso: 
-Perdoa... 
Redação do Momento Espírita 
Em 6.12.2022.

terça-feira, 25 de junho de 2024

PARA QUE SERVEM OS ANIVERSÁRIOS?

Rogério Miguez
Bastante comum na atualidade a comemoração de aniversários de pessoas ou de instituições. 
Isso nos leva a indagarmos quando e como tudo isso começou. 
A História registra celebrações de aniversários no Egito antigo, mais ou menos 3.000 anos a.C. 
Os merecedores eram somente os faraós, considerados deuses na Terra. 
Já entre os gregos antigos encontramos celebrações que tinham seu foco nos deuses. 
Para a deusa Ártemis, todo mês, eram feitas oferendas de bolos redondos com velas. 
Acreditavam eles que as velas afastavam os maus Espíritos e protegiam o aniversariante. 
Para os romanos, o "dies natalis" era lembrado como o dia de prosperidade. 
Cidadãos comuns o comemoravam, e havia oferendas, banquetes e jogos. 
 Encontramos a tradição da comemoração de aniversários se estendendo pelo mundo todo, a partir do século XIX. 
Com certeza, é justo comemorarmos mais um ano de vida, mais trezentos e sessenta e cinco dias vividos sobre a Terra.
Alguns dizem que não gostam de comemorações. 
Cremos que tudo depende de que forma é celebrada essa vitória da vida. 
É um costume digno de elogio, sem a menor dúvida. 
Reunir familiares e amigos, fortalecer laços e criar memórias. Raros não se emocionam nessas datas. 
Frequentemente, alguns se candidatam para preparar a comemoração, imaginar surpresas, confeccionar enfeites, comprar presentes, arranjar local. 
São as tais festas surpresa onde alegria, risos, abraços, tudo acontece simultaneamente, em nome do especial momento.
Se a felicidade nos faz sorrir nessas ocasiões, importante que tenhamos um espaço, por menor que seja, para avaliar os feitos alcançados ao longo desse período, recém-encerrado.
Que fizemos para enriquecer a nossa e a vida dos que nos cercam? 
Que benefícios proporcionamos? 
Em quais áreas do conhecimento melhoramos, desenvolvemos virtudes? 
Se partíssemos hoje, como seríamos lembrados? 
Quem ajudamos? 
Será que cuidamos de nós mesmos? 
As verdadeiras comemorações deveriam estar lastreadas por bons atos, boas obras. 
Não sendo assim, apenas existimos por mais um ano, de forma irracional, semelhante aos integrantes dos reinos vegetal e animal. 
Muito justa a comemoração simples ou um pouco mais ampla, sem exageros, no entanto. 
O momento é de celebrar a vida, agradecer a Deus pela existência e formular propósitos para o período que se inicia.
Que faremos nos próximos dias, nos próximos meses?
Serviremos mais? 
Estaremos mais com nossos familiares, desfrutando-lhes da companhia, do aconchego? 
Permitiremos que um outro filho de Deus renasça entre nós?
Cuidaremos das flores do jardim de nossa casa íntima?
Melhoraremos nosso relacionamento com o mundo?
Pensemos a respeito, enquanto apagamos as velas do bolo, enquanto estouramos balões festivos, enquanto dividimos um lanche saboroso com quem nos estima. 
E que esse dia seja um exercício para aprendermos a repartir mais tudo que temos: conhecimento, sentimentos, pequenos bens materiais. 
Pensemos a respeito. 
Hoje é o dia. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Comemorações, aniversários, dias festivos, de Rogério Miguez, publicado no Jornal Mundo Espírita, de maio de 2024, ed. FEP. 
Em 25.6.2024

segunda-feira, 24 de junho de 2024

MÃES SOLTEIRAS

É um fenômeno mundial. 
No planeta inteiro, há milhares de anos, bilhões de mulheres encaram a maternidade sozinhas. 
Hoje até se tornou moda: mulheres independentes e financeiramente estáveis optam por criar os filhos sozinhas. 
Mas, na maior parte das ocasiões, a maternidade solitária não é fruto de uma escolha. 
Sim, ser mãe solteira é também amargar o abandono, a confiança traída. 
É encarar o futuro assustada, muitas vezes sem sequer ter saído da adolescência. 
Como se sabe, na adolescência e na juventude, tudo parece ser maior, mais intenso e mais profundo do que realmente é. 
Por isso, os mais jovens se apaixonam e imaginam que vão morrer de amor. 
Quando rompem um namoro, acreditam que jamais encontrarão alguém melhor. 
E as brigas familiares assumem proporções de tragédia. 
Tudo isso é preciso ter em mente quando se analisa a questão das mães solteiras, da gravidez na adolescência e das crises que envolvem tais situações. 
É óbvio que uma gestação na adolescência não é a situação ideal. 
Ela atrasa estudos, interrompe sonhos e planos, gera momentos de desconforto. 
Mas o que fazer diante do fato concreto? 
E quando uma filha revela que está grávida, que atitude tomar?
Diante de uma gravidez, os pais entram em pânico e as filhas se desesperam ou se revoltam. 
Instala-se o caos. 
É bem humano e natural que seja assim. 
É que criamos expectativas a respeito dos outros. 
Os pais esperam que as filhas cursem uma Universidade, consigam um bom emprego, namorem, se casem e constituam uma linda e harmoniosa família. 
Por sua vez, as filhas também traçam planos que, às vezes, até coincidem com o dos pais. 
Mas elas também desejam ser felizes, conseguir independência, ter um lar para chamar de seu, com algum conforto e muita alegria. São projetos. 
Mas a vida tem surpresas pelas curvas do caminho. 
E a mais comum situação é ver os sonhos desaparecerem como bolhas de sabão. 
E nessas ocasiões vem a pergunta: 
Como agir? 
Como ser solidário e bom com a filha grávida, sem deixar de chamá-la à responsabilidade própria? 
As respostas a essas questões envolvem duas palavras: amor e sabedoria. 
Amor para compreender que a filha atravessa um momento delicado.
Muitas vezes foi abandonada, está sem chão, sem suporte.
Desnorteada, não consegue ver o futuro. 
Pensa apenas na gravidade da situação, nos momentos próximos em que terá nos braços um filho. 
E ela mesma é pouco mais que uma criança... 
Para os pais, a hora é igualmente difícil. 
Abalados, decepcionados, choram e brigam, externando a dor interna. 
Mas são mais maduros. 
É a hora de ganharem forças para amparar a filha necessitada. 
E ajudar a filha mãe solteira não é assumir as responsabilidades dela nem a educação do neto. 
Auxílio, nesse caso, é orientação, apoio psicológico e material, estímulo a continuar os estudos, cuidar do próprio filho e seguir em frente. 
Por vezes, fazemos tempestade em copo d´água. 
Ao contrário do que muita gente pensa, é possível ter filhos, estudar, trabalhar e concretizar todos os sonhos. 
É lógico que tudo será mais trabalhoso e difícil, mas não é impossível. 
A dificuldade é consequência da invigilância. 
Para isso, basta que alguém - pais, namorado, irmão, amigo, parente - faça uma pequena corrente de solidariedade e dê apoio.
Não se trata de assumir o papel da mãe nem suas obrigações. 
Isso jamais. 
Trata-se de pequenos gestos que farão toda a diferença no futuro.
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 18 e no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 10.5.2023.

domingo, 23 de junho de 2024

MÃES EXTRAORDINÁRIAS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
O jovem andava pela rua quando deparou com um homem caído.
Inexperiente, mas com enorme coração, chamou um táxi, colocou nele o homem e pediu para rumar ao Hospital. 
Ao chegar lá, descobriu que não tinha dinheiro para pagar a corrida.
O taxista lhe disse: 
-Quem é este homem que você vem trazendo ao hospital? 
-Não sei, respondeu o moço. Encontrei-o caído na rua e pensei em dar socorro. 
-Bom, respondeu o profissional, se você pode ajudar a quem não conhece, eu também posso. A corrida fica por minha conta. 
O homem, ainda inconsciente, foi colocado em uma maca.
Mas aí, os problemas começaram. 
O moço não sabia o nome dele, nem endereço, nem se tinha plano de saúde. 
Nada. 
Afinal, como disse à recepcionista:
-Eu não mexi nos bolsos dele. Só pensei em socorrer. 
-Bom, se ele não é seu parente, não é seu conhecido, quem vai se responsabilizar pelos custos do atendimento que for necessário?
-Não sei, falou o rapaz. Eu não tenho condições. Só sei que ele precisa de atendimento. Não pode ficar aí, sem que ninguém o socorra. 
A questão era simples, segundo a moça. 
Ele devia depositar um valor em caução e o restante poderia ser ajustado, mais tarde. 
Enquanto tentava explicar que não tinha dinheiro, e quase suplicava para que o seu socorrido fosse atendido, um médico adentrou o Hospital. 
-Fale com ele, disse a atendente. É o Diretor. Se ele autorizar... 
E assim foi. 
Ciente do que estava acontecendo, o médico, de imediato, diligenciou para que o homem adentrasse o Hospital e passasse a receber atendimento. 
Na sequência, pediu ao jovem que fosse ao seu escritório. 
Quando o jovem entrou na sala, encantou-se com um quadro, em tamanho natural, de uma senhora, de olhos expressivos, belíssima. --Quem é? – Perguntou. 
O Diretor, sentando-se, contou: 
-Minha mãe. Ela era uma mulher pobre. Lavando e passando roupa, conseguiu que eu me tornasse médico. Ela já morreu. Mas conseguiu o seu propósito: formei-me em Medicina e como vê, hoje sou o Diretor Geral deste grande Hospital. Quem diria. O pobre filho de uma lavadeira. Mas essa mulher extraordinária, não somente conseguiu que eu alcançasse o diploma. Ela me deu lições de sabedoria e de vida. No dia em que me formei, ela me recomendou: “Filho, faça o bem quanto possa. Use o seu saber, como médico, para salvar vidas.” Por isso, meu jovem, quem chega neste Hospital, é atendido, como está sendo aquele homem que você recolheu na rua. Depois veremos se ele tem ou não dinheiro para pagar. Em memória de minha mãe, dessa mulher excepcional que tanto trabalhou para que eu me tornasse médico, jamais deixarei que alguém morra à porta do meu Hospital. Atendo e atenderei sempre, da melhor forma possível, pagantes e não pagantes. Não poderia deixar de atender a um pedido de minha mãe. 
* * * 
Toda mãe é uma educadora. 
Algumas lecionam matérias para o dia a dia dos seus filhos. 
Ensinam a se portar, encaminham o filho para a escola, alimentam-no. 
Outras, e são essas as mães extraordinárias, renunciam a tudo pelo bem dos seus rebentos. 
Transmitem lições para a vida imperecível. 
Não pensam somente no bem-estar físico dos filhos. 
Vão além. 
Trabalham e estabelecem lições para a vida do Espírito. 
Elas desejam que seus filhos sejam felizes agora, no hoje, na Terra, e no Além, quando abandonarem o casulo carnal. 
Essas mães... 
Essas mães são mesmo extraordinárias. 
Redação do Momento Espírita, com base em fato ocorrido na juventude de Divaldo Pereira Franco. Disponível no CD Momento Espírita, v. 18 e no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. 
Em 8.5.2015.

sábado, 22 de junho de 2024

A FLOR DA HONESTIDADE

Conta-se que, por volta do ano 250 a.C., na China antiga, um príncipe da região norte do país estava às vésperas de ser coroado imperador, mas, de acordo com a lei, ele deveria se casar. 
Sabendo disso, ele resolveu fazer uma disputa entre as moças da corte ou quem quer que se achasse digna de sua proposta. 
No dia seguinte, o príncipe anunciou que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio. 
Uma velha senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha nutria um sentimento de profundo amor pelo príncipe. 
Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se ao saber que ela pretendia ir à celebração, e indagou incrédula: 
-Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes todas as mais belas e ricas moças da corte. Tire esta ideia insensata da cabeça. Eu sei que você deve estar sofrendo, mas não torne o sofrimento uma loucura. 
E a filha respondeu: 
-Não, querida mãe, não estou sofrendo e muito menos louca. Eu sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar, ao menos alguns momentos, perto do príncipe. Isto já me torna feliz. 
À noite, a jovem chegou ao palácio. 
Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas joias e com as mais determinadas intenções. 
Então, finalmente, o príncipe anunciou o desafio: 
-Darei a cada uma de vocês, uma semente. Aquela que, dentro de seis meses, me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China. 
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valoriza muito a especialidade de cultivar algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos. 
O tempo passou e a doce jovem, como não tinha muita habilidade nas artes da jardinagem, cuidava com muita paciência e ternura da sua semente, pois sabia que se a beleza da flor surgisse, na mesma extensão do seu amor, ela não precisaria se preocupar com o resultado. 
Passaram-se três meses e nada surgiu. 
A jovem tudo tentara, usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido. 
Dia após dia, ela percebia cada vez mais longe o seu sonho, mas cada vez mais profundo o seu amor. 
Por fim, os seis meses haviam passado e nada havia brotado.
Consciente do seu esforço e dedicação, a moça comunicou à sua mãe que, independente das circunstâncias, retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pois não pretendia nada além de mais alguns momentos na companhia do príncipe. 
Na hora marcada estava lá, com seu vaso vazio, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela do que a outra, das mais variadas formas e cores. 
Ela estava admirada. 
Nunca havia presenciado tão bela cena. 
Finalmente chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. 
Após passar por todas, uma a uma, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa. 
As pessoas presentes tiveram as mais inesperadas reações. 
Ninguém compreendeu porque ele havia escolhido justamente aquela que nada havia cultivado. 
Então, calmamente o príncipe esclareceu: 
-Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz: a flor da honestidade, pois todas as sementes que entreguei eram estéreis. 
* * * 
A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao redor. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida. Disponível no CD Momento Espírita, v. 5 e no livro Momento Espírita, v. 2, ed. FEP. 
Em 22.06.2024

sexta-feira, 21 de junho de 2024

MÃES ENGAJADAS

As bandeiras que elas levantam são diferentes. 
As causas que abraçam são as mais variadas possíveis. 
Porém, sua intenção nobre é sempre a mesma: amparo mútuo e se transformar em instrumento útil, numa sociedade tão individualista.
Cada vez mais vemos, nas redes sociais, grupos de mães se unirem para trocarem experiências, para defenderem minorias, para exigirem direitos nessa ou naquela esfera, dando grande exemplo de cidadania e fraternidade. 
Basta uma dizer que precisa de algo, ou trazer alguma necessidade especial ou emergencial de algum conhecido seu, que a mobilização é imediata e espantosa. 
Tudo se consegue. 
Nada é impossível. 
Desde alimentos, passando por roupas de criança, objetos, móveis, até profissionais da área médica que atendam determinada especialidade. 
Num grupo grande, alguém sempre conhece alguém que pode resolver. 
E isso não fica apenas no campo da carência material ou de informações. 
Isso se estende ao campo emocional também, pois se tornam amigas, mesmo muitas delas não se conhecendo pessoalmente. 
Mães de crianças especiais, por exemplo, que passam por momentos delicados enfrentando as primeiras experiências, não sabendo como lidar com isso ou aquilo, encontram nas outras companheiras de caminho a guarida necessária para saberem que não estão sozinhas.
Intercambiam suas experiências do dia a dia, indicam médicos, terapeutas, brinquedos educativos, cursos. 
Criam um grande banco de dados útil para todo o grupo. 
Tudo de uma forma natural, espontânea, em clima de muita amizade.
Mães com filhos adolescentes, que ainda não descobriram como lidar com certos comportamentos, que tentaram terapias, conversas, castigos, encontram lá longe - mas ao mesmo tempo tão perto – outras mãezinhas que passam pelas mesmas agonias. 
Conversam; trocam experiências; se ajudam; ouvem-se e assim encontram forças para não desistir da tarefa tão importante que o Criador lhes confiou. 
Mães de abaixo-assinados; mães de passeatas; mães de reuniões com diretores de escolas; mães de e-mails a políticos; mães que não têm tempo para nada, mas conseguem um tempinho umas para as outras.
Tudo pelo grande amor que dedicam aos seus filhos. 
Isso é fraternidade, isso é a mais pura expressão de amor. 
Esse é o espírito da nova era que chega. 
É por essa razão que as novas tecnologias nos chegaram, para que pudéssemos lhes dar um fim nobre, útil, em prol de todos.
Espelhemo-nos no exemplo dessas mães incríveis e sua disposição fora do comum para auxiliar o próximo. 
O mal ainda nos assusta. 
Porém, lembremos que o bem, mobilizado, será insuperável, quando quisermos.
* * * 
Mãe lutadora, 
Servir é nobre forma de amor. 
E cada segundo dedicado ao teu filho.
É uma pequena chama que se acende em tua alma. 
Por isso toda alma de mãe é iluminada.
Não feito luz de lua, refletida, mas como a luz de estrela, conquistada e merecida. 
Redação do Momento Espírita. 
Disponível no CD Momento Espírita, v. 30, ed. FEP. 
Em 06.09.2016.

quinta-feira, 20 de junho de 2024

PROSA E POESIA

Edgar Morin
O filósofo francês Edgar Morin, beirando os 103 anos de uma existência produtiva, escreveu: 
"Para mim, o problema da felicidade é subordinado àquilo que chamo de “o problema da poesia da vida”. Ou seja, a vida, a meu ver, é polarizada entre a prosa - as coisas que fazemos por obrigação, que não nos interessam, para sobreviver. E a poesia – o que nos faz florescer, o que nos faz amar, comunicar. "
E é isso que é importante. 
Nas suas reflexões ele separa as atividades da vida em duas categorias: aquelas inevitáveis, as que nos são exigidas para a própria sobrevivência. 
Para que possamos nos manter, conquistando o alimento, o abrigo, a vestimenta, precisamos nos escolarizar, precisamos conquistar uma fatia do mercado de trabalho. 
As obrigações profissionais, os horários rígidos, as rotinas, o cansaço do deslocamento entre idas e vindas vão nos fazendo escrever linhas e linhas. 
Precisamos pensar na manutenção do lar, na sua organização, no seu asseio, no seu abastecimento. São atividades pouco atrativas ou interessantes, diz o autor.
Precisamos delas para que a vida não pereça. 
Tudo isso é a prosa, tudo que se refere ao material.
Naturalmente, nenhum de nós pode viver somente disso.
Temos outras necessidades. 
Somos criaturas dotadas de uma alma, que deseja muito mais do que simplesmente a sobrevivência no mundo. 
É ela, a alma que somos, que determina que tem sede de poesia, esse encanto que dá sabor ao viver. 
Raia, então, nossa veia poética. 
Quem de nós não se encanta com um por de sol magnífico, em ouro, prometendo que amanhã o dia raiará ainda mais belo? 
Quem de nós não para o que esteja fazendo, quando se desenha nos céus um arco-íris? 
Desejamos ver, registrar na memória. Quem sabe captar a mais bela foto digital. 
Aquela que mostraremos, depois, aos amigos, aos familiares.
Quem de nós não estanca o passo quando ouve o cantar do João de Barro, do sabiá? 
Estarão chamando a companheira, estarão lançando um desafio a outras aves? 
Ou será seu louvor ao Senhor da Vida? 
Quando nos permitimos alguns minutos para meditar, mergulhar em nós mesmos, fazendo silêncio interior, estamos criando versos de vida. 
Quando nos colocamos em oração, conectados ao Criador em colóquio íntimo, seja em agradecimento, louvor ou rogativa, estamos nos deixando invadir pela poesia da vida. 
Nossos atos de solidariedade, nossas expressões de empatia e compaixão são outras tantas estrofes, rimas, sonetos que compomos, com métrica perfeita. 
É assim que vivemos na prosa das obrigações que nos competem, por vezes, um pouco rudes, cansativas, embora sempre compensadoras. 
Também florescendo a cada hora, alimentando nossa alma, nossa mente, nosso coração. 
Se soubermos administrar com sabedoria as horas de prosa, intercalando com momentos de poesia enriquecedora, viveremos bem. 
E quando chegar a hora de partir, seguirão conosco os poemas que compomos, as bênçãos espalhadas, a alma leve por todas as conquistas alcançadas. 
Prosa e poesia. 
Um pouco de cada a cada dia. 
Redação do Momento Espírita 
Em 20.6.2024

quarta-feira, 19 de junho de 2024

EXPRESSÃO DA GRATIDÃO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
A gratidão é um dever. 
Contudo, poucos de nós a cultivamos. 
Por temperamento, às vezes nos retraímos quando deveríamos exteriorizar o sentimento. 
Por não traduzirmos os tesouros da boa palavra e da gentileza, esses tesouros vão enferrujando nos cofres do nosso coração. 
Quantas dádivas, oportunidades, bênçãos, favores recolhemos sem dizermos nada além de uma formal expressão de reconhecimento. 
E a gratidão não faz bem somente a quem lhe recebe a manifestação, aquecendo-lhe o coração. 
Também reconforta quem a oferece.­ 
Conta-se que, durante a sua luta pela conquista da liberdade, os Estados Unidos tiveram a ajuda de um nobre francês de nome Lafayette, que logo se tornou amigo de George Washington e o tomou por ideal. 
Em 1824, já idoso, Lafayette visitou cada Estado e território da União, recebendo muitas honrarias. 
Eram recepções, bailes, jantares que se sucediam. 
Numa das recepções, apresentou-se na fila de convidados para saudar o velho nobre francês, um soldado vestido com um uniforme todo roto. 
Nas mãos trazia um mosquete e, ao ombro, um pedaço de cobertor.
Quando chegou frente a Lafayette, o veterano bateu continência e perguntou: 
-Sabe quem eu sou? 
-Na verdade não posso dizer que sim, respondeu com franqueza. 
-Pois vou lhe avivar a memória, general. Numa noite gélida, o senhor fazia a ronda. Encontrou um sentinela com roupas leves e sem meias. Estava quase morrendo congelado. O senhor lhe tomou das mãos a arma e ordenou: “Vai à minha cabana. Lá encontrarás meias, um cobertor e fogo. Depois de te aqueceres, traze o cobertor para mim. Enquanto isso, eu ficarei de guarda.” O soldado obedeceu as ordens. Quando voltou para o posto, o senhor rasgou o cobertor em dois pedaços. Ficou com uma das partes e deu a outra ao sentinela. General, aqui está uma das metades daquele cobertor, pois eu sou o sentinela cuja vida o senhor salvou. 
A regra de ouro é sempre bendizer àqueles que nos ofertam assistência e auxílio. 
Não nos cabe desconsiderar a gratidão como o gesto de ternura, a palavra cálida, a atenção gentil, o sorriso expressivo de afeto espontâneo. 
Doemos sempre nossa expressão de reconhecimento aos que se tornam nossos protetores na Terra, não esquecendo de que eles representam a materialização do amor de nosso Pai, na dura jornada que nos cabe trilhar. 
Você sabia? 
...que Lafayette tinha somente dezenove anos de idade quando deixou o seu país para lutar pela liberdade americana? 
E que, ao chegar aos Estados Unidos, disse que fora lá para aprender, e não para ensinar? 
Em nome da amizade que devotou a George Washington deu ao próprio filho o nome de Washington. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Fraternidade de longa data, de Fanny E. Coe, de O livro das virtudes, v. 2, de William J. Bennet, ed. Nova Fronteira e no cap. 26 do livro Convites da vida, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 19.6.2024

terça-feira, 18 de junho de 2024

MÃES E FILHOS

Sempre soube que ela era importante para mim. 
Só não sabia o quanto ela era realmente valiosa e especial. 
Sempre imaginei que, se um dia ela me faltasse, eu sentiria sua falta.
Mas nunca calculei o que sua falta verdadeiramente representaria para mim. 
Sempre me disseram que amor de mãe é algo diferente, sublime, quase divino. 
Sempre me disseram tantas coisas a respeito desse relacionamento: mães e filhos. 
Tanto disseram, mas foi pouco o que eu ouvi e entendi sobre isso.
Banalizei. 
Não acreditei. 
Até o dia em que ela se foi. 
Era uma tarde de final de primavera. 
O vento brando soprava e, em minha casa, não havia a mais leve suspeita da dor que se avizinhava. 
De repente, a notícia. 
Mas não poderia ser verdade. 
Não, Deus não permitiria que as mães morressem. 
Não assim. 
Não a minha. 
Engano meu. 
Era verdade. 
A verdade mais cruel e mais dura que meu coração precisou encarar, enfrentar, suportar. 
Ela partiu sem me dizer adeus, sem me dar mais um abraço, mais um beijo, sem me pegar no colo pela última vez, sem me dizer como fazer para prosseguir só... 
Simplesmente partiu.
E uma ferida no meu peito se abriu. 
Ferida que não cicatriza, que não sara, que não passa. 
É a falta que ela me faz. 
É minha tristeza por querer seu aconchego mais uma vez, seu consolo, sua orientação segura. 
Querer seu cafuné antes do meu adormecer, sua voz antes do meu despertar. 
Sua presença silenciosa em meus momentos de angústia, sua mão amiga a me amparar e confortar. 
Querer outra vez ouvir seu sussurro baixinho me dizendo que tudo vai dar certo e que tudo vai acabar bem. 
É uma saudade que aperta meu coração e me faz derramar lágrimas às escondidas. 
É uma dor de arrependimento por todas as malcriações que fiz, pelas palavras atravessadas e rudes que lhe disse. 
Arrependimento porque agora sei que mãe é mesmo alguém muito especial e porque me dou conta de que os filhos só percebem isso muito tarde. 
Tarde demais, como eu. 
* * * 
A morte é um afastamento temporário entre os seres que habitam planos diversos da vida. 
Embora saibamos disso, é compreensível a dor que atinge aqueles que se veem afastados de seus amores pela ocorrência da morte.
Muitas vezes essa angústia decorre do arrependimento pelas condutas equivocadas que os feriram, ou por não demonstrar o verdadeiro afeto que sentíamos por aqueles que partiram. 
Às vezes são as mães que partem, outras são os filhos, ou os pais, os amigos ... 
E tantas coisas deixam de ser ditas, de serem feitas, de serem vividas... 
Pensemos nisso: a vida é marcada por acontecimentos inesperados que a transformam, muitas vezes, de modo irreversível. 
Cuidemos de nossos amores porque, embora eles sejam para sempre, poderão não estar sempre ao nosso lado. 
Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria ignorada. 
Em 22.12.2015.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

O NEVOEIRO

Manhã de outono em cidade do sul do país. 
Pai e filha acordam cedo e se preparam para a ida à escola. 
O cenário, em casa, é o de sempre. 
Mas lá fora ela percebe que existe alguma coisa diferente. 
Ela nunca havia notado algo assim antes. 
-Pai... O que é isso? E por quê? – pergunta ela, objetivamente, com um pouco de medo na voz. 
A mesa do café dá para uma grande porta janela. 
Ela estava acostumada a enxergar o quintal com as árvores frondosas, a natureza verdejante que sempre a saudava de braços abertos. 
Naquela manhã, tudo estava estranho: o quintal havia desaparecido, as árvores haviam sumido. 
Parecia que as nuvens estavam batendo na janela de casa. 
O pai, que já presenciara o fenômeno diversas vezes, e mesmo assim ainda se encantava com tamanha beleza, respondeu com tranquilidade: 
-Filha, não se preocupe. Está tudo bem. A floresta ainda está lá, as árvores e os passarinhos continuam no mesmo lugar. O sol está ali atrás. Logo mais ele aparece. São apenas nuvens bem baixinhas, que nasceram aqui durante a madrugada, e que logo desaparecerão. Aliás, você sabia que quando o dia amanhece assim significa que teremos um lindo sol? 
A menina se animou, confiou no pai, e voltou a saborear seu café da manhã sem maiores preocupações. 
* * * 
Neblina que baixa, sol que racha – diz a sabedoria popular. 
A meteorologia concorda com a voz do povo nesse ponto, pois realmente é o que acontece na maioria das vezes. 
O nevoeiro da manhã é típico em algumas regiões e épocas do ano, quando, após uma noite fria, a umidade se condensa mais próximo ao solo. 
Basta o sol começar a aparecer que a condição se desfaz. 
Quem já presenciou o belo fenômeno do sol vencendo o nevoeiro pode retirar belas lições para a vida. 
Com o conhecimento que a meteorologia, uma das ciências da Terra nos fornece, conseguimos prever o que vem adiante. 
Conseguimos entender que se trata de um ciclo e de um fenômeno natural. 
Então, perguntamos: 
-Por que ainda olhamos os nevoeiros da vida como crianças assustadas? 
Não nos falta um pai para explicar do que se trata. 
Não podemos alegar isso. 
Falta confiar, falta entregar o coração nas mãos do universo perfeito e tranquilizar a alma. 
Falta ouvir o Pai Celeste, entender as leis da natureza, tudo que rege nossas relações com o próximo, com nós mesmos e com ele, o Supremo Senhor de todas as coisas. 
A presença do nevoeiro atrapalha a visão, reduz a visibilidade, fecha aeroportos. 
Exige de nós alguns procedimentos, mudança de planos, de horários.
Mas passa. 
Assim será sempre com todo nevoeiro que se apresentar em nossos dias. 
Abramos a alma para ouvirmos a voz do grande Pai a nos dizer: 
-Não se preocupe. Está tudo bem. A floresta ainda está lá, as árvores e os passarinhos continuam no mesmo lugar. O sol está ali atrás. Logo mais ele aparece. São apenas nuvens bem baixinhas, que nasceram aqui durante a madrugada, mas que logo não mais irão existir. 
Redação do Momento Espírita 
Em 17.06.2024.

domingo, 16 de junho de 2024

MÃES DO SILÊNCIO

Em Belém, a noite clareava-se pela conta infinita de estrelas que pairava no firmamento. 
Eles procuravam por um quarto simples em uma hospedaria, no qual pudessem passar a noite. 
Mas faltavam vagas. 
Um nobre senhorio, tomado de compaixão pela senhora que se encontrava em estágio final de gestação, ofereceu-lhes sua estrebaria, de modo que, ao menos, não dormissem ao relento. 
Agradecido, o casal acomodou-se sobre o feno destinado à alimentação dos animais. 
Naquela mesma noite, a jovem deu à luz um menino, cujo nome já havia sido escolhido: Yeshua, do original hebraico ou Jesus, na tradução latina. 
O casal, José e Maria, O contemplavam.
Seus pequenos olhos, Suas mãos frágeis, os movimentos de Seu diminuto corpo. 
Após ligeiro descanso, Maria tomou o menino ao colo e, amamentando-O, sentiu seu coração de mãe ficar apertado. 
Ela sabia da grandiosa missão de seu pequeno, da imensa responsabilidade dEle para com toda a Humanidade. 
Trinta anos se passaram. 
Então, seguido por doze apóstolos, Jesus iniciou Sua vida pública, trazendo à Humanidade a lei magna do Universo: a lei do amor. 
Em oposição ao olho por olho, dente por dente, ofereceu o perdão, o amor ao próximo, a caridade e a humildade. 
Por vezes, foi criticado, atacado e, até mesmo, posto à prova, por conta de Suas ideias revolucionárias. 
Manteve-se sempre na postura de quem serve, de quem se doa. 
O ponto culminante foi quando, diante da autoridade romana, foi-lhe destinado o madeiro da cruz. 
Inocente de toda culpa, foi crucificado por não agradar aos interesses da classe dominante da época.
Por trás de toda Sua missão e Sua via crucis, esteve a figura de Maria. 
Seu coração de mãe sofreu todos os amargurantes momentos que culminaram na crucificação de seu filho. 
Silenciosa e humilde, ela legou à Humanidade um grande exemplo de resignação. 
* * * 
Em toda mãe, há um traço de Maria. 
São mães que se desesperam diante de um filho dependente químico. Mães que dormem em frente aos presídios, esperando o horário das visitas. 
Mães cujos corações se desfazem em saudades do filho que retornou à pátria espiritual. 
Mães que se abstêm de horas preciosas de sono a velar o recém-nascido, um filho doente. 
Ou preocupadas com o filho adolescente que demora no retorno para casa. 
Mães que, no silêncio de seus atos, amam sem interesse, que se oferecem em sacríficio, se necessário for, pelo bem-estar dos seus.
Mães que, a exemplo de Maria, sabem servir, se doar, se calar, sabem ouvir. 
Mães que sempre possuem a palavra precisa, na hora certa e da maneira correta. 
Mães que, mesmo do outro plano da vida, continuam a zelar e a interceder a Deus pelo filho de seu coração. 
Mães que fazem do mundo um lugar melhor, embelezando-o com seus gestos de puro amor. 
Discretas, singelas. 
Mães do silêncio. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 11.5.2013.

sábado, 15 de junho de 2024

FIDELIDADE

Dia desses nos chegou um e-mail, daqueles que as pessoas enviam para seus amigos e os dizeres nos chamaram atenção. 
Dizia o seguinte: 
"A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos e até ter um governo mais ou menos. A gente pode dormir numa cama mais ou menos, fazer uma refeição mais ou menos, ter um transporte mais ou menos. A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos. O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum, é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos e acreditar mais ou menos. Senão corremos o risco de nos tornar uma pessoa mais ou menos."
A tônica da mensagem é interessante porque nos chama atenção para uma realidade muito comum em nossos dias. 
A realidade da omissão. 
No Novo Testamento encontramos esta advertência: 
"Oxalá fosses frio ou quente. Mas porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca."
Em outro momento Jesus adverte: 
"Seja o teu falar sim, sim, não, não."
 O convite à firmeza, à fidelidade, à definição é claro, pois é dessa forma que evidenciaremos o nosso caráter. 
Encontramos na História do Cristianismo um exemplo clássico de omissão, que foi Pilatos. 
Ele sabia que Jesus era inocente. 
Isso fica claro quando apresenta Jesus ao povo e diz: 
-Eu o estou trazendo para fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele nenhum crime. 
No entanto, quando percebeu que seu cargo, seu prestígio diante de César e sua posição estavam em risco, entregou Jesus para ser crucificado. 
Pilatos não foi fiel nem à sua própria verdade. 
Encontramos também um exemplo de firmeza e fidelidade no grande Apóstolo dos gentios, Paulo de Tarso. 
Ele defendeu a mensagem do Cristo mesmo sob pedradas, injúrias e a pecha de louco. 
Perdeu o cargo no Sinédrio, perdeu os amigos, perdeu a herança e o respeito de seu pai, mas jamais se mostrou morno ou se colocou na cômoda posição de ficar em cima do muro. 
A proposta desta mensagem é justamente a de que podemos aceitar o mais ou menos nas coisas, mas de forma alguma em nossa maneira de sentir ou de nos posicionar diante da vida. 
Nossas verdades devem ser defendidas com coragem e fidelidade.
Nossa posição deve ser bem definida, embora ficar em cima do muro ou lavar as mãos, seja mais confortável. 
Em vários momentos do nosso dia estamos sendo convocados a assumir uma posição. 
Seja numa reunião de trabalho, numa assembleia do condomínio ou numa simples reunião familiar. 
Infelizmente, é nesses momentos que muitos preferem se omitir para ficar bem com todos, em vez de expor seu ponto de vista com firmeza e ajudar na solução dos problemas. 
Esse ato de covardia é repugnante e é por esse motivo que encontramos a expressão evangélica: 
"Mas porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca." 
Por essa razão, vale a pena ser fiel em todos os momentos da nossa vida, sem omissão, nem negação da verdade. 
* * * 
Ser fiel no pouco nos fortalece para ser fiel nas grandes decisões.
Assim, a fidelidade é uma virtude que deve ser cultivada em todos os momentos e em todas as situações, com firmeza e determinação.
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem de autoria ignorada e no livro bíblico Apocalipse, cap. 3, vers. 14 e 15. Disponível no CD Momento Espírita, Coletânea v. 8/9 e no livro Momento Espírita, v. 5, ed. FEP. 
Em 15.6.2024.

sexta-feira, 14 de junho de 2024

SOBREVIVENDO PELO ÓDIO, VIVENDO PELO ENTENDIMENTO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Ela era filha dos arquiduques da Letônia. 
Quando os russos invadiram o país, em 1945, todos os pertencentes à realeza foram presos. 
Ela foi para um campo de concentração, separada dos pais, do marido e dos dois filhos, que nunca mais viu. 
Para humilhá-la, as companheiras de cativeiro a obrigavam a lavar os sanitários. 
Era sua vingança particular para alguém de estirpe nobre. 
Ela queria morrer para se ver livre. 
Queria viver para se vingar. 
Resolveu que sobreviveria, para denunciar ao mundo as maldades sofridas. 
Revoltou-se contra Deus por não entender porque tudo aquilo acontecia. 
Que culpa tinha ela de ter nascido entre a nobreza? 
Era uma grande injustiça. 
Dez anos depois, ela foi liberada, embora tornasse a ser aprisionada, quando a Hungria foi invadida pelos tanques russos. 
Eles temiam um levante por aqueles que eram o símbolo da realeza.
Foram mais seis anos de campo de concentração. 
Com tuberculose pulmonar, ela recebeu a liberdade. 
Foi morar em um barraco coletivo e se tornou varredora de rua.
Varria as mesmas ruas nas quais seus pais haviam sido arquiduques.
Pensando em deixar o país, começou a insistir junto à embaixada russa para que lhe conseguisse o passaporte. 
Foi humilhada, esbofeteada, aprisionada. 
Finalmente, em 1980, algemada, com dois dólares, dois vestidos, um par de calçados, um sabonete, ela foi colocada num trem. 
Quando chegou à fronteira, foram-lhe retiradas as algemas e lhe entregaram o passaporte. 
Ela se transferiu para a terceira classe, continuando a viajar com a janela abaixada, sem ânimo. 
E com pavor do mundo. 
Na primeira parada, levantou a persiana da janela. 
Estava em território suíço. 
Com os dois dólares, conseguiu uma passagem em outro trem e desembarcou em Genebra. 
Na Instituição Soleil, pela primeira vez, em seus últimos anos de vida, encontrou uma pessoa gentil. 
Passou a ser dama de companhia da esposa do diretor da instituição, depois governanta. 
Para todos, ela era simplesmente Nadja, pseudônimo que adotara, temerosa de voltar a sofrer perseguições. 
Quando lhe descobriram a cultura excepcional, o domínio de nove idiomas, foi convidada a colaborar em traduções. 
Passou a ter um salário expressivo. 
E mantinha o propósito de publicar um livro para que o mundo soubesse a tragédia do regime que massacrara sua família e seu país.
Foi-lhe oferecido traduzir um livro. 
Ela relutou muito porque falava de Deus, de redenção, de sacrifício.
Seu ódio era tamanho que mais de uma vez parou de traduzir, disposta a abandonar a empreitada. 
Então, chegou na parte que apresentava a lei de justiça divina, as reencarnações sucessivas, a lei de causa e efeito. 
E entendeu: nada era injusto. 
Algo fizera, em épocas anteriores, que justificava seu sofrimento atual.
Aos setenta e cinco anos, encontrara uma resposta para as suas dúvidas. 
E declarou: 
-Este livro acaba de salvar a minha alma. Agora creio em Deus. Ainda tenho dificuldades para perdoar. Mas entendi. Tinha dívidas a quitar. Agora, estou gozando o fruto de uma nova vida, que recomeçou. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 3, do livro Da verdade nada se oculta, de Divaldo Franco e Délcio Carvalho, ed. LEAL. 
Em 14.6.2024