terça-feira, 12 de novembro de 2024

NOSSO DIA PODE SER BEM DIFERENTE

MARCEL MARIANO
Nem sempre teremos as manhãs coroadas de sucessos contínuos ou inundadas de sol intenso. 
Para muitos de nós, o dia poderá surgir cinzento, prenunciando aflições e dissabores que estejam por vir.
Costumamos, então, fazermo-nos amargos, carrancudos, melancólicos. 
Adotamos postura mental reativa. 
Em tudo passamos a enxergar derrota e pessimismo. 
Cada ângulo da caminhada parece indicar a estrada do fracasso e da lamentação. 
Tornamo-nos, sem perceber, agressivos ou nos apresentamos temerosos, de tudo e de todos fugindo, buscando a solidão deprimente. 
Esses são sinais de alarme em incontáveis vidas. 
Momento de reagir positivamente, revertendo o estado emocional em desequilíbrio. 
Buscar o afastamento do burburinho, desligar as mídias perturbadoras e nos aconselharmos com o silêncio. Consultar uma página refazente, enriquecedora, renovando as paisagens emocionais. 
Escutar uma música clássica ou instrumental, atentando para as notas suaves, reorganizando nosso mundo íntimo. 
Fechar os olhos e viajar no tapete da imaginação... 
Deixarmo-nos conduzir para o país da ventura interior, onde se encontram nossos sonhos mais coloridos. 
Resgatar nossa alegria ferida e consolidar nossos propósitos de triunfo sobre nossas paixões. 
Raciocinar que viemos ao mundo em tarefa de nosso próprio aperfeiçoamento. 
Dificuldades e lutas estão no currículo da nossa grade de aprendizado. 
No lugar do descanso indevido, exagerado, trabalhemos para concluir projetos abandonados. 
No lugar de intermináveis horas de ócio, busquemos fazer uma caminhada em um parque, levando um livro nunca lido para um momento de descanso, sob a copa de uma árvore.
Escolher alguma tarefa caseira que nos espera o concurso há meses e solucionar o problema doméstico. 
Limpar um cômodo em sujeira. 
Cuidar do jardim ou fertilizar uma plantinha em desfalecimento no vaso esquecido. 
Contatar alguém que saiu do nosso radar de amizades, resgatando o afeto não nutrido. 
Quantas atitudes ou providências estão ao nosso alcance, tão somente esperando nossa iniciativa para se fazerem amparos ao nosso momento infeliz. 
Lembremos: para cada situação que nos incomoda, há uma alternativa melhor. 
Somente a luz dissipa sombras, a verdade dilui a mentira e o antídoto da tristeza só pode ser a alegria. 
Viemos ao planeta para nosso aperfeiçoamento. 
Temos ferramentas ao nosso alcance. A seara se apresenta imensa. 
Ainda escassos são os trabalhadores dedicados e focados em triunfar. 
Nossos maiores adversários não estão fora de nós. 
Estão enraizados em nosso solo interior. 
Extirpar essa erva inútil ou continuar ofertando adubo para seu crescimento é escolha individual, cujos resultados se fazem palpáveis no tempo. 
Toda semente fértil produz, mas a escolha é nossa, afirma o Espírito Emmanuel. 
Jesus já nos advertia de que no mundo teríamos aflições, mas seria e é possível vencer o mundo, projetando-nos na plenitude tão sonhada. 
Pensemos nisso e nosso dia pode ser bem diferente.
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem do Espírito Marta, psicografia de Marcel Mariano, em 18 de agosto de 2024, em Salvador/BA. 
Em 12.11.2024.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

TELENTOS DESPREZADOS

Na conhecida parábola dos talentos, nos é dado a conhecer o que ocorre aos servidores que, recebendo bens do seu senhor, não se servem deles de forma adequada. 
Exalta-se a criatividade daquele que devolve duplicado aquilo que lhe fora confiado. 
Por causa disso, o senhor o recompensa com outros benefícios. 
É de nos perguntarmos: 
-E quando dilapidamos totalmente o que recebemos? Quando jogamos fora os valores recebidos como se nada representassem? 
É comum observarmos grandes fortunas desaparecerem quando transferidas a herdeiros não habituados à boa administração. 
É possível que digamos para nós mesmos: 
-Se eu ganhasse uma herança dessas, viveria bem os meus dias, usufruiria cada centavo, com cuidado para que não viesse a me faltar. Faria investimentos bancários, imobiliários, o que mais seguramente rendesse. 
No entanto, já nos demos conta de como dilapidamos, diariamente, o imenso tesouro do nosso planeta? 
A Criatividade Divina esculpiu, durante milênios, rochas duras, oferecendo-lhes contornos que nos tiram o fôlego pelos detalhes, pela ousadia. 
Escarpas apontando para os céus, como se fossem imponentes agulhas desejando alcançar o infinito. 
Cortes abruptos de pedras despencando nas profundezas dos mares. 
Paisagens literalmente extraordinárias. 
E o que fazemos com isso? 
Produzimos armas potentes de destruição e lançamos bombas, mísseis para detonar toda essa beleza. 
Destruição em segundos de um trabalho minucioso e milenar.
O Divino Pai escavou veios na terra, fez brotar um pequeno olho d´água que se avoluma e viaja pelas montanhas, pelas florestas, pelos vales, em graciosos volteios. 
Aqui, um simples filete que cai de uma altura que nos deixa tontos somente de olhar. 
Ali, uma cascata, ruidosa, se lança cantando. 
Que fazemos nós? 
A pouco e pouco, tornamos a água límpida, filtrada cuidadosamente pelos recursos engendrados pelo Pai, em mares de sangue de nossos irmãos, nas batalhas inglórias.
Ou a contaminamos com produtos químicos que a tornam inviável para o consumo dos seres vivos. 
À semeadura abundante de espécies nativas, de madeira preciosa, árvores generosas que demoraram anos, até séculos para crescerem, mostrando sua copa viçosa, respondemos com máquinas destruidoras, em nome da ambição. 
Bens, herança de um Pai que não precisa morrer para nos oferecer Seu legado. 
Simplesmente preparou tudo com muita antecedência, antes de nos dispor sobre o lar Terra. 
Talentos que destruímos. 
Qual será nossa sentença? 
As diferenças climáticas, a falta d’água, as enchentes logo adiante. 
Escassez, searas destruídas. 
Pensemos: se destruímos os bens que nos são ofertados, não estamos nos candidatando para recebermos exatamente a sentença dos servidores imprevidentes? 
O que não temos mais, nos será retirado em totalidade.
Pensemos a respeito. 
Que estamos fazendo dos milhões de árvores, dos milhões de litros de água limpa, das fontes generosas, dos mares exuberantes? 
E, sobretudo, que estamos fazendo da vida dos nossos irmãos? 
Redação do Momento Espírita 
Em 11.11.2024

domingo, 10 de novembro de 2024

AS MARAVILHAS DO MUNDO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Um grupo de estudantes de geografia estudava a respeito das sete maravilhas do mundo. 
Ao final da aula, lhes foi pedido que fizessem uma lista do que eles pensavam fossem consideradas as sete maravilhas atuais do mundo. 
Embora com algumas discordâncias, a votação girou em torno das pirâmides do Egito, Taj Mahal, Grand Canyon, Canal do Panamá, Empire State Building, Basílica de São Pedro e a Grande Muralha da China. 
Ao recolher os votos, o professor notou que uma estudante estava muito quieta e nem tinha virado sua folha ainda.
Intrigado, ele lhe perguntou se estava tendo problemas com sua lista. 
-Sim, respondeu ela. Eu não consigo fazer a minha lista, porque são muitas as maravilhas do mundo. 
Tentando auxiliar, o professor sugeriu que ela mostrasse o que já havia escrito e então, talvez ele e os colegas pudessem colaborar, a fim de que ela se definisse. 
A garota relutou um pouco e escreveu: 
-Eu penso que as maravilhas do mundo sejam: 1. Tocar – 2. Sentir sabor – 3. Ver – 4. Ouvir – 5. Sentir – 6. Rir e, finalmente, 7. Amar. 
A sala ficou completamente em silêncio. 
* * * 
É maravilhoso observar as façanhas do homem. 
A imponência das pirâmides do Egito que, até hoje, se constituem um mistério para a engenharia. 
É emocionante contemplar a beleza do Taj Mahal, concretizado em homenagem a um grande amor. 
É espetacular contemplar as dimensões e o trabalho milenar da natureza, na elaboração das formas arrojadas do Grand Canyon. 
É surpreendente descobrir como o homem venceu o desafio e construiu o Canal do Panamá. 
É grandioso ver a imponência do Empire State Building, que parece escalar os céus, no rumo do infinito. 
É deslumbrante constatar a arquitetura, a pintura e a escultura da Basílica de São Pedro e o gigantesco esforço dos homens na construção da milenar Muralha da China. 
Contudo, não poderíamos ver nenhuma dessas maravilhas sem nosso sentido da visão, com que fomos brindados por Deus. 
Os sons dos ventos que acariciam as campinas não seriam por nós detectados se não tivéssemos o sentido da audição. 
E que dizer do sentido da gustação que nos permite diferenciar a fruta saborosa, os cereais que nos enriquecem a mesa e todas as demais delícias que compõem as refeições de todos os dias, em sua grande variedade? 
E nossa capacidade de sorrir, extravasar a alegria que brota, resultante da nossa condição de seres dotados da extraordinária capacidade de amar? 
E, quem ama, sente o coração bater descompassado no peito à simples presença do ser amado, que pode ser o marido, o pai, o irmão, o filho, um amigo. 
E o toque que se externa em abraços, em mãos entrelaçadas que nos fazem sentir, sem palavras, apoio, segurança, cuidado, ternura, afeição? 
Sim, com certeza são extraordinárias as criações humanas e grandiosas as belezas naturais, contudo, o que Deus colocou em nós, como capacidades inerentes a todo ser humano, suplantam qualquer outra maravilha. 
* * * 
Agradece a Deus o coração maravilhosamente desenhado e construído para te auxiliar no processo da evolução, nas etapas reencarnatórias. 
Agradece a Deus esse trabalho majestoso do coração, dia e noite, na alegria e na dor, no trabalho e no repouso, no prazer e na tristeza, mantendo a tua vida. 
Agradece a Deus tua vida, teu corpo, teu ser eterno que marcha progressivamente para ele, enquanto sentes, sorris, amas e te extasias com as bênçãos celestes. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto As sete maravilhas do mundo, de autoria ignorada e no cap. 29, do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 07.04.2014

sábado, 9 de novembro de 2024

MARATONISTAS DA VIDA

Gabriele Andersen Scheiss
Foi em torno do ano 2.500a.C., que os gregos idealizaram festivais esportivos, em homenagem a Zeus, no santuário de Olímpia, o que originou o termo Olimpíada. 
O evento era tão importante que interrompia até as guerras em andamento. 
O vencedor recebia uma coroa de louro ou de folhas de oliveira. 
A primeira Olimpíada da Era Moderna aconteceu em 1896, em Atenas, com a participação de quatorze países. 
As Olimpíadas, que acontecem a cada quatro anos, registram sempre algum fato marcante.
Não foi diferente no evento de 1984, em Los Angeles.
Pela primeira vez, foi incluída a maratona para mulheres. 
Se os jogos primaram pela organização e a cerimônia de abertura, com desfiles e música executados com perfeição por centenas de participantes, uma mulher atraiu os olhares do mundo inteiro. 
É possível que poucos recordem de quem levou o ouro olímpico na maratona feminina. 
Contudo, inesquecível a cena da suíça Gabriele Andersen Scheiss, chegando ao estádio, cambaleando, muito tempo depois da vencedora ter sido ovacionada. 
Demonstrando extremo cansaço, parecendo desnorteada, ela não corria, andava e com dificuldade. 
Pendia para um lado e para o outro. 
Uma mulher magra, uma figura estranha naquele modo de andar, que demonstrava estar sentindo intensas dores.
Estranha, mas determinada a alcançar o seu propósito.
Do lado de fora da pista, acompanhando-a passo a passo, prontos a ampará-la, caso caísse, dois juízes. 
Estavam ali mas, não poderiam intervir, pois isso a desclassificaria. 
O estádio ficou em silêncio, ante a cena inusitada. 
Depois, com palmas ritmadas, como a marcar cada passo, passou a incentivar Gabriele. 
Ela não desistiu. 
Concluiu os derradeiros cem metros em cinco minutos e quarenta e quatro segundos e ficou em trigésimo sétimo lugar.
Contudo, a ovação que recebeu foi enorme. 
Ao dar o último passo, antes de tombar, foi amparada pelos monitores da prova. 
Ela não conseguiu nenhuma medalha mas venceu o desafio a que se propusera: chegar ao final. 
* * * 
Na vida, como na maratona, um propósito deve nos mover: concluir, realizar todo o percurso, com honra, mesmo que chegando estropiados, com dores no corpo e na alma. 
Todos nascemos e renascemos para sermos vencedores.
Ninguém vem ao mundo para ser um perdedor, para desistir da luta. 
Os que alcançam essa vitória, os que passam pelas provas, que as vencem, mesmo chegando cambaleantes, são chamados completistas. 
Quando, após a morte física, chegam ao mundo espiritual, são ovacionados como Gabriele o foi, naquele distante dia de 1984. 
Como ela, nos metros finais, poderemos estar cansados, com cãibras na alma de tantas dores suportadas. 
Ao nosso lado, vibrando, insuflando-nos bom ânimo, nossos anjos de guarda, nossos amigos espirituais. 
Estão ali, prontos a nos amparar, caso venhamos a sucumbir, mas sem interferir diretamente, porque o mérito da batalha vencida deve ser exclusivamente nosso. 
Pensemos nisso e como Gabriele, não desistamos. 
Lutemos, perseveremos. 
Pensemos: se as dores são muito intensas, é sinal de que o final está próximo. 
Muito próximo. 
E a vitória nos pertencerá. 
Vamos. Mais um passo. 
Sejamos vencedores na maratona da vida. 
Nossos amores esperam isso. 
O Pai Celestial tem certeza disso. 
Prossigamos. Só mais um passo. Hoje. Agora. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 08.03.2016.

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

MÁQUINA PERFEITA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
O corpo físico é um presente de Deus para todos nós. 
Ele é um instrumento magnífico do qual o Espírito se utiliza para o processo de evolução. 
Em reconhecimento e gratidão a Deus pela oportunidade recebida da reencarnação, temos a obrigação de tratar o corpo com atenção e respeito. 
Perfeito e irretocável, é constituído por trilhões de células, por ossos de altíssima resistência, por músculos com diversos formatos, tamanhos e funções, além de complexos mecanismos nervosos e vasculares. 
Ao mesmo tempo em que é capaz de adaptar-se a variações climáticas e de resistir a diferentes condições de salubridade, mostra-se bastante vulnerável em algumas situações.
Observa-se, na prática, que indivíduos que passam por algum tipo de stress ou desgaste emocional, facilmente sofrem consequências, que se refletem no físico. 
A emoção perturba o equilíbrio do funcionamento do corpo.
Muitas vezes, durante um período de grandes preocupações, surgem as gastrites, as tensões musculares, as enxaquecas, as erupções na pele e diversos outros sintomas. 
É a vida nos mostrando a relação direta da emoção, vivida pelo ser espiritual, com o corpo que o abriga. 
Mas o corpo é capaz de restabelecer-se inúmeras vezes. 
Por outro lado, alguns tipos de desajustes nos seus microscópicos componentes, podem gerar danos extensos e irreversíveis. 
Procuremos dar a atenção merecida ao nosso corpo físico, observando as suas reais necessidades. 
Os excessos de toda ordem podem levar a enfermidades e até mesmo à morte precoce. 
Observemos como temos tratado esse templo sagrado, morada de nossa alma. 
Que qualidade e quantidade de alimentos estamos lhe oferecendo ou se temos nos servido de bebidas ou outras substâncias deletérias à saúde. 
Verifiquemos se estamos recorrendo aos exercícios extenuantes, se temos dedicado tempo em excesso ao trabalho e se estamos lhe ofertando as horas de sono essenciais ao descanso. 
A natureza nos impõe limites necessários para que possamos cuidar do nosso corpo com equilíbrio e sensatez. 
Um corpo humano constitui tesouro de valor inestimável para o ser espiritual. 
Do Espírito se originam os elementos que o formam, dando-lhe equilíbrio ou provocando-lhe desajustes nas diversas áreas da emoção, da psique, da fisiologia ou da anatomia.
Todo ele é um complexo eletrônico, num sistema de condensação molecular, sob a direção da consciência espiritual. 
Automatismos notáveis presidem-lhe a existência, no entanto, sem a direção do Espírito, desagrega-se e morre. 
Merece respeito e conservação, atendimento e cuidados com os quais pode ser preservado para mais largo e salutar ministério. 
Todo excesso e carga a que vai submetido diminui-lhe as resistências. 
Exercícios físicos corretos dão-lhe vigor, embora os exercícios mentais e as ações morais ofereçam-lhe equilíbrio, sustentando-lhe as emoções, desejos e resistências. 
A prece vitaliza-o e a aplicação das suas forças no campo da caridade, o mais expressivo exercício do cristão, favorece-o com estabilidade e funcionamento correto. 
Esta máquina divina de que o homem dispõe, na Terra, é oportunidade redentora que todos devemos aproveitar.
Redação do Momento Espírita, com base no cap 21, do livro Terapêutica de emergência, por diversos Espíritos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. 
Em 03.09.2012.

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

NOSSO IRMÃO

Ela era arrimo de família desde cedo. 
Com a desencarnação do pai, de forma súbita, vitimado por um infarto, ela assumira totalmente o lar. 
Trabalhava para prover às necessidades da mãe e do irmão, mais novo que ela. 
No entanto, os anos foram se sucedendo e o irmão acomodou-se. 
Abandonou a escola, não concluindo o ensino médio.
Também não se preocupou em procurar alguma ocupação que lhe garantisse o próprio sustento ou mesmo um auxílio no lar. 
Ela foi se cansando. 
Um dia, de alma sofrida, confidenciou ao coordenador da atividade religiosa a que comparecia, com assiduidade, as suas dificuldades. 
Era sozinha para tudo. 
O irmão não colaborava, restringindo-se a usufruir do que ela oferecia. 
E não a acompanhava ao templo, não participava, sequer, dos momentos de prece no lar. 
Ele era avesso a tudo. 
Ela deixou que o mar das lágrimas extravasasse da sua intimidade. 
Aguardava palavras de conforto, de encorajamento que lhe permitissem a continuidade das lutas, sem denodo. 
O que ela ouviu, no entanto, saindo da boca daquele a quem admirava pelo conhecimento profundo da doutrina que esposava e pela maneira como elucidava as passagens evangélicas, a deixou em choque. 
-Mande-o embora de casa. Se ele não trabalha, não estuda, não participa nem do culto do Evangelho no lar, diga que vá embora. Quem não colabora, não merece receber nada. 
Ela foi para casa, levando a morte dentro de si. 
Buscara aconchego e recebera uma sentença terrível para a sua vida e do próprio irmão. 
Como poderia expulsar de casa o irmão? 
Então, não ensinava a lúcida doutrina que nascemos na mesma família para nos apoiarmos, nos auxiliarmos? 
Ela imaginou jogar o irmão na rua. 
E pensou: 
-Será que nas noites frias, quando eu for, com nosso grupo de atendimento, levar a sopa aos moradores de rua, encontrarei meu irmão no meio deles? Como poderei falar em caridade, em amor ao próximo se eu rechaçar o próximo mais próximo, meu próprio irmão? Como posso me arvorar em querer resgatar os que vivem perdidos no mundo, se eu não fizer um esforço para com quem está tão próximo de mim? 
Foi repassando, em sua mente, lições lidas e ouvidas.
Aprendera que existem Espíritos rebeldes que nascem ao nosso lado para que os resgatemos, os orientemos, lhes mostremos a luz. 
O membro problemático na família é, antes de tudo, filho de Deus. 
As leis divinas nos dizem que o devemos amar e suportá-lo, tanto quanto nos seja possível. 
E nosso dever é insistir na reeducação, na orientação, que jamais se perderá. 
Um dia, afirmam os Espíritos do bem, tudo se resolverá, nem sempre como se desejaria, porém, como pode ser ante as leis do Grande Pai. 
A jovem desconsiderou a orientação intempestiva que recebera. 
E, quase adentrando os anos da velhice, pôde assistir à transformação do irmão querido. 
Ele se casou, constituiu sua família e se converteu, para ela mesma, em cooperador. 
-Valeu a pena, confessa ela. Valeu a pena investir, não desanimar, não desistir. Valeu a pena mantê-lo ao meu lado, amando, acolhendo e esperando em Deus a transformação.
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17, do livro Vereda Familiar, pelo Espírito Thereza de Brito, ed. Fráter. 
Em 07.11.2024

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

MAPA DO TESOURO

SÃO PAULO E BARNABÉ
Narra-se que, nos tempos apostólicos, Paulo, o apóstolo dos gentios e seu companheiro Barnabé costumavam fazer longas viagens juntos. 
Um dia, a noite os surpreendeu a caminho e eles resolveram se acolher em uma gruta. 
A temperatura estava bastante fria e eles não tinham sequer agasalhos suficientes. 
Também sentiam fome, porque há muito não tinham mais provisões. 
Animados, contudo, pela fé que os movia, a enfrentar grandes distâncias para levar a mensagem de Jesus, sentaram-se lado a lado e começaram a conversar. 
Falaram das suas experiências, de como as suas vidas haviam tomado um rumo totalmente diferente desde que haviam conhecido a mensagem de Jesus. 
Inflamados pelo ideal cristão, discorreram sobre o grande tesouro que possuíam e que deveria ser preservado a qualquer custo. 
Animados com a conversa, não perceberam que malfeitores, igualmente buscando abrigo na noite fria, os observavam na entrada da gruta, atentos às suas falas. 
Em determinado momento, empunhando armas, acercaram-se dos dois servidores de Jesus e exigiram, com rispidez, que eles entregassem o tesouro que traziam. 
Por terem aprendido com Jesus que não se deve reagir ao mal, os dois apóstolos se olharam um pouco assustados, a princípio. 
Mas, em seguida, colocando a mão por dentro das dobras do manto, Paulo retirou um pergaminho muito bem guardado e entregou ao que parecia ser o chefe do bando. 
Pensando que aqueles papéis poderiam ser transformados em moedas, logo adiante, o chefe deu ordem a que seu bando se retirasse. 
Paulo e Barnabé, assim que os salteadores se foram, abraçaram-se, agradecendo a Deus pela proteção Divina, que lhes resguardou as vidas. 
E o comentário final do apóstolo Paulo foi: 
-Espero que eles façam bom uso do pergaminho. Era o nosso maior tesouro. 
Paulo se referia às primeiras anotações de Levi, que mais tarde tomaria o nome de Mateus e divulgaria suas notas como o Evangelho, a Boa Nova. 
Eram preciosas, pois era o único documento que aqueles idealistas possuíam com alguns ditos e feitos do Senhor Jesus.
Liam com profundo respeito as notas e estudavam com carinho e atenção cada ensinamento ali contido, buscando memorizá-los para suas pregações futuras. 
Os ladrões roubaram um grande tesouro. 
Não lhes representaria ouro, prata ou jóias, com certeza. 
Mas era o mapa do grande tesouro que conduz o ser ao Reino dos Céus. 
* * * 
O evangelista Mateus lançou seu Evangelho ao mundo no ano 42 ou 48, em língua hebraica. 
Até então, o que havia eram anotações que ele fizera e que eram copiadas e recopiadas, com extremo cuidado, pelos primeiros seguidores de Jesus. 
Nos tempos do Cristianismo nascente, as pessoas procuravam ouvir com grande interesse aqueles que haviam convivido com Jesus. 
Eles eram o arquivo vivo das memórias, das recordações. 
Foi assim, entrevistando os que haviam estado com Jesus que Lucas, o quarto evangelista, escreveu o seu Evangelho.
Redação do Momento Espírita 
Em 10.06.2009.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

QUERER É CRER

DIVALDO PEREIRA FRANCO
Ao lermos os Evangelhos, nos surpreendemos com indagações do Mestre Jesus, para aqueles que lhe vinham rogar a cura de suas enfermidades. 
Ou liberá-los de alguma limitação física. 
Diga-se, questionamentos que nos falam da sabedoria desse Mestre, Modelo e Guia, muito adiante do Seu tempo. 
Profundo conhecedor do psiquismo humano. 
Ao cego que clama por misericórdia, ao ouvi-lO passar, Ele indaga: 
-Que queres que eu te faça? 
Os que estão próximos e ouvem a pergunta, dizem para si mesmos: 
-Não é óbvio o que quer o pobre cego que vive à margem da sociedade, esmolando? Ele quer ver, quer ter ativo o dom da visão. 
Entretanto, no processo da cura, é imperioso que a pessoa queira verdadeiramente o restabelecimento da saúde. 
O querer, em profundidade, sem reservas, altera completamente o quadro psicofísico do indivíduo, auxiliando o organismo na restauração dos seus equipamentos danificados. 
A doença é um estado de desarmonia do Espírito, que se exterioriza no físico. 
Dessa maneira, querer é se decidir a alterar seu estado, a mudar. 
Para quem recebe o terrível diagnóstico da enfermidade que lhe agride a maquinaria física, principia na mudança de hábitos. 
O querer assinala uma disposição nova, o abandonar o que causa o distúrbio que se apresenta na emoção, na mente e no corpo. 
Por isso, escreve o Evangelista Marcos que o cego responde:
-Que eu veja, senhor. 
E a resposta de Jesus é decisiva: 
-Vai, a tua fé te salvou. 
Em outros momentos, depois da resposta à primeira indagação, estabelece uma segunda. 
No caso dos dois cegos que O seguem até a casa na qual Jesus adentra, pergunta:
-Credes que eu seja capaz de vos curar? 
Igualmente parece óbvia a resposta. 
Se eles O seguiram, insistindo pela cura, guardavam a certeza de que Ele poderia processá-la. 
Mas Jesus aguarda. 
E somente depois da resposta positiva de ambos, Ele lhes toca os olhos e conclui: 
-Seja feito conforme credes. 
O crer é uma decisão grave, de maturidade emocional e humana. 
Quando se quer acreditar, sem dúvida, no êxito, é o passo decisivo para alcançar o que se almeja. 
Em termos de restabelecimento da saúde, observamos pacientes que buscam a cirurgia, a terapia, o medicamento, enquanto em sua mente assinalam: 
-Sei que não vai adiantar nada. Vou fazer porque minha família quer. 
E, como é de se esperar, dificilmente conseguem melhorias. 
A enfermidade faz morada em seus corpos. 
Isso porque a mente da criatura agasalha o estado mórbido.
Querer e crer conduzem à luta, mediante a decisão de alcançar o campo do êxito. 
No episódio do paralítico descido pelo telhado e posto ao lado de Jesus, está demonstrada a vontade de voltar a andar, de reaver a mobilidade do corpo. 
De tornar a viver, com liberdade. 
Para isso, Ele pedira auxílio a amigos para que o conduzissem. 
Não se importou com o desconforto ou com o aumento das dores ao ser transportado em uma simples maca, quiçá improvisada. 
Ele queria ser curado. 
E conseguiu. 
Pensemos nisso: querer e crer são essenciais para o restabelecimento físico e psíquico do candidato à cura.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Jesus e sofrimentos, do livro Jesus e atualidade, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Pensamento. 
Em 05.11.2024

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

MÃOS

CORA CAROLINA
O corpo de que nos servimos, nesta vida, é uma verdadeira dádiva. 
Ele representa as extensas possibilidades na concretização de realizações. 
Lembramos de nossas mãos, tão preciosas, como dizia a poetisa Cora Coralina: 
-Olha para estas mãos de mulher roceira, esforçadas mãos cavouqueiras. 
Mãos que varreram e cozinharam. 
Lavaram e estenderam roupas nos varais. 
Pouparam e remendaram. 
Mãos domésticas e remendonas. 
Minhas mãos doceiras, jamais ociosas. 
Fecundas. Imensas e ocupadas. 
Mãos laboriosas. Abertas sempre para dar, ajudar, unir e abençoar. 
Mãos feridas na remoção de pedras e tropeços, quebrando as arestas da vida. 
Mãos alavancas, na escava de construções inconclusas. 
* * * 
CHICO XAVIER
E
EMANNUEL
Nossas mãos podem produzir muitas coisas excepcionais.
Admiremos as mãos do músico que toca lindas e harmoniosas melodias que encantam uma plateia inteira. 
Olhemos para as mãos do professor que ensina a ler e escrever e que ilumina a alma de seus alunos. 
Pensemos nas mãos do cirurgião que, com precisão e delicadeza, restaura a saúde do corpo de seus pacientes.
Admiremos as mãos amorosas das mães que acariciam seus filhos e os conduzem para o caminho do bem. 
Reflitamos sobre as mãos do agricultor que planta a semente, que se transformará no alimento para tantas pessoas.
Meditemos sobre as mãos esforçadas do operário que levanta edifícios, que constrói nossas casas. 
Analisemos as mãos afetuosas da cozinheira que prepara o alimento que nos dará a nutrição ao corpo. 
Apreciemos as mãos unidas das crianças brincando em roda, mãos que formam laços, que dão abraços e que criam espaços de amor. 
Oportuno nos perguntarmos como temos utilizado nossas mãos. 
Temos aproveitado todo seu potencial? 
Com nossas mãos podemos plantar uma única semente que se transformará em uma formosa flor. 
Ou podemos plantar inúmeras sementes que se transformarão em um extenso e belo jardim. 
Podemos escrever um singelo bilhete demonstrando nossa gratidão a alguém de quem muito tenhamos recebido.
Também podemos escrever incontáveis linhas para emocionar vários corações e iluminar mentes. 
Com nossas mãos podemos entregar um alimento para aquele que passa fome. 
Ou as podemos utilizar em multiplicadas ações de solidariedade, espalhando cotas de bênçãos a muitos necessitados. 
Podemos, simplesmente, estender nossa mão amiga a quem nos pede ou que nossa vigilância descobre. 
Uma mão amiga! 
Socorro preciso em momento de desânimo. 
Utilizemos nossas mãos para espalhar amizade, alegria, esperança, amor... 
Pensemos em todas as possibilidades que nos permitem nossas mãos. 
Aproveitemos todas. 
Somente haveremos de aprender, valorizar, reformar e engrandecer a vida. 
Santifiquemos nossas mãos no trabalho digno, na expressão de ternura, na dádiva ao mundo. 
E fiquemos com elas estendidas, um tanto mais porque as generosas bênçãos celestes as haverão de encher com raios de luz. 
Porque esta é a lei da vida: quem mais dá, mais recebe. Quem mais oferece, mais se repleta de dádivas. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 12, do livro Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB e versos do poema Estas Mãos, de Cora Coralina, do livro Meu livro de cordel, ed. Global. 
Em 26.2.2021.

domingo, 3 de novembro de 2024

ONDE ESTÃO NOSSOS AMORES?

Quando as sombras da morte arrebatam nossos amores, um punhal se crava em nosso coração. 
A dor moral é tamanha, a sensação de perda é tão grande que o corpo inteiro se retesa e sente dores. 
À medida que os dias se sucedem e as horas avançam, tristonhas, acumulando dias, a ausência da presença amada mais se faz dolorida. 
Então, revolvemos nossas lembranças e no banco de dados da nossa memória, vamos recordar dos momentos felizes que juntos desfrutamos. 
Recordamos das viagens, das pequenas coisas do dia a dia, dos aniversários, das tolices. 
E até das rusgas, dos pequenos embates verbais que, por convivermos tão próximos, aconteceram, ao longo dos anos.
Se o ser amado é um filho, ficamos a rememorar os primeiros passos, as palavras iniciais, os balbucios. 
E a noite da saudade vai se povoando de cenas que tornamos a viver e a sentir. 
Recordamos o dia da formatura, as festas com os amigos, as ansiedades antes das entrevistas do primeiro emprego.
Tantas coisas a rememorar... 
Acionamos as nossas recordações e, como um filme, as cenas vão ali se sucedendo, uma a uma, enquanto a vertente das lágrimas extravasa dos nossos olhos. 
Se se trata do cônjuge, vêm-nos à lembrança os dias do namoro, os tantos beijos roubados aqui e ali, as mãos entrelaçadas, os mil gestos da intimidade... 
Na tela mental, refazemos passos, atitudes, momentos de alegria e de tristeza, juntos vividos e vencidos. 
Pais, irmãos, amigos, colegas. 
A cada partida, na estatística de nossa saudade, acrescentamos mais um item. 
E tudo nos parece difícil, pesado. 
A vida se torna mais complexa sem aqueles que amamos e que se constituíam na alegria de nossos dias. 
Vestimo-nos de tristeza e desaceleramos o passo da própria existência. 
Como encontrar motivação para a continuidade das lutas, se o amor partiu? 
Como prosseguir caminhando pelas vias da solidão e da saudade? 
* * * 
Nossos amores vivem e nos veem, nos visitam. Não estão mortos, apenas retiraram a vestimenta a que nos habituáramos a vê-los. 
Substituíram as vestes pesadas por outras diáfanas, vaporosas. 
Mas continuam conosco. 
Por isso, não contribuamos para a sua tristeza, ficando tristes.
Eles, que nos amaram, continuam a nos amar com a mesma intensidade e nos desejam felizes. 
Por isso nos visitam nas asas do sonho, enquanto o sono nos recupera as forças físicas. 
Por isso nos abraçam nos dias festivos. 
Transmitem-nos a sua ternura, com seus beijos de amor. 
Sim, eles nos visitam. 
Eles nos acompanham a trajetória e certamente sofrem com nossa inconformação, nosso desespero. 
Eles estão libertos da carne porque já cumpriram a parte que lhes estava destinada na Terra: crianças, jovens, adultos ou idosos. 
Cada qual tem seu tempo, determinado pelas sábias leis divinas. 
* * * 
Quando as dores da ausência se fizerem mais intensas, ora e pede a Deus por ti e por teus amores que partiram. 
E Deus, que é o amor por excelência, te permitirá o reencontro pelos fios do pensamento, pelas filigranas da prece, na intimidade da tua mente e do teu coração. 
Utiliza essa possibilidade e vive os anos que ainda te faltam, com nobreza, sobre a Terra. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 14, ed. FEP. 
Em 2.11.2024

sábado, 2 de novembro de 2024

A MORTE CHEGA PARA TODOS

ALBERT EINSTEIN

MAJA EINSTEIN(irmã)
Você já percebeu que, sempre que o noticiário nos mostra as tragédias do mundo, acreditamos que nada semelhante jamais nos atingirá? 
Já se deu conta de que, normalmente, partilhamos a ideia de que o mal somente chegará à casa do vizinho? 
Com esses conceitos, vivemos despreocupados. 
Nem sempre utilizamos a prudência que nos seria devida para nos furtarmos de certos acontecimentos inconvenientes.
Quando a morte ronda os lares, continuamos a acreditar que o nosso está protegido dessa megera terrível. 
Por isso, quando ela chega, é sempre uma surpresa para nós.
Mas, ninguém foge à morte. 
E seria importante que, a respeito dela, meditássemos um pouco a cada dia. 
Recordamos que, depois do término da Segunda Guerra Mundial, morreu a amada irmã de Albert Einstein. 
Ele havia estado com ela, dias antes de sua morte. 
Ambos estavam abatidos e doentes. 
Albert tinha recebido o diagnóstico de um aneurisma abdominal da aorta. 
Tivera uma crise e, com fortes dores abdominais, ficara internado no hospital para longo tratamento. 
Brincando, ele havia dito à irmã: 
-Creio que enfrentarei a grande jornada para o espaço, antes de você, querida Maja. Por isso, estou aqui para as despedidas. 
E Maja respondeu: 
-Não, meu querido irmão, partirei antes. Em sonho recente, vi nossos pais. Entendi, por sinais feitos pelas mãos de nossa mãe, que a partida seria logo. 
Albert a abraçara, falando ao seu ouvido: 
-Seja como for, sinto que em breve nos encontraremos.
Recebendo, agora, a notícia da morte da irmã, olha o Infinito e fala baixinho: 
-Que Deus a abençoe! Como disse a você, em breve nos encontraremos. 
Nem raiva, nem desespero. 
Atitude de quem tinha a certeza da Imortalidade. 
Continuou a trabalhar. 
Mesmo com suas dores, ele não se deixava vencer. 
Recebia amigos, viajava, proferindo palestras sobre suas teorias e respondia a todas as perguntas que os jornalistas lhe faziam. 
Com o rompimento do aneurisma abdominal, agrava-se seu quadro anêmico.
Em 18 de abril de 1955, a uma hora e quinze minutos da madrugada, Albert Einstein morre, em Princeton, Nova Jersey.
Ele providenciara seu testamento, legando seus inventos e documentos científicos, já provados ou não, à Universidade de Jerusalém. 
Sabia que a morte o rondava. 
Preparou-se para recebê-la, mantendo-se ativo e sereno. 
Ele tinha a certeza da Imortalidade. 
* * * 
Conforme seu pedido, o corpo de Albert Einstein foi cremado e suas cinzas espalhadas em local ignorado. 
Ele doou seu cérebro a Thomas Harvey, patologista do Hospital Princeton. 
Esse fato causou profundo abalo no meio dos físicos e intelectuais filosóficos. 
Mas era preciso respeitar o desejo do maior conhecedor em cálculos matemáticos e das teorias sobre Física. 
Redação do Momento Espírita, com base em dados biográficos de Albert Einstein. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 9.1.2014.

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

O SONHO DE RAFAELA

Yvonne A. Pereira
Rafaela era uma camponesa muito pobre que vivia em uma rústica região italiana. 
Ela tinha uma filha de nome Adda, a qual desencarnara com aproximadamente três anos de idade. 
Decorridos seis meses do falecimento, a mãe não se conformava e se sentia injustiçada pelos céus. 
Mas, certa noite, ela teve um sonho que reformulou sua percepção a respeito do ocorrido. 
No sonho, ela fora convidada para uma festa que se realizaria em um local próximo do céu. 
Muitas crianças compareceriam no evento para se divertir.
Quando ela chegou, ficou extasiada. 
Tudo era muito belo e as crianças dançavam e cantavam, bastante alegres. 
Todas as crianças tinham asas reluzentes e Rafaela as contemplava embevecida. 
Entretanto, ficou muito surpresa ao notar sua própria filha sentada em um canto. 
A menina estava triste e chorosa, com roupas e asas molhadas, pesadas e sem brilho. 
A mãe indagou à filha o que aquilo significava, pois ela sempre fora muito alegre. 
A pequena Adda disse que não poderia brincar com as outras crianças, mesmo se quisesse. 
A pobre camponesa ainda argumentou que a filha tinha asas, era um anjo e deveria voar com alegria. 
A menina esclareceu que não podia voar, pois estava toda molhada, com as asas pesadas e coladas no corpo. 
A mãe se dispôs a ajudar, como fosse possível, pois queria que a filha fosse feliz e pudesse brincar. 
Adda afirmou que a culpada de tudo era a própria Rafaela.
Com sua grande tristeza e suas blasfêmias contra Deus, a mãe a mantinha colada a si e a impedia de voar. 
O excesso de mágoas de Rafaela aprisionava a pequena Adda e as lágrimas que vertia sem cessar molhavam suas asas. 
Aterrada, a pobre camponesa compreendeu que estava prejudicando a filha, ao não acatar a Vontade Divina.
Prometeu que não mais choraria e nem reclamaria, pois queria que a menina fosse livre e feliz. 
Ao acordar, tomou-se de grande felicidade pela certeza de ter visto e falado com sua filha. 
Chamou as amigas e relatou o sonho. 
Também tratou de relatá-lo a outra mãe que havia perdido um filho recentemente. 
* * * 
Essa bela história traduz uma realidade. 
O amor e os vínculos não se extinguem apenas porque alguém desencarnou. 
Os Espíritos desencarnados recebem os pensamentos e as vibrações dos que ficaram na Terra. 
É preciso que esses cuidem de manter pensamentos e sentimentos equilibrados, a fim de não prejudicar quem se foi.
Quando retorna à pátria espiritual, o Espírito vive momentos delicados e precisa de paz e tranquilidade para se adaptar à nova situação. 
A pretexto de muito amar, não é viável causar dor nos amores que nos precederam na viagem para o verdadeiro lar. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. III, do livro Ressurreição e vida, pelo Espírito Léon Tolstoi, psicografado por Yvonne A. Pereira, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita, v. 16, ed. FEP. 
Em 1º.11.2024

quinta-feira, 31 de outubro de 2024

MÃOS OCUPADAS

Em um grande shopping center, uma criança resolveu fazer uma brincadeira singela com as pessoas que passavam.
Sentada em um carrinho de passeio, esticava um dos braços tentando alcançar as mãos de quem vinha no outro sentido, propondo um cumprimento rápido. 
Bastaria que o estranho tocasse numa das palmas que ela estaria satisfeita. 
E lá foi ela, mergulhada na multidão, no andar de baixo das pessoas, alegre e empolgada. 
Começou a ver que alguns desviavam, outros tinham receio, outros nem sequer a enxergavam, pois estavam numa espécie de andar de cima do mundo. 
E a maioria deles estava com as mãos ocupadas. 
-Não sobraram mãos para mim! – Deve ter pensado. 
As mãos estavam nas muitas sacolas, nas bolsas, nos smartphones, mas nunca livres... 
Levou quase cinco minutos para ela conseguir seu primeiro cumprimento cordial. 
Ali, do andar de baixo do mundo, ela percebia, desde cedo, como o pessoal do andar de cima, andava ocupado demais...
* * * 
E nossas mãos, como estão? 
Ainda existe algum momento em que estejam livres para alguém mais? 
Ainda existe disposição para uma tarefa extra, descomprometida, voluntária, quem sabe? 
Mesmo dentro de casa, nos afazeres diários, como temos usado nossas mãos? 
Ainda lembramos da sensação dos cabelos dos nossos filhos escorrendo pelos dedos? 
Lembramos da delicadeza e da maciez dos fios? 
Ainda lembramos da temperatura ou da textura da pele do nosso amor, sentida pela parte superior dos dedos? 
Ainda nos recordamos do aperto de mão firme ou frágil daqueles que não estão mais por perto? 
Benditas sejam as mãos... 
Quantas energias fluem através delas! 
Quantos fluidos benéficos podem ser canalizados através de sua ação dignificante. 
As mãos de Jesus estavam sempre livres e disponíveis para quem quer que chegasse até Ele. 
Os episódios de imposição de mãos são incontáveis, quando, através de uma transmissão fluídica poderosa, Ele curava, despertava, enfim, alterava o curso da existência daquela alma que O buscava com fé. 
Em alguns casos, Ele apenas erguia alguém que estava caído, num ato simbólico que representava o que realmente estava ocorrendo com o Espírito até então em situação deplorável. 
Teve olhos inclusive para as criancinhas que, na época, nem mesmo eram contadas nos censos, assim como as mulheres:
-Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, porque o reino dos céus é para aqueles que se lhes assemelham.
Jesus tinha sempre as mãos livres. 
E nós? 
Será que não poderíamos nos doar um pouco mais? 
Será que não poderíamos atender, de alguma forma, os que estão ao nosso lado? 
Será que, se passássemos por aquela menina com a mãozinha espalmada, aguardando um toque humano, nós a teríamos visto? 
Ou andaremos olhando muito para cima, nunca para nosso entorno? 
Às vezes estamos vivendo essa ilusão de mundo, numa espécie de andar de cima, deixando de perceber o que ocorre nos outros andares da vida. 
Passam por nós diversas mãos, pedindo auxílio, carinho, atenção, mas as nossas estão sempre ocupadas, sempre segurando coisas que, talvez, não sejam tão importantes assim... 
Pensemos a respeito. 
E nos observemos um pouco mais. 
Quem sabe, até mudemos as nossas atitudes... 
Redação do Momento Espírita. 
Em 7.3.2019.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

MÃOS ESTENDIDAS

CHICO XAVIER
Quando caminhamos pelas estreitas passarelas da vida, observamos, com pesar, milhares de mãos estendidas em nossa direção. 
São mãos que rogam pão para alimentar o corpo faminto...
Mãos que pedem carinho... 
Mãos distendidas em busca de luz espiritual, capaz de espancar as trevas da consciência culpada... 
Mãos que rogam o amparo de outras mãos, que lhes sequem as lágrimas amargas vertidas pela dor da separação das mãos queridas que a morte arrebatou... 
São tantas mãos distendidas pelas vielas da vida, que nos fazem sentir impotentes, incapazes de nos candidatarmos ao serviço do bem, diante de tanta necessidade... 
Todavia, vale a pena buscarmos, na natureza, fatos que nos renovem o ânimo e mudem nossa maneira de pensar. 
O fio de cobre, por exemplo, quando largado na via pública, não passa de objeto insignificante. 
Mas, ligado ao poder da usina, é transmissor de luz e força. 
O pequeno cano, abandonado à poeira, é tropeço na estrada.
Contudo, se ajustado ao reservatório, é condutor de água pura. 
A argila, dormindo no charco, é simples porção de lama.
Todavia, entregue aos cuidados do oleiro, converte-se em vaso nobre. 
A pedra, solta no campo, é calhau pobre e esquecido. 
Mas, se unida à construção, é alicerce do lar. 
A lagarta, na amoreira, é triste animal de aspecto repelente.
No entanto, levada à indústria do fio, produz a seda brilhante.
A tripa de carneiro, estendida ao sol, é realmente algo desprezível. 
Quando transformada na corda do violino, é meio eficaz para que a música possa surgir. 
Entretanto, para servir é preciso esforço e disciplina. 
O fio de cobre, para iluminar, padece a tensão da energia elétrica. 
O cano necessita ajustar-se para ser útil. 
A argila experimenta a alta temperatura do fogo. 
A pedra aceita o anonimato para se tornar sustentáculo. 
A lagarta deve morrer para auxiliar, e a tripa de carneiro passa por longo processo renovador a fim de responder, com segurança, aos sonhos do musicista. 
* * * 
Em verdade, ainda somos corações frágeis, almas culpadas, e Espíritos endividados, diante das Leis Divinas. 
Mas, ligados ao Espírito de nosso Divino Mestre Jesus, podemos ser instrumentos do eterno bem. 
Não basta, porém, salientar as nossas fraquezas, a nossa falta de capacidade, a preguiça ou a falsa modéstia para estender socorro eficiente na direção das mãos estendidas em nossa direção. 
É preciso abraçar a verdadeira humildade, com obediência e disciplina, ante os desígnios do Senhor, porque, aprendendo e servindo; amando e ajudando; lutando e sofrendo em Sua causa sublime, será possível modificar a triste realidade do nosso planeta. 
* * * 
É sempre fácil servir perante o céu azul e ensinar nos dias dourados, cheios de tranqüilidade e de sol. 
Cabe-nos aprender a servir sob a noite tormentosa, e ao longo das sendas repletas de dores e dificuldades de toda sorte. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 42, do livro Vozes do grande além, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb, e no verbete Servir, do livro Dicionário da alma, por Espíritos diversos, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb. 
Em 22.07.2008.

terça-feira, 29 de outubro de 2024

HONESTIDADE VAI BEM

Ivan Fernandez Anaya
Abel Mutai
Uma cena inusitada e inspiradora no esporte. 
O atleta queniano, Abel Mutai, Medalha de Ouro nos três mil metros com obstáculos e campeão olímpico em Londres, estava prestes a ganhar mais uma corrida. 
Entrou em um novo setor da prova, e achando que já havia cruzado a linha de chegada, começou a cumprimentar o público, reduzindo o passo. 
O segundo colocado, logo atrás, Ivan Fernandez Anaya, vendo que ele estava equivocado e parava dez metros antes da bandeira de chegada, não quis aproveitar a oportunidade para acelerar e vencer. 
Ele permaneceu às suas costas, e gesticulando para que o queniano compreendesse a situação, quase o empurrando, levou-o até o fim, deixando que ele conquistasse, então, a merecida vitória – como já iria acontecer se ele não tivesse se enganado sobre o percurso. 
Ivan Fernandez Anaya, um jovem corredor de 24 anos, que é considerado um atleta de muito futuro, ao terminar a prova, disse: 
-Ainda que tivessem me dito que ganharia uma vaga na seleção espanhola para disputar o campeonato europeu, eu não teria me aproveitado. Acho que é melhor o que eu fiz do que se tivesse vencido nessas circunstâncias. 
* * * 
Quando começaremos a agir assim, em todas as situações de nossas vidas? 
Quando deixaremos de enganar os outros e de enganar a nossa própria consciência? 
Teríamos agido dessa forma, em situação semelhante, ou não? 
Valerá a pena tudo por uma medalha, por um resultado, por ser proclamado melhor, o número um, nisso ou naquilo?
Valerá tudo para conseguir um emprego, um dinheiro extra, um bom negócio fechado? 
Será? 
A virtude da honestidade diz que não, não vale a pena.
Atuando assim, poderemos ter pequenas e falsas vitórias aqui e ali, mas continuaremos sendo almas derrotadas, pois não vencemos o mundo e suas destemperanças, não vencemos o homem velho e vicioso em nós. 
O importante é vencer-se, estando em paz com nossa consciência. 
Não basta viver e sobreviver. 
Citando o grande Sócrates e sua honestidade, quando lhe propuseram a fuga da prisão onde ficou até a morte: 
-O importante não é viver. O importante é bem viver. 
Estamos aqui para aprender a bem viver, para vencer quando estivermos preparados para vencer, quando merecermos a vitória. 
Participar desses jogos baixos do mundo, dessas manipulações de mentes, de esquemas etc., é permanecer pequeno, é congelar a evolução moral do Espírito. 
Ser honesto é vivenciar a verdade em todas as circunstâncias, a verdade que, segundo o Mestre, nos libertará – libertará da ignorância e do sofrimento.
* * * 
Um gesto de honestidade vai muito bem. 
Vai muito bem em casa, quando confessamos o que vai em nosso coração, quando não desejamos esconder nada de ninguém. 
Vai muito bem nas relações sociais, quando atuamos com justiça, com probidade, dando a cada um o que é seu de direito, nunca admitindo passar alguém para trás. 
Vai muito bem no casamento, toda vez que honramos o compromisso com o outro, jamais praticando algo que não gostaríamos que praticassem conosco. 
Vai muito bem sempre. 
Haverá dia em que honestidade não precisará mais ser considerada virtude a ser conquistada, pois seremos todos honestos por natureza. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 29.10.2024

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

AS MÃOS DO TRABALHO

William J. Bennett
Eram quatro jovens que aproveitavam o sol da primavera à beira de um maravilhoso lago. 
Em certo momento, passaram a discutir a respeito de qual delas teria as mãos mais lindas. 
A primeira mergulhou as suas nas águas claras e erguendo-as depois, em direção ao sol, falou: 
-Vejam como são lindas as minhas mãos. Brancas e macias, as gotículas d'agua parecem brilhantes raros entre os dedos finos e longos. 
Eram verdadeiramente lindas pois ela nada mais fazia do que as lavar, constantemente, em água cristalina. 
A segunda tomou alguns morangos e os esmagou entre as palmas das mãos, tornando-as rosadas. 
-Não mais bonitas do que as minhas, exclamou essa, que reproduzem a cor do céu no nascer da manhã. 
Suas mãos eram bonitas pois a única coisa com que se ocupava era lavá-las em suco de frutas todas as manhãs, a fim de que conservassem a frescura e o tom rosado. 
A terceira jovem colheu algumas violetas, esmagou-as entre as suas mãos, até ficarem muito perfumadas. 
-Vejam as minhas mãos como são belas, falou então. Além disso são perfumadas como as violetas dos bosques em plena estação primaveril. 
Eram sim muito macias, brancas e perfumadas. 
Tudo o que fazia essa jovem era lavá-las com violetas todos os dias. 
A quarta jovem não mostrou as mãos. 
Parecia envergonhada, escondendo-as no próprio colo. 
Então as moças perguntaram a uma mulher que se encontrava um pouco além, deliciando-se com o dia, qual a sua opinião. 
Seu julgamento deveria decidir qual delas detinha as mãos mais belas. 
A senhora se aproximou e examinou as mãos da primeira, da segunda e da terceira, balançando a cabeça como que em sinal de desaprovação. 
Finalmente, chegou perto da quarta jovem e lhe pediu que levantasse as mãos. 
A mulher tomou as mãos dela entre as suas e as apalpou com vagar. 
Depois falou: 
-Estas mãos estão bem limpas, mas se apresentam muito endurecidas. Existem traços de muito trabalho em suas linhas rijas. Estas mãos mostram que ajudam seus pais no trabalho doméstico, que lavam louça, varrem o chão, limpam janelas e semeiam horta e jardim. Guardam o perfume das flores e o cheiro de limpeza e dedicação. Nota-se que são mãos que tomam conta do bebê, ensinam o irmão menor a fazer a lição e erguer castelos de areia, em plena praia. Estas mãos são mãos muito ocupadas, que tudo fazem para transformar uma casa em um lar de aconchego e felicidade. São mãos de carinho e de amor. Sim, finalizou a desconhecida julgadora, estas mãos merecem o prêmio pelas mais belas mãos, pois são as mais úteis. 
* * * 
O serviço ao semelhante e a dedicação ao trabalho foram ensinados por Jesus. 
Ele mesmo exemplificou servindo a todos durante a Sua passagem pela Terra e, na Última Ceia, tomou uma jarra com água, uma toalha e lavou os pés de todos os Seus Apóstolos.
Não foi por outra razão que afirmou: 
-Meu Pai trabalha sem cessar e eu trabalho também.
Redação do Momento Espírita, com base no texto Lindas mãos, de Lawton B. Evans, de O livro das virtudes, de William J. Bennett, v. 2, ed. Nova Fronteira. 
Em 27.7.2015.

domingo, 27 de outubro de 2024

ISSO SE CHAMA AMOR

Você surgiu como suave melodia trazida pela brisa; dilatou-se no silêncio de minha alma e fez-se moldura em meu viver.
Isso se chama ventura. 
Há algo em você que transparece num olhar, como estrela no céu atapetado de astros e exterioriza-se num sorriso como canção tocada na harpa dos ventos. Isso se chama ternura...
Sem olhar, você me percebe; sem falar, você me diz; sem me tocar, você me abraça... 
Isso se chama sensibilidade. 
Quando me perco em labirintos escuros, você me mostra o caminho de volta... 
Quando exponho meus tantos defeitos, você faz de conta que não nota... 
Se enlouqueço, você me devolve a razão... 
Isso se chama compaixão. 
Nos dias em que as horas passam lentas, sem graça e sem luz, nos seus braços eu encontro alento. 
Quando os dias alegres de verão partem e em seu lugar chega o outono, cobrindo o chão com folhas secas, e o verde exuberante cede lugar ao cinza, nos seus braços encontro harmonia. Isso se chama aconchego. 
Quando você está longe, no espelho da saudade eu vejo refletida a certeza do reencontro. 
Nas noites sem estrelas, quando a escuridão envolve tudo em seu manto negro, você me aponta a carruagem da madrugada, que vem despertar o dia com suas carícias de luz... Isso se chama esperança. 
Quando as marés dos problemas parecem tragar em suas ondas as minhas forças, em seus braços encontro reconforto.
Se as amarguras pairam sobre meus dias, trazendo desgosto e dor, sua presença me traz tranquilidade. 
Você é um raio de sol, nos dias escuros... 
É ave graciosa que enfeita a amplidão azul... Você é alma e é coração. 
É poema e é canção... 
É ternura e dedicação... 
Nada impõe, tudo compreende, tudo perdoa... 
Sua companhia é doce melodia, é convite a viver... ... 
E tudo isso se chama amor! 
Surge depois que as nuvens ilusórias da paixão se desvanecem. 
Que a alma se mostra nua, sem enfeites, sem fantasias, sem máscaras... 
Enfim, o amor é esse sentimento que brota todos os dias, como a flor que explode de um botão, ao mais sutil beijo do sol... 
Isso, sim, se chama amor... 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 10, ed. FEP. 
Em 26.10.2024

sábado, 26 de outubro de 2024

AS MÃOS DO CRISTO

JOANNA DE ÂNGELIS(espírito)
E
DIVALDO PEREIRA FRANC
O
A paisagem era desoladora. 
A guerra havia terminado mas deixara marcas de morte e destruição por toda parte. 
Dos escombros que restaram da pequena cidade, as pessoas buscavam reconstruir suas moradas. 
Os dias passavam e o trabalho árduo dos moradores ia transformando as ruínas em novos edifícios. 
Restava agora restabelecer a igreja local para que os crentes pudessem agradecer a Deus a bênção da vida, já que muitos sucumbiram ante os terrores da guerra. 
Mais algum tempo e a igrejinha estava novamente em pé.
Havia, antes das explosões, uma imagem do Cristo, considerada verdadeira obra de arte. 
Era preciso restabelecê-la. 
Vários artistas unidos conseguiram resgatar, em meio aos escombros, os pedaços da imagem e a colocaram novamente em pé. 
Todavia, apesar de todos os esforços, não encontraram as mãos, que talvez tivessem se transformado em pó. 
O tempo passou, e chegou o dia da inauguração do templo reconstruído. 
A população foi convidada para a festa e lá se fez presente na hora certa. 
Todos estavam curiosos para saber se as mãos do Cristo haviam sido encontradas. 
A expectativa era grande. 
No altar estava a obra coberta com um enorme pano branco, esperando o momento oportuno para desvelar-se aos fiéis. 
E, por fim, chegou a hora tão esperada. 
O lençol foi retirado e lá estava ela... 
Para surpresa geral a imagem estava sem mãos. 
Mas a criatividade do artista a todos surpreendeu. 
No lugar das mãos havia uma frase-súplica de grande efeito:
"Eu não possuo mãos, só posso contar com as suas." 
* * * 
Não sabemos ao certo o que o artista pretendia no momento em que escreveu aquela frase, mas certamente podemos retirar dela grandes reflexões. 
Sabendo que o Cristo é o caminho que nos conduzirá ao Pai e o grande Consolador da Humanidade deduzimos que Ele necessita da nossa ajuda para ajudar os que sofrem mais do que nós. 
Podemos colocar nossas mãos no trabalho nobre, fazendo com que sejam extensões das mãos generosas do Cristo, sempre dispostas às boas tarefas. 
Nossas mãos, movidas pelo coração e a mente, são abençoados instrumentos na construção de um mundo melhor. 
Mãos que afagam com carinho os filhos do infortúnio. 
Mãos que seguram outras mãos, ensinando e consolando.
Mãos que limpam feridas... 
Mãos que se sustentam na lida... 
Mãos calosas dos que não temem o desafio do trabalho...
Mãos delicadas que dedilham canções, alegrando corações...
Mãos que assinam leis justas... 
Mãos que socorrem... 
Mãos que amparam... 
Mãos que não param... 
As mãos invisíveis dos amigos espirituais que nos sustentam em nome do Cristo. 
* * * 
Mesmo que nunca venhas a necessitar de duas mãos transformadas em alavancas socorristas, podes e deves distender as tuas, porque a dor dos outros não permitirá, mesmo que o queiras, a propagação dos teus sorrisos.
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do verbete Mãos, do livro Repositório de sabedoria, v. 2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 16.12.2013.