quarta-feira, 31 de março de 2021

DESEJO DOS PAIS

O nascimento de um filho é dos momentos mais felizes para os pais que o aguardaram por meses. 
Meses de expectativa, de pequenos sustos a cada incidente que envolve a gestante: 
-Será que vai nascer agora? 
Mas ainda falta um tempo. 
Os exames, ao longo dos meses, vão sinalizando o estado de saúde, o desenvolvimento do embrião, do feto. Ouvir o coração pela primeira vez é emocionante. Pai e mãe não se cansam de tornar a ouvir a gravação feita durante a ecografia. Ver as mãozinhas, os pés, aquele ser crescer, preparando-se para o grande ato de entrada no palco da vida é acompanhado com emoção sempre renovada. Finalmente, eis o bebê nos braços maternos. Ei-lo pequeno, vulnerável, nos braços paternos. E, quando o casal olha para o filho que em tudo depende de seus cuidados e afeição, quantos pensamentos passam pela mente. 
O que ele dirá primeiro ao falar: Papai? Mamãe? 
Quando dará os primeiros passos? 
Será um bom aluno? 
Haverá de se tornar alguém importante? 
Será que abraçará a carreira médica e salvará vidas? 
Será um clínico geral ou cuidará do coração? 
Quem sabe será um neurocirurgião. 
Será um cientista, desenvolvendo novas fórmulas para atender a enfermidade, atacar epidemias? 
Terá nascido para trazer alguma nova invenção para este mundo? 
Ah, ele tem dedos longos, finos... 
Próprios para um pianista, dominando as oitavas, enchendo o mundo de harmonias. Será um concertista, alguém que assombrará as plateias com a música dos grandes mestres? 
Será que lhe observando o domínio dos instrumentos que executará, pensarão se tratar de um virtuose do passado que retornou para a Terra?
Terá renascido para revolucionar a educação, dedicando-se a ilustrar mentes? 
Trará o dom das línguas? 
Falará muitos idiomas? 
Será alguém que traz o sonho de conquista das estrelas e se tornará um astronauta, um viajor do espaço? 
Mas, e se ele não nasceu para nada espetacular? 
Quem sabe será o pai de família dedicado, cuidando dos seus filhos, educando-os para o bem? 
Ou quem sabe, de uma forma heroica, ele desejará simplesmente servir aos seus irmãos e se embrenhará por matas e sertões instruindo pessoas, espancando a ignorância e fazendo luz em alheias mentes? 
Quem sabe ele nem gostará de estudar em demasia e abraçará uma profissão, desde muito cedo, aprimorando-se nela... 
Será um motorista, um ás do volante, um agricultor? 
Indagações...
* * * 
Com certeza, o que os pais mais desejam é que seu filho viva, cresça, conheça a riqueza dos dias, das semanas, dos anos... E idealizam que ele seja correto, leal, honesto. 
Que seja generoso na partilha do que conquista. 
Que seja solidário com seu irmão, o próximo mais próximo. 
Que seja um homem de boa vontade. 
Vontade de aprender, de ensinar, de compartilhar tudo que tenha: sua inteligência, suas habilidades, seus conhecimentos, suas posses. 
Um homem, um cristão, um verdadeiro filho de Deus que renasceu para tornar mais rico este mundo. 
Este o desejo de cada pai, cada mãe, ao recepcionar seu filho neste mundo de provas e expiações. 
De progresso e de bênçãos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 31.3.2021.

terça-feira, 30 de março de 2021

FORA DAS MANCHETES

CELSO MARTINS
Quase todo dia se ouve dizer que a juventude somente anda às voltas com drogas e sexo irresponsável. 
As manchetes falam de jovens que assassinam seus pais, de outros que colocam fogo em índios e mendigos, que espancam pessoas pelas ruas e daqueles que ficam perambulando, quebrando telefones públicos, pichando muros ou destruindo praças públicas. 
Entretanto, por volta das seis horas da tarde, quando o sol, em pleno inverno, há muito se recolheu, e, no verão, ainda mostra a exuberância de sua forma, observa-se um belo tumulto de jovens de ambos os sexos, pelas ruas. Eles saem, em grupos, de escritórios, lojas, bancos, repartições públicas e se dirigem para escolas e faculdades, a fim de estudar, até lá pelas onze horas da noite. Enfrentaram um dia todo de atividades e, muita vez, por salários baixos, quando não como estagiários, sem remuneração, e agora se dispõem a uma jornada de estudos. Embaixo do braço levam sua pasta, recheada de apostilas, cadernos e livros. Ou a mochila, nas costas. Fazem um lanche rápido, nem sempre substancial e tomam um ou mais ônibus, com rapidez, a fim de não perderem a primeira aula. 
Isso, a tevê não mostra. 
Como também não dá o devido destaque à Paraolimpíada, que é um dos eventos esportivos mais entusiasmantes. 
Durante as Olimpíadas, em Sydney, na Austrália, enquanto nenhuma medalha de ouro foi conquistada pelos nossos atletas olímpicos, os nossos atletas paraolímpicos ganharam seis medalhas de ouro. 
A tevê também não destaca e ninguém acaba dando atenção a histórias de vida como a daquela senhora de setenta e cinco anos de idade, que perguntou a um transeunte onde ficava um abrigo de idosos. Julgando ser um parente rejeitado pela família, só porque viveu tão longamente, o informante lhe indicou uma casa assistencial, num bairro distante. E ela, foi explicando: 
-Meu filho, preciso encher de coisas boas o meu tempo. Quero ir conversar com os velhinhos abandonados. Quero que eles me contem coisas de sua juventude. Ou então, vou procurar uma instituição onde possa ler livros e gravar em cds, para oferecer aos cegos que desejem ouvir. Quero ser útil porque aos setenta e cinco anos me sinto bem, forte, alegre e não me custa nada dar alguma coisa a alguma criatura envelhecida e que se sinta em solidão. Isso, a tevê não alardeia. 
O jornal não destaca. 
Mas jovens entusiastas, trabalhadores e estudiosos existem às centenas, em todas as cidades. 
Pessoas portadoras de deficiências físicas ou mentais que superam barreiras, existem em todas as localidades. 
E pessoas como a simpática senhora mencionada, enchem de luz a vida de muitas criaturas. 
* * * 
A Humanidade caminha para a angelitude. 
Embora não nos apercebamos, todos os dias muitas criaturas, na Terra, galgam degraus, rumo à perfeição. 
E é por isso que, embora muitos ainda detenhamos os olhares nos pântanos da miséria humana, os oásis do bem se multiplicam, diariamente. 
Aprendamos a descobri-los. 
Redação do Momento Espírita,,com base no artigo Isto o jornal não diz, de Celso Martins, da revista O espírita nº 115 e na crônica Estou com os paraplégicos, de Diogo Mainardi, da revista Veja de 6.8.2003. 
Em 25.10.2012.

segunda-feira, 29 de março de 2021

NOSSOS APEGOS

Algum dia nos perguntamos quais são nossos maiores apegos? 
Essa é uma questão interessante e, com certeza, a resposta varia para cada um de nós. 
Difícil aqueles que diríamos que a nada somos apegados. 
Alguns temos demasiado apego a tudo que possuímos. Nada emprestamos, nem aos melhores amigos. Muito menos doamos alguma coisa. Alegamos que nossos objetos, livros, roupas foram comprados com esforço do nosso trabalho. Também foram escolhidos com cuidado. Dizemos, por vezes, que o apego emocional a essa ou aquela peça, nos impede o desapego. Aquele objeto nos eterniza alegres lembranças. E nos apegamos à nossa casa, ao nosso carro, às coisas herdadas de algum parente querido, a um presente recebido em especial ocasião. 
Dessa forma, justificamos nossos apegos argumentando que neles moram delicadas recordações, sentimentos, alegrias vivenciadas. 
Não que não possamos ter aquela peça de roupa de nossa predileção, ou aquele móvel em casa, o adorno ou enfeite que sejam nosso xodó. 
O que devemos nos questionar é: 
-Qual o tamanho de nosso apego? 
-Se o carro, ou a casa, ou todas as nossas peças de roupa preferidas nos fossem subtraídas, qual seria nossa reação? 
Podemos ter pequenos exemplos no nosso dia a dia: 
-Como reagimos quando aquela blusa ou camisa preferida foi manchada na lavagem? 
-E quando o suéter preferido ganhou marca indevida na hora de ser passado a ferro? 
-E quando a peça de decoração quebrou, o móvel avariou, as coisas se desmantelam, qual a nossa reação? 
Convenhamos: não podemos depositar nossa felicidade, nossas melhores energias naquilo que é finito, que é perecível. 
Em algum momento haverá avarias, quebra, esfacelamento. 
Ou, inevitavelmente, nós iremos partir deixando tudo que ilusoriamente pensamos possuir. 
Que tal se na próxima campanha de agasalho, de doação de roupas, incluíssemos um vestuário que gostamos muito, um daqueles que possuímos há anos? 
Quem sabe poderíamos escolher um objeto de nossa predileção para doar a um bazar beneficente... 
São pequenos exercícios de desapego que irão medir o nosso apego às coisas que dizemos serem nossas. 
É verdade que temos o direito de usufruir de tudo aquilo que conseguimos honestamente adquirir. 
Porém, poderemos estar criando dificuldades maiores quando esse usufruir passa a ser muito relevante em nosso caminhar. 
Onde estiver nosso tesouro, aí estará o nosso coração, nos advertiu o Sábio de Nazaré. 
Assim, assentemos nossos corações naquilo que verdadeiramente importa. 
O objeto que quebra, a roupa que mancha, a joia que foi furtada, nada disso merece desmedida perturbação de nossa parte. 
Afinal, tudo aquilo que pensamos ter a posse, apenas detemos por um tempo em nossas mãos. 
Logo mais, tomará outro rumo, seguindo outros destinos. 
Efetivamente, apenas aquilo que somos seguirá conosco, em definitivo.
Nosso saber, nossas virtudes, os sentimentos mais nobres constituem o que possuímos verdadeiramente, e que nos acompanharão onde quer que nos conduzam nossos passos, aqui, na Espiritualidade, em distantes paragens do Universo. 
Redação do Momento Espírita 
Em 29.3.2021

domingo, 28 de março de 2021

FONTE DO BEM

Todos os dias, através dos meios de comunicação, somos informados das tantas barbáries que ocorrem em nosso planeta. São as guerras, a violência gratuita, a fome, as drogas. As pessoas estão se enclausurando em virtude do medo de assaltos, de sequestros e de danos físicos de modo geral. Sendo assim, muitos são levados a questionar onde a justiça, onde a igualdade perante a lei, onde a punição àqueles que, por suas atitudes irresponsáveis, tornam-se perigosos para a sociedade. Alguns chegam a alegar que fomos abandonados por Deus ou, então, que Ele não existe. 
Entretanto, que é o nosso mundo? 
Qual a razão da injustiça e da desigualdade nele existentes? 
De acordo com o ensino dos Espíritos, nosso mundo é um dos tantos existentes que servem de abrigo a Espíritos necessitados da oportunidade reencarnatória. Espíritos ainda imperfeitos e, por isso, possuidores de mazelas morais. 
E é, exatamente, nessas mazelas que encontramos a fonte dos males existentes na Terra. 
É no egoísmo do homem, que nada divide com seu próximo, que achamos a causa da fome, da pobreza, da miséria humana. 
É no orgulho do ser, que se acredita superior ao outro e que não consegue enxergar o próximo como seu irmão, que encontramos a origem do desamor, do ódio, da vingança. 
Por isso, a injustiça e a desigualdade que ora percebemos em nosso plano são relativas e não absolutas. 
Aquele que agora fere terá chance, em momento oportuno, de reparar o mal que fez. E o ferido tem em mãos uma grande oportunidade de, através da resignação, aprender lições valiosas para sua jornada de iluminação.
Aqueles que são pais sabem que, em caso de doenças, devem oferecer a seus filhos medicamentos que, frequentemente, são amargos, mas que proporcionam a cura do corpo. 
Da mesma forma age Deus que, nos vendo adoecidos espiritualmente por conta de nossas iniquidades, permite que passemos por situações por vezes dolorosas, mas necessárias à cura de nossas almas enfermas pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo desamor. 
Deus não nos castiga, não nos pune, não nos julga. 
Apenas estabelece que sejamos todos responsáveis por nossas atitudes. Jesus nos ensinou que a cada um é dado segundo suas obras. 
Mudemos, portanto, nossa visão de mundo. 
Vejamos os sofrimentos nossos e alheios como oportunidades de reparação de faltas junto à lei Divina. 
Todavia, o fato de termos consciência de que a injustiça é relativa não nos deve tornar frios perante aqueles que sofrem. 
Antes, devemos nos enxergar a todos como irmãos e como aprendizes. 
 * * * 
O mundo, de forma alguma, marcha sem direção. 
A desigualdade e a injustiça que hoje percebemos são o retrato de nossos próprios erros. 
E se nossos erros geram o mal que ainda existe em nosso plano, também podemos ser fontes do bem. 
Assim nos tornamos quando o bem comum for o intuito de todas as nossas ações. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 17.4.2013.

sábado, 27 de março de 2021

CARIDADE - FONTE DE VIDA

CHICO XAVIER E NEIO LÚCIO
Jesus ensinou que a caridade é o caminho que devemos seguir para promover a evolução espiritual e alcançar a verdadeira felicidade. 
No entanto, compreender o sentido real dessa virtude ainda é um desafio, até mesmo para os cristãos. 
A caridade tem muitas nuances e pode se manifestar de diversas maneiras. 
Vai desde a doação de bens materiais, que tenham importância para quem os recebe, até um simples olhar livre de qualquer tipo de julgamento.
Quando compreendermos que a caridade é a atitude de amor em favor do outro, através de uma ação construtiva e útil, perceberemos que é possível praticá-la em todos os momentos, lugares e situações. 
Mas, para que nossas ações possam ser consideradas caridosas, temos que refletir se elas estão sendo úteis. 
Elas devem ter utilidade para a sociedade, para todos aqueles que atravessam nosso caminho, para o mundo ou para a natureza. 
Os ensinamentos trazidos por Jesus têm o objetivo de promover o crescimento espiritual e fazem com que aqueles interessados no melhoramento íntimo, busquem novas maneiras de viver. 
Na proporção em que assimilamos as verdades espirituais, vamos deixando de lado valores supérfluos. 
* * * 
Na medida em que Jesus ia revelando a beleza da Boa Nova, os Seus seguidores passavam a questionar a própria conduta. 
Certa vez João, Seu discípulo, no auge da curiosidade juvenil, perguntou a Jesus qual a maneira mais adequada de se portar diante do próximo, no sentido de ajudar aos semelhantes. 
Com voz clara e firme, o Divino amigo lhe respondeu: 
-João, se procuras uma regra de auxiliar os outros, beneficiando a ti mesmo, não te esqueças de amar o companheiro de jornada terrestre, tanto quanto desejas ser querido e amparado por ele. 
A pretexto de cultivar a verdade, não transformes a própria existência numa batalha em que teus pés atravessem o mundo, qual furioso combatente do deserto. 
Recorda que a maioria dos enfermos conhece, de algum modo, a moléstia que lhe é própria, reclamando amizade e entendimento, acima da medicação. 
Lembra-te de que não há corações na Terra sem problemas difíceis a resolver; em razão disso, aprende a cortesia fraternal para com todos.
Acolhe o irmão do caminho, não somente com a saudação recomendada pelos imperativos da polidez, mas também com o calor do teu sincero propósito de servir. 
* * * 
Para nos tornarmos pessoas de bem, temos que abraçar as oportunidades de servir com boa vontade e disposição. 
A caridade é fonte de vida. 
Envolvamo-nos nessa abençoada tarefa e sejamos trabalhadores na seara do Cristo. 
Deixemos que o amor de Deus tome nossos corações em favor do próximo, pois é um recurso que temos à nossa disposição a todo o momento. 
Façamos, sobretudo, o melhor que pudermos, na felicidade e na elevação de todos os que nos cercam, não somente aqui, mas em qualquer parte; não apenas hoje, mas sempre. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 30, do livro Jesus no lar, pelo Espírito Neio Lucio, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 26.6.2012.

sexta-feira, 26 de março de 2021

A FOME MAIOR

PEDRO DE CAMARGO
Desde algum tempo, uma grande mobilização se iniciou em nosso país e no mundo, com o intuito de acabar com a fome. Todos se mobilizam no ideal de saciar a fome dos corpos. 
Ação mais do que justa. 
O assunto, contudo, não é novo. 
O problema da fome sempre rondou a Humanidade, em épocas variadas.
O autor Amado Nervo, em seu livro Plenitud, capítulo Todos têm fome, escreve: 
"Neste orbe, todos têm fome: fome de pão, fome de luz, fome de paz, fome de amor. Este é o mundo dos famintos. A fome de pão, melodramática e ruidosa, é a que mais comove, porém não é a mais digna de comiseração. Existe a fome de amor. Muitos desejam ser amados, ter alguém que os queira e passam pela vida sem ninguém que lhes conceda uma migalha de carinho. Há os famintos de luz. Espíritos que anseiam por conhecimentos e não conseguem ter a sua fome atendida. Finalmente, a fome de paz que atormenta a quantos trazem os pés e o coração a sangrar."
Muita sabedoria encerram estas palavras. 
A fome do corpo é uma só. 
Mas a fome do Espírito apresenta várias faces, cada uma de efeitos mais alarmantes. 
A fome de pão atinge somente o indivíduo. 
Não contamina a terceiros. 
As outras espécies de fome generalizam suas consequências e comprometem a coletividade. 
A fome de amor, de luz e de paz fomenta muitas tragédias. 
Quem não se sente amado, quem não tem luz e nem paz é a criatura que se torna manchete como promotora de crimes terríveis. 
O crime, nos seus aspectos mais variados, resulta de uma falha moral, de um nível baixo de Espiritualidade, de um desequilíbrio psíquico. 
A grande solução está na educação convenientemente compreendida e ministrada. 
Educação que se volta para o ser espiritual. 
Dessa forma, a Humanidade encontrará a sua solução na educação.
Educar a criança é semear o bom grão. 
É preparar uma nova sociedade. 
É criar um mundo melhor onde habitará a justiça. 
Um mundo onde reinará a solidariedade, garantindo o pão para todos. 
Um mundo de fraternidade que a todos oferecerá ensejo de revelar suas capacidades. 
É tempo de investir na transformação do indivíduo. 
É tempo de deixarmos de permanecer alheios ao processo cuja eficácia é indiscutível na melhoria individual e social: a educação. 
Cabe-nos, assim, o engajamento na luta contra a fome. Voltemos nossa atenção para a escola. 
Eduquemos a criança no lar, desde pequena. 
Naturalmente, é um projeto a longo prazo. 
Trata-se do preparo e cultivo do solo que, após os devidos cuidados, produzirá frutos de acordo com a sementeira feita.
* * * 
Para atender a fome do corpo, basta um pedaço de pão. 
Para atender a fome generalizada do ser humano, necessária se faz a luz da razão, que espanca as sombras de quem avança em sofrimento ou limitação. 
E educação é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades do Espírito, para que este se torne luz, adquira paz e exercite o amor.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 25, do livro O mestre na educação, de Pedro de Camargo, ed. FEB. 
Em 10.10.2015.

quinta-feira, 25 de março de 2021

ESCALANDO O CÉU

Era uma viagem de férias, mas o pai a desejara transformar em uma viagem de cultura. Por isso, os países que seriam visitados e os locais foram devidamente selecionados. Levava a esposa e os filhos a museus, salas de arte, bibliotecas, universidades a fim de que vissem, ao vivo, a História do homem em pinturas, livros, arquitetura. Velhos castelos foram visitados, conservados uns, somente ruínas outros. E o pai se esmerava em apontar detalhes, que assinalavam o esforço do homem para defender a sua casa, as suas terras de outros homens. Ali, o castelo feudal fora erguido em ponto estratégico, permitindo que das torres de vigia se pudesse ver muito ao longe o eventual inimigo que desejasse chegar por via fluvial. Em outra instância, a imponente construção de pedras fora erguida exatamente em local próximo a uma imensa pedreira, facilitando a aquisição da matéria prima. Entre as ruínas do que fora um castelo imenso, erguido bem no alto, dominando a paisagem, o destaque para a pequenina porta de madeira, quase oculta entre as folhagens: a porta da traição. Ela fora deixada aberta para que os inimigos adentrassem e tomassem o que era considerado local inacessível. E assim transcorria a viagem, cheia de cores, de vivacidade, história e apontamentos. Mas depois de terem visitado antigas igrejas de extraordinária arquitetura e riqueza sem par, um dos meninos voltou-se para o pai e fez a pergunta:
-Pai, por que as igrejas têm torres tão altas? 
O pai parou um momento. Ele lera muito para ser o guia cultural naquelas férias. Esmerara-se em aprender sobre arquitetura, pintura, história. Mas não se lembrava de nada ter lido a respeito. Recordou-se com rapidez da visita à igreja de Saint-Michel, no monte de mesmo nome, na Normandia. Ali, a estátua do Arcanjo São Miguel culmina na torre de trinta e dois metros. Rapidamente ainda rememorou outras igrejas visitadas, algumas erguidas em locais altos, privilegiados e com suas torres escalando o céu. E estava pronto para abrir a boca e falar da arquitetura, da influência dos estilos, quando o filho menor, falou: 
-Ora, é simples: as igrejas têm torres pontudas para levar mais depressa as orações das pessoas até Deus. É como torre de transmissão de rádio. 
* * * 
Resposta simples de alguém que lembrou que os templos visitados, muito antes da riqueza arquitetônica, dos arabescos, dos estilos dessa ou daquela época, são locais de oração. 
Templos que o homem ergueu, através dos tempos, em todas as épocas, no intuito de ter um local para falar com Deus. 
Um abrigo, um refúgio para dialogar com a Divindade. 
E se Jesus ensinou que o templo devia ser o do coração e o altar o da consciência de cada um para o diálogo com o Pai de todos nós, justo é perceber que o homem sempre buscou esse contato com o Criador.
Assim, utilizemos nossa mente e coração para erguer torres que atravessem os céus pelos poemas da oração. Essas torres, com certeza, serão inigualáveis em altura porque os versos viajarão pelas antenas do pensamento até o Pai amoroso e bom de toda a Humanidade. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 28, ed. FEP. 
Em 25.3.2021.

quarta-feira, 24 de março de 2021

O FOGO QUE AQUECEU O MENINO

Andrey Cechelero
Conta-se... 
Que o fogo que aqueceu o menino 
Ao lado da manjedoura, 
Naquela noite inesquecível, 
Sentiu-se profundamente honrado em servir, de forma tão especial...
Mesmo que por tão pouco tempo. 
Conta-se... 
Que nem mesmo o fogo foi o mesmo, 
Depois da chegada daquele menino. 
* * * 
Talvez a palavra servir ande desgastada. 
Ou ainda, vague por aí nas brumas da incompreensão ou do preconceito, como tantas outras. 
Falar em servir, falar em servo, remete-nos a sofrimento, a subserviência, a subjugação. 
E, disso tudo estamos enfadados realmente. 
Porém, a palavra servir é uma das mais belas que existe, uma vez que descobrimos seu verdadeiro sentido.
E, nada como o Natal para descobrir significados novos, ampliar horizontes, refazer caminhos e compreensões da vida. 
Servir é devotar-se a algo, a alguém. 
Servir é entregar-se a uma causa, a um amor, a um ideal. 
Assim, ser servo é ter sentido na vida, é ter noção clara para onde se quer seguir todos os dias. 
Servir à família, servir ao casamento, servir à profissão, servir à comunidade... 
Não se trata de se colocar abaixo, no sentido de se ter menos valor do que... 
Trata-se de doar-se inteiramente a algo em que se acredita. 
Se percebermos bem, em a natureza tudo serve. 
E mais, serve feliz. 
Notemos isso com atenção: na natureza tudo serve com alegria. Quando encontrarmos, finalmente, nossa vocação maior de servir, servir por completo, descobriremos um caminho seguro para nossa própria felicidade. 
Neste Natal, quando recordamos o nascimento do Mestre entre nós, e refletimos sobre tantas coisas, pensemos sobre isso. 
Ele, o maior de todos, Espírito puro, foi capaz de dizer: 
-Estou entre vós como quem serve. 
Sim, Ele se comportou como grande servidor. 
Suas lições, 
Seus exemplos, 
Sua doação completa foram 
Sua forma sublime de nos servir, para que conhecêssemos o amor de uma forma nunca antes ensinada. 
O espírito do Natal, então, é o espírito de servir, de dar, de dar-se, e não de receber. 
Olhe para os lados e pergunte: 
-De que forma posso servir melhor minha família? 
-De que forma posso servir minha comunidade? 
-Como posso ser um bom servidor de meu país? 
Cada um de nós pode servir de muitas formas! 
Não é necessário ter posses para servir. 
Servimos com palavras, com habilidades, com nosso tempo, com nosso sorriso, com nossa amizade. 
Façamos algo diferente no Natal, perguntando: 
-De que forma posso servir? 
-De que forma posso servir melhor? 
A vida vai nos responder prontamente, pois o trabalho sempre aparece para aqueles que se predispõem a laborar pelo bem. 
Dessa forma, estaremos figurando nas fileiras luminosas daqueles que trabalham pelo bem na Terra, daqueles que, incansáveis, vêm sendo os agentes transformadores do planeta. 
Juntemo-nos a esses tantos servidores humildes, anônimos, do bem.
Juntemo-nos aos servidores do Cristo, prestando-lhe a mais bela homenagem que se pode prestar em Seu aniversário. 
Conta-se... 
Que nem mesmo o fogo foi o mesmo, 
Depois da chegada daquele menino. 
Redação do Momento Espírita, com versos do poema O fogo que aqueceu o menino, de Andrey Cechelero. 
Em 13.12.2013.

terça-feira, 23 de março de 2021

FOFOCAS

Hans Christian Andersen
Tudo começou num galinheiro. 
Isso mesmo. 
Em um galinheiro. 
O sol estava se pondo. As galinhas pularam para o poleiro. Havia uma, de penas brancas e curtas. Muito respeitável em todos os sentidos. Assim que voou para cima do poleiro, começou a se catar com o bico. Uma peninha caiu ao chão. 
-Lá se vai uma pena - ela disse. Parece que quanto mais eu me cato, mais bonita eu fico. 
Falou por brincadeira. 
Era a mais brincalhona entre todas. E foi dormir. Ao lado havia uma galinha que ouviu o que ela disse. Quer dizer ouviu e não ouviu... Não se conteve e cochichou para a outra galinha: 
-Não vou dizer o nome mas tem uma galinha aqui que quer tirar as próprias penas só para ficar mais bonita. Se eu fosse um galo eu a desprezaria. 
Ora, em cima do galinheiro havia uma família de corujas. Todas ouviram as palavras da vizinha da galinha branca. Reviraram os olhos. Mamãe coruja bateu as asas e foi tapar os ouvidos dos filhotes. 
-Vocês ouviram o que eu ouvi? 
Uma das galinhas esqueceu completamente o que é boa conduta. Tirou todas as suas penas e deixou que o galo a visse. Preciso contar o caso para minha vizinha. Enquanto as corujas conversavam e riam, as pombas ouviram. E saíram comentando que havia uma galinha que tirava todas as penas só para se mostrar para o galo. Com certeza iria morrer de frio. A conversa foi passando adiante. 
Logo, no pombal, se falava que duas galinhas haviam arrancado as penas para chamar a atenção do galo. Haviam apanhado um resfriado e morrido de febre. 
Quando a conversa chegou aos ouvidos do galo, já eram três as galinhas mortas. 
Era uma história tão terrível que ele não podia guardar para si.
Encarregou os morcegos de levá-la adiante. 
De galinheiro em galinheiro a história foi sendo contada. 
-A verdade verdadeira - diziam - era que cinco galinhas tiraram todas as penas para mostrar qual delas tinha emagrecido mais de paixão pelo galo.Haviam se bicado umas às outras até a morte. Uma desgraça para suas famílias! Grande prejuízo para o dono do galinheiro. 
Então, a galinha branca, que tinha perdido uma única peninha, não reconheceu sua própria história. 
Por ser muito respeitável, tomou uma atitude. 
Fez de tudo para que os jornais publicassem a história e corresse a notícia pelo país inteiro. 
Ela desprezava aquelas aves que mereciam ser punidas com o escândalo.
A verdade verdadeira é que a história foi impressa nos jornais. 
Assim uma única peninha se transformou em cinco galinhas. 
A história lhe lembra alguma coisa? 
Algum fato semelhante? 
A fábula bem pode nos servir de carapuça. 
Quantas vezes ouvimos pela metade as verdades e as traduzimos como queremos que sejam? 
Com que facilidade destruímos a reputação de pessoas honestas, dignas!
Normalmente, nem perguntamos se é verdade. 
O importante é que a notícia não pare em nós. 
Que ela circule. 
Ah, e nos encarregamos de acrescentar uma pitadinha da nossa imaginação. 
A palavra nos foi dada para o crescimento, não para a destruição.
Passemos a utilizá-la para o bem. 
Se o que ouvimos, não serve para a melhoria dos outros, a instrução de alguém, para que passar adiante? 
É preciso selecionar as nossas conversas. 
Já por esse motivo é que Deus nos dotou com dois ouvidos. 
Para ouvir bem. 
E uma boca somente. 
 * * * 
Ouça com lógica! 
Procure silenciar onde você não possa prestar auxílio. 
A vida dos outros, como afirma a própria expressão, é realmente dos outros e não nossa. 
O tempo que se emprega na crítica e na maledicência pode ser usado em construção. 
Redação do Momento Espírita, com base no conto A verdade verdadeira, de Andersen, e no cap. 36, do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed.CEC. 
Em 12.11.2012.

segunda-feira, 22 de março de 2021

O ÚLTIMO RETRATO

Desde a chegada da pandemia vivemos em sobressalto. 
Hoje nos chegam as notícias de um amigo, abraçado por ela e em estado crítico, no hospital. 
Ontem, foram as notas breves nos informando de familiares distantes contaminados, que a morte levou, num tempo quase recorde. 
Não pudemos comparecer para lhes ofertar algumas flores, ou ensaiar um último adeus. 
A cada notícia televisiva ou radiofônica, detalhando as milhares de mortes e de contaminados, corremos a verificar se nosso amor mais próximo está bem, se nossos filhos estão bem, nossos netos, nossos primos...
Preocupamo-nos com nossos pais e avós, de idades avançadas, cuja fragilidade os torna os preferidos dessa pandemia, que parece se eternizar. 
Quando chega a notícia de alguém querido, alguém mais próximo da nossa afetividade que se foi, quantas vezes nos surpreendemos pensando: 
-E nem me despedi direito da última vez... Se eu soubesse que ele morreria... 
Pensemos que com pandemia ou sem ela, todos os que nos encontramos na Terra estamos com o bilhete de volta no bolso. 
Uns o temos para logo mais, outros para daqui há semanas, meses, anos.
Mas, conforme assinalou Jesus, essa data, somente o Pai Celestial tem conhecimento. 
Por isso, se não temos o hábito, vamos criá-lo: o hábito de nos despedirmos com carinho, amor, toda vez que alguém sair para o trabalho, para as compras, para qualquer compromisso que lhe exija a presença. 
Os que estamos no mesmo lar, abracemo-nos, estreitemo-nos, sintamos o coração bater sincronizado com o nosso próprio compasso cardíaco. 
E digamos:
-Até logo, tchau. 
Depois, o acompanhemos com o olhar até o portão, até a saída. 
Se estiver a pé, vejamo-lo voltar-se antes de tomar a rua e acenar, mais uma vez. 
Se utilizar veículo próprio, vejamo-lo entrar no carro, colocar o cinto de segurança, ajustar o espelho retrovisor. 
Acompanhemos cada gesto. 
Detenhamo-nos à porta para observar. 
Quando, finalmente, ele ligar o motor e nos olhar outra vez, acenando, acenaremos também. 
Jogaremos beijos, sorriremos, utilizaremos as duas mãos e gritaremos uma vez mais: 
-Tchau, até logo... 
Façamos isso a cada saída de alguém, mesmo que esteja indo simplesmente comprar pão, ali na esquina. 
Se, eventualmente, esse for o último Até logo, teremos muitas fotos registradas na alma para recordar: 
-Ele sorriu para mim... Ele tornou a acenar, depois de fechado o portão, já na rua... Ele entrou no carro, mas resolveu entrar de novo e disse tchau outra vez... 
Tenhamos em mente: a vida na Terra é impermanente. 
Deixemo-nos ficar na porta, na janela, acenando um tanto mais, até a pessoa desaparecer na curva da estrada, ou no final da rua, dobrando a esquina. 
Não tenhamos pressa. 
A pandemia nos está ensinando que devemos mais e mais saborear a vida familiar. 
Que devemos prezar amigos, colegas, conhecidos. 
Que devemos valorizar a presença do outro. 
Saibamos nos despedir, demoradamente. 
Poderá ser o último retrato do amor que partirá logo mais... 
Que não venhamos a nos arrepender de não ter abraçado, beijado, aconchegado. 
O logo mais somente Deus o sabe. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.3.2021

domingo, 21 de março de 2021

FOCINHOS AMADOS

Gaya, uma Golden Retriever de doze anos, foi uma das voluntárias mais ativas de uma ONG de animais de terapia. Começou a trabalhar antes mesmo de completar um ano. Ia a asilos, hospitais, escolas especiais, casas lares. De índole dócil, meiga e muito carinhosa, conquistava imediatamente todos os que conviviam com ela. Sua tutora a levava com orgulho para o trabalho, e aprendeu, observando seu comportamento, que ela sabia exatamente onde ir e quem visitar primeiro. Gaya se soltava da guia e ia fazer carinho, com seu focinho, nas pessoas que estavam mais carentes, ou mais tristes, no dia das visitas do grupo. Nas casas lares, ela se deitava no chão e as crianças se deitavam sobre ela, o que lhe valeu o apelido de almofadão. Ao longo de sua vida, Gaya encantou colegas de trabalho e assistidos. Quando um tumor bastante agressivo a impediu de prosseguir na tarefa, ela se manteve dócil e amorosa, e sinalizava que queria trabalhar. Finalmente, vencida pela doença, partiu. E o fez serenamente, cercada pelos que a amavam, deixando imensa saudade e um grande vazio. 
* * * 
Quando morre nosso animal de estimação é comum entrarmos em uma espécie de luto. De vida geralmente breve, nossos focinhos amados deixam muita saudade. 
Uma criança, certa vez, encontrou uma explicação para o fato dos cães viverem tão pouco tempo. 
Escreveu ela: 
A gente vem ao mundo para aprender a viver uma vida bonita, a amar os outros o tempo todo e a ser boas pessoas. Mas os cachorros já nascem sabendo fazer tudo isso! Então eles não têm que viver tanto tempo quanto nós! 
* * * 
Mas, quando o mascote morre tendo como causa uma doença grave, que lhe causa dores, nosso coração se aperta e questionamos o porquê.
Afinal, porque nos afeiçoamos a eles, nos compadecemos do seu sofrimento. 
Para nós, seres humanos, a dor está inserida nas próprias questões das vicissitudes da vida planetária. 
Então, os que nos encontramos como passageiros dessa grande nave mãe, passamos por algumas dificuldades, próprias da nossa organização biológica e das condições do planeta. 
Também padecemos dores que têm a ver com nosso processo expiatório. Essas têm caráter moral. 
A dor nos leciona paciência, nos ensina a entender a dor do outro, nos leva a reflexionar a respeito da compaixão para quem sofre. 
No entanto, embora os animais tenham, além do instinto, uma inteligência rudimentar, que se revela por algumas ações, eles são desprovidos de senso moral. Isso quer dizer que eles nada têm a resgatar, a pagar. 
O sofrimento que padecem não está relacionado com algo que tenham feito anteriormente, pois o que os governa são os instintos. 
No entanto, como Deus não age por simples capricho, a dor, nos nossos irmãos, os animais, lhes serve como aprendizado e consequente progresso. 
Bom mesmo é poder lhes lembrar a presença amiga, o devotamento que tiveram para conosco. 
Afinal, eles nos dão tanto que chegamos a chamá-los de anjos de quatro patas. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 3.7.2018.

sábado, 20 de março de 2021

TREZE MOTIVOS PARA VOCÊ FICAR

Um coração de mãe escreveu uma carta para a jovem filha que acabara de atentar contra a própria vida. 
E a intitulou: Treze motivos para você ficar. 
-Filha, imagino que você tenha pensado muito antes de tomar essa decisão. Que tenha buscado acabar com uma dor enorme, cujo tamanho não consigo imaginar. No entanto, assinalo aqui, de forma muito objetiva algumas razões, alguns motivos para você ficar. 
Primeiro: você parou para pensar como ficaremos todos nós se você partir antes da hora? Quão destroçados ficarão nossos corações, os corações que a amam tanto? Pois é... Você tenta acabar com uma dor e cria para nós uma maior ainda. 
Segundo: Será que é hora de desistir? Faz tão pouco tempo que você chegou. Menos de duas décadas. Olhe quantos anos tem pela frente. Seu livro ainda está nos primeiros capítulos. Não podemos julgar o livro todo pelas primeiras páginas. 
Terceiro: olhe para trás e veja tudo que já venceu, tudo que a trouxe até aqui. Todas as adversidades enfrentadas são vitórias. E uma vida de vitórias não deve ser enxergada com olhos de desânimo. 
Quarto: você nos inspira todos os dias. Você é nosso exemplo. E saiba que de outras pessoas também. Precisamos de exemplos nesse mundo para liderar, para seguir à frente de todos abrindo caminhos! 
Quinto: nossa vida foi mais feliz depois que você chegou. Sei que parece conversa clichê de pai e de mãe – como vocês jovens dizem – mas é a mais pura verdade. Você trouxe alegria, vontade de viver para toda nossa família. 
Sexto: você ainda precisa ser médica, ser cantora, professora, veterinária, consultora de moda, massoterapeuta – enfim, o que quiser ser profissionalmente, pois o futuro está aberto para você. 
Sétimo: lembre quantos momentos deliciosos passamos juntos com nossa família, você com seus sobrinhos pequenos, eles adorando brincar com a tia mais velha. E quantos desses momentos ainda podemos ter! 
Oitavo: andar na areia da praia. O mar com sua majestosa segurança nos convida a ter serenidade, mostrando que tudo vai e vem, que a vida é feita de marés altas e baixas controladas por forças invisíveis e grandiosas.
Nono: você ainda precisa ser mãe. Sei que você deseja. Não tenha pressa, mas tenha certeza que será a mais bela experiência da sua vida.
Décimo: você ainda precisa aprender a dirigir para me levar por aí de carro, como prometeu, lembra? 
Décimo primeiro: viajar. Se você quer tanto conhecer o mundo, outras culturas, outros lugares, planeje-se e estruture-se para isso. 
Décimo segundo: você nunca estará sozinha. 
Décimo terceiro: finalmente, não antecipe a sua partida porque queremos, seu pai e eu, estarmos lá para recebê-la quando chegar, de verdade, a sua vez de partir. 
* * * 
Esperamos, sinceramente, que a carta tenha tocado o mais profundo da alma dessa filha. 
Os tempos são de lutas. 
Na qualidade de pais, não esmoreçamos. 
Os bons Espíritos atuam sobre nós para nos auxiliar a salvar esses que sofrem dores terríveis no mundo e que insistem em se evadirem pela porta falsa do suicídio. 
Estejamos atentos. 
O Senhor segue conosco. 
Redação do Momento Espírita
Em 19.3.2021.

sexta-feira, 19 de março de 2021

A VIAGEM DA VIDA

A cada vez que a Bondade Divina nos convida a reencarnar, se abre um imenso leque de oportunidades na História de nossa vida enquanto Espíritos imortais que somos. 
Nascer novamente num corpo físico é programação complexa e de altíssima importância. O projeto de uma nova existência se inicia, muitas vezes, décadas antes de nos vincularmos ao novo corpo físico.
Escolhemos a família que nos receberá, as possibilidades de aprendizado, a concretização ou não do casamento, a profissão e tantos outros fatores significativos. 
Porém, como toda viagem, mesmo que programada minuciosamente, poderá ter seu planejamento alterado. 
Ao iniciarmos o percorrer dos trajetos estabelecidos, podemos tomar um atalho, determo-nos em lugares não planejados, optar por outros caminhos. 
Podemos melhorar ou piorar o planejado. 
Tudo dependerá de nossa vontade e decisões. 
Os antigos navegadores, para não se perderem em mares bravios, levavam consigo cartas náuticas e uma bússola. Para definir o rumo a tomar, consultavam, minuciosa e atentamente, esses instrumentos. Foi dessa forma que contornaram a África e chegaram até as Índias, de tantas e raras especiarias. Seguiram resolutos até que o oceano sem fim lhes apresentasse o novo mundo, que denominaram América. Sem esses instrumentos e informações seguras, dificilmente teriam sucesso em suas viagens. 
Nada diferente acontece conosco, ao navegarmos pela vida. O barco de nossa História, ao desatracar do cais da Espiritualidade, singra as águas da nova existência a fim de renovar e incrementar aprendizados e conhecimentos. 
Exatamente como os antigos navegadores, enfrentaremos dias de mares tranquilos e fáceis de navegar. Igualmente, horas de tempestades que exigirão muito das nossas habilidades para não perecermos. 
Haverá momentos em que necessitaremos tomar decisões importantes e destemidas. 
E, o bom resultado da viagem dependerá do que determinarmos realizar.
Para isso, precisamos dispor dos instrumentos necessários e precisos, que possam ser consultados. Não serão a bússola e as cartas náuticas dos destemidos navegadores de outrora. 
Nossa melhor bússola será a mente lúcida, amparada pelos sentimentos nobres do coração. 
E nossa carta náutica deverá ser o Evangelho de Jesus. 
As turbulências mais perigosas e as maiores ondas que iremos enfrentar, nessa viagem chamada vida, serão as que se encontram em nossa própria intimidade. 
Por isso, a melhor orientação para as acertadas decisões, que nos conduzirão por rumo seguro e feliz, dependerá destes três instrumentos: mente, coração, Evangelho. 
Sondemos nosso coração e nossa mente, a cada passo da existência, para nos certificarmos de que estamos pautando nosso caminho por valores nobres, evitando nos perdermos nas ilusões do mundo.
Consultemos, reflitamos, meditemos em torno das propostas de Jesus.
Assim procedendo, teremos a certeza de que, mesmo singrando mares bravios, ou enfrentando tempestades desafiadoras, haveremos de atracar, novamente, no porto seguro da Espiritualidade, tendo realizado com êxito a viagem e concluído o bom combate. 
Redação do Momento Espírita 
Em 18.3.2021.

quinta-feira, 18 de março de 2021

AS FOBIAS E A REENCARNAÇÃO

Uma psicóloga norte-americana foi procurada para atender um adolescente, portador de problema singular. Desde a infância, o garoto trazia uma fobia com relação ao bater das asas dos pássaros mas, foi na adolescência que o problema se intensificou e os pais buscaram a ajuda de um profissional. Quando percebia um pássaro pousando, o movimento das asas lhe causava crises terríveis culminando em desmaio. A psicóloga buscou, com todos os recursos de que dispunha, uma forma de ajudá-lo. Provocou, por inúmeras vezes, a regressão de memória até ao útero materno e não conseguia descobrir as origens do desequilíbrio. Materialista convicta, a profissional só admitia uma única existência e buscava a resposta a partir da vida no ventre materno. Mas, como os anos rolaram sem que pudesse resolver a questão, e porque o desafio se tornasse cada vez maior, numa das sessões de regressão resolveu deixar que o jovem fosse mais além. Embora não acreditasse na teoria da preexistência do Espírito, foi nesse universo desconhecido que encontrou a origem do trauma. O jovem, então com 21 anos, mergulhou no seu passado e se viu como soldado, lutando na Segunda Guerra Mundial. Descrevia seu drama com detalhes. Estava em meio a uma batalha, juntamente com os demais soldados, quando houve uma grande explosão e todos foram atingidos. Ele também fora atingido pelos estilhaços da bomba mas não morrera de imediato, ficando apenas semiconsciente. Após baixar a poeira, vieram os tratores e juntaram os inúmeros corpos em monturos, deixando-os para serem enterrados em covas coletivas mais tarde. Nessa ocasião, ele, que estava agonizante mas não morto, fora arrastado para o monturo com os demais cadáveres, ficando sobre os demais. E porque demorassem para soterrar os corpos, os abutres buscaram neles o seu alimento. Quando os abutres sentavam sobre seu corpo, ele percebia o bater das asas e sentia suas carnes sendo dilaceradas com violência. Essa cena se repetiu por muitas horas, até que a morte física se consumasse. Embora rompidos os laços do corpo físico, aquele Espírito ficou impregnado das sensações horríveis dos últimos momentos, a ponto de trazer o desequilíbrio para a nova existência, em forma de fobia. Não é preciso dizer que a doutora materialista rendeu-se aos fatos e mudou seu pensamento a respeito da vida. 
* * * 
Muitos medos e traumas cujas causas não estão na presente existência têm suas raízes em um passado mais ou menos distante, em existências anteriores. 
O Espírito recebe um novo corpo em cada nova existência, mas traz consigo os problemas não resolvidos de outros tempos. 
Por esse motivo é importante que olhemos para as pessoas como Espíritos milenares, mesmo que estejam albergados temporariamente num corpo infantil. 
Percebendo a vida sob esse ponto de vista, teremos mais e melhores possibilidades de ajudar as criaturas que trazem dificuldades, começando por nós mesmos. 
Redação do Momento Espírita 
Em 22.12.2009.

quarta-feira, 17 de março de 2021

PREPARAÇÃO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
O dia que surge é oportunidade nova, nem sempre percebida pelos que vivemos enredados em dificuldades multiplicadas. 
O sol que inunda de luz o mundo, penetrando com seus raios os mais ocultos lugares, é mensagem de renovação. 
O ar fresco da manhã, a relva ainda úmida do orvalho da madrugada fala de um doce e lento despertar. 
Tal qual a manhã que desabrocha, lenta, aos beijos do sol, compete-nos atender algumas regras a fim de bem aproveitar o novo dia. 
Antes de qualquer atividade, reservemo-nos uns minutos. 
Abrindo os olhos, observemos com calma o local onde nos encontramos e agradeçamos a Deus a bênção do corpo carnal, o teto que nos agasalha, as mil pequenas coisas do lar que se constituem na nossa riqueza material. 
Erguendo-nos do leito busquemos um livro nobre e façamos uma pequena leitura de página de otimismo e consolo. 
Página que nos fixe na mente mensagens positivas e agradáveis.
Permitamo-nos meditar por alguns minutos no seu conteúdo valioso, com o objetivo de gravá-lo nas delicadas telas da memória. 
Impregnados da mensagem positiva, estabeleçamos uma disposição favorável para as lutas que tenhamos a enfrentar: trabalhos exaustivos, enfermidades, revezes de toda sorte. 
Encerremos esses preciosos instantes com uma prece, através da qual busquemos sintonizar com o pensamento Divino, dEle rogando inspiração e forças. 
Agora, e somente agora, nos encontramos equipados com energias positivas e nos podemos permitir o confronto das tarefas árduas do dia que apenas começa. 
Assim como nosso corpo necessita ser preservado e mantido, com os cuidados da higiene, da conservação da saúde dos órgãos, a fim de não ser bruscamente interrompida a sua existência, nossa alma precisa de atendimento especial. 
Por vezes, cultuamos em demasia o corpo, esmerando-nos em atenções para com ele, atendendo a imperativos de dietas, exercícios, caminhadas, massagens e nos esquecemos de igualmente atender o Espírito imortal. 
E é o Espírito o responsável pela organização corporal, pela geração de forças que facultam a vida física. 
Por isso, ele necessita de atenção a fim de que não se desarticulem seus equipamentos delicados, quando então se torna campo propício ao desalento, ao desfalecimento e à tristeza injustificável. 
Poucos minutos, diariamente, bastam para alimentá-lo na fonte inesgotável que emana de Deus, Nosso Pai. 
Não nos esqueçamos disto! 
* * * 
A meditação é combustível precioso que mantém o vigor moral e movimenta a máquina da ação. 
É sempre terapia que oferece paz. Toda criatura tem necessidade de meditar e de orar, porque aprofundando meditações nos ricos conceitos do Evangelho, seguirá pela vida de forma digna e consciente. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 2 do livro Episódios diários, e no verbete Meditação do livro Repositório de sabedoria, v.2, ambos pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 17.3.2021.

terça-feira, 16 de março de 2021

AS FLORES VOLTARÃO

Uma suave melancolia canta uma balada. E essa música sinfônica da nostalgia, da saudade, nos alegra. Apesar da pandemia nos ter roubado a primavera, nossos corações estão florescendo, porque a nossa estação das flores está no mundo íntimo, independendo dos fatores do lado de fora. 
Aprendemos com Jesus Cristo que a alegria real é aquela que diz respeito à plenitude do mundo espiritual. 
Essa primavera nada, ninguém nos pode roubar. 
A pandemia passa e as flores voltarão a perfumar os bosques, voltarão a cantar as aves, a murmurar os córregos. 
E a vida em abundância irá repetir a inolvidável canção da gratidão. 
 * * * 
Divaldo Pereira Franco, médium e orador espírita, finalizou com estas belas palavras o seu Roteiro Europa de palestras, edição 2020. Pela primeira vez, sem estar presente fisicamente nas atividades doutrinárias, essa alma de luz cumpriu sua missão no formato on-line. Divaldo utilizou todas as oportunidades para usar seu verbo seguro para acalmar os corações do mundo, tão ansiosos nos dias atuais. O orador fez menção a um trecho da obra Il capitano e il mozzo, do escritor italiano Alessandro Frezza, que descreve o diálogo entre um jovem e o capitão de um navio. Toda tripulação está retida no navio, devido à quarentena, e o jovem reclama da situação pela qual estão passando, em tom de desânimo. Diz que a pandemia estava fazendo com que ele perdesse muitas coisas. O capitão, com toda sua experiência de outras quarentenas, lembrando de uma outra ocasião em que fora obrigado a permanecer na embarcação, o esclarece: 
-Sim, naquele ano me privaram da primavera, e de muitas coisas mais, porém eu, mesmo assim, floresci. Levei a primavera dentro de mim, e ninguém, nunca mais, pôde tirá-la. 
* * * 
Estamos sendo privados de primaveras lá fora. 
Muitos ficamos privados da liberdade de ir e vir. 
Muitos não pudemos nos despedir de nossos amores, que partiram de forma repentina. 
São, realmente, duras provações. 
No entanto, tais experiências, quando enfrentadas com consciência, nos fortalecem muito. Fazem o trabalho de anos e anos de dias comuns. 
Que possamos entender que este é o mundo que habitamos, mundo das provas, das batalhas diárias, dos sacrifícios constantes. 
Ninguém nos prometeu o paraíso na Terra. 
Ninguém nos disse que seria fácil, porém, nos garantiram sim, que teríamos condições de superar, de vencer. 
A primavera interior é uma analogia perfeita. 
A vida nos ensinou que as estações devem ser cultivadas na alma e não do lado de fora. 
Voltamos os pensamentos para nós mesmos. 
Fomos convidados a refletir sobre questões graves, muito mais importantes do que as distrações que consumiam todas as nossas energias. 
Não nos assustemos diante do flagelo que nos alcança. 
Não estamos desamparados. 
Nunca estivemos. 
E, quando tudo tiver passado, olharemos para trás e nos haveremos de surpreender com tudo o que enfrentamos, com tudo que superamos.
Confiemos, as flores voltarão. 
Redação do Momento Espírita, com base em trecho de conferência proferida por Divaldo Franco, no encerramento do Roteiro Europa 2020, em 7.6.2020 e citação de frase da crônica O Moço e o Capitão, de Alessandro Frezza. 

Em 18.8.2020.

segunda-feira, 15 de março de 2021

UM HOMEM CHAMADO JESUS

Certa vez, um Espírito sublime deixou as estrelas, revestiu-se de um corpo humano e veio habitar entre os homens. Porque fosse um exímio artista plástico, habituado a modelar as formas celestes, compondo astros e globos planetários, tomou da madeira bruta e deu-lhe formas úteis. Durante anos, de Suas mãos brotaram mesas e bancos, onde amigos e irmãos se assentavam para repartir o pão. Para receber os seus corpos cansados, ao final do dia, Ele preparou camas confortáveis e, porque amasse a todos os seres viventes, não esqueceu de providenciar cochos e manjedouras onde os animais pudessem vencer a fome. Porque fosse artista de outras artes, certo dia deixou as ferramentas com que moldava a madeira, e partiu pelas estradas poeirentas. Tomou do alaúde natural de um lago, em Genesaré, e ali teceu as mais belas canções. Seu canto atraía crianças, velhos e moços. Vinham de todas as bandas. A entonação de sua voz calava o choro dos bebês e as dores arrefeciam nos corações das viúvas e dos desamparados. As harmonias que compunha tinham o condão de secar lágrimas e sensibilizar corações endurecidos. Como soubesse compor poemas de rara beleza, subiu a um monte e derramou versos de bem-aventuranças, que enalteciam a misericórdia, a justiça e o perdão. Porque sua sensibilidade se compadecia das dores da multidão, multiplicou pães e peixes, saciando-lhe a fome física. Delicado na postura, gentil no falar, por onde passava, deixava impregnado o perfume de Sua presença. Possuía tanto amor que o exalava de Si aos que O rodeassem. Uma pobre mulher enferma tocou-lhe a barra do manto e recebeu os fluidos curadores que lhe restituíram a saúde. Dócil como um cordeiro, abraçou crianças, colocou-as em seus joelhos e lhes falou do Pai que está nos céus, que veste a erva do campo e providencia alimento às aves cantantes. Enérgico nos posicionamentos morais, usou da Sua voz para o discurso da honra, defendendo o templo, a Casa do Pai, dos que desejavam lesar o povo já por si sofrido e humilhado. Enalteceu os pequenos e na Sua grandeza, atentava para detalhes mínimos. Olhou para a figueira e convidou um cobrador de impostos a descer a fim de estar com Ele mais estreitamente. Acreditavam que Ele tomaria um trono terrestre e governaria por anos, com justiça. Ele preferiu penetrar os corações dos homens e viver na sua intimidade, para que eles usufruíssem de paz e a tivessem em abundância. 
Seu nome é Jesus, o Amigo Divino que permanece de braços abertos, declamando os versos do Seu poema de amor: 
-Vinde a mim, vós todos que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei... 
Redação do Momento Espírita, com transcrição do Evangelho de Mateus, cap. 11, vers. 28. Disponível no CD Momento Espírita, v. 15, ed. FEP. 
Em 15.3.2021.

domingo, 14 de março de 2021

FLORES RARAS

Conta-se que havia uma jovem que tinha tudo: um marido maravilhoso, filhos perfeitos, um emprego que lhe rendia um bom salário e uma família unida. O problema é que ela não conseguia conciliar tudo. O trabalho e os afazeres lhe ocupavam quase todo o tempo e ela estava sempre em débito em alguma área. Se o trabalho lhe consumia tempo demais, ela tirava dos filhos, se surgiam imprevistos, ela deixava de lado o marido... E assim, as pessoas que ela amava eram deixadas para depois até que um dia, seu pai, um homem muito sábio, lhe deu um presente: uma flor muito rara, da qual só havia um exemplar em todo o mundo. O pai lhe entregou o vaso com a flor e lhe disse: 
-Filha, esta flor vai lhe ajudar muito mais do que você imagina! Você terá apenas que regá-la e podá-la de vez em quando e, às vezes, conversar um pouquinho com ela. Se assim fizer, ela enfeitará sua casa e lhe dará em troca esse perfume maravilhoso. 
A jovem ficou muito emocionada, afinal a flor era de uma beleza sem igual. Mas o tempo foi passando, os problemas surgiam, o trabalho consumia todo o seu tempo e a sua vida, que continuava confusa, não lhe permitia cuidar da flor. Ela chegava em casa e as flores ainda estavam lá, não mostravam sinal de fraqueza ou morte, apenas estavam lá, lindas, perfumadas. Então ela passava direto. Até que um dia, sem mais nem menos, a flor morreu. Ela chegou em casa e levou um susto! A planta, antes exuberante, estava completamente morta, suas raízes estavam ressecadas, suas flores murchas e as folhas amareladas. A jovem chorou muito e contou ao pai o que havia acontecido. 
Seu pai então respondeu: 
-Eu já imaginava que isso aconteceria e, infelizmente, não posso lhe dar outra flor, porque não existe outra igual a essa. Ela era única, assim como seus filhos, seu marido e sua família. Todos são bênçãos que o Senhor lhe deu, mas você tem que aprender a regá-los, podá-los e dar atenção a eles, pois assim como a flor, os sentimentos também morrem. Você se acostumou a ver a flor sempre lá, sempre viçosa, sempre perfumada e esqueceu de cuidar dela. 
Por fim, o pai amoroso e sábio concluiu: 
-Filha! Cuide das pessoas que você ama! 
* * * 
E você,tem cuidado das flores raras que Deus lhe empresta, em forma de filhos, esposa, esposo, irmãos e outros familiares? 
Lembre-se sempre que seus amores são flores únicas que lhe compete cuidar. 
Problemas surgem. 
O trabalho pode ser feito mais tarde. 
Compromissos sociais podem ser adiados, mas os filhos dependem dos seus cuidados constantes para que não venham a fenecer... 
* * * 
Cada pessoa é uma flor única... 
Não há no Universo outra igual... 
O Divino cultivador as deposita em nosso lar, confiando-as aos nossos cuidados. 
E para que essas flores raras possam perfumar sempre o ambiente, ofertando-nos sua beleza, é preciso que as podemos de vez em quando e as reguemos todos os dias com gotas de afeto e compreensão. 
Pense nisso, mas pense agora! 
Redação do Momento Espírita com base em mensagem intitulada A flor, de autor desconhecido. Disponível no livro Momento Espírita v. 5, ed. Fep.
Em 25.06.2012.

sábado, 13 de março de 2021

AS FLORES QUE DEUS NOS DEU

Ao compor o nosso lar Terra, Deus o encheu de flores. 
Certamente para amenizar as dificuldades que temos que enfrentar por aqui. Interessante que, em as observando, passamos a lhes conferir valores e as escolhemos como símbolos de afeição, sinceridade, amizade. Até de movimentos sociais. Quando estão abertas, elas simbolizam a natureza em seu maior esplendor. Representam a glória e refletem tudo o que esteja ligado à beleza, à juventude, à paz, ao Espírito e à primavera.
Para os astecas e os maias, as flores possuíam uma simbologia sagrada e de perfeição. Isso porque os jardins repletos de flores representavam não somente um ornamento, mas estavam associados aos deuses e à criação do Universo. 
Por sua vez, nas passagens bíblicas elas surgem como símbolos da beleza, do amor. Jesus se serve dos lírios e da erva do campo para falar da Providência Divina. 
Nas culturas ocidentais, a flor-de-lis e o lírio simbolizam a pureza, a virgindade, a beleza e a renovação espiritual. 
Em alguns momentos, flores se tornaram símbolos de momentos marcantes. 
Os cravos, por exemplo, são conhecidos como as flores do recomeço. No dia 25 de abril de 1974, aconteceu a Revolução dos Cravos, um marco para a democracia portuguesa, que deixava para trás um passado trágico, regido pela ditadura. Os soldados colocaram cravos vermelhos na ponta das armas e assim, a flor ficou simbolizando a nova fase política daquele país. 
Por sua vez, a camélia, favorita dos mandarins e monges chineses, foi imortalizada pelo famoso escritor Alexandre Dumas, em seu romance A dama das camélias. Na História brasileira, conforme os escritores que descreveram as lutas abolicionistas, na segunda metade do século XIX, a camélia era símbolo do movimento. A escolha dessa flor se deu porque havia, no Rio de Janeiro, um famoso quilombo no bairro do Leblon onde eram produzidas flores, especialmente camélias, que abasteciam a então capital do país. Desde muito que a camélia, natural ou artificial, era um símbolo da ala radical do movimento, utilizada inclusive como senha para a identificação dos seus participantes. Os que se envolviam mais perigosamente no movimento, apoiando fugas, criando esconderijos, usavam camélias. Qualquer escravo que fugisse encontrava um protetor, identificando-o pela camélia que a mulher ostentava no decote e o homem na lapela. A própria Princesa Isabel era vista, em público, com camélias no decote. O palácio imperial de Petrópolis, por sua iniciativa, teve seus jardins cobertos de cameleiras. Em 13 de maio de 1888, no momento em que assinava a Lei Áurea, foram-lhe entregues dois buquês de camélias. Um era artificial, em nome do movimento vitorioso. O outro, de flores naturais, vindas do quilombo do Leblon, enviadas por gente do povo, que o abolicionista Rui Barbosa definiu como a mais mimosa das oferendas populares. 
Flores, dádivas de Deus para alegrar e perfumar as nossas vidas. 
Quem as pode contemplar sem se emocionar com a beleza, o aroma, as cores tão diversas, que falam da generosidade de um Deus Pai, Amoroso e Bom? 
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.10.2019.