domingo, 28 de fevereiro de 2021

FIZ PORQUE ERA CERTO

LUCAS EDUARDO
O que você faria se encontrasse uma carteira com mil e quinhentos reais na rua, perdida? 
Numa das capitais do país, um menino de doze anos não teve dúvida: devolveu! 
E o pré-adolescente Lucas Eduardo virou exemplo no bairro onde mora. O menino tímido encarou a situação com simplicidade surpreendente. 
-Eu fiz porque era o certo. Imaginei que a pessoa iria precisar do dinheiro para pagar as contas, ir aos médicos, contou Lucas, em entrevista a um jornal daquela cidade. 
Lucas tinha razão. 
Evanir havia saído na manhã de segunda-feira com o objetivo de pagar as contas do mês. Viúva há sete anos e aposentada há mais de duas décadas, ela vive sozinha, com renda bem apertada. Para devolver o dinheiro, o menino teve ajuda da direção da escola onde estuda, a fim de localizar o número do telefone e comunicar-se com a idosa. Assim, ela ficou sabendo que os valores que perdera haviam sido encontrados e que estavam em boas mãos. O gesto do estudante comoveu gente de todas as idades e classes sociais na região. Dezenas de pessoas entraram em contato com a escola, onde ele estuda, para elogiar a honestidade do menino e oferecer doações. Lucas, de família humilde, tinha um sonho: ter um videogame. Ao saber da história, uma doadora anônima decidiu presentear Lucas e seus irmãos com o Playstation dos seus filhos. A história do menino não parou por aí. Ganhou repercussão internacional: chegou, inclusive, aos Estados Unidos. Uma brasileira, que lá reside, telefonou, comovida com o gesto, e ofereceu doações ao menino. Um empresário emocionado foi além: conversou com Lucas sobre a importância de sua atitude e retribuiu seu gesto com um presente: deu-lhe a mesma quantia que Lucas devolveu à dona Evanir: mil e quinhentos reais. A idosa, que recebeu a devolução, afirmou: 
-Tão pequeno e com toda essa honestidade. É muito bonito. Às vezes, pessoas da nossa própria família não devolvem o dinheiro. 
* * * 
Até quando a honestidade será exceção em nosso mundo? 
Até quando precisaremos comemorar gestos como esse, que já deveriam ser normais, naturais, como foram para o menino Lucas? 
A honestidade estava dentro dele. 
Talvez nem tenha necessitado ser aprendida em casa. 
Estava no Espírito. 
-Fiz porque era o certo. 
Quando temos esse contato íntimo com nossa consciência, passamos a ter menos dúvidas entre o certo e o errado. 
Ambos ficam muito claros em todas as situações. 
Não se precisa pensar muito se vai se jogar lixo no chão, se vai devolver o troco certo, se vai contar a verdade – tudo isso passa a ser natural. 
O bem precisa se tornar hábito e ir substituindo o mal aos poucos. 
É assim que nos transformamos e transformamos a sociedade. 
Se queremos que o tal jeitinho desapareça, precisamos, de uma vez por todas, incorporar este espírito de fiz porque era o certo, independente se o certo é o melhor para nós ou não. 
É o certo e pronto. 
Consultemos a consciência. 
As respostas estão sempre lá, onde estão inscritas todas as leis de Deus.
Pensemos nisso. 
Façamos o certo. 
Redação do Momento Espírita, com base em reportagem publicada no site www.sonoticiaboa.band.uol.com.br, em 22 de agosto de 2013. 
Em 26.10.2013.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

FIXAÇÃO MENTAL

Orson Peter Carrara
Você já teve a sensação de que não fechou a porta, não desligou o ferro elétrico, não travou o carro, não apagou a luz? 
Essas situações surgem, pondo em dúvida o que, há poucos minutos, tínhamos como uma certeza. 
Se nós nos deixamos atormentar por tais idéias, elas passam a fazer parte do nosso cotidiano, transformando-se em neuroses que, em escala maior, causam-nos prejuízos. 
É a chamada idéia fixa, fixação mental ou monoidéia. 
Nessa mesma linha de raciocínio, os sentimentos de ciúme, de inveja, o fanatismo político, religioso e esportivo, considerados os graus de intensidade, podem causar danos à nossa economia espiritual. 
Causados por essas idéias fixas, surgem as ansiedades, os medos, as inseguranças, as mágoas guardadas, entre outros males. 
Quando agasalhamos esses sentimentos em nossa intimidade, de maneira a nos deixar atormentar por eles, a tal ponto que se constituam em idéia fixa ou monoidéia, poderemos gerar desequilíbrios e perturbações de difícil remoção. 
Se percebermos as insinuações dessas idéias negativas tentando instalação em nossas mentes, envidemos esforços para expulsá-las imediatamente. 
Empreguemos a vontade firme, a iniciativa, a perseverança nos bons propósitos, a fé e a paciência, como verdadeiros antídotos para expulsar essas idéias perniciosas. 
A transformação moral, a ação no bem, os nobres ideais do sentimento, da arte, da cultura, são medidas eficientes na prevenção de idéias indesejáveis. 
Se, por vezes, nos encontramos enredados nas teias de circunstâncias perturbadoras, façamos uma análise dos pensamentos que alimentamos, pois neles estão a causa desses desequilíbrios. 
Portanto, manter a mente e as mãos ocupadas no trabalho nobre são medidas profiláticas, que nos fortalecem espiritualmente, predispondo-nos à libertação definitiva dessas verdadeiras prisões mentais. 
Busquemos arejar a nossa mente com o otimismo, com leituras edificantes, com fé em Deus, permitindo-nos ser felizes tanto quanto se pode ser feliz sobre a Terra. 
Jesus asseverou que onde estiver nosso tesouro, aí estará nosso coração.
Que a esperança seja o nosso grande tesouro e que nosso coração possa estar sempre balsamizado por suas luzes, iluminando-nos a alma e ajudando-nos a libertar-nos, em definitivo, das prisões mentais que tanto nos infelicitam. 
* * * 
Nos momentos em que nos permitimos fixações mentais desajustadas, Espíritos infelizes podem sugerir-nos idéias maléficas, aumentando nosso desequilíbrio. 
Nessas situações, podem incitar-nos o orgulho, a sede de vingança, o ciúme, as fobias, entre outros males. 
Não foi outro o motivo pelo qual Jesus recomendou vigilância e oração. 
A vigilância sobre os pensamentos que emitimos, a fim de que possamos controlá-los, não nos permitindo cair nas sugestões infelizes de Espíritos atormentados.
E a oração, na busca de inspirações nobres vindas do Alto. 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Fixação mental, de Orson Peter Carrara, da Revista Reformador, de setembro de 1996, ed. Feb.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

ARQUITETO, ESCULTOR, MAESTRO!

Abraham Cressy Morrison
Cressy Morrison, que foi presidente da Academia de Ciências de Nova York, dizia que a vida é um arquiteto maravilhoso, que ergue nas profundezas submarinas os castelos de algas e de corais. É um extraordinário escultor, que trabalha cada folha e talhe, ramículos e contornos jamais repetidos em qualquer outra flor ou folha encontrada na Terra. É o paciente professor de música que ensina cada pássaro a entoar a sua canção de amor. É o químico sublime, que dá a cada fruta o seu sabor característico e inconfundível. É o perfumista caprichoso, que transforma o humo em aroma. Ao declarar a Sua crença em Deus, entre outros itens, Morrison exalta o instinto animal, cujo mecanismo ainda desconhecemos. É esse instinto, por exemplo, que faz com que diversas espécies de peixes, ao redor do mundo, nadem contra a correnteza, para realizar a desova, todos os anos. É o fenômeno da piracema, palavra tupi, que significa subida do peixe. No momento da fecundação, que ocorre externamente, a fêmea lança óvulos na água e o macho lança os espermatozoides diretamente sobre eles. Depois disso, eles descem novamente o rio. Vale destacar que ovos e larvas também fazem a viagem no sentido contrário ao da piracema, enquanto amadurecem. 
Quem governa esse trânsito? 
Quem idealizou esse planejamento? 
Quem pensou? 
Há os que afirmam se tratar de um plano da natureza. 
Com certeza, mas quem o esquematizou? 
Se observamos um João-de-barro ficamos ainda mais intrigados. Quando chega a época do acasalamento, ele sobe na árvore mais alta para erguer o seu ninho. Mas, antes de colocar a porta, ele vai ao galho superior e coloca o bico na direção dos ventos, para saber de que direção virão os ventos no inverno. Então, ele abrirá a porta do lado oposto, a fim de preservar a sua prole. E não erra nunca. O casal constrói a casa com paredes de três a quatro centímetros de espessura, usando barro úmido, esterco, palha. Fica completamente pronta entre dezoito e trinta dias, dependendo das chuvas ou da seca. O ninho finalizado pesa de quatro a cinco quilos e suporta até cem quilos, além da chuva forte, ou calor do sol. Dividido em dois cômodos, num deles, acolchoado com penas, a fêmea depositará os ovos. 
Se tudo isso nos fala da Excelência Divina, que é exatamente essa inteligência que assim estabeleceu, essa pequena ave nos dá várias lições. 
A do trabalho conjugal em conjunto. 
A da preservação da espécie. 
A da solidariedade e da sustentabilidade do meio ambiente. 
Porque quando o ninho é abandonado, passa a ser ocupado por canários-da-terra, andorinhas, tuins e pardais. 
Perseverança, luta infatigável é outra lição. 
Um amigo observou que, depois de uma tormenta terrível, que destruiu cidades, também a casa do João-de-barro, em sua propriedade, fora destruída. 
Pois sobre a base que ficara, mal acalmou-se a natureza, o casal retornou ao trabalho de reconstrução do seu lar. 
Aprendamos com esses exemplos e, em tudo, louvemos o Criador dessas excelências que nos encantam a alma. Deus, o Arquiteto, o Escultor, o Maestro. 
Redação do Momento Espírita, com transcrições de frases do artigo Razões para crermos em Deus, de Cressy Morrison. 
Em 25.2.2021.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

FISSURAS

A parede era robusta, aparentemente inabalável. Suportava ventos fortes e chuva intensa há anos. Fazia parte de uma grande fortaleza, a qual ninguém arriscava atacar porque parecia ser intransponível. No entanto, na sua face sul, onde o sol raramente tocava, havia uma irregularidade quase imperceptível. Era o resultado da pressa em sua execução ou, quem sabe, do descuido de um dos executores da obra. Agora, porém, isso pouco importava, afinal, aquela muralha estava erigida ali há tempos e os responsáveis por ela nem mais andavam sobre a terra. No entanto, aquela imperfeição ao longo dos anos acabou servindo de depósito natural da água da chuva e dos detritos trazidos pelo vento. Aos poucos, a água foi se infiltrando no muro e trilhando um caminho próprio em busca de uma saída entre as rochas reunidas por espessa argamassa. Com o passar do tempo, uma fissura surgiu onde antes havia apenas uma depressão quase invisível. Essa fissura, alimentada pelas águas das chuvas e pelo limo que invadira a parede úmida e fria, foi se expandindo, até tornar-se uma assustadora rachadura. Agora, era vista mesmo à distância e parecia ameaçar a solidez daquela estrutura. O tempo corria veloz sem que providência alguma fosse tomada. A rachadura já corrompia a parte inferior do muro que, atingida pela umidade, deteriorava-se a olhos vistos. Em uma noite fria, quando o temporal ruidoso e inclemente avançava sobre a praia próxima, a ventania atingiu a muralha com violência. A muralha, que suportara tempos antes ventos ainda mais fortes, desta vez não resistiu. Corrompida pela água, que durante anos deteriorou sua base e parte de seus materiais, a grande parede cedeu. Tombou pesadamente como se estivesse cansada de resistir em vão. Como um robusto carvalho se permite um dia tombar depois de tantos anos de majestade, também aquela murada, traída pela pequena fissura, entregou-se à ação do tempo. Uma simples fissura, decorrente de uma imperfeição aparentemente insignificante, causou a queda do grande muro. E hoje, os que passam ao lado das ruínas daquilo que um dia já foi uma imponente fortaleza, ignoram que a destruição daquele monumento grandioso iniciou-se com uma mera e banal rachadura. 
Assim também são os vícios humanos. 
Hábitos infelizes, considerados como atitudes corriqueiras e comuns na sociedade, podem corromper grandes mentes. 
Hoje são apenas fofoquinhas a servir de passatempo aos desocupados.
Amanhã serão mentiras ardilosas a destruir lares e prejudicar vidas. 
Hoje, são apenas goles de bebidas alcoólicas para descontrair. Amanhã, serão drogas ainda mais pesadas a arruinar centros nervosos e lesionar profundamente os destinos. 
Hoje, são pequeninas barganhas para garantir que as crianças obedeçam.
Amanhã, serão pesados subornos para realizar o que o dever já impunha desde muito. 
Os vícios surgem como pequeninas fissuras na conduta humana. 
Em um primeiro momento não despertam grandes receios e chegam, até, a ser ignorados pelos menos avisados. 
No entanto, com o passar do tempo, vão se agigantando e invadindo o espaço que deveria ser da virtude. 
Abalam estruturas que pareciam sólidas e destroem futuros venturosos.
Arrastam o ser para o lodaçal da culpa e do arrependimento, onde se encontram chafurdados os escombros das ilusões do ontem. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 08.03.2010.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

O VALOR DA AMIZADE

GUARACY PARANÁ VIEIRA
ESPÍRITO
Ser amigo e ter amigos são grandes alegrias em nossas vidas. A presença de um amigo torna nossa existência mais feliz. 
O que sentimos quando estamos perto de nossos amigos mais amados?
Como se manifestam as batidas do nosso coração? 
O que temos vontade de dizer para eles? 
Com certeza, as respostas a estas questões estão relacionadas a bons sentimentos, boas palavras, porque a amizade é uma grande riqueza que podemos cultivar em nosso dia a dia. Sim, a amizade precisa ser cultivada da mesma forma que dispensamos cuidados diários a uma planta rara. Ela necessita da rega generosa das palavras, do sol amistoso dos contatos, da terra fofa da generosidade. 
A vida é uma construção cotidiana, a partir de nossas realizações, nossos desejos, nossas ações, nossos sentimentos. 
Como certa inspirada compositora podemos dizer que não é algo como chegar no topo do mundo e saber que venceu. 
É mais sobre escalar e sentir que o caminho nos fortaleceu. 
A vida não está pronta e definida. 
Temos algumas vitórias que devemos comemorar pelo esforço e dedicação empenhados na tarefa. 
Também podemos comemorar o esforço a cada passo dado no caminho com a consciência de que, em nosso percurso diário, podemos aprender constantemente e nos sentirmos mais fortes e entusiasmados. 
Digamos que a vida é como ser abrigo e também ter morada em outros corações. 
E assim ter amigos em todas as situações. 
Na trajetória terrena, podemos ser guarida para muitos corações amigos. Também podemos construir morada na vida daqueles que percorrem esta jornada terrena conosco. É assim que vamos criando os laços de amizade que nos iluminam. 
No entanto, lembrarmos que não podemos ter tudo. 
Qual seria a graça do mundo se fosse assim? 
Encontramo-nos em desenvolvimento, por isso ainda não temos tudo. Mas, podemos nos alegrar com as conquistas que vamos alcançando, a pouco e pouco. 
Podemos imaginar que se tivéssemos tudo que desejássemos, talvez ficaríamos acomodados, sem perseguir progresso e melhorias. 
Por isso, eu prefiro sorrisos e os presentes que a vida trouxe pra perto de mim – dizem os versos da canção. 
E nós? 
Somos dos que preferimos os sorrisos e os presentes que a vida nos traz?
As coisas materiais são passageiras, mas as pessoas que verdadeiramente cativamos, em nossa trajetória, são para sempre. Estejamos conscientes que a amizade é conquista do sentimento. 
A amizade une as criaturas. 
Dá a mão aos mais fracos. 
Ameniza a solidão de quem se sente ao abandono. 
A amizade zela e abençoa, ajudando sempre. 
É benigna, gentil. 
É perseverante. 
A amizade nos prepara para voos mais altos de abnegação e sacrifício.
Para o amor. 
Cultivemos nossas amizades, trazendo essa primavera em flor para dentro de nós. 
Permitamo-nos nos envolver por esse perfume suave, essa terna melodia, arrefecendo as agruras das nossas existências. 
Enriqueçamos, por nossa vez, as vidas dos nossos amigos com a benfazeja presença da nossa amizade verdadeira, sólida, fiel. 
Redação do Momento Espírita, com transcrição de versos da música Trem-bala, de Ana Vilela e frases do cap. 20, do livro Perfis da Vida, pelo Espírito Guaracy Paraná Vieira, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Em 23.2.2021.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

FINALIDADE DE EXISTIR

Você já se perguntou qual o significado de tudo o que vem vivendo? 
Já parou, em algum momento, se questionando a respeito do porquê de toda a correria, dos desafios, das dificuldades e compromissos que a vida impõe? 
Muitos de nós estabelecemos metas a serem alcançadas nesta existência.
Para alguns, é o diploma universitário. Após significativo esforço, vem essa conquista. Então, sucedem-se novos desafios, cursos, pós-graduação, mestrado, doutorado, diversos aprendizados. 
Para outros, a meta é angariar bens terrenos: o carro do ano, último modelo, um terreno, a moradia, casa para veraneio, apartamento à beira-mar. 
Das conquistas de pequena monta, natural que se sucedam outras de valores mais significativos e desafiadores. 
Para pais e mães, a criação e educação dos filhos é meta permanente, que se sucede nos anos, até que eles ganhem autonomia e estabeleçam seu próprio caminhar. Essas metas e conquistas para a vida são importantes, significativas e mesmo imprescindíveis. 
Porém, será esse, efetivamente, o verdadeiro significado da vida?
Alcançadas as metas intelectuais, obtidos os bens materiais, cumpridas as obrigações com a criação dos filhos, qual o objetivo da existência? 
Em reflexão mais profunda, vamos perceber que todas essas metas que nos propomos, ou que nos sejam impostas pelas circunstâncias, não constituem o grande objetivo da vida. São apenas os meios de que ela se utiliza para seu grande intento. 
Porém, se não nos damos conta disso, teremos a falsa impressão de que a vida perde seu sentido e lógica. 
Sem reflexões profundas a respeito do sentido da existência, somos envolvidos pelas obrigações, pelos compromissos, sem percebermos que são apenas instrumentos de crescimento. 
O objetivo maior da vida não é conquistar diploma, adquirir bens, criar filhos, pagar impostos, cumprir as obrigações sociais. 
Viver é muito mais do que os fenômenos fisiológicos que percebemos.
Viver é o grande laboratório para nossa alma. 
Restringir a vida a um punhado de anos entre o berço e o túmulo, é limitar a grandiosidade de almas imortais que somos a uma mortalidade que não nos pertence. 
Assim, é necessário que reflitamos sobre a grandeza de nossa essência espiritual, com a convicção de que somos Espíritos imortais. 
Ao compreendermos a essência espiritual que somos, saberemos adotar as medidas adequadas para resolver nossas dificuldades diante da vida. 
O que era fim por si só, passa a ser o meio para alcançar o verdadeiro fim.
E passamos a compreender que a grande finalidade da vida é a construção da felicidade, através de nosso progresso e da melhora íntima.
Jesus, Mestre Incomparável nos propõe: 
-Buscai primeiro o reino dos céus e sua justiça, e tudo mais vos será acrescentado. 
E narra a parábola do homem rico que se dispõe ao gozo pleno, chamando-o louco, pois naquela mesma noite a morte lhe viria arrebatar a alma. 
Que seria pois de suas riquezas? 
A indagação nos cabe e nos serve. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 23.10.2014.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

NOSSO PRÓXIMO NATAL

Todo ano, o mês de dezembro, em quase todo o mundo, se prepara para as comemorações natalinas. As grandes cidades se enchem de luzes, de cores, no intuito de atrair os turistas para o seu comércio. Embora todo esse apelo comercial, por muitos criticado duramente, há uma nota especial que, por vezes, não nos damos conta. Exatamente porque fixamos os olhos no estritamente material. 
São os cânticos de Natal, entoados por ícones da música internacional, em teatros, em igrejas, em coretos, nas praças públicas, emocionando as pessoas, remetendo-as ao verdadeiro sentido dessa data: o nascimento do Ser mais extraordinário que já habitou este planeta. Nada menos do que nosso Rei Solar, Jesus, o Cristo. 
Dramatizações de Sua chegada ao planeta, a visita dos pastores, a chegada dos magos, adorando-O, tudo é recordado com detalhes. 
Nessa evocação ao Rei Celeste, os versos das canções são como preces dirigidas ao Aniversariante. Algumas delas, verdadeiras pérolas de luz, como a concebida por um compositor italiano. Normalmente, nos habituamos a rogar ao Divino Mestre, na qualidade de Pastor de nossas almas, que nos dê forças, que nos renove a esperança, ante tantos problemas que ainda nos envolvem. Possivelmente, jamais tenhamos pensado como se sente Aquele que é nosso Modelo e Guia ante a visão deste mundo de tantas diferenças, preconceitos e dores. 
Será que, vez ou outra, não se entristece por nos reconhecer tão rebeldes, apesar de todo Seu exemplo e orientação? 
Será que não chora, como o fez, mais de uma vez, quando esteve entre nós, por nos ver sofrer tanto, na certeza de que, se nos modificássemos, menos problemas teríamos a enfrentar? 
Será que pensamos alguma vez como se sente Jesus em relação a esta nossa teimosia em permanecer em sombras, ou fazendo esforços tão pequenos para nos modificarmos?
Exatamente sob esse prisma é que o compositor escreveu os versos que dizem mais ou menos assim: 
Quando à noite, oro em minha cama, penso naquilo que se vê dos céus: todo o mal que ainda vivemos na terra. 
Cada lágrima que desce, sobe para o céu. 
Tu me perguntas o que pode fazer uma criança tão pequena. 
Com amor, eu penso que posso fazer muito. 
Por exemplo, consolar um pouco a ti, Jesus. 
Força, Jesus. 
Não te preocupes se o mundo não é tão belo, visto dos céus. 
Com teu amor, podemos sonhar e ter um pouco do céu aqui na Terra.
Quando faço a oração da manhã, peço por minha irmã, meu papai e por mamãe que, tão próxima, me sorri.
Isso me dá grande felicidade. 
Mas, eu penso nas crianças que não são tão felizes como eu, porque é muito difícil crescer sem amor. 
Tudo isso deve ser muito triste para o Teu coração, Jesus. 
Mas, eu acredito que seja importante a prece de uma criança, porque no seu coração tem a beleza que Te faz sorrir. 
Exatamente essa beleza que salvará o mundo. 
Força, Jesus. 
Com Teu amor podemos sonhar e ter um pouco do céu aqui mesmo... na Terra. 
* * * 
Que o nosso próximo Natal nos encontre com essa disposição de amar e muito melhores... 
Afinal, até lá teremos vivido muitos dias e meses, nesta escola chamada Terra. 
Redação do Momento Espírita, com versos da canção italiana Forza, Gesù, de Zecchino D’Oro. 
Em 22.2.2021.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

FINALIDADE DA VIDA

Não são poucos os filósofos, pensadores, religiosos que, ao longo da História da Humanidade, vêm se debruçando em torno de uma indagação que, não raro, também toma a mente de nós todos: 
-Afinal, qual o significado da vida? 
- Por que estamos nesta vida? 
Para alguns, a vida se faz com tranquilidade e dias previsíveis e de paz, a navegar em mar calmo e sereno. 
Para outros, os dias são batalhas, esforços, dores e dificuldades, como tempestades a se suceder, mal terminando uma, para logo se armar outra.
Há aqueles que passam pela vida como quem está em um parque de diversões, na busca de prazeres e emoções fortes, sem compromissos de ordem alguma. 
Há outros para os quais a vida se faz sinônimo de trabalho, em anseios por melhora financeira, por amealhar bens, garantindo sustento e segurança monetária para o futuro incerto. 
Há aqueles que elegem os valores do individualismo e do egoísmo. 
Outros desdobram-se na preocupação com o próximo, nos valores da solidariedade e da cidadania. 
Frente a tantas diferenças, tantas experiências e vivências, naturalmente haverá dias em que nos perguntaremos: 
-Qual a finalidade da vida? 
Se materialistas, responderemos a essa pergunta dizendo que a vida é para que desfrutemos de seus prazeres, não importa como e a que preço, pois quando a vida se esvair de nós, tudo estará consumado. 
Se imaginamos a vida única e singular a esta existência, nossa resposta será que a vida é desafiadora e algo injusta, pois nessa única experiência nosso destino para após a morte será traçado. 
Porém, se entendermos esta vida como mais um capítulo de um longo livro, que iniciou sua escrita desde há muito, veremos tudo sob outro prisma. 
Entenderemos que a vida, sob o foco da Imortalidade da alma e da multiplicidade das existências, é mais uma oportunidade que o Senhor nos oferece para que nosso progresso se faça. 
Assim, os desafios e oportunidades são sempre as lições melhores que a Providência Divina pode nos ofertar, para que novas conquistas alcancemos. E, desta forma, entenderemos que o maior significado da vida é o do aprendizado das coisas de Deus, das Leis que regem o Universo, da melhoria e progresso individual. 
Seja esse progresso intelectual, através do investimento em nossa formação, em nossa capacidade intelectiva, seja o progresso moral, através da transformação de valores menos nobres para aqueles consentâneos com a Lei de amor, que rege a tudo no Universo.
Lembremo-nos, portanto, que se dificuldades e problemas de grande monta batem à nossa porta, é o convite para novos aprendizados. 
Assim também os dias de bonança e ventura serão dias de aprendizado das coisas da vida, das coisas de Deus. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 28.05.2011.

sábado, 20 de fevereiro de 2021

O QUE NOS É DADO GRATUITAMENTE

Em tempos da pandemia assolando nações, temos registrado, igualmente, manifestações muito positivas. Um vídeo nos chamou a atenção e descreveremos as cenas, ao sabor da nossa própria imaginação, acrescentando frases e ideias. O locutor fala de um homem, na Itália que, aos noventa e três anos, foi hospitalizado com Covid-19. Ao ter alta hospitalar, foi-lhe informado que deveria pagar a quantia de quinhentos euros pela utilização do respirador artificial. Lágrimas rolaram pelas faces do idoso. O médico lhe disse que ele não deveria chorar pela conta. Afinal, tudo poderia ser resolvido. Um acordo poderia ser feito. Ele poderia negociar a dívida, na tesouraria do hospital. Não havia motivo para que ele viesse a se desesperar. No entanto, ainda emocionado, respondeu o italiano: 
-Doutor, não choro porque preciso pagar esse valor. Eu disponho do dinheiro, sem problemas. É que me dei conta de que preciso pagar por ter utilizado um respirador que me permitiu respirar, na crise epidêmica. No entanto, eu respirei o ar de Deus por noventa e três anos, e nunca, sequer, agradeci por isso. Registro agora o quanto devo a Deus: noventa e três anos de ar gratuito. Ar que encheu meus pulmões, que me permitiu viver, correr, trabalhar, amar, constituir família. Todos os dias da minha vida! Eu viajei a muitos países e em nenhum deles paguei imposto ou qualquer taxa pela utilização do ar marítimo, da montanha, dos vales, das florestas. Nunca precisei disputar vaga para ter acesso a esse ar. Como pude viver tanto e não perceber essa grande dádiva, diária, constante, todos os dias?
 * * * 
Diariamente, recebemos muitas dádivas de Deus. 
O ar que respiramos é apenas uma delas. 
Cabe-nos o dever, como usufrutuários deste imenso lar, chamado Terra, que não o contaminemos, com nosso desleixo, com nossas agressões ao meio-ambiente. Isso é o mínimo que nos compete fazer. E, respirando longamente, agradecer ao bom Pai que tudo dispôs para nossa vida no planeta. 
Se precisamos trabalhar pelo alimento, pelo abrigo, pela vestimenta, lembramos que a Divindade nos recompensa o labor. 
Como relatou o escrivão oficial de Pedro Álvares Cabral, esta é uma terra abençoada em que, nela se plantando, tudo dá. 
Vivemos em um planeta extraordinário. 
Semeamos e colhemos. 
Regamos e vemos a planta brotar, crescer, oferecer flores e frutos. 
Os campos verdejantes se estendem a perder de vista. 
A floresta exuberante nos mostra a sua diversidade, que acolhe as mais variadas espécies animais. 
Que planeta é este, tão rico, tão magnífico? 
Quanto nos é dado, de forma gratuita. 
Com a nossa gratidão, nos cabe uma outra reflexão: que direito temos de açambarcar somente para nós os bens da Terra?
Se o Pai amoroso e bom nos dá o exemplo da generosa oferta a todos, de igual forma, das bênçãos do ar, da natureza, da vida, não nos cabe lhe seguir o exemplo e sermos um tanto mais fraternos? 
Essa é uma grave reflexão para nossos dias de gratidão, agora, enquanto sentimos o ar nos penetrar os pulmões, respirarmos sem dificuldades, sem ônus algum. 
Pensemos a respeito. 
Redação do Momento Espírita, a partir de vídeo motivacional assinado por Fábio Nunes. 
Em 20.2.2021

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

POR QUE MINHA ALMA ESTÁ FERIDA?

Quando olho o mundo e vejo pessoas tão devotadas ao bem, me pergunto: 
-Por que não sou assim? 
- Por que não tenho essa vontade de me erguer e levantar uma bandeira por alguma ação solidária? 
Vejo muitas crianças dando exemplos de altruísmo, de devotamento, de empatia com o sofrimento alheio. Comemoram seus aniversários pedindo doações para terceiros, em vez de desejarem brinquedos e jogos para si mesmos. Escrevem poesias, livros, cantam, dançam para alegrar a vida de outras pessoas. 
Ante tanta bondade, me indago por que não tenho essa mesma disposição. 
-Por que não brota em mim uma ideia que possa auxiliar o próximo? 
-Por que não me sinto forte o bastante para iluminar o caminho de alguém? 
-O que me falta? 
 * * * 
É possível que pensamentos semelhantes a esses, vez ou outra, povoem a nossa mente e nos consideremos pessoas de menos valia. Não nos permitamos caminhar por essa via que somente nos levará a eventual tristeza, com possibilidade de migrarmos para uma depressão. 
Podemos ser pessoas que ainda temos conflitos interiores. E, então, o que antes de mais nada precisamos fazer é lidar com eles. Precisamos buscar auxílio terapêutico profissional e trabalharmos nossa intimidade. 
Mas, aliado a esse valioso recurso, sirvamo-nos de outros tantos. 
Em primeiro lugar, lembremos do Pastor de nossas almas. 
Aquele que está sempre atento para as dificuldades que se nos apresentem. 
Ele está a postos, de braços abertos e coração amoroso. 
Basta que nos disponhamos a perceber o Seu auxílio. 
Precisamos descerrar as portas do coração para lhe sentir a presença.
Fechar os olhos e nos permitirmos ouvir na acústica da alma o 
-Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados e eu vos aliviarei. 
Quantos nos sentimos aflitos, pelo isolamento social que nos deixou distanciados de amigos, familiares, amores. Distanciamento que nos deixa com sede de abraços, de aconchego. 
Uma imensa saudade. 
Aflitos, quiçá, pelas questões que envolvem o sustento da família, o nosso próprio, a continuidade ou não na atividade profissional, ante o quadro da pandemia que parece não querer partir nunca. 
Sim, estamos sobrecarregados de problemas, de dificuldades, parecendo-nos carregar o mundo sobre os ombros. 
Então, deixemo-nos abraçar por esse Mestre de amor. 
Ele nos alimentará a alma e sossegará nossa mente. 
Mais tranquilos, poderemos observar como nem tudo é tão negro quanto pensamos. 
Podemos nos alimentar com reuniões virtuais, para ver os rostos amigos, sorrir, trocar ideias, sustentarmo-nos mutuamente. 
Abraços os poderemos sentir a cada reencontro desses. 
Tanto quanto, se nos habituarmos a orar, sentiremos o bafejo de tantos que nos amam, da Espiritualidade. 
Nosso anjo de guarda, amores que se foram, Espíritos amigos que se interessam por nossas vidas. 
Portanto, promovamos nossa melhoria. 
Lavemos nossa alma com as vibrações da prece, alimentemos nossa mente com uma leitura edificante, uma música que emocione, que nos eleve. 
Assim, quando nós mesmos nos sentirmos mais tranquilos, alimentados pelo pão da alma, olharemos para nossos irmãos de outra forma. 
E, com certeza, nos disporemos a algo fazer em seu favor, hoje ainda, quem sabe... 
Redação do Momento Espírita 
Em 18.2.2021

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

EM BOA COMPANHIA

Há um ditado popular, muito conhecido, que diz: 
-Antes só do que mal acompanhado. 
Em geral, as pessoas não apreciam ficar sozinhas. Por esse motivo, por vezes, não escolhem bem suas companhias, deixando-se, até mesmo, se influenciarem por elas, e não aproveitando adequadamente seu tempo. 
Na verdade, nunca estamos realmente sozinhos. Sempre temos a companhia de nosso Espírito protetor, que alguns chamamos de anjo da guarda, e de outros Espíritos que atraímos com nossos hábitos e pensamentos. Mas, se precisamos de alguém ou de algo que possamos ver, tocar, ou com o qual aprender, tenhamos em mente algo que pode ser uma maravilhosa companhia: um livro! 
A palavra livro vem do latim libri, que se referia ao papiro, material usado na Antiguidade, sobre o qual a escrita era feita. 
No início, restrito a poucos. 
Após a invenção da tipografia, e, depois, do computador, é acessível a qualquer camada da população alfabetizada. 
O livro, silencioso e disponível, nos permite dar asas à imaginação, deixando, por alguns momentos, o mundo real e nos permitindo mergulhar no ambiente de paisagens, vestimentas, cores, descrito pelo autor. 
Temos a liberdade de conceber os personagens, de nos emocionar e vibrar com eles, de cogitar do desfecho do conto, da fábula, da história. Para as crianças, o bom livro desenvolve a curiosidade, as faz usar o tempo de maneira produtiva, e ensina, sem grande esforço, a língua pátria. 
Para os adultos, o livro é uma forma de lembrar constantemente a boa escrita. Consequentemente, a boa fala. 
Esse maravilhoso companheiro se encontra disponível em bibliotecas públicas e de escolas, em sebos, onde podemos encontrar uma imensa variedade de exemplares, inclusive de edições esgotadas. 
As livrarias oferecem locais agradáveis para sentarmos e ler partes do que pretendamos adquirir, para que não haja erro. 
Nesses locais, não raramente, encontramos amigos. 
A Internet nos fornece um meio facílimo de ler obras inteiras, sem precisar, sequer, sair de nossas casas, através de aplicativos, downloads ou e-book. 
Os livros com mensagens religiosas nos oferecem momentos de reflexão e acalmam nossa mente, trazendo-nos ensinamentos valiosos. 
Alguns educadores registram dificuldades em incentivar a leitura entre seus alunos, que, em consequência, demonstram problemas nas matérias onde a leitura é básica, e encontram barreiras em exames seletivos.
Estudiosos na arte da aprendizagem garantem que crianças que veem os pais lendo, que percebem que eles têm prazer ao ler, mostram maior interesse em leitura do que os filhos que não desfrutam desses exemplos.
 * * * 
O livro é um amigo que cabe em nossas bolsas, maletas, ou até mesmo em um bolso. 
Pode estar disponível no celular, no tablet, enquanto aguardamos o transporte coletivo, nos intervalos do trabalho, em rodoviárias e aeroportos ou em nosso lazer. 
Que tal nos dispormos a abrir espaço, a partir de hoje, em nossas vidas para esse amigo e companheiro? 
Redação do Momento Espírita. 
Em 16.2.2021.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

INVESTINDO NO FUTURO

ANDRÉ LUIZ E WALDO VIEIRA
Todos os domingos aquele homem era visto em frente ao templo religioso. Não sabiam o seu nome, nem de onde vinha. Passava algumas horas ali, no período da manhã e, da forma que aparecia, desaparecia até a semana seguinte. Um tanto mais do que maduro, podia-se qualificá-lo de idoso. Por se trajar de forma muito simples e ficar postado à porta do templo, foi confundido certo dia com um mendigo. Alguém lhe ofereceu uma esmola e ele, sorrindo, agradeceu, dizendo que não precisava dela, pois graças a Deus podia prover ao próprio sustento. Comunicativo, tinha uma forma toda especial de falar e quem quer que por ali passasse e resolvesse parar, logo se detinha em longa conversa com o velhinho. Contudo, ninguém lhe perguntava por que permanecia ali por algumas horas todo domingo. Até que, certo dia, alguém se aproximou dele e lhe perguntou o que fazia ali aos domingos, sem se importar com o tempo frio ou os dias de intenso sol e calor. A resposta foi rápida: 
-Estou esperando os meus netos saírem da aula de Evangelização. 
Na sequência, o bom homem foi esclarecendo o mistério de sua presença à porta do templo, todos os domingos. Ele trazia, desde alguns anos, seus dois netos para a Escola de Evangelização. Ficava do lado de fora, esperando a aula terminar para os levar de volta. 
-Quando eram menores, disse ele, trazia os dois ao mesmo tempo em sua bicicleta, porque longa era a distância. Agora, que já tinham seus oito e dez anos, mais pesados e maiores, ele trazia um, retornava para casa e buscava o outro. Ao final da aula, fazia o trajeto inverso. 
-Mas o senhor não cansa? 
Perguntou o interlocutor curioso. 
-Afinal, já não é tão jovem. 
-Não há problema, foi a resposta. Pois não dizem que é muito bom fazer ginástica, malhar, como falam os jovens? Pois enquanto muitos pagam academia para malhar, eu saio de bicicleta e faço exercício. Trago meus netos para ouvirem falar a respeito de Jesus, de Deus, das coisas boas que o homem deve fazer para se tornar feliz. Imagine que, enquanto conduzo meus netos para casa, eles vão me contando pelo caminho o que aprenderam. Cada dia mais me entusiasmo e fico à espera das suas aulas seguintes. Pode-se dizer que faço ginástica enquanto invisto na formação de meus netos e numa sociedade melhor para o futuro. E além de manter-me em forma e com disposição, aprendo sobre essas coisas que fazem bem ao Espírito da gente. 
* * * 
Orientar a infância é preparar o futuro risonho, pelo qual todos anelamos. Conduzir os pequeninos para Jesus é atender ao convite do Divino Mestre, permitindo que dEle se aproximem, não os impedindo por motivo algum. 
É na meninice corpórea que o Espírito encontra ensejo de renovar as bases da própria vida. 
Eis porque não lhe pode faltar a mensagem renovadora da Boa Nova.
Não nos esqueçamos de ver, sempre, no coração infantil o esboço da geração próxima, guardando a certeza de que orientar a criança é assegurar ao mundo um futuro melhor. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do cap. 21 do livro Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Waldo Vieira, ed. FEB. Em 17.2.2021.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

FINAL FELIZ

Ela sempre chora nos finais felizes dos filmes. Romances, dramas, comédias, épicos – mesmo os chamados água com açúcar, fazem seu coração sorrir, e é esse sorriso da alma que, toda vez, provoca a chuva dos olhos, como ela mesma denomina. Diz que ali estão respostas para a vida, que estão segredos jamais revelados antes, e que só a magia da sétima arte os pode desvendar. Ela é realmente apaixonada por cinema. Mas, muito mais do que uma simples admiradora, é alguém que busca trazer para sua vida, aquilo que a grande tela mostra. Cada final feliz, cada bela mensagem apresentada numa dessas produções, considera um recado dos anjos, uma inspiração Divina para que tenha forças, para que acredite na vida e na beleza das coisas. Cada beijo apaixonado, cada abraço apertado, lhe constitui um convite da vida, uma oportunidade que a existência lhe oferece para sonhar. Tudo que nossa imaginação alcance pode ser vivido e, quem sabe, muito mais do que isso, pois que nossa imaginação, nossos sonhos, ainda podem ser muito maiores e belos do que hoje são. Ela é alguém que todos, certamente, gostariam de conhecer, pois só de estar ao seu lado, de ouvir suas palavras inflamadas, de ouvir o otimismo na sua expressão mais pura, nos proporciona um bem muito grande, como o fez a todos aqueles que a conhecem. Talvez, a mais importante lição que ela tenha trazido à Humanidade seja a certeza de que todos nós, sem exceção alguma, teremos em nossas vidas um final feliz e que, se ele ainda não veio – e talvez não venha nesta existência, não em toda sua essência, está guardado para o futuro, para o porvir do nosso ser imortal. Ela ainda afirma para não vermos estas palavras como consolos tolos e poéticos para alguém em sofrimento, mas como a certeza mais certa deste mundo, pois estamos todos destinados à felicidade. 
Perceba melhor estas belas mensagens do cinema. 
Aconselha. 
Nelas podem estar respostas a muitas de suas perguntas e, também, muitos caminhos que aguardam por seus passos. 
 * * * 
Você deve estar curioso para saber quem é ela, e onde poderá encontrá-la para, quem sabe, conhecê-la. 
Pois bem, desde que esta mensagem, em homenagem a ela, deve ter um final feliz, dizemos que ela está mais próxima do que você imagina.
Podemos arriscar a dizer que ela está no coração de muitos de nós.
Ela é uma velha amiga... chamada esperança. 
* * * 
A arte de saber esperar... 
Eis o que é a esperança. 
Porém, esse esperar não é sinônimo de acomodação, de passividade. 
É um esperar dinâmico, pois age constantemente em busca do que deseja, e guarda no coração a certeza feliz de encontrar. 
Esperança é sublime lâmpada acesa no coração. 
É luz que ilumina as grandes noites da vida. 
Ter esperança é acreditar, um acreditar maduro e não cego, um acreditar que passeia pelas melodias da razão e do sentimento com maestria única.
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 28, ed. FEP. 
Em 9.9.2015.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

O FILÓSOFO DA SELVA

Nascido na Alsácia em 1875, Albert Schweitzer foi uma criança doentia, que demorou muito para aprender a ler e a escrever. Aluno medíocre em muitos aspectos, na música ele foi um autêntico prodígio: aos sete anos compôs um hino, aos oito, começou a tocar órgão e aos nove substituiu o organista em uma cerimônia. Depois de crescido, dispôs-se a dominar assuntos que lhe fossem particularmente difíceis. Era perito como carpinteiro, pedreiro, veterinário, construtor de barcos, dentista, desenhista, mecânico, farmacêutico e jardineiro. Escreveu livros eruditos sobre Bach, sobre Jesus e sobre a História da civilização. Aos vinte e seis anos tinha diplomas de doutor em filosofia, teologia e música. Aos trinta anos decidiu estudar medicina e partir para Lambaréné, na África Equatorial Francesa, como um missionário-médico. 
Por que medicina? 
Porque estava cansado de palavras e queria ação. 
Por que Lambaréné? 
Porque era um dos lugares mais inacessíveis e primitivos de toda a África, um dos mais perigosos, e porque lá não havia médicos.
Parentes e amigos tentaram dissuadi-lo, mas ele respondeu que se sentia obrigado a dar algo em troca da felicidade de que gozava. Em 1913, Albert Schweitzer e sua esposa – que havia estudado enfermagem para ajudá-lo - chegaram a Lambaréné, encontrando condições muito pouco favoráveis. O hospital foi construído praticamente do nada e pelas próprias mãos de Schweitzer. Os pacientes vinham de grandes distâncias, muitas vezes com as famílias. Não havia caminhos, nem calçadas. Não havia água corrente, nem eletricidade, a não ser na sala de operações, e também não havia raios X. Não havia qualquer espécie de mecanismo para esterilização. Era preciso ferver água sobre fogueiras de lenha. Durante anos houve falta de drogas e de ataduras. Schweitzer não esmoreceu, não obstante todas as dificuldades que enfrentava para manter o hospital e atender a todos os doentes que o buscavam. Jamais negligenciou na grandiosa tarefa que assumiu voluntariamente. Também nunca abandonou a música e o ensino. Sempre que voltava para a civilização, proferia conferências e palestras. Além disso, sua constante produção literária e musical, mantida a custo de muitas madrugadas insones, alcançou e encantou todo o mundo. Em 1952, recebeu o prêmio Nobel da Paz. Retornou à pátria espiritual em 1965, e seu nome até hoje é lembrado como exemplo de trabalho nobre, humanitário e incansável. 
* * * 
Espírito Francisco de Paula Vitor
Nos caminhos do mundo, as vidas são livros abertos a quem queira e saiba lê-los, aprendendo o que se deve ou não fazer. 
Toda vida traz em si a sua mensagem, seja desafortunada, seja luminosa e esplêndida. 
Dê sentido a sua vida para que a mensagem que dela se desprende seja digna de ser vivida, sorvida e ensinada, porque há sempre alguém se espelhando em seus rumos, tomando-os como se fossem os seus próprios. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Grandes vidas, grandes obras, ed. Ipyranga, 1968 e na introdução do livro Vida e mensagem, pelo Espírito Francisco de Paula Vitor, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 8.10.2014.

domingo, 14 de fevereiro de 2021

FILOSOFIA INFANTIL

Ele era um veterinário experiente e foi chamado para examinar um cão de raça irlandesa, chamado Belker. Os proprietários do animal, Ron, sua esposa lisa e seu garotinho Shane eram muito ligados a Belker e esperavam por um milagre. O veterinário examinou o cão e descobriu que ele estava morrendo de câncer. Disse à família que não haveria milagres no caso de Belker, e se ofereceu para proceder à eutanásia para o velho cão, em sua casa. Enquanto faziam os arranjos, Ron e lisa contaram ao profissional que estavam pensando se não seria bom deixar que Shane, de 4 anos de idade, observasse o procedimento. Eles achavam que Shane poderia aprender algo da experiência. No dia seguinte, o veterinário sentiu o familiar aperto na garganta, enquanto a família de Belker o rodeava. Shane, o menino, parecia tão calmo, acariciando o velho cão pela última vez, que o profissional ficou a pensar se ele entendia o que estava se passando. Dentro de poucos minutos, Belker se foi, pacificamente. O garotinho parecia aceitar a transição do amigo, sem dificuldade ou confusão. Então, após a morte do animal, todos se sentaram juntos, pensando alto sobre o fato da vida dos animais ser mais curta que a dos seres humanos. Shane, que tinha estado escutando silenciosamente, finalmente disse: 
-Eu sei porquê. 
Abismados, todos se voltaram para ele. O que saiu de sua boca, os assombrou. Nunca haviam escutado uma explicação mais reconfortante. Ele disse: as pessoas nascem para que possam aprender a ter uma boa vida, como amar todo mundo todo o tempo e serem bons, certo? 
O garoto de quatro anos continuou:
-Bem, cães já nascem sabendo como fazer isto. Portanto, não precisam ficar por tanto tempo. 
Interessante pensamento de um menino de quatro anos que traduz o sentimento de conforto e proteção que o cão lhe passava. 
Filosofia infantil que nos leva a meditar. 
Todos nascemos e renascemos na Terra para o aprendizado, para o crescimento intelectual e moral. 
Exatamente nesta ordem. 
O que nos compete, portanto, é aproveitar ao máximo os anos de vida, aprimorando o intelecto e progredindo em moralidade. 
Aprender a desculpar as pessoas, relevar atitudes de criaturas enfermas da alma, perdoar. 
Amar a todos todo o tempo, com certeza, demorará um tanto mais. 
Mas valem as tentativas, o aplacar o desejo de vingança, o não desejar mal a quem nos magoou fortemente, a quem nos relegou ao abandono.
Conviver com os diferentes, compreender atitudes que nos podem, à primeira vista, parecer estranhas, faz parte do crescimento individual. 
O Senhor das estrelas, estando entre nós, lecionou o amor incondicional a todos. 
Mestre incomparável, amou aos próprios algozes, suplicando ao pai perdão para os atos insanos que cometiam, condenando-o à terrível morte na cruz. 
Vivamos, pois, cada dia, conquistando intelectualidade e moral, sem desânimo. 
Um dia, que poderá não estar tão distante, vestidos de luz, haveremos de sentir o prazer de ser bom, de viver no bem, de amar de forma plena e incondicional. 
Pensemos nisso... 
Equipe de Redação do Momento Espírita com base em história de autor desconhecido. MHM. 
14.10.2006.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

FILIAÇÃO DIVINA

RAUL TEIXEIRA
E
O ESPÍRITO JOSÉ LOPES NETO
No programa televisivo, enfocava-se a questão da multiplicidade das existências. Presentes, representantes de religiões diferentes, eram argüidos um e outro, sucedendo-se os módulos com intervalos comerciais. O interesse do público era notório, pois as perguntas chegavam, através das linhas telefônicas, de forma ininterrupta. 
E cada qual respondia de acordo com os preceitos e conceitos de sua religião. 
Alguns, com a visão unicista. 
Outros, afirmando a existência das muitas vidas, ou seja, a reencarnação.
Hora e meia passada, encerrou-se o programa. Nos bastidores, as despedidas, os comentários. Despedindo-se de um dos representantes, o espírita lhe ofereceu a mão e lhe desejou paz, enfatizando: 
-Senhor, podemos pensar diferente em muitas questões religiosas. Contudo, em uma tenho certeza que ambos concordamos: o senhor e eu, ambos somos filhos de Deus. 
Filhos de Deus! 
Já nos demos conta de que fomos criados pelo amor Divino e que somos filhos desse Ser onipotente, soberanamente justo e bom? 
Filiação Divina! 
Foi Jesus que nos apresentou a Divindade como Seu Pai e nosso Pai. 
Pai de todos nós. 
Deus é Pai porque criou tudo e todos, estabelecendo que todos deverão “aprender a administrar tudo, ao longo das experiências evolutivas.” 
Deus é Pai porque faz questão de colocar Sua criação nas escolas dos Mundos, a fim de a retirar da ignorância e lhe abrir o entendimento a respeito de tudo que existe no Universo. 
Deus é Pai porque toma as lições aos Seus filhos, verificando a cada passo se os ensinamentos da vida abundante foram assimilados. 
Deus é Pai porque não pune. Antes, permite o resgate das faltas cometidas. 
Pelo exercício do livre arbítrio, dá a cada um a possibilidade de ser feliz ou desventurado, aprendendo a ser senhor do seu destino. 
Deus é Pai porque renova os ensejos das realizações, permitindo o avanço gradual e contínuo dos Seus filhos, no rumo da vivência feliz que todos anelamos. 
Deus é Pai porque nos aconchega quando a frieza do Mundo nos vergasta a alma. Quando a lágrima e a dor nos visitam, nos conforta. 
Enfim, por nos equilibrar em cada momento da existência sobre o Mundo, seja de felicidade ou de tormenta. 
Deus é Pai porque nos enseja a capacitação nas aprendizagens mais específicas ou mais gerais. Para escola, nos oferta o planeta em que nos movemos e como laboratório, a infinitude do Universo. 
Deus é Pai porque nos criou para a perfeição, aguardando que galguemos os degraus do progresso, no rumo dos altos céus. 
Deus é Pai porque providencia tudo, tendo Seu olhar previdente sobre nós, sempre pronto a nos atender. 
* * * 
Ante nossa ímpar qualidade de filhos de Deus, não menosprezemos a nossa própria possibilidade de nos desenvolver. 
Ante esta constatação de filiação Divina, reconheçamos que devemos nos portar como filhos do Grande Senhor, atentos e atenciosos. 
Tenhamos em mente que todos os seres humanos somos irmãos e assim, sejamos fraternos e cooperadores uns com os outros. 
Tudo isso, para fazer jus a essa condição que nos torna venturosos sobre a Terra, na condição de filhos de Deus. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A paternidade de Deus, do Espírito José Lopes Neto, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

OS FILHOS QUE NOS OBSERVAM

Laércio Furlan
O garoto de nove anos chegou muito animado. A escola iria promover um evento, possibilitando aos pais empreendedores montarem pequenos estandes para divulgação e venda dos seus produtos. Vinicius foi direto para o avô, dizendo que colocaria um estande para venda de suco de laranja. Afinal, a laranjeira do quintal estava carregada de frutos. Muito decidido, ele mostrou o nome e o slogan do seu empreendimento: 
-SUVA – sucos que valorizam a sua sede. 
Fez um plano de negócio, estabelecendo as necessidades, que iam da matéria prima, a laranja, para os copos, os canudos e até um funcionário. Sim, ele precisaria de um ajudante porque, afinal, ele ficaria no marketing, conversando com os clientes, oferecendo o seu produto, enquanto outro ficaria no preparo e entrega ao cliente. 
 A cobrança?
Bom, essa ficaria com ele mesmo. 
O primeiro passo foi ir até a laranjeira. Infelizmente, as laranjas não estavam suficientemente maduras. Concluiu o miniempresário que o suco poderia não ficar muito bom. Então, optou por utilizar polpa de fruta. 
Logo, resolveu adicionar mais um detalhe: pão de queijo, logo substituído por pipoca. 
A essa anexou o apelo de saudável por ser feita sem óleo. 
Com tanto planejamento e disposição, naturalmente que foi o menino e não os pais quem ocupou o estande de empreendedor. E ficou ao lado de estandes de alimentos de marcas muito conhecidas, sem se intimidar.
Confiava na qualidade dos seus produtos. 
Trabalhou com afinco e, como funcionário, contratou o irmão, João Vitor.
No final, contabilizando despesas e receitas, o menino teve um lucro de quarenta e seis reais. 
Maravilha! 
Entretanto, a maior demonstração de um verdadeiro aprendizado estava por vir. 
Comentando a respeito dos seus lucros com a mãe, de repente, exclamou:
-Nossa, preciso pagar João Vitor. 
A mãe comentou que o irmão, em verdade, ficara no estande somente umas duas horas. 
-Seria preciso pagá-lo? 
-Como não? – Falou o garoto. Ele me ajudou demais. Merece receber. 
E retirando vinte reais, foi pagar o seu funcionário. 
* * * 
O fato nos merece considerações. 
Poderemos dizer que o menino tem a veia de empreendedor, pois que observa os pais e admira o que fazem. 
Por isso, os deseja imitar, quiçá, inclusive, de futuro, se torne um grande empresário. 
No entanto, o que merece destaque é o detalhamento, a planificação de toda a ação. 
Acima de tudo, a honestidade, o reconhecimento do esforço e do trabalho do irmão a quem convidara para assessorá-lo na venda do SUVA. 
De quem terá aprendido essa lição? 
Com certeza, portas adentro do lar, onde observa o trato dos pais com fornecedores, clientes e funcionários. 
Sim, nossos filhos nos observam, muito mais do que possamos imaginar. Eles nos olham e imitam, nos mínimos detalhes. 
Pensemos nisso porque, muito mais do que as palavras, que convencem, os exemplos arrastam. 
Eles atestam da nossa qualidade moral. 
E se desejamos um mundo realmente novo, precisamos de homens novos. 
Homens de bem, honestos, justos. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base em relato de Laércio Furlan. 
Em 15.8.2016.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

INVISÍVEIS, MAS NÃO AUSENTES

Quando morreu, no Século XIX, Victor Hugo arrastou nada menos que dois milhões de acompanhantes em seu cortejo fúnebre, em plena Paris. Lutador das causas sociais, defensor dos oprimidos, divulgador do ensino e da educação, o genial literato deixou textos inéditos que, por sua vontade, somente foram publicados após a sua morte. Um deles fala exatamente do homem e da Imortalidade e se traduz mais ou menos nas seguintes palavras: 
-A morte não é o fim de tudo. Ela não é senão o fim de uma coisa e o começo de outra. Na morte o homem acaba, e a alma começa. Que digam esses que atravessam a hora fúnebre, a última alegria, a primeira do luto. Digam se não é verdade que ainda há ali alguém, e que não acabou tudo. Eu sou uma alma. Bem sinto que o que darei ao túmulo não é o meu eu, o meu ser. O que constitui o meu eu, irá além. O homem é um prisioneiro. O prisioneiro escala penosamente os muros da sua masmorra, coloca o pé em todas as saliências e sobe até ao respiradouro. Aí, olha, distingue ao longe a campina, aspira o ar livre, vê a luz. Assim é o homem. O prisioneiro não duvida que encontrará a claridade do dia, a liberdade. Como pode o homem duvidar se vai encontrar a eternidade à sua saída? Por que não possuirá ele um corpo sutil, etéreo, de que o nosso corpo humano não pode ser senão um esboço grosseiro? A alma tem sede do absoluto e o absoluto não é deste mundo. É por demais pesado para esta Terra. O mundo luminoso é o mundo invisível. O mundo do luminoso é o que não vemos. Os nossos olhos carnais só veem a noite. A morte é uma mudança de vestimenta. A alma, que estava vestida de sombra, vai ser vestida de luz. Na morte o homem fica sendo imortal. A vida é o poder que tem o corpo de manter a alma sobre a Terra, pelo peso que faz nela. A morte é uma continuação. Para além das sombras, estende-se o brilho da eternidade. As almas passam de uma esfera para outra, tornam-se cada vez mais luz, aproximam-se cada vez mais e mais de Deus. O ponto de reunião é no Infinito. Aquele que dorme e desperta, desperta e vê que é homem. Aquele que é vivo e morre, desperta e vê que é Espírito. 
 * * * 
Muitos consideram que a morte de uma pessoa amada é verdadeira desgraça, quando, em verdade, morrer não é finar-se, nem consumir-se, mas libertar-se. 
Assim, diante dos que partiram na direção da morte, assumamos o compromisso de nos prepararmos para o reencontro com eles na vida espiritual. 
Prossigamos em nossa jornada na Terra sem adiar as realizações superiores que nos competem, pois elas serão valiosas, quando fizermos a grande viagem, rumo à madrugada clarificadora da eternidade. 
E que esse dia não nos surpreenda em demasia. 
Que estejamos com a mala da vida pronta para ser fechada; com a bagagem espiritual toda bem acondicionada. 
Que esse dia não nos seja de surpresa senão porque, fechando os olhos da carne, com os do Espírito veremos nossos amores, de pé, de braços e sorrisos abertos nos recepcionando.
Estejamos prontos para o grande dia, a cada dia. 
Redação do Momento Espírita, com base nos caps. Palavras do autor e A França chora seu maior poeta, do livro Victor Hugo e seus fantasmas, de Eduardo Carvalho Monteiro, ed. EME. 
Em 9.2.2021.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

O BRILHO DA FACE

Na narrativa da recepção dos Dez Mandamentos, lemos que o legislador hebreu desceu do monte Sinai, trazendo nas mãos as Tábuas da Lei, lavradas em pedra. O que ele não se dera conta é que por ter estado em contato com a Espiritualidade Superior, seu rosto resplandecia. Tanto que os filhos de Israel temiam olhar para ele. Por isso, durante algum tempo, ele precisava colocar um véu sobre o rosto, toda vez que fosse falar ao povo. Esse fenômeno se chama transfiguração. E a de Moisés foi luminosa e duradoura. Os filhos de Israel, diz o texto bíblico de Êxodo, viam o rosto de Moisés, no qual resplandecia a pele. Sua face deixava transparecer a grandeza daqueles momentos em que estivera num contato mais estreito com Espíritos Superiores. Um contato para o qual ele se preparara largo tempo. Segundo as anotações bíblicas, foram quarenta dias e quarenta noites, no Sinai. Um longo preparo para a recepção de um Código tão importante para a Humanidade. 
No Novo Testamento, por sua vez, temos as narrativas dos Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas, referindo-se à transfiguração de Jesus, no monte Tabor. Como testemunhas, somente os Apóstolos Pedro, Tiago e João. O texto de Mateus diz que Jesus se transfigurou diante deles. O Seu rosto resplandeceu como o sol, e as Suas vestes se tornaram brancas como a luz. O Evangelista João, por sua vez, dá o seu testemunho ocular com a frase: 
-Vimos a sua glória, como a glória do unigênito do pai, cheio de graça e verdade. 
Com certeza, foi a única vez, durante a Sua vida carnal que Jesus se mostrou em toda a Sua grandeza. Brilhando como o sol, Espírito perfeito que é. Duas transfigurações. A segunda ainda maior do que a primeira.
 * * * 
É de nos perguntamos quando mostraremos a nossa face brilhante? 
Não estamos falando do fenômeno da transfiguração, mas de algo pelo qual podemos trabalhar, todos os dias. 
Mostrar a nossa face transfigurada pela alegria, traduzindo a gratidão a Deus pela vida na Terra. 
A face que ateste o que nos asseverou Jesus: 
-Que somos filhos da luz, criados pela luz. 
Brilhar como Ele nos recomendou: 
-Brilhe a vossa luz. 
Permitamo-nos deixar brilhar o nosso olhar de amor, de tolerância, de carinho para com tudo que vive sobre a Terra. 
Aquele mesmo olhar que tinha o pobre de Assis, Francisco, para as aves do céu, para os pequenos animais. 
Olhar de cuidado que o movia a lhes providenciar alimento. Tal era a sua atenção para com esses seres que, na época das festas natalinas, ordenava aos seus companheiros que a ração lhes fosse dobrada.
Irradiemos esse nosso carinho pela face e nos deixemos envolver por essas irradiações, de forma que quem quer que se aproxime de nós, se sinta abraçado. 
Que quem nos olhe a face, possa descobrir que somos filhos de Deus, que desejamos fazer a diferença sobre a Terra. 
Que nela eles encontrem o brilho dos nossos sorrisos. 
Permitamos que brilhe a nossa luz. 
A luz de filhos de Deus, colocados nesta Terra para crescer até alcançar as estrelas. 
Pensemos nisso. 
Brilhemos. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 34, do livro bíblico Êxodo; no cap. 17, do Evangelho de Mateus; no cap. 9, dos Evangelhos de Marcos e Lucas; e no cap. 1 do Evangelho de João. 
Em 10.2.2021.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

FILHOS PRÓDIGOS

CHICO XAVIER E EMMANUEL
Quando ouvimos falar de filho pródigo, logo nos vem à mente um homem rico dissipando a sua fortuna material, nas festas e gozos do mundo. 
No entanto, se ampliarmos nossa visão, perceberemos outros aspectos que merecem atenção. 
Os filhos pródigos não estão somente onde há dinheiro em abundância. Podemos encontrá-los em todos os campos da atividade humana, ocupando diversas posições. 
Grandes cientistas da Terra são perdulários da inteligência, destilando venenos intelectuais, indignos das concessões com que foram distinguidos. 
Artistas preciosos gastam, por vezes, inutilmente, a imaginação e a sensibilidade, através de aventuras mesquinhas, caindo no relaxamento e nos resvaladouros do crime.
Filhos pródigos que estão, neste momento, desperdiçando a fortuna do tempo acomodados na ociosidade irresponsável. Ou então, usando seus conhecimentos para criar coisas ou situações infelizes. 
Há os que dissipam a saúde através dos vícios de toda ordem. 
Os que são pródigos em desculpas para seus próprios erros, mas econômicos quando se trata de desculpar os erros alheios. 
Muitos esbanjam, deliberadamente, as oportunidades de crescimento que a vida lhes oferece a cada instante. 
Vários governantes dissipam a confiança que lhes foi depositada, jogando fora a chance de testemunhar dignidade e honradez. 
Pais que se demitem da missão que lhes foi conferida e deixam escoar a bendita oportunidade de elevar moralmente a prole que Deus lhes confiou.
Filhos pródigos somos quase todos nós. Deixando passar as oportunidades de calar uma ofensa, evitar um ataque de ira, conter um comentário maldoso. 
Temos sido avaros ou comedidos quando se trata de doar-nos, de oferecer algo de nós mesmos. Somos econômicos quando alguém nos pede uns minutos de atenção, um favor qualquer, mas pródigos em passar as horas ocupando-nos com coisa nenhuma. 
Economizamos bons modos, e distribuímos palavrões, críticas azedas, queixas sem fim. Não economizamos palavras vazias, mas custa-nos falar bem de alguém ou de alguma coisa. 
É importante que pensemos um pouco a respeito do uso que temos feito de tudo o que nos é concedido: tempo, saber, saúde, oportunidades. 
E, de acordo com as Leis que regem a vida, tudo o que se esbanja fará falta, hoje ou mais tarde. 
É bom verificar se não estamos sendo pródigos demais com as coisas ruins e economizando virtudes ou deixando de cultivá-las. 
* * * 
Os obstáculos que criamos na estrada evolutiva só retardam a nossa felicidade. 
Enquanto nos detivermos nos caminhos estreitos dos enganos, não perceberemos a grande avenida iluminada que nos conduzirá ao Pai.
Essa avenida é a mensagem do Cristo, pois a afirmativa é Dele: 
-Eu sou o caminho da verdadeira vida. Ninguém chegará ao Pai, senão por mim. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 24 do livro Pão nosso, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Feb.
Em 28.06.2010.