segunda-feira, 13 de setembro de 2021

COMO CHUVA GENEROSA

RAUL TEIXEIRA
Quando o sol parece castigar a terra com a intensidade dos seus raios, habitualmente, amados e desejados; quando os dias se sucedem, muito quentes, parecendo que a atmosfera se torna quase insuportável; quando a terra vai se abrindo em frinchas, parecendo gemer em sentimento de dor; quando as plantas se deitam sobre o solo, por não conseguirem manter a altivez, pela desidratação sofrida; quando parece que tudo queimará, secará, findará... 
Pensamos nos campos semeados e nos perguntamos se os grãos conseguirão tomar forma, crescer e amadurecer, para abastecer as nossas mesas. 
Olhamos para as árvores e nos indagamos se haverá floração para que se transforme em abençoados frutos. 
Contemplamos os tímidos filetes d’água, aqui e ali, onde antes se agitavam caudalosos rios, povoados por peixes de variadas espécies.
Adiante, o leito seco deixa entrever as pedras nuas, brilhando ao sol. 
Aqui e ali um tronco de árvore deitado, como quem se tivesse agachado para sorver uma última gota d´água do solo seco. 
O abastecimento nas residências, fábricas e hospitais sofre interrupções, com danos para a indústria, a saúde, a higiene. 
Então, quando o céu escurece e nuvens escuras se apresentam, todos os olhos se fixam nelas. 
Aguardamos. 
Aguardamos a chuva que, por vezes, desaba forte, tempestuosa. 
Seu primeiro objetivo é lavar a atmosfera para que se torne respirável, leve. 
E quando as águas atingem o solo, é uma sinfonia, um concerto inigualável de sons. 
É o barulho da terra, sorvendo o líquido em largos goles, os rios desejando alargar as margens para a recepção mais ampla. 
As cascatas voltam a cantar, as fontes brilham. 
As plantas bebem por todas as dimensões de si mesmas. 
As aves observam dos seus ninhos, os animais de suas tocas, alguns se precipitando para fora para se deixarem banhar... 
Sentimos a leveza do ar, depois da chuva torrencial, e agradecemos pelo reabastecimento que se fará gradual, na constância da sua presença.
Chuva, generosa chuva. 
Violenta ou branda, caindo mansa, é um benefício. 
Quanto dependemos dela. 
* * * 
Assim como a chuva podemos nos tornar benefício para nossos irmãos.
Com o frescor das nossas ideias cristãs, podemos aliviar a sede de consolo e esperança, em almas ressequidas, que vivem a tensão de ambientes domésticos áridos. 
Como a chuva que suaviza a atmosfera, podemos abrandar a atmosfera de muitas vidas. 
São amigos, colegas, companheiros que necessitam de um sutil aroma de ternura. 
Aguardam ouvidos que se disponham a ouvir suas mágoas e lhes ofertar algumas gotas de aconchego. 
Aliviemos o calor das dores de quem sofre há muito tempo e quase está a perder a esperança. 
Como chuva mansa, sirvamo-nos da nossa voz para lhes balbuciar a canção do amanhã que surgirá, renovado. 
Pensando no bem, derramemos consolo sobre algumas existências que gravitam ao nosso redor. 
Participemos delas e tenhamos a certeza de que, na medida certa, obediente às leis de Deus, estaremos promovendo vultosas ondas de amor e de alegrias. 
Imitemos a natureza, convertendo-nos em vida para nosso semelhante, como chuva generosa... 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 18, do livro Rosângela, do Espírito homônimo, psicografia de Raul Teixeira, ed. FRÁTER. Em 13.9.2021.

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