domingo, 31 de janeiro de 2021

JESUS SABE

Quantas lágrimas você já verteu a sós, sem ninguém para lhe estender um ombro amigo, sem uma palavra de alento, sem nenhum consolo...
Considere, no entanto, que Jesus sabe... 
Quando você descobre que seus amigos, nos quais você depositava a mais sincera confiança, lhe traem, e a amargura lhe visita a alma dolorida, no silêncio das horas... 
Jesus sabe. 
Jesus conhece os mais secretos pensamentos e sentimentos de cada uma das ovelhas que o Pai lhe confiou. 
Jesus sabe das noites maldormidas, quando você se debate em busca de soluções para os problemas que lhe preocupam a mente... 
Das dores que lhe dilaceram a alma, quando a solidão parece ser sua única companheira fiel, Jesus sabe... 
Dos imensos obstáculos que você já superou, sem nenhuma estrela por testemunha, Jesus sabe... 
Da sua sede de justiça, Jesus sabe. 
Da sua luta para ser cada dia melhor que o dia anterior, Jesus sabe.
Jesus, esse Irmão Maior, a quem o Pai confiou a Humanidade terrestre, conhece cada um dos Seus tutelados. 
Se você sofreu algum tipo de calúnia, de injustiça, alguma punição imerecida, Jesus sabe. 
Jesus conhece as suas horas de vigília ao lado do leito de um familiar enfermo... 
Sabe da sua dedicação aos filhos, tantas vezes ingratos, ao esposo ou à esposa problemática. 
Jesus sabe dos seus auto-enfrentamentos para vencer os próprios vícios e as tendências infelizes. 
Jesus conhece suas fraquezas, seus medos, suas chagas abertas, suas inseguranças... 
Jesus sabe das muitas vezes que você persiste em caminhar, mesmo com os pés sangrando... 
Jesus sabe o peso da cruz que você leva sobre os ombros... 
Jesus sabe quantas gotas de lágrimas você já derramou por compaixão, sofrendo a dor de outros corações... 
Jesus conhece suas muitas renúncias... 
Suas amarguras não confessadas... 
Jesus sabe das esperanças que você já distribuiu, dos alentos que você ofertou, das horas que dedicou voluntariamente a benefício de alguém...
Jesus conhece suas ações nobres e percebe o desdém daqueles que só notam e ressaltam suas falhas. 
Jesus entende seu coração dorido de saudade, dilacerado pela solidão, amargurado pelas dificuldades que, às vezes, parecem intransponíveis...
Jesus sabe que todas as situações pelas quais você passa, são para seu aprendizado e para seu crescimento na direção da grande luz. 
O Sublime Pastor conhece cada uma de Suas ovelhas e sabe o que se passa com cada uma delas. 
Por isso Ele mesmo assegurou: 
-Nunca estareis a sós. 
Jesus é o Divino Amigo que nos segue os passos desde sempre e para sempre. E nos momentos em que suas forças quiserem abandoná-lo, aconchegue-se junto ao Seu coração amoroso e ouça Sua voz a lhe dizer, com imensa ternura: 
-Meu filho, trace o seu sulco; recomece no dia seguinte o afanoso labor da véspera. O trabalho das suas mãos lhe fornece ao corpo o pão terrestre; sua alma, porém, não está esquecida. E eu, o jardineiro divino, a cultivo no silêncio dos seus pensamentos. Quando soar a hora do repouso e a trama da vida se lhe escapar das mãos e seus olhos se fecharem para a luz, sentirá que surge em você, e germina, a minha preciosa semente. Nada fica perdido no reino de nosso Pai e os seus suores e misérias formam o tesouro que o tornará rico nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas... E onde o mais desnudo dentre vós será talvez o mais resplandecente. 
Redação do Momento Espírita, com base no item 6, do cap. VI, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. FEB. Disponível no CD Momento Espírita Coletânea 8/9 e no livro Momento Espírita, v. 5, ed. FEP. 
Em 30.1.2021.

sábado, 30 de janeiro de 2021

FILHOS DE DEUS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Enquanto estamos na Terra, na roupagem carnal, alimentamos muitas ilusões. 
Também um igual número de ambições. 
Entre essas, a de conquistarmos títulos. 
A História registra que, até há poucos anos, o que mais disputávamos eram os títulos de nobreza. Quando não nascíamos nobres, nos permitíamos qualquer coisa, até mesmo distanciados da ética e da moral. Tudo para sermos agradáveis aos poderosos e lhes conquistar as graças. Como consequência, quem sabe, um título de nobreza. 
Foram períodos de tristes lembranças. 
Nos dias atuais, a disputa não é menor. 
Desejamos títulos e destaques nas colunas sociais, buscamos projeção política. Alguns fazemos questão de colecionar títulos honoríficos de instituições assistenciais e religiosas. Por isso, às vezes, nos candidatamos a cargos, sem, no entanto, abraçarmos os encargos que eles exigem. O que nos importa é somente a denominação.
Porém, existe um título muito precioso e que todos temos. 
Nem sempre nos apercebemos que o detemos ou quão importante ele é.
É o título de filho de Deus. 
Que título maior podemos almejar? 
Somos filhos de Deus, cujo amor inunda o Universo e se encontra nas fibras mais íntimas de cada um de nós. 
Ser filho é ser herdeiro. 
Somos herdeiros do Universo. 
Por direito natural, possuímos tudo que é de Deus, bastando somente que desenvolvamos os dons latentes em nós, a fim de que possamos desfrutar de toda essa grandeza. 
Somos herdeiros das ideias sublimes, desde que o Pai nos fez à Sua imagem e semelhança. 
Ideias sublimes que nos proporcionam a inteligência para conquistar espaços, penetrar o mecanismo da vida e decifrar os enigmas desafiadores da sabedoria. 
Filhos de Deus somos todos nós. 
Com uma imensa herança a nos aguardar, além daqueles bens de que já usufruímos, como o ar, a água, os planetas que utilizamos como moradia, os mil detalhes da Criação que nos servem e sustentam. 
Para a conquista de todos esses tesouros, é imprescindível a confiança e a fé. 
Igualmente o esforço para desdobrarmos as capacidades adormecidas em nós mesmos. 
E, naturalmente, se temos tantos bens e tantos direitos, como filhos de Deus, também temos deveres. 
O primeiro de todos é o de nos vermos como filhos do mesmo Pai, herdeiros do Universo, usufrutuários de todas as Suas bênçãos. 
Bênçãos generosas, distribuídas a todas as horas, mesmo para aqueles que não admitem a Paternidade Divina, um criador excepcional. 
O Pai é somente um, o Criador, a Causa incausada de todos os seres e de todas as coisas. 
O segundo dever é de nos amarmos, pois o Pai a todos ama de igual forma. 
Como Pai, Ele não deixa de fora nenhum dos Seus filhos. 
A ninguém deserda. 
Mais cedo ou mais tarde todos haveremos de compreender o plano divino e a Ele nos amoldaremos. 
Nesse dia, sairemos da infância espiritual em que nos situamos para a maioridade. 
Nesse dia, utilizaremos e nos felicitaremos com todos os tesouros da Criação. 
Nesse dia, seremos felizes. 
Redação do Momento Espírita, com base na introdução e no cap. 5, do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 16.6.2020.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

FILHOS DA ALMA

RAUL TEIXEIRA
Eles se encontraram nesta vida como se tivessem marcado o momento exato para isso acontecer. 
Desde o período do namoro falavam da vontade de adotar, um dia, um menino, de preferência descendente da raça negra. 
Ao falar da futura família, o lugar para aquele personagem era tido como real, desde então. 
Casaram-se. 
Depois de algum tempo, receberam nos braços o primeiro filho, que trazia consigo grande intolerância alimentar. 
Depois de várias tentativas, conseguiram programar uma alimentação alternativa que ajudou a superar as crises e amenizar os efeitos da problemática. 
Meses depois se credenciaram para a adoção. 
O processo demorado lhes trouxe uma menina, portadora das mesmas intolerâncias, porém, mais agravadas que as do irmão. 
Alertados, pelos médicos, para que evitassem outras gestações, eles tornaram a se credenciar para adoção. 
Quando as crianças tinham seis anos e um ano e meio, foram procurados pela assistência social da cidade, que lhes comunicou da presença de um garotinho, no abrigo municipal. 
E assim o terceiro filho lhes chegou. 
Pele amorenada, olhos escuros, cabelo encaracolado, tinha quase três anos. 
E, por incrível que pareça, trazia as mesmas dificuldades alimentares dos irmãos. 
Sua vinda foi comemorada pelos pequenos, pelos pais, pelos avós. 
Era como se tivesse sido aguardado, desde sempre, para completar o quadro familiar. 
* * * 
Filhos adotivos não nasceram de nossas carnes, mas nasceram de nossos sentimentos. 
São aqueles que vêm preencher uma necessidade que temos de amar e não preencher um vazio dentro de casa. 
Quando adotamos uma criança, em qualquer idade que seja, é pelo desejo que temos de amar essa criança, de lhe dar melhores condições de vida, melhores oportunidades de vitória. 
São filhos do nosso coração, nasceram de nossa alma, são filhos afetivos.
Não chegam ao nosso lar por acaso. 
Existem sintonias espirituais que os atrai para junto de nós. Muitos são reencontros. 
Vêm pelas vias da adoção por motivos que somente a Divindade tem conhecimento. 
Outros chegam para o exercício do amor, para a conquista do afeto. 
E, sua presença conosco alarga os horizontes da nossa constelação familiar. 
É muito importante pensarmos que um filho adotivo vem somar, vem colocar um tempero em nossa família. 
Mesmo que o tempero seja um tanto apimentado em determinadas situações, confiemos no néctar do Amor Divino que pode equilibrar qualquer situação. 
Importante que os filhos adotados saibam que são filhos do nosso coração. 
Que os escolhemos para serem nossos filhos. Em síntese: que os amamos muito. 
Afinal, a adoção é, de fato, uma extensão do nosso sentimento que busca outros sentimentos. 
Somos os que desejamos amar alguém que precisa ser amado. 
Por isso, se o nosso coração pedir, adotemos crianças.
Permitamo-nos essa experiência amorosa e sejamos muito felizes.
Porque, quem ama, gera felicidade e se sente feliz. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 8, pt. 2, do livro Vida e Valores, de Raul Teixeira, ed. FEP. 
Em 29.9.2018.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

FILHOS COM DEFICIÊNCIA

CAMILO CASTELO BRANCO
ESPÍRITO
A expectativa que toma conta do período de gestação da mulher é tão especial e admissível que se justifica a frustração ou a amargura que envolve tantos corações, quando constatam que seus rebentos, ansiosamente aguardados, são portadores de deficiência física ou mental ou a conjugação de ambas. 
Compreensíveis a dor e a surpresa que se alojam nas almas paternas, ao começarem a pensar nas limitações e conflitos, agonias e enfermidades que acompanharão os seus filhos, marcados, irremediavelmente, para toda uma existência de dependências e limitações. 
Quantos são os pais que, colhidos no amor próprio, fogem da responsabilidade de cooperar com os filhos debilitados! 
Quantas são as mães que, transformadas em estátuas de dor ou de revolta, abandonam os filhos à própria sorte, relegando-os aos ventos do destino! 
Entretanto, levanta-se um enorme contingente de pais e de mães que, ao identificarem os dramas em que se acham inseridos seus filhos, se enchem de ternura, de dedicação, vendo nas limitações físicas ou mentais desses, oportunidades de crescimento e enobrecida luta em prol do futuro feliz para todos. 
O filho com deficiência geralmente é alguém que retorna aos caminhos humanos, após infelizes rotas de desrespeito à ordem geral da vida. 
Os filhos lesados por carências corporais ou psíquicas estão em processo de ressarcimento, havendo deixado para trás, nas avenidas largas do livre-arbítrio, as marcas do uso da exorbitância, da insubmissão ou da crueldade. 
Costumeiramente, os indivíduos que se valeram do brilho intelectual ou da sagacidade mental para induzir ao erro; para destruir vidas no mundo; para infelicitar, intrigando e maldizendo, reencarnam com os centros cerebrais lesados, em virtude de se haverem atormentado com suas práticas inferiores, provocando processos de desarranjo nas energias da alma, localizadas na zona da estrutura cerebral. Não só intelectuais degenerados renascem com limitações psicocerebrais, mas, também, os que mergulharam nas valas suicidas, destroçando o cérebro e os seus núcleos importantes, sob graves distúrbios, que deverão ser recompostos por meio da reencarnação. 
O despotismo implacável pode gerar neuroses ou epilepsias.
O domínio cruel de massas indefesas e desprotegidas pode produzir os mesmos efeitos. 
Os homicídios cruéis podem acarretar infortunados quadros epilépticos, produzindo sobre a rede psiconervosa adulterações nas energias circulantes, provocando panes de frequência variada, de caráter simples ou crônico. 
RAUL TEIXEIRA
Seus filhos com deficiências podem estar em alguma dessas condições, necessitados da sua compreensão e assistência, para que sejam capazes de superá-las, com resignação e esforço íntimo, rumando para Deus, após atendidos os projetos redentores da Divindade. 
Ame seus problematizados do corpo ou da mente, ou de ambos, cooperando com eles, com muita paciência e com ternura, para que possam sair vitoriosos da expiação terrena, avançando para mais altos vôos no rumo do nosso Criador. 
Forre-se de carinho, de tranquilidade interior, vendo nesses filhos doentes as jóias abençoadas que o Pai confia às suas mãos para que as burile.
Por outro lado, vale considerar que se você os tem nos braços ou sob a sua assistência e seus cuidados, paternais ou maternais, é em razão dos seus envolvimentos e compromissos com eles. 
Você poderá tê-los recebido por renúncia e elevado amor de sua parte.
Mas, pode ser que você esteja diretamente ligado às causas que determinaram os dramas dos seus filhos, cabendo-lhe não alimentar remorsos, mas, sim, auxiliá-los e impulsioná-los para a própria recomposição, enquanto você, igualmente, avança para o Criador.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Filhos com deficiência, do livro Nossas riquezas maiores, pelo Espírito Camilo, psicografia de José Raul Teixeira, ed. Fráter. Disponível no CD Momento Espírita, v. 3, ed. Fep. 
Em 04.05.2009.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

JERUSALÉM E JERICÓ

AMÉLIA RODRIGUES
E
DIVALDO PEREIRA FRANCO
A parábola do bom samaritano começa assim: 
"Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões que o despojaram, cobriram de feridas, e se foram, deixando-o meio morto."
 A imagem utilizada por Jesus é significativa. 
Sem descermos aos detalhes do bom samaritano que auxiliou aquele homem, é de nos perguntarmos por que ele sofreu a agressão? 
Alguns o têm considerado um mercador, um negociante, que padeceu a sanha dos ladrões. 
No entanto, Jesus não tece nenhuma consideração a respeito.
Simplesmente diz que um homem descia de Jerusalém. Jerusalém era a cidade religiosa. Era lá que estava o templo, local onde oravam os judeus. Era, portanto, o símbolo da ligação com Deus. 
Jericó, por sua vez, era a cidade do ócio e da riqueza material. Lugar de conforto e área de prazer. Local de abundância. Seu terreno generoso era tido como o mais abençoado oásis da palestina. É considerada, tradicionalmente, como a cidade mais antiga da Terra. Acredita-se que o homem ali se instalou entre os milênios 10 e 7 a.c. 
O homem descia, diz a parábola. Figurativamente, equivale a dizer que, na sua intimidade, abandonou a condição de ligação íntima com Deus na busca de interesses puramente materiais. 
Jerusalém representa, na parábola, tudo aquilo que diz respeito ao Espírito e seu crescimento: a moral, a ética, o amor. 
Jericó fala aos sentidos mais banais. 
Então, o homem deixa sua condição de moralidade para buscar os prazeres do mundo. Nessa etapa de invigilância sofre o assalto, a agressão. 
Assim pode ocorrer conosco. Sempre que buscamos as futilidades, esquecendo-nos das primordiais questões do Espírito, sintonizamos com faixas inferiores. Nessas oportunidades, poderemos ser vítimas dos maus e do mal, pois nos colocamos no seu meio. 
A exortação de Jesus para a vigilância que devemos exercer sobre nossos pensamentos e ações não deve ser desconsiderada. 
O homem agredido encontrou o bom samaritano que o socorreu.
Entretanto, se não tivesse sido invigilante, poderia não ter sofrido o assalto. 
Em nosso caminho evolutivo todos passamos pela fieira da ignorância, mas não há necessidade de experimentarmos o mal. 
Existem questões em nossas vidas das quais não poderemos nos furtar.
Estão no cômputo das nossas necessidades sofrê-las, seja por questões de resgate ou por serem um convite ao progresso. Isso porque sempre que as dificuldades nos alcançam, nosso instinto de conservação nos impele a buscarmos soluções. Nessa busca, criamos condições novas para nós mesmos e para a Humanidade. 
É o que chamamos progresso. 
As pandemias, ao longo dos séculos, nos conduziram a pensarmos em melhores condições ambientais, de higiene pessoal, de cuidados para evitarmos a contaminação. 
Também a desenvolvermos medicação apropriada e a elaboração de vacinas. 
Contudo, existem muitos problemas que não precisaríamos ter. 
Bastaria maior vigilância pessoal, melhor controle das nossas emoções e dos nossos sentimentos. 
Dessa forma, entendamos que optar por Jerusalém ou por Jericó é questão pessoal. 
Importante que saibamos realizar a melhor escolha. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 18, do livro Pelos caminhos de Jesus, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 27.1.2021.

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

QUEM DESLIGA?

Não há ninguém que visite o espetáculo das Cataratas do Iguaçu e fique indiferente. É verdadeiramente grandioso observar as quedas d´água, que variam de quarenta a oitenta metros de altura. Dependendo da vazão do rio, o número de saltos também varia, chegando a mais de duzentos. Numa lição de solidariedade, cinco, do total de dezenove saltos principais, estão do lado brasileiro. Os demais, do lado argentino. Como esses estão voltados para o Brasil, a melhor vista para quem observa o cenário é do lado brasileiro. A formação do acidente geográfico das Cataratas se iniciou há aproximadamente duzentos mil anos, embora a formação geológica date de cento e cinquenta milhões de anos. Entre os meses de outubro a março, normalmente, é maior o volume de água, chegando a mil e quinhentos metros cúbicos por segundo. Por isso mesmo, a sinfonia das quedas d´água pode ser ouvida de longe, num ronco quase ensurdecedor, à medida que as pessoas se aproximam das maiores quedas. É como a apoteose de um grand finale que, no entanto, não acaba. 
E foi ali, ante a beleza das águas se precipitando sem cansaço, numa dança incessante, levantando nuvens brancas nas quedas, que uma menina de seus quatro anos olhou para a tia, que a conduzia pela mão, e perguntou: 
-Quando o homem vai desligar isso tudo? 
De imediato, os que se encontravam próximos, sorriram da ingenuidade da garota. 
Mas, que extraordinária indagação! 
Em contemplando aquela beleza toda, se sucedendo em tantos saltos, a abundância das águas, o arco-íris enorme indo de um lado a outro das fronteiras, ela logo imaginou que alguém devia estar por trás daquilo tudo.
Em casa, ela sabe que é alguém que aciona o interruptor para ligar e desligar a luz elétrica. As torneiras são abertas e fechadas. 
Quem, pois, se encarregava de fechar as torneiras para que a água parasse de saltar, se precipitar e correr rio abaixo? 
Com certeza, essa mesma menina, deve ter interrogado quem acende as estrelas de noite e coloca o sol a brilhar durante o dia. 
Quem aciona a chuva, quem liga os potentes ventiladores para soprarem os ventos, quem estende o manto da noite. 
Todos os seres inteligentes, ante o assombro das belezas naturais, indagam: 
-Quem fez tudo isso? 
E as maiores mentes da Humanidade fizeram as mesmas perguntas e somente quem é pequeno não se dá conta que, por trás de toda a grandiosidade do planeta, há uma mente genial, inigualável. 
Alguém que supera todas as inteligências, toda a criatividade e toda excelência das virtudes. 
Podemos chamar Força da Natureza, Incognoscível, Ideia Mãe, Ideia Diretriz, Arquiteto do Universo. 
Como queiramos e como entendamos. 
No entanto, quem quer que tenha ouvidos de ouvir, poderá escutar o sussurro do vento, o murmúrio da chuva, o ribombar dos trovões a recitar o mesmo mantra: 
-É Deus! É Deus! 
E, foi por isso, que a tia, olhando a sobrinha encantada, lhe respondeu: 
-Deus não desliga, querida! 
* * * 
Pensemos nisso: 
Deus não desliga nem as águas, nem os ventos, nem as estrelas. 
Ele está sempre atento e Seu amor se derrama por sobre todo o Universo, continuamente. 
Ouçamos a natureza: 
-É Deus! É Deus! 
Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Ana Paula Sala Moreno, de Foz do Iguaçu. 
Em 26.1.2021. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

FILHOS CARENTES

Em 1951, foi realizado um estudo com crianças de cinco anos, a respeito da melhor forma de criar filhos. Tal estudo teve prosseguimento em 1990. A conclusão foi de que as crianças que, ao se tornarem adultas, tinham mais aflições, problemas emocionais e se davam mal no casamento, nas amizades e no trabalho não eram as filhas dos pais ricos, nem dos pais pobres. Eram os filhos de pais distantes e frios, que mostravam pouco ou nenhum afeto por eles. Até alguns anos, podia se conceber que pais do sexo masculino tivessem reservas em matéria afetiva com respeito aos filhos do mesmo sexo. Isso porque entendiam que abraçar, beijar e dizer: 
-Eu te amo!
Eram atitudes que poderiam refletir mal na masculinidade do garoto. Também porque os pais deviam ser respeitados, não demonstravam afeto, acreditando que iriam perder a autoridade.
A psicologia derrubou muitos mitos, declarando que afeto e autoridade casam muito bem e que demonstrar carinho é uma atitude positiva. 
Na atualidade, em que são tantas as informações aos pais, em matéria de educação de filhos e formação do caráter, o problema persiste. A dificuldade está nas pressões que sofrem os pais de hoje. Enquanto pais novatos não cabem em si de contentamento por causa do bebê e se desmancham em mimos, beijos e carícias, em outras famílias a linguagem da ternura cede lugar a palavras duras e grosseiras. 
As pequenas falhas no aprendizado das coisas mínimas são recebidas com aspereza e a criança logo é taxada por adjetivos depreciativos. 
Em alguns lares, em vez de abraços afetuosos, as crianças curtem a ausência total de qualquer toque de ternura. 
Fala-se em maus tratos e se pensa que sejam somente aqueles de ordem física, que mutilam crianças e se tornam manchetes de jornal ou da televisão. 
Maus tratos são todas as atitudes que agridam esses pequenos que olham o mundo com os olhos da esperança e a veem desaparecer a cada dia, ao contato rude da amargura que se extravasa em palavras e atos, por parte daqueles incumbidos de amá-los e cuidá-los. 
Os pais devem se esforçar por criar um ambiente de tranquilidade aos filhos. 
Um ambiente em que eles se sintam amados. 
Ser bons ouvintes e elogiar com regularidade os progressos alcançados fazem parte do desenvolvimento sadio dos pequenos. Adaptar a disciplina às necessidades de cada criança e não esperar mais do que o razoável da parte dela é questão de bom senso dos adultos. 
* * *
A depressão infantil não é rara. 
As crianças se sentem desanimadas e tristes quando recebem agressões verbais e emocionais. 
Na qualidade de pais, é nosso dever zelar pelo equilíbrio dos nossos filhos. 
Por isso mesmo, não nos devemos permitir que a raiva, o cansaço e o desânimo sejam extravasados justamente sobre aqueles que são mais frágeis e estão sob a nossa guarda: nossos filhos. 
Para eles, a dose deve ser sempre de amor, recheada de energia e ternura. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Pais sob pressão, do jornal O repórter, ano I, nº 1. 
Em 17.11.2010.

domingo, 24 de janeiro de 2021

FILHOS ADOLESCENTES

É comum os pais ouvirem de vizinhos, amigos e colegas de turma de seus filhos, elogios ao comportamento deles. 
Os professores afirmam: 
-Seu filho é maravilhoso. 
Surpreendidos, os pais se perguntam: 
-Será mesmo de meu filho que eles estão falando? Daquele garoto emburrado e de mau humor que tenho em casa? Como pode?
Por vezes, são os próprios pais que descobrem como os filhos mudam de atitude quando chegam perto deles. Os pais os veem na escola, junto a colegas, usando de gentileza e amabilidade. Chegam a ser serviçais, quando em casa criam um clima de guerra, porque se lhes pede cooperação na lavagem das calçadas, do carro, no cuidado ao irmão menor. Interessante também que os pais sugerem, orientam e têm as suas opiniões rechaçadas pelos filhos adolescentes, como sendo quadradice, preocupações de velhos. Mas, se um professor, ou o pai de um amigo diz as mesmas coisas, a aceitação é plena, total. Isto faz com que os pais reajam negativamente e expressem sua irritação aos filhos. 
* * * 
Se tudo isso estiver acontecendo em seu lar, talvez o ajude saber que esse comportamento é temporário e que você tem o poder de influir sobre ele. Algumas dicas são importantes. Lembre-se de quantas coisas irritavam você, quando adolescente. Coisas pequenas que lhe machucavam, como sua mãe ir cantarolando no carro, acompanhando as músicas do rádio, enquanto transportava você e os colegas para a escola. Nesse caso, a irritação do filho não é pelo que o pai ou a mãe fazem perante seus amigos, mas por serem exatamente seus pais a fazerem isso. Depois, tente modificar sua argumentação. Por exemplo, em vez de: Por que está com esta cara? Experimente: Parece que você não concorda comigo. Qual é sua opinião? Assim, você estará demonstrando que percebeu que ele não gostou do que você disse ou fez e está disposto a ouvir a opinião dele. O importante, no relacionamento entre pais e filhos, é construir pontes, não barreiras. Pontes que conduzam a um melhor entendimento, à compreensão um do outro, ao diálogo, à boa e saudável convivência. Quando ele chegar atrasado, não dê bronca no estilo: Por que não telefonou? Você só pensa em si mesmo! Utilize algo como: Você demorou muito além do esperado. Fico muito preocupado com suas demoras. Por favor, numa outra vez, lembre-se de telefonar. Essas pequenas fórmulas, além de melhorar em muito o relacionamento, demonstrarão confiança e serão excelentes formas de estimular o comportamento responsável. 
* * * 
É próprio da adolescência contestar, ser do contra, reclamar. Faz parte da fase de transição pela qual passa a criança a caminho da juventude. O adolescente deseja ardentemente ser orientado. Ele sabe que o que os pais falam e exigem é uma necessidade. Essas afirmativas são demonstradas por estudos e pesquisas realizadas com adolescentes das várias camadas sociais e de ambos os sexos. Por isso, eduque sempre, servindo-se do amor e da energia, filha da sabedoria de quem já trilhou as mesmas veredas, sofreu e aprendeu. 
Redação do Momento Espírita com base no artigo Mas que filho maravilhoso você tem, publicado em Seleções Reader´s Digest, de março de 1999. 
Em 28.07.2010.

sábado, 23 de janeiro de 2021

LÂMPADAS E INTELIGÊNCIAS

As lâmpadas servem para iluminar. 
Para isso, são dotadas de potências de iluminação diferentes. 
Há lâmpadas de 60 watts, de 100 watts, de 150 watts... 
Esse número em watts diz o poder de iluminação da lâmpada. 
Também as inteligências servem para iluminar. 
Nos gibis, o desenhista, para dizer que um personagem teve uma boa ideia, desenha uma lâmpada acesa sobre a sua cabeça. 
As inteligências, à semelhança das lâmpadas, também têm potências de iluminação diferentes. 
Os homens inventaram testes para medir a “wattagem” das inteligências.
Ao poder de iluminação das inteligências deram o nome de “QI”, coeficiente de inteligência. 
As inteligências não são iguais. 
Pessoas a quem os testes inventados pelos homens atribuíram um QI 200, têm um poder muito grande para iluminar. 
Alguns, para se gabar, chegam a mostrar sua carteirinha, dizendo que sua inteligência tem uma “wattagem” alta. 
Mas, nós não olhamos para as lâmpadas. 
As lâmpadas não são para serem vistas. 
As lâmpadas valem pelas cenas que iluminam e não pelo brilho. 
Olhar diretamente para a lâmpada ofusca a visão. 
Há inteligências de “wattagem” 200 que só iluminam esgotos e cemitérios. 
E há inteligências modestas, como se fossem nada mais do que a chama de uma vela, que iluminam sorrisos. 
Uma lâmpada não tem vontade própria. 
Ela ilumina o objeto que o seu dono escolhe para ser iluminado. 
A inteligência, como as lâmpadas, não tem vontade própria. 
Ela ilumina os objetos que o coração do seu dono determina que sejam iluminados. 
A inteligência de quem ama dinheiro ilumina dinheiro, a inteligência dos criminosos ilumina o crime, a inteligência dos artistas ilumina a beleza. 
A inteligência é mandada. 
Só lhe compete obedecer. 
 * * * 
As considerações luminosas de Rubem Alves nos fazem pensar um pouco a respeito de como estamos utilizando este grande instrumento que temos – a inteligência. 
O que temos iluminado com ela? 
O que temos feito desta grande habilidade da qual dispomos? 
Allan Kardec deixa claro que a inteligência nem sempre é penhor de moralidade, e o homem mais inteligente pode fazer um uso pernicioso das suas faculdades. 
Assim, ter uma inteligência avantajada não significa ser um homem de bem, não significa ser uma alma evoluída. 
É necessário que essa inteligência esteja sendo canalizada para o bem, para a civilização e aperfeiçoamento da Humanidade. 
A mesma inteligência que desenvolve uma arma química pode desenvolver vacinas e remédios. 
A mesma inteligência que manipula as leis e as pessoas em benefício próprio, pode ser a inteligência que auxilia, que defende os fracos e oprimidos. 
A mesma inteligência das estratégias criminosas de usurpação do dinheiro público pode ser utilizada na reconstrução de cidades, na restituição da dignidade de povos abandonados por interesses materialistas. 
Basta que a lâmpada ilumine o que deve iluminar, basta que façamos escolhas acertadas e demos ordens corretas à nossa inteligência. 
A inteligência, como as lâmpadas, não tem vontade própria.
Ela ilumina os objetos que o coração do seu dono determina que sejam iluminados. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Variações sobre a inteligência, do livro O sapo que queria ser príncipe, de Rubem Alves, ed. Planeta.
Em 22.1.2021

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

FILHO RECONHECIDO

ANDRÉ RIEU
Ele é um homem que passou os setenta anos. 
Famoso no mundo inteiro, tocava violino aos cinco anos de idade. 
Filho de um diretor de orquestra que fez músicos seus seis filhos, André Rieu sentiu brotar a paixão pela música ao tocar sua primeira valsa. Nascido em Maastricht, capital da província de Limburg, fundada pelos romanos no século 50 a.C., era violinista da orquestra sinfônica. Ao mesmo tempo, gravava discos independentes. Hoje, com uma carreira de sucesso em mais de trinta países, são milhões de discos, CDs e DVDs vendidos. O regente holandês, no entanto, se viaja por tantos lugares e só encontra aplausos, tem um coração agradecido. Em grande concerto ao ar livre em sua cidade natal, teve oportunidade de afirmar que desejava, naquele quase final de apresentação, dizer algo muito pessoal. Recordou que Maastricht não era somente a melhor cidade, mas também a mais antiga da Holanda. Disse que reconhecia o sucesso que tinha no mundo. No entanto, era muito agradecido àquela cidade, àquele povo. Que ele não esquecera suas raízes, porque elas estavam ali. E a melhor forma de expressar a sua gratidão foi executar, com orquestra e coro, o hino de Maastricht.
O povo se ergueu, cantou, alguns com a mão no coração. Podia-se perceber que o regente quase não continha sua emoção, deixando-se envolver no amplexo da gratidão. 
Obrigado, terra natal! 
Expressava ele com a música, com sua orquestra, com o coro, com todo seu coração. 
O exemplo do famoso maestro holandês nos leva a meditar. 
A sua gratidão à terra natal, aos que o viram crescer no corpo e na arte, emociona. 
Quando, ainda nos dias recentes, tantos brasileiros abandonam a pátria em busca de mais amplos horizontes; quando, ao se despedirem, com quase desprezo, afirmam: 
-Espero nunca precisar voltar para este país
O gesto do grande músico nos remete a pensar e concluir que os verdadeiramente grandes homens são almas especiais. 
Sobretudo agradecidas. 
Pensemos nisso e onde quer que estejamos, sob aplausos ou não, nunca nos esqueçamos das nossas raízes. 
Podemos buscar alhures o sucesso, a felicidade, a oportunidade que se nos faz necessária, mas não desprezemos nossas origens. 
Não as esqueçamos. Sejamos gratos ao país que nos viu nascer, aos pais que nos deram o corpo físico e nos alimentaram os anos nascentes. 
Aos parentes que aplaudiram nossas primeiras conquistas. 
Aos irmãos que privaram conosco das horas de folguedos e de alegria.
Aos amigos que ouviram nossas queixas e insuflaram novo ânimo na jornada. 
Aos que nos legaram recursos para que alcançássemos nossos objetivos.
Enfim, onde quer que estejamos, felizes, bem sucedidos, sejamos gratos.
O torrão natal é nosso marco inicial na presente reencarnação. 
Não esqueçamos nossas raízes. 
Não esqueçamos da gratidão. 
* * * 
É sempre pálido o pagamento material por qualquer dádiva que se tenha recebido. 
Mas o gesto de ternura, a lembrança gentil, a palavra espontânea são valores-gratidão que não nos cabe desconsiderar. 
Nem esquecer. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 19.6.2020.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

O FILHO QUE SAÍU DE CASA

A parábola do Filho Pródigo contém preciosas lições. 
Uma delas reside no comportamento do filho pródigo. 
No princípio, ele se deixa seduzir pela tentação dos vícios. As paixões cintilam aos seus olhos e ele decide vivê-las. Pede recursos ao pai e se lança no mundo. Parte para longe de sua família e dissipa a própria herança. Entretanto, a vida o convida a rever seus valores e atitudes. Uma grande fome se faz no local que ele escolhera para viver. Enquanto passa duras necessidades, reflete sobre a abundância que existe na casa paterna. É então que começa a retificar o seu íntimo. Não pretende fugir às conseqüências dos próprios atos. Não almeja viver fartamente. Aliás, não pretende sequer ser tratado como filho. Contenta-se em ser admitido pelo pai como um simples trabalhador de suas terras. Tomada a resolução, lança-se na estrada. A viagem feita na riqueza agora é refeita na pobreza, em sentido contrário. Certamente são muitas as dificuldades para vencer as distâncias. Mas ele não esmorece e chega na propriedade da família. Confessa ao pai o arrependimento e suas novas disposições. Entretanto, grande é o júbilo do senhor da terra com o retorno do filho. Ele providencia os melhores sinais de boa acolhida, como boas vestes, anel no dedo e festa. 
* * * 
O filho pródigo representa o Espírito que se deixa seduzir pelas paixões mundanas. Tendo recebido preciosos tesouros do Criador, ele os consome inconseqüentemente. Vidas que deveria aproveitar para aprimorar-se e fazer o bem, ele gasta com bobagens. Permite-se atos desonrosos e converte-se em um mendigo espiritual. Essa situação já foi vivenciada, em maior ou menor grau, por quase todos os Espíritos que ora jornadeiam no planeta Terra. Agora, eles vivem a jornada de retorno. Por entre dificuldades, necessitam refazer o caminho para a casa paterna, que representa o equilíbrio e a paz. Nesse momento evolutivo, convém recordar o corajoso exemplo do filho pródigo. Ele assumiu valorosamente as conseqüências de seus atos. Na hora da reparação, não se rebelou e nem reclamou. Não desejou a chegada de uma confortável liteira para reconduzi-lo ao local de que saíra de livre e espontânea vontade. Reuniu suas forças e refez o caminho, resolutamente. Assim, se as dificuldades se apresentam em sua vida, não se imagine vítima e nem brade contra os Céus. Veja nelas o seu caminho para a conquista da paz e do bem-estar. Trilhe-o com coragem e dignidade, certo de uma acolhida generosa, ao término da jornada. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 22.10.2008.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

JESUS EM MINHA VIDA

Em todas as religiões cristãs, Jesus é o Modelo de conduta, é o grande Mestre que ensina a viver melhor, é o Modelo e Guia. 
Jesus nada escreveu, mas falou a todos aqueles que O quiseram escutar fosse por necessidade, por curiosidade, ou, até mesmo, por desejo de combatê-lO. 
Suas ideias e ensinamentos disseminaram-se rapidamente pois aqueles que o ouviam comentavam, encantados, suas palavras com outrem.
Depois de Sua morte física, os Apóstolos levaram Seus ensinos a lugares distantes, aumentando o número daqueles que os conheceriam. 
Alguns dos seguidores escreveram a respeito do que viram e ouviram de Jesus, e esses textos formaram os Evangelhos. 
Sua vida e Sua obra, eternizadas por esses textos, são as mais comentadas e discutidas pelas civilizações da Terra, através dos tempos.
Em todas as religiões cristãs o Evangelho é a base dos estudos e das pregações possibilitando, a todos, reflexão. 
O Evangelho pode ser considerado como um testamento que Jesus deixou para a Humanidade, sendo o mais belo poema de esperanças e consolações a que podemos ter acesso. 
Ainda hoje, Sua voz alcança os ouvidos de todos aqueles que O buscam, com lições de beleza e de felicidade, dando oportunidade de esperar por melhores dias à medida que nos ensina a autossuperação. 
Nos dias atuais, conhecer e estudar o Evangelho está ao alcance de todos, diferentemente do que acontecia quando isso era reservado apenas aos líderes espirituais de algumas religiões. 
Mas, será que o conhecimento do que disse Jesus, dos Seus exemplos, das Suas ideias nos serve para realmente modificar nossas vidas? 
Será que procuramos ser simples e humildes como Ele nos ensinou? 
Será que, diante de um ato violento seja físico ou moral, feito contra nós, sabemos mostrar a outra face ao agressor, dando-lhe um exemplo de brandura e não de revide? 
Será que, ao nos sentirmos ofendidos, sabemos perdoar, da mesma maneira que, quando ofendemos queremos ser perdoados? 
Será que somos capazes de dialogar com todos, a despeito de quaisquer diferenças, mantendo-nos calmos e pacíficos? 
Somos capazes de tratar com amor alguém, cujas atitudes não estejam de acordo com nosso padrão moral, sem fazer julgamentos? 
Somos capazes de refletir sobre aquilo que nos faz sofrer, sem nos julgarmos vítimas, mas sim responsáveis, e, dessa maneira, conseguirmos usar este sofrimento para nos modificarmos interiormente? 
Será que temos, realmente, ouvidos de ouvir, ou decoramos as passagens dos Evangelhos e as repetimos superficialmente sem nada colocar em prática? 
Nosso querido Mestre jesus esteve entre nós porque desejava deixar um caminho a seguir. 
Se queremos realmente conhecê-lO não basta apenas ler ou ouvir o que Ele falou, mas sim experimentar, em nossa vida, Seus ensinamentos, colocando-os em prática. 
Como nosso amigo e terapeuta, Ele espera que possamos abrir coração e mente para as reflexões que há dois mil anos estão espargidas no ar que respiramos, esperando solo fértil para germinar e florescer. 
Redação do Momento Espírita, com base no Seminário O significado de Jesus: o encontro real - mudanças internas, desenvolvido no Encontro Fraterno com Divaldo Pereira Franco, realizado na Praia de Guarajuba – BA, em setembro de 2009 e na introdução do livro Jesus e o Evangelho à luz da psicologia profunda, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 20.1.2021.

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

DEIXAR CRESCER

A tradição bíblica ensina que antes da chegada de João Batista houve um grande silêncio profético. Por aproximadamente quatrocentos anos, nenhum profeta falou ao povo. 
Finalmente, João Batista começou a pregar e causou grande comoção. Muitos até achavam que ele era o Salvador longamente esperado. Contudo, quando Jesus o procurou para ser batizado, João foi enfático em apontá-lO como O que haveria de vir. Em um momento posterior, surgiu certa crise envolvendo os discípulos de João, a respeito da figura de Jesus. O Batista novamente não titubeou e afirmou com clareza: 
-É necessário que ele cresça e que eu diminua. 
É interessante observar que o famoso profeta não estava procurando um caminho fácil para seguir. Ele não se tornou inerte, não fugiu de seus testemunhos. Continuou a pregar com desassombro, até que seu falar claro fez com que os poderosos da época decidissem assassiná-lo. Mas nem por isso deixou de reconhecer o lugar que lhe cabia na concretização de um ideal superior. 
Essa postura de João Batista pode suscitar saudáveis reflexões. 
Muitas criaturas se dispõem a fazer o bem ou a trabalhar por um ideal. Entretanto, exigem ocupar lugares de importância. Desejam servir, sim. Mas, desde que isso lhes propicie brilho e reconhecimento. Quando se apresenta alguém mais capacitado para o desempenho de uma tarefa considerada importante, relutam em ceder o lugar. Se uma nova liderança surge, com grande potencial, tratam de boicotá-la. Fazem-se severos críticos de tudo e de todos que podem lhes fazer sombra. É como se o bem somente pudesse se realizar através delas. 
Tal gênero de conduta sinaliza que a vontade de servir-se de uma causa é maior do que o desejo de servi-la. 
Entretanto, na tarefa de construção de um mundo melhor há espaço para todos. 
A verdadeira recompensa pelo amor do belo e do bem é a paz interior.
O reconhecimento do mundo é transitório e costuma representar principalmente um fardo a ser suportado. 
Não compensa viver em função dele. Importa aprender a servir, onde e como se fizer necessário. 
Se a tarefa exigir alguma exposição, manter a modéstia. 
Quando o momento de brilho passar, permanecer no serviço, ainda que em posição singela. 
Assimilar que o bem não tem dono e que sua concretização é uma conquista da Humanidade inteira. 
Rejubilar-se com o aparecimento de pessoas com grande potencial e desejosas de trabalhar. 
Deixar que cresçam e alegrar-se mesmo com o crescimento delas. 
No momento certo, saber tornar-se obscuro, a fim de que uma luz maior brilhe, em benefício de todos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 18.1.2021.
http://momento.com.br/pt/index.php

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

O FILHO QUE FICOU EM CASA

O ensino mediante parábolas foi um precioso recurso utilizado por Jesus em Seu ministério de amor. Essas pequenas histórias contêm profundos ensinamentos que o leitor ou o ouvinte gradualmente percebe. Os séculos passam, mas as grandes lições não envelhecem, pois retratam a eterna luta da alma humana para libertar-se do primarismo evolutivo. A Parábola do Filho Pródigo é uma dessas belas lições. Como toda parábola, ela comporta diversas leituras, sempre ricas de ensinamentos. O enfoque pode ser na generosidade do pai, sempre disposto a acolher com alegria o filho que se perdera. Ou nas dores que o desfrutar das paixões provoca. Mas um ponto interessante para reflexão reside no comportamento do filho que ficou em casa. Em um primeiro momento, ele parece mais equilibrado do que o seu irmão. Satisfeito com a disciplina da casa paterna, não se entusiasma com a perspectiva de festas e desfrutes. Enquanto o denominado filho pródigo ganha o mundo, ele permanece vivendo de forma equilibrada. Entretanto, esse equilíbrio é colocado à prova quando seu irmão retorna, sofrido e humilhado. Então, em vez de se alegrar com o retorno do companheiro de folguedos infantis, ele se indigna. Recusa-se a entrar em casa e a participar da festa. Instado pelo pai a retificar o comportamento, dá mostras de rancor ao falar de sua prolongada obediência, a seu ver sem recompensas. O filho que ficou em casa representa uma parcela muito significativa da Humanidade. Trata-se das pessoas bastante focadas em viver sem escândalos, mas também sem generosidade. Elas se esmeram em cumprir regras, em fazer o que parece correto, em termos pessoais ou sociais. Contudo, o seu viver não tem bondade. Porque conseguem domar algumas paixões, criticam asperamente quem a elas sucumbe. Muitas chegam a desejar a dor e a desgraça para aquele que comete pequenos deslizes ou se permite viver de forma desregrada. Essas pessoas, em sua severidade, não entendem o essencial das leis divinas. Essas leis não existem para cercear todos os passos das criaturas. Elas são um roteiro de liberdade e felicidade. Uma vida digna e profícua é resultado da internalização dos códigos divinos. Mas essa internalização é incompatível com um coração rancoroso e ressequido. É preciso bondade e leveza para uma correta compreensão da Lei de Amor que rege os mundos. Embora com necessidade de experiências diversas, todos os homens são irmãos e se assemelham, em sua essência. Para viver em paz, urge identificar-se com o próximo e ser feliz com a felicidade dele. A vida trata de providenciar as reparações e as lições necessárias. O papel dos homens consiste no auxílio mútuo e na vivência da fraternidade. 
Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita 
Em 30.10.2008.

domingo, 17 de janeiro de 2021

FILHO MEU QUE NÃO É MEU

Filho meu, que não é meu, de quem és? 
 Precisamos ser de alguém para fazer sentido, 
para dar sentido, para sentir? 
 Se nada daqui levamos, por que possuir? 
Qual o sentido da posse? 
 Filho meu, que não é meu, de quem serás? 
Por que serás? 
 Por que possuir? 
Não basta ser? 
* * *
Vivemos ainda os tempos da posse que nos encanta os olhos. 
Existimos para possuir coisas, para possuir pessoas, para fazê-las nossas, contando com isso para que nosso viver tenha sentido. 
Mas já paramos para pensar qual o sentido da posse? 
Por que possuir? 
Por que essa ânsia em ter, se o ter não nos faz melhores ou maiores? 
O materialismo é, certamente, o maior dos vilões dessa história, junto ao egoísmo. 
Se conseguirmos viver baseados nos princípios do Espiritualismo, isto é, sabendo que somos Espíritos e que a vida do Espírito é imorredoura, mudamos o foco, mudamos a visão sobre tudo. 
Nós, Espíritos, só levamos daqui, da Terra, as conquistas da moralidade e da intelectualidade. 
Essas são nossas. 
Não são posses propriamente ditas, são, sim, lapidações em nossa alma.
Espíritos não possuem Espíritos, isto é, não possuímos os outros e não há tal necessidade uma vez que amadurecemos. 
Caminhamos juntos, criamos laços de amor profundo e, pela lei de afinidade, sempre estaremos próximos. Assim, não há necessidade de possuir. 
O amor verdadeiro liberta, deixa espaço para que o próximo cresça, se desenvolva, alce voos outros que, por vezes, planarão sobre planícies distantes das nossas. 
Isso não significa uma perda, mas um espaço saudável, fundamental para o desenvolvimento de todos nós. 
Não possuímos nossos filhos. 
Não possuímos nossos amores. 
Estão ombreando conosco, nestes dias de transformação da Humanidade, para que juntos sejamos mais fortes. 
O amor cria um laço muito forte, sem dúvida. 
Por vezes não conseguimos vislumbrar como seriam os dias sem eles, os nossos amados, mas a vida precisa ter sentido com ou sem eles. 
Somos individualidades, Espíritos em evolução, e nossa vida deve fazer sentido sem precisar da posse, de coisas ou pessoas. 
Assim, reflitamos diariamente: 
Por que possuir? Não basta “ser”? 
 * * * 
Desapego. 
Pensemos profundamente sobre essa ideia. 
A ideia de usufruir das coisas, mas não criar esse laço excessivo da posse para com elas. 
É um exercício diário desapegarmo-nos das coisas e também das pessoas, amando e libertando a cada dia. 
Deixemos de usar os pronomes meu, minha, com tanta ênfase, para nossos familiares – é um exercício interessante. 
Nosso filho não é nosso, no sentido de que o possuímos – é nosso companheiro, nosso amigo, nosso amor – mas, nunca nossa propriedade.
Pensemos nisso... 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 27, ed. FEP. 
Em 30.3.2015.

sábado, 16 de janeiro de 2021

UM FILHO EXEMPLAR

Um dia desses conversava com os pais de um jovem portador de uma enfermidade que o encarcerou numa cadeira de rodas, tornando-o dependente dos cuidados dos familiares. Quando tivemos o primeiro contato com a família, o garoto ainda era senhor dos próprios passos, corria, jogava, brincava como qualquer criança. Um dia surgiram alguns sintomas e os especialistas deram a triste notícia aos pais: o agravamento era inevitável. Mas o que impressiona naquela família é a forma com que enfrenta a situação. O irmão mais novo é todo atenção e carinho. A irmã mais velha é a presença constante do afeto. A mãe é o eixo central que dá o tom do equilíbrio e instaura a disciplina. É como uma flor a espalhar o perfume da ternura em notas de afago e firmeza. O pai é a segurança, o grande amigão, o companheiro que assiste o futebol e torce junto, embora para times diferentes. O jovem tem dificuldades para pronunciar as palavras, mas tem um notável senso de humor. Não deixa passar as oportunidades de comentar, de forma jocosa, as pequenas falhas do pai. Quando o pai o esquece no banheiro, por longo tempo, ele diz que já está acostumado, por isso tem sempre ao lado do vaso uma revista ou um livro de sua preferência. Você não é o pai que eu desejo, mas é o pai que eu preciso, comenta de vez em quando, com um sorriso maroto. Um dia, uma vizinha perguntou a sua mãe: 
-É você que tem um filho-problema? 
E a mãe respondeu, sem hesitar: 
-Não, eu não tenho nenhum filho-problema. 
Um dia, comentando esse episódio, essa mãe-ternura dizia: 
-Não vejo em meu garoto um filho-problema. Ele é parte importante para a alegria do nosso lar. Ensina-nos tantas coisas. É valioso tesouro que o Criador nos emprestou. Creio que filho-problema é aquele que provoca pranto e infelicita os pais... É o filho criminoso, violento, que crava no coração dos pais o punhal do desgosto, da ingratidão. Filho-problema é o filho esbanjador, explorador de seus pais, corrupto e corruptor, insensível, irresponsável. Portanto, meu garoto não é um filho-problema, embora tenha sérias limitações físicas.  
Sem dúvida aquela mãe tem razão. 
Existem pais e mães que carregam a pesada cruz construída por filhos-problema. 
Enquanto cuida, com desvelo e carinho, do seu tesouro imobilizado numa cadeira de rodas, aquela mãe pensa nas outras mães que morrem aos poucos nas madrugadas à espera de filhos indiferentes.  
Propiciar bem-estar ao seu jovem rapaz, fazer-lhe a higiene, alimentá-lo, renunciar à profissão para se dedicar ao seu tesouro, não é problema nem sofrimento para aquela amorável mãe. 
No entanto, há outras mães que amargam seus filhos-problema, que não têm nenhuma limitação física, mas cujos corações são de pedra. 
Por tudo isso, é importante pensar a respeito do que seja realmente um filho-problema. 
E estejamos seguros de que as limitações físicas de um filho não são, necessariamente, fonte de dificuldade para os pais, assim como a saúde física não é garantia de felicidade. 
 * * * 
Todo filho é empréstimo sagrado que o Criador concede aos pais para que seja burilado com o cinzel do amor. 
Quase sempre o filho rebelde é alguém que necessita de carinho e firmeza para que possa reencontrar o caminho para Deus. 
Assim sendo, não importa o quanto custe de sacrifício e esforço, o melhor investimento que os pais podem fazer é devolver ao Genitor Celeste essas joias com mais brilho na alma. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 10.09.2012.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

QUEM É DIGNO?

Preconceito é o conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos. É um pré-julgamento. Justamente por se tratar de um conceito exarado de forma aleatória, tem sido causador de muitas injustiças. Por causa do preconceito racial, guerras foram desencadeadas. Nações se arvoraram como superiores a outras e submeteram à escravidão os julgados inferiores. Por causa do preconceito, a criança mais agitada ou sagaz, o canhoto, o diferente foi tido como merecedor de castigo. Simplesmente por destoar dos demais. O preconceito separa as pessoas, segrega comunidades e entrava o progresso. De se estranhar, portanto, quando o preconceito vige entre os que se afirmam religiosos. Preconceito entre adeptos de religiões diferentes, julgando-se uns credenciados com exclusividade ao reino dos céus, apontando formas de infelicidade aos que não seguem a mesma expressão de fé. A questão assume proporções mais graves quando se observa o mal estar causado pela presença de determinadas pessoas no templo de uma ou outra denominação religiosa. 
- Como, comenta-se, Fulano, com uma ficha de tantos desacertos, ousa adentrar o templo religioso? Como pode, com tantos erros? 
Quando tais disparates são expressos, nos recordamos de que, se os cristãos primitivos assim agissem, jamais teríamos conhecido o inigualável valor de Paulo de Tarso. Ele trazia as mãos tintas do sangue da primeira execução de um seguidor de Jesus. Ele era o perseguidor da Boa Nova. Mas o perseguidor se torna Arauto do Evangelho. E perseguido, dará testemunho da verdade, até a morte. A ele se deve a propagação do Evangelho além fronteiras de Israel. 
Jesus dizia que Ele não viera para os sãos, porque esses não necessitam de médico. Eu vim para as ovelhas perdidas, afirma, mais de uma vez. 
Por isso, quebra as barreiras do preconceito e tem um encontro com a samaritana, no poço de Jacó.  
Cura o servo do centurião romano, e louva-lhe a conduta, confessando publicamente jamais ter encontrado, em Israel, tal expressão de fé. 
Aceita convites para as refeições e se faz presente em casa de ex-leprosos e publicanos. 
Anda com mulheres tidas como de má vida. 
Concede entrevistas ao doutor da lei, ao jovem rico, à mulher do intendente de Herodes. 
Todos são credores do Seu amor e da Misericórdia do Pai. 
 * * * 
Se nosso Modelo e Guia assim procedeu, pensemos quanto mais não devemos nós, ainda tão frágeis, tão problemáticos, olhar com compaixão aos que, como nós, tentam acertar, nem sempre alcançando êxito. 
Tanto quanto a ida ao templo de nossa fé nos reabastece de energias, não coloquemos entraves a outrem que busque os mesmos benefícios. 
Se há erro, culpa nele, o problema compete à Justiça Divina. 
A nós compete o apoio de irmão, o ombro amigo, a caridade da compreensão. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP. 
Em 14.1.2021

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

SAUDADE

Dr. Raymond A. Moody Jr.
De todas as dores da Humanidade, possivelmente a mais aflitiva seja a que se constitui na separação dos afetos pelo fenômeno da morte. Embora todos saibamos que a morte é a etapa final dos que vivem na Terra, não nos preparamos para recebê-la. Eis porque ela sempre nos surpreende, esfacelando-nos o coração em tortura moral. Para os que acompanham o féretro até o que se denomina a última morada do corpo de carne deveria ser o momento de acuradas reflexões. 
O que existe, afinal, para além do túmulo? 
Para onde vão as almas dos que se foram, abraçados pelo sono da morte? 
Como diluir a dor da separação? 
Que existe vida além desta vida já foi suficientemente comprovado. Seja pela revelação religiosa que, desde os tempos imemoriais se refere ao Espírito imortal, seja por ramos da ciência médica e psicológica que apresentaram estudos variados, concluindo pela existência de um mundo invisível, onde vivem os que deixam o corpo carnal. 
Jesus, o Mestre Excelso, provou mais de uma vez que a morte é uma ilusão dos sentidos físicos. 
No Tabor, ao se transfigurar, frente aos olhares atônitos de Pedro, Tiago e João, apresenta-se tendo ao lado direito e esquerdo as figuras veneráveis do legislador hebreu Moisés e do profeta Elias. Ora, ambos haviam vivido entre os hebreus há muitos séculos. Contudo, ali se apresentaram tão vivos que Pedro cogitou de erguer tendas para que eles as habitassem, ali mesmo no Monte Tabor. 
Jesus, após Sua morte infamante na cruz, apresentou-se aos Apóstolos e aos discípulos variadas vezes, em ambientes fechados e ao ar livre, demonstrando que prosseguia vivo. 
Os que morrem continuam vivendo, no mundo que lhes é próprio, o espiritual, que somente não detectamos pela grosseria de nossa visão material. A prova de que prosseguem vivos a temos nos sonhos em que com eles nos encontramos, trocamos confidências, amenizamos a saudade. 
Essas são as experiências individuais de todos nós. 
Apesar de tudo, a saudade se alonga nos dias, tanto mais forte quanto mais se demoram os meses e se amontoam os anos. 
Por isso, somente a oração pode lenificar a longa saudade. 
Quando oramos a Deus pelos que partiram, eles nos sentem as vibrações, quais se fossem abraços de carinho e na mesma intensidade, os retribuem, pelos fios do pensamento. 
Um dia, logo mais, haveremos de nos reencontrar na Espiritualidade, quando transpusermos os umbrais da morte. Então, diremos Adeus aos que permanecem, para recebermos um Olá, você chegou! dos que nos precederam e nos virão receber no portal da tumba. 
Você sabia...? ... 
Você sabia que existem inúmeros livros que falam da vida para além desta vida? … 
Que o Dr. Raymond A. Moody Jr. escreveu livros acerca de suas investigações do fenômeno da sobrevivência à morte física? 
São relatos de criaturas que tiveram experiências de quase morte e retornaram contando do que ouviram, dos seus contatos, testemunhando pois que há vida depois desta vida. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 17, ed. FEP. 
Em 13.1.2021.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

RESGATE DE UM HEROI

Luiz Martins de Souza Dantas
A História do Brasil registra feitos de muitos heróis. 
Heróis de guerras, heróis que morreram em defesa da liberdade do nosso país. 
Contudo, ainda hoje, existem outros tantos heróis desconhecidos que nos merecem todas as honrarias. 
É possível que poucos ou nenhum de nós tenha ouvido falar a respeito de Luiz Martins de Souza Dantas. Seu nome, em verdade, não figura em nenhum livro-texto de História do Brasil. Descendente de uma das mais ilustres famílias do Império, após seguir uma apreciável carreira política, por vários anos, dentro e fora do Brasil, foi nomeado embaixador na França. Apreciador das artes, da música, é descrito como uma alma nobre e generosa. Anfitrião impecável dos brasileiros em Paris, era também um grande filantropo, disposto a ajudar todos os que passaram por sua vida. Diplomata experiente, dotado de grande inteligência e perspicácia, Dantas circulava entre os mais altos e restritos círculos diplomáticos. Cedo compreendeu a catástrofe, prestes a se abater sobre a Humanidade, com a ascensão do nazismo. Dizia ser aquela uma época de trevas e de barbáries. Quando eclodiu a Segunda Guerra Mundial, o Itamaraty já havia baixado uma série de leis e circulares, dificultando a entrada, no Brasil, de pessoas de raça semítica. Souza Dantas, apesar dessas proibições, decidiu agir de acordo com sua consciência, conseguindo passaportes e assinando pessoalmente os vistos. Entre as cerca de oitocentas pessoas, quatrocentas e vinte e cinco delas de origem judaica, que entraram no Brasil, graças a Dantas, algumas viriam a ter destaque na vida brasileira, como o ator e diretor teatral Ziembinski. Em novembro de 1940, o embaixador Dantas foi advertido pelo Itamaraty, pelas suas concessões. Ele continuou a expedir vistos, com datas retroativas, de forma a serem anteriores à instrução. Em 1942, Dantas enfrentou a Gestapo. Ele e os demais membros da representação brasileira, em Vichy, na França, foram confinados, em condições precárias, por catorze meses. Por sua ousadia, mesmo concluída a guerra, foi relegado ao ostracismo diplomático, pelo governo brasileiro. Somente depois de dezembro de 1945, ele seria nomeado para chefiar a delegação brasileira na ONU. Morreu pobre e abandonado, em um humilde quarto de hotel, em Paris, em 1954. No ano de 2003, seu nome foi inscrito no Museu do Holocausto, em Jerusalém, como Justo entre as nações, por seu empenho pessoal na emissão de centenas de vistos, durante os anos mais duros da repressão nazista na Europa. O homem que pôs em risco sua carreira e sua vida, que desafiou nazistas na Europa e políticos no Brasil, recebeu a medalha póstuma, por seus méritos. Ele merece brilhar na galeria universal dos heróis do Século vinte. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Quixote nas trevas, de Fabio Koifman, ed. Record. 
Em 11.1.2021.

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

A SABEDORIA DE ENVELHECER

Ele é um homem com mais de oitenta anos. Forte, daqueles bons italianos. Um exemplo de saber envelhecer. Ele já se deu conta, há muito tempo, que o vigor da juventude o deixou. Mas, isso não quer dizer que se acomodou. Faz tudo o que o corpo ainda lhe permite. Até há pouco tempo, dirigia seu carro e, em determinadas épocas, tomava da esposa, dizia Inté para os filhos e netos e saía a viajar. De cada vez, um local diferente.
-Vamos conhecer tal lugar? 
Perguntava para a esposa, cuja idade beira a dele. Quer dizer, perguntava por perguntar, porque a senhora, também disposta, sempre concordava. Fecham o apartamento e lá se vão para uma estância, uma estação de águas, um hotel fazenda. Há pouco, completaram suas bodas de ouro e os filhos promoveram uma grande festa. 
Ele compareceu no mais belo e alinhado terno, bigodes aparados, cabelo branco bem penteado e a seriedade, disfarçando a emoção. 
Ela, num lindo vestido longo, azul turquesa, encantando os olhos dele, como se fossem os anos primeiros de convivência. 
Recentemente, amigos de ideal espírita decidiram por prestar-lhe homenagem, pelos anos de dedicação à causa. Pelo seu pioneirismo, alçando a bandeira da Doutrina Espírita em terras onde apenas despontava, tímida. De imediato, sua memória e sua ética foram ativadas.
-Por que eu? Antes de mim, houve quem fizesse muito mais do que eu. E melhor. 
E recordou do amigo, por cujas mãos conheceu a Doutrina Espírita. E esteve presente para a entrega da homenagem. Naturalmente, ele também foi homenageado. Emocionado, agradeceu, dizendo não merecer porque, dizia, da Doutrina Espírita recebera o melhor. Ele era, portanto, um devedor. E, incentivou à juventude, aos atuais trabalhadores a continuarem no bendito labor da divulgação, espalhando luzes, aclarando mentes e corações. 
Comoveu a todos. 
Simples, embora detentor de considerável patrimônio e posses, abraça com vigor os amigos. Faz questão de um bom papo, embora a dificuldade, por vezes, para ouvir. Mas, ele ajusta o seu aparelho para a surdez e participa. Não tem vergonha de tornar a perguntar, quando não entende. Sábio, não fala se não tem certeza de ter bem entendido a pergunta. Sabe calar-se quando muitos falam ao mesmo tempo, dificultando-lhe a captação das palavras. Ainda guarda um ar de maroto, por vezes, mostrando que o viço infantil não morreu em sua intimidade. 
Assim, outro dia, em pleno café da manhã com amigos, quando todos já haviam terminado a refeição e se entretinham à mesa, conversando, ele tomou de uma faca e a introduziu no pote de doce de leite. Trouxe-a com a ponta carregada do precioso doce. Olhou para a esposa, exatamente como criança que sabe que, o que vai fazer está errado, e lambeu-a, com prazer. 
Todos riram. 
Ele também. 
Havia acabado de fazer uma peraltice bem própria de criança. Mas, afinal, quando envelhecemos com sabedoria, somos assim. Maduros no agir, jovens no pensar, crianças para o prazer de viver intensamente cada dia. 
* * * 
Pessoas frívolas, que somente valorizam o exterior, temem envelhecer.
Pessoas ponderadas envelhecem sorrindo. 
Sabem que o vigor da juventude é passageiro e aproveitam a madurez dos anos para semear sabedoria e colher venturas. 
Venturas por ter educado filhos para o bem e para o amor. 
Por ter cultivado o afeto no matrimônio. 
Por ter construído amizades sólidas, independentes de idade, raça, cor, nível social. 
Aprendamos com quem sabe envelhecer!
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita v. 13 e no livro Momento Espírita, v. 6, ed. FEP. 
Em 12.1.2021