quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

ANTE O NOVO ANO

Ao finalizar o ano 1900, muitos pensadores argumentavam que o raiar do Século XX marcaria o fim da fase religiosa da História. 
Mas cá estamos, no Século XXI e a mensagem do Cristo está bem viva e forte no pensamento e no coração de incontáveis pessoas. 
Voltaire, escritor francês do Século XVIII, imbuído desse espírito cristão, teve oportunidade de produzir excelentes peças de caráter religioso. 
Neste início de mais um ano, é importante revermos tais escritos que nos remetem a uma profunda fé em Deus. 
Exatamente aquele Deus que Jesus nos revelou como o Pai de todos nós. Um Pai que ama e por amor nos sustenta os dias. Deus de todos os seres, de todos os mundos, de todos os tempos. 
-Se é permitido a frágeis criaturas, não percebidas para o resto do Universo, atrever-se a Te pedir algo, a Ti, que tudo nos tens dado; A Ti, cujos decretos são imutáveis e eternos. Olha com piedade os erros de nossa natureza. Que esses erros não sejam calamidades. Afinal não nos deste o coração para nos aborrecer e as mãos para nos agredir. Faze com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e fugaz. Que as pequenas diferenças entre os trajes que cobrem nossos frágeis corpos, entre nossas insuficientes linguagens; entre nossos ridículos usos, entre nossas imperfeitas leis, entre nossas insensatas opiniões, entre nossas condições tão desproporcionadas aos nossos olhos e tão iguais diante de ti; que todos esses matizes, enfim, que distinguem os átomos chamados homens, não sejam sinais de ódio e de perseguição. Que aqueles que acendem velas em pleno meio-dia para Te celebrar, tolerem os que se contentam com a luz de Teu sol. Que os que cobrem seus trajes com tela branca para dizer que devemos amar, não detestem os que fazem o mesmo sob uma capa de lã negra. Que seja igual adorar-Te em dialeto formado de uma língua antiga e em uma recém-formada. Que todos os homens se recordem de que são irmãos! Se os açoites da guerra forem inevitáveis, dá-nos condições de não nos desesperarmos. Que não nos destrocemos uns aos outros em tempos de paz. Que empreguemos o instante de nossa existência em bendizer em milhares de idiomas, desde o Sião até a Califórnia, Tua bondade que nos concedeu este instante. 
* * * 
Originados da mesma fonte, amparados pelo mesmo Pai, todos os homens somos irmãos. Se as fronteiras nos dividem em países e nações, se os idiomas nos criam dificuldades de comunicação, se as distâncias nos impedem de nos entrelaçarmos, a vibração da fraternidade deve vigorar em nossos corações. Todos fomos criados por amor, somos filhos da Luz e destinados à luz. Por ora, e somente por agora, nos situamos em painéis diferentes. Mas um dia, além do corpo, transcorrido todo o caminho, todos chegaremos ao mesmo fim. 
A Casa do Pai. 
A perfeição. 
Redação do Momento Espírita com transcrição de versos da Prece da Tolerância, de Voltaire. 
Em 31.12.2020.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

ESPERANÇA NO ANO NOVO

Mário Sérgio Cortella
Podemos comparar nossas vidas a um livro. 
Somos os protagonistas e os escritores da história que nele será contada. Vamos escrevendo lindos versos, pequenos poemas, longas prosas, dramas e comédias. Cada dia podemos registrar, nesse livro, grandes conquistas que alcançamos, a partir de nosso esforço e dedicação. Também as nossas falhas, decorrentes de descuidos e ações muitas vezes impensadas. Registramos nossos amores, lembranças queridas de nossos pais, momentos alegres com nossos filhos, períodos felizes com nossos amigos... Escrevemos páginas sobre o que fazemos, a dedicação que temos na profissão, os bons colegas com os quais convivemos. Em algumas delas, registramos as nossas tristezas, momentos de dor e sofrimento, de despedida e desfazimento de laços. 
Capítulos e mais capítulos. 
Uma infinidade de palavras e de frases grafadas nesse livro pessoal. 
A cada novo ano que surge, podemos reflexionar sobre os meses passados, o que estamos grafando nesse período. É oportunidade de pensar em novos desejos, novos sonhos, realizações que pretendemos alcançar. Nesses momentos, nos sentiremos bem se relermos algumas páginas. Aquelas que nos fizeram felizes, em que nos sentimos realizados. 
E quando verificarmos as anotações dos erros cometidos, eis a oportunidade de pensar em reescrever, sem tantos equívocos. 
Podemos começar nos propondo a realizar mudanças em nosso comportamento, em nossas palavras, em nossas ações, em nossas ideias. Importante é mudar para melhor. 
Quem sabe possamos nos servir de um verbo diferente nas páginas do novo ano: esperançar. 
Não se trata de nada que signifique simplesmente ficar esperando.
Esperançar no sentido de nos reerguermos. 
De perseguir um sonho ainda não sonhado.  
De construir. 
De não desistir. 
Esperançar no sentido de levar adiante o projeto apenas esboçado. 
Juntar-se a outros para fazer de outro modo... 
Pensemos no novo ano como a oportunidade de escrever muitas vezes esse verbo, no livro da nossa vida. 
Trabalhar pelo planejado, concretizar os propósitos ainda não alcançados, conquistar a felicidade almejada tantas e tantas vezes. 
Buscar ações que contribuam para um mundo melhor, com mais gentileza, mais gratidão, mais amor. 
Não pensar em desistir quando a dor surgir, quando algo não der certo, quando muitas coisas pareçam estar somando contra. 
Vamos seguir em frente, sem nos deixarmos ficar presos ao passado com mágoas ou lamentações. O que ficou nas páginas mal escritas deve nos servir como lições, jamais como correntes que nos possam aprisionar em situação desagradável. 
Façamos o propósito de escrever lindas páginas. 
O Ano Novo nos acena com a possibilidade de trezentas e sessenta e cinco páginas, em branco. Nelas podemos escrever poemas de amor, contos de alegria e realização. Belas histórias com as pessoas que compõem a nossa família, o nosso círculo de amizades, o ambiente do nosso trabalho. 
Esperançar, desde agora. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo A resignação como cumplicidade, de Mário Sérgio Cortella, do Jornal Folha de São Paulo, de 8.11.2001. 
Em 30.12.2020.

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

VIRTUDES PARA O ANO NOVO

Quando estamos próximos a um novo ano, muitos temos o hábito de fazer uma lista do que pretendemos alcançar nessa nova etapa de nossas vidas. 
Pensando nisso, imaginamos que poderíamos elaborar uma lista de virtudes para desenvolvermos no novo ano. 
Podemos começar com a benevolência. 
A benevolência é a virtude daquele que demonstra afeto, que é bondoso, que pratica a caridade, que tem empatia para com o outro. 
Podemos incluir também, a paciência. 
Ser paciente significa ser sereno e tolerante com os demais, compreender que não podemos controlar tudo que acontece em nossas vidas. Significa, em essência, fortalecer nosso autocontrole e nossa autoconfiança. 
E o otimismo? 
Essa virtude nos permite olhar para a vida com alegria, ampliando a confiança em Deus e em Sua justiça. Podemos exercitar o otimismo em nossas ações, estimulando o trabalho, os bons pensamentos e a esperança. 
Podemos acrescentar, em nossa lista, o contentamento, virtude que nos ensina a aproveitar as boas coisas que acontecem conosco e a ficarmos felizes nessas circunstâncias. 
Algo que também podemos colocar em nossa lista é a reflexão. 
Refletir significa aprofundar o pensamento, buscando analisar todas as conexões que conseguimos identificar sobre um fato ou um tema. Para que possamos desenvolver a reflexão é preciso sabermos nos tranquilizar; é preciso destinar um tempo, para nos desligarmos da agitação do dia a dia. 
A partir da reflexão podemos alcançar a harmonia, a sabedoria e o esclarecimento. 
Algo mais que podemos integrar nas nossas propostas para o próximo ano é a generosidade. Essa virtude está relacionada com o compartilhamento. Ser generoso é exercitar a doação ao próximo de tudo que tenhamos a ofertar: uma palavra amiga, um olhar carinhoso, um alimento para quem tem fome, a mão para quem precisa se reerguer. 
Podemos ainda acrescentar a resiliência nesse planejamento. Ser resiliente é compreender que situações ruins podem acontecer, mas que delas podemos extrair lições preciosas em vez de ficarmos presos ao sofrimento. 
Por fim, podemos incluir a disciplina no rol das virtudes que pretendemos cultivar no próximo ano. Essa é uma virtude que pode nos ajudar, e muito, na concretização de todas as demais pretensões. Consiste nessa força interior que nos permite a alteração de velhos hábitos. Não se trata apenas de decidir melhorar, mudar, mas de colocar em prática o que decidimos. Virtude fundamental para que as transformações possam ser alcançadas. A disciplina está de mãos dadas com a perseverança e o progresso. 
Nessa lista, necessário analisarmos o que seja mais importante para nossa vida e escrever em primeiro lugar, relacionando as demais, de forma sequencial. 
Esmeremo-nos na relação das conquistas a serem empreendidas no ano que se esboça à frente. 
Pensemos nisso. 
Façamos a nossa lista individual. 
Depois, nos bastará sair do simples planejamento, e colocar nossa vontade em ação! 
Redação do Momento Espírita. 
Em 28.12.2020.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

FIDELIDADE

Dia desses nos chegou um e-mail, daqueles que as pessoas enviam para seus amigos e os dizeres nos chamaram atenção. 
Dizia o seguinte: 
-A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos e até ter um governo mais ou menos.  
-A gente pode dormir numa cama mais ou menos, fazer uma refeição mais ou menos, ter um transporte mais ou menos. 
-A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos. 
-O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum, é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos e acreditar mais ou menos. Senão corremos o risco de nos tornar uma pessoa mais ou menos. 
A tônica da mensagem é interessante porque nos chama atenção para uma realidade muito comum em nossos dias. 
A realidade da omissão. 
No Novo Testamento encontramos esta advertência: 
-Oxalá fosses frio ou quente. Mas porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca. 
Em outro momento Jesus adverte: 
-Seja o seu falar sim, sim, não, não. 
O convite à firmeza, à fidelidade, à definição é claro, pois é dessa forma que evidenciaremos o nosso caráter. 
Encontramos na História do Cristianismo um exemplo clássico de omissão, que foi Pilatos. Ele sabia que Jesus era inocente. Isso fica claro quando apresenta Jesus ao povo e diz: 
-Eu o estou trazendo para fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele nenhum crime. 
No entanto, quando percebeu que seu cargo, seu prestígio diante de César e sua posição estavam em risco, entregou Jesus para ser crucificado. Pilatos não foi fiel nem à sua própria verdade. 
Encontramos também um exemplo de firmeza e fidelidade no grande Apóstolo dos gentios, Paulo de Tarso. Ele defendeu a mensagem do Cristo mesmo sob pedradas, injúrias e a pecha de louco. Perdeu o cargo no Sinédrio, perdeu os amigos, perdeu a herança e o respeito de seu pai, mas jamais se mostrou morno ou se colocou na cômoda posição de ficar em cima do muro. 
A proposta desta mensagem é justamente a de que podemos aceitar o mais ou menos nas coisas, mas de forma alguma em nossa maneira de sentir ou de nos posicionar diante da vida. 
Nossas verdades devem ser defendidas com coragem e fidelidade. 
Nossa posição deve ser bem definida, embora ficar em cima do muro ou lavar as mãos, seja mais confortável. 
Em vários momentos do nosso dia estamos sendo convocados a assumir uma posição. Seja numa reunião de trabalho, numa assembleia do condomínio ou numa simples reunião familiar. Infelizmente, é nesses momentos que muitos preferem se omitir para ficar bem com todos, em vez de expor seu ponto de vista com firmeza e ajudar na solução dos problemas. Esse ato de covardia é repugnante e é por esse motivo que encontramos a expressão evangélica: 
-Mas porque és morno, nem frio nem quente, estou para vomitar-te de minha boca. 
Por essa razão, vale a pena ser fiel em todos os momentos da nossa vida, sem omissão, nem negação da verdade. 
* * * 
Ser fiel no pouco nos fortalece para ser fiel nas grandes decisões. Assim, a fidelidade é uma virtude que deve ser cultivada em todos os momentos e em todas as situações, com firmeza e determinação.  
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem de autoria ignorada e no livro bíblico Apocalipse, cap. 3: 14 e 15. Disponível no cd Momento Espírita, Coletânea v. 8/9 e no livro Momento Espírita, v. 5, ed. Fep. 
Em 09.03.2012.

domingo, 27 de dezembro de 2020

FIDELIDADE E INTERESSES

Era uma vez um jovem que recebeu do rei a tarefa de levar uma mensagem e alguns diamantes a outro rei de uma terra distante. Recebeu também o melhor cavalo do reino para carregá-lo na jornada. 
-Cuida do mais importante e cumprirás a missão!
Disse o soberano, ao se despedir. 
Assim, o jovem preparou o seu alforje. Escondeu a mensagem na bainha da calça e colocou as pedras numa bolsa de couro amarrada na cintura, por baixo das vestes. Pela manhã, bem cedo, sumiu no horizonte. E não pensava sequer em falhar. Queria que todo o reino soubesse que era um nobre e valente rapaz, pronto para desposar a princesa. Aliás, esse era o seu sonho e parecia que a princesa correspondia às suas esperanças. Para cumprir rapidamente sua tarefa, por vezes deixava a estrada e pegava atalhos que sacrificavam sua montaria. Dessa forma, exigia o máximo do animal. Quando parava em uma estalagem, deixava o cavalo ao relento, não lhe tirava a sela nem a carga, tampouco se preocupava em lhe dar de beber ou comer. 
-Assim, meu jovem, acabas perdendo o animal. 
Disse alguém. 
-Não me importo. 
Respondeu ele. 
-Tenho dinheiro. Se este morrer, compro outro. Nenhuma falta fará! 
Com o passar dos dias e sob tamanho esforço, o pobre animal não suportou mais os maus tratos e caiu morto na estrada. O jovem simplesmente o amaldiçoou e seguiu o caminho a pé. Mas, como naquela região havia poucas fazendas e eram muito distantes uma das outras, em poucas horas o moço se deu conta da falta que lhe fazia o animal. Estava exausto e sedento. Já tinha deixado pelo caminho toda a tralha, com exceção das pedras, pois lembrava da recomendação do rei: 
-Cuida do mais importante! 
Seu passo se tornou curto e lento e as paradas, frequentes e longas. Como sabia que poderia cair a qualquer momento e temendo ser assaltado, escondeu as pedras no salto de sua bota. Mais tarde, caiu exausto no pó da estrada onde ficou desacordado por longo tempo. No entanto, uma caravana de mercadores que seguia viagem para o seu reino, o encontrou e cuidou dele. Quando o jovem recobrou os sentidos, estava de volta em sua cidade. Imediatamente, foi ter com o rei para contar o que havia acontecido e sem remorso jogou toda a culpa do insucesso no cavalo fraco e doente que recebera. 
-Porém, Majestade, conforme me recomendaste cuidar do mais importante, aqui estão as pedras que me confiaste. Devolvo-as a ti. Não perdi uma sequer. 
O rei as recebeu de suas mãos com tristeza e o despediu, mostrando completa frieza diante dos seus argumentos. Abatido, o jovem deixou o palácio arrasado. Em casa, ao tirar a roupa suja, encontrou na bainha da calça a mensagem do rei, que dizia: 
-Ao meu irmão, rei da terra do Norte! O jovem que te envio é candidato a casar com minha filha. Esta jornada é uma prova. Dei a ele alguns diamantes e um bom cavalo. Recomendei que cuidasse do mais importante. Faz-me, portanto, este grande favor e verifica o estado do cavalo. Se o animal estiver forte e viçoso, saberei que o jovem é fiel e sabe reconhecer quem o auxilia na jornada. Se, porém, perder o animal e apenas guardar as pedras, não será um bom marido nem rei, pois terá olhos apenas para o tesouro do reino e não dará importância à rainha nem àqueles que o servem. 
 * * * 
Saber reconhecer aqueles que verdadeiramente nos auxiliam no dia-a-dia é, sem dúvida, um grande desafio para muitos de nós. 
Dar valor aos empregados domésticos que estão sempre à disposição para nos atender prontamente e que, por vezes, adivinham até nossos pensamentos e gostos. 
Reconhecer o valor dos familiares, que se constituem em verdadeiros sustentáculos nas horas difíceis que às vezes chegam. 
Ser fiel aos amigos sinceros que caminham conosco e até dividem o peso da nossa cruz, para nos aliviar os ombros a fim de que recobremos as forças. 
Agindo assim, estaremos realmente cuidando do mais importante, que são esses diamantes raros que não têm preço e que ladrão nenhum tem interesse em nos roubar. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria ignorada.
Em 13.10.2010.

sábado, 26 de dezembro de 2020

FIDELIDADE A JESUS

Houve, em tempos passados, uma localidade denominada Sebastes. Situava-se entre a Judeia e a Síria. Foi ali que quarenta legionários da Décima Segunda legião romana deram sua vida por amor à verdade. Presos por professarem o Cristianismo, os quarenta jovens marcharam saindo da cidade, escoltados por outros tantos soldados. À frente se desenhava o lago de águas tristes e frias. O sol se afundava na direção do poente e o vento soprava gelado. Os tambores soavam, ditando o ritmo da marcha. E os prisioneiros foram entrando no lago. Um passo, dois, três, dez, vinte. Os pés foram agitando a água e eles entrando mais e mais. Só ficaram as cabeças descobertas fora d'água. Os superiores haviam lhes decretado uma terrível forma de morrer. Ali parados, impassíveis e silenciosos, iriam morrer enregelados. As luzes do crepúsculo se envolveram num manto dourado e se retiraram, deixando que a noite se apresentasse com seu cortejo de estrelas. Ao redor do lago, nas margens, familiares e amigos oravam silenciosos. E silenciosos permaneciam os jovens dentro d'água. Então, em nome de César, falou um oficial. Eles eram jovens e, levando em conta a sua inexperiência, seriam perdoados se jurassem fidelidade aos deuses protetores do Império. Era tudo muito simples. Bastaria queimar algumas ervas, perante o improvisado altar a Júpiter Olímpico, na outra margem. Dentro do lago, nem um mínimo movimento. O ar foi se fazendo mais frio e uma névoa começou a se erguer das águas. Os guardas acendiam fogueiras nas margens, batiam as mãos, andavam para se aquecer. Mas os quarenta legionários permaneciam imóveis. Então, eles começaram a cantar e mais forte do que o vento, o hino se ergueu como um grito vitorioso. Era como uma cascata de esperanças feita de fé, ternura e renúncia. Um a um, no transcorrer das horas, aquelas chamas foram se apagando na Terra, para tremeluzirem na Espiritualidade. Quando nasceu o dia, somente um vivia. Um guarda se aproximou de uma mulher e lhe disse que seu filho vivia. Como ele vivera até então, teria sua vida poupada. Que ela o retirasse das águas e, em nome dele, oferecesse sacrifício aos deuses romanos. 
-Nunca. Foi a resposta dela. Se ele consciente não o fez, como poderia me aproveitar da sua agonia para traí-lo? 
Firmemente, avançou para as águas e ali esteve com o filho até que o coração dele parasse de bater. Depois, apertando-o firmemente nos braços, tomou o seu corpo e o veio depositar aos pés do oficial da guarda.  
* * * 
WALLACE LEAL RODRIGUES
Há mais de dois mil anos, na Judeia, um homem amou e morreu por muito amar. 
A maravilhosa fé que soube despertar teve o poder de modificar vidas. 
A Sua voz convidava para viver a verdadeira vida, a vida que se desdobra para além da morte. 
Dentre os Seus ensinos, lembramos: 
-Quem perseverar até o fim, este será salvo. Quem crer em mim, mesmo morto viverá. 
A Sua mensagem atravessou os séculos e permanece viva até hoje, estabelecendo diretrizes seguras aos Seus seguidores. 
A Sua é a mensagem do amor, da fé, da fidelidade até o fim. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XXVIII, do livro A esquina de pedra, de Wallace Leal Rodrigues, ed. O clarim. 
Em 16.12.2011.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

RECEBAMOS JESUS

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANNA DE ÂNGELIS
Na paisagem fria e sem melhor acolhimento, a única hospedaria à disposição era a gruta modesta onde se guardavam os animais. Não havia outro lugar que O pudesse receber. O mundo, repleto de problemas e de vidas inquietas, preocupava-se com os poderosos do momento e reservava distinções apenas para os que desfrutavam o luxo, bem como o prazer. Aos simples sempre se dedicavam a indiferença, o desrespeito, fechando-lhes as portas, dificultando-lhes os passos. Hoje, tudo permanece quase da mesma forma. No entanto, durante aquela noite de céu transparente e estrelado, entre os animais domésticos, em uma pequena baia, usada como berço acolhedor, nasceu Jesus, que transformou a estrebaria num cenário de luzes inapagáveis que prosseguem projetando claridade na noite demorada dos séculos, há dois mil anos... Inaugurando a era da humildade e da renúncia, Jesus elegeu a simplicidade, a fim de ensinar engrandecimento íntimo como condição única para a felicidade real. O Seu reino, que então se instalou naquela noite de harmonias cósmicas, permanece oferecendo oportunidades de redenção a todos quantos se resolvam abrigar nas suas dependências. E o Seu nascimento modesto continua produzindo ressonâncias históricas, antes jamais previstas. Homens e mulheres, que tomaram contato com Sua notícia e mensagem, transformaram-se, alterando o seu roteiro de vida e o comportamento, convertendo-se, a partir de então, em luzeiros que apontam rumos felizes para a humanidade. * * * Mais uma vez recebamos Jesus em nossos lares. Que cada habitação terrestre possa lhe oferecer uma manjedoura amorosa. Que a era da humildade e da renúncia se instale na Terra em definitivo. O tempo é agora. E a decisão é sua, é nossa. Que olhemos para o mundo e enxerguemos irmãos nossos em todas as terras. Que as dificuldades de relacionamento recebam a brisa suave da compreensão e do perdão. Recordemos, junto às festas natalinas, o verdadeiro objetivo de nossas existências: aprender a amar e amar cada vez melhor. Jesus amou sem limites e ainda permanece no leme do planeta em transformação. Não estamos sós. Não estamos vagando sem destino pelas eras e pelo espaço. Há uma regência invisível e poderosa, uma regência repleta de amor a comandar nossos passos ainda tão vacilantes. Recebamos Jesus como os animais da estrebaria O receberam, humildes, honrados e felizes por termos perto de nós um Ser tão luminoso. O verbo esteve em nós e cantou a mais bela canção que já se ouviu. Ouçamos a música mais uma vez, aprendamo-la de cor para que possamos reproduzi-la em todo lugar. Recebamos Jesus com alegria, responsabilidade e ação no bem. Ele, que tem salvo tantas vidas, nos pede para que tentemos fazer algo, amando e libertando do erro ao menos uma pessoa. Tenhamos em mente que cada Natal precisa ser uma transformação, um renascimento, um novo começo. Vivamos intensamente este dia. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 19, do livro Momentos enriquecedores, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 25.12.2020.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

NOITE SANTA

Celeste Amigo! 
É Teu aniversário e como acontece sempre que comemoramos o aniversário de alguém que amamos, buscamos lembrar os dias passados. Então, neste dia, procuramos imaginar o que ocorreu quando chegaste à Terra. Muito antes que Te alcançassem as honras dos magos do Oriente, que se deslocaram de suas localidades, para Te adorar, recebeste as honras dos mais humildes. Para eles, os pastores do campo, Tu, o Grande Pastor, enviaste os Teus mensageiros para os avisar da notícia de grande alegria: a Tua presença entre nós. O Governador Planetário entre os seus.
Que honra maior poderíamos desejar? 
Como chegaste na noite quase fria, imaginamos o carinho de Teu pai, José, improvisando-te um berço aconchegante. 
Terá colocado uma manta quentinha para te aquecer o berço improvisado, criança frágil em que Te transformaste? 
E com que carinho te terá envolvido em panos, antes de te depositar entre a palha... 
Como somos gratos a esse pai que se apaga para Te servir e Te guardar. Com certeza, ele fora em busca de alguém que pudesse auxiliar a esposa, na délivrance. 
Depois, o descanso para ela, a alimentação que a auxiliasse a recompor as energias despendidas. 
Um homem, um marido, um pai. 
Também precisou providenciar o feno para o animal que até ali os trouxera e mais tarde, deveria Te transportar. O maior de todos os seres da Terra não dispensou a assistência paterna e um seio de mãe, que O alimentou desde os primeiros momentos. 
E quando o cansaço tomou a ambos, quem Te terá tomado nos braços, aconchegando-Te, Doce Menino? 
E quem terá providenciado a ordem, ao redor daquele local, preservando-o de possíveis assaltos? 
Afinal, a cidade regurgitava de gente de todas as partes. 
Gente honesta, trabalhadora. 
Também possíveis salteadores e oportunistas. 
Imaginamos como terão agido aqueles homens que deixaram as ovelhas no campo para irem Te saudar. 
Adentrando o local, terão se dado conta da grandeza de quem ali estava?
Um Menino anunciado pelos anjos e por uma estrela de luz incomparável. 
Um Rei. 
Ante a manjedoura, terão se prostrado, reconhecendo a visita do Ser mais ilustre que a Terra até então recebera e nunca mais, igual, receberia?
Quanta luz jorrou sobre aquele abrigo, destinado aos animais, que escolheste para vir ao nosso encontro. 
Como com nada contribuímos, porque nem sabemos por onde andávamos, nesta noite, Te lembrando a glória excelsa, Te desejamos agradecer. 
Agradecer por teres deixado as estrelas, teres Te servido de um corpo de carne, em obediência às leis que estabeleceste para o planeta. 
Desejamos Te agradecer pelas lições de humildade, desde o primeiro instante. 
Pela demonstração de como se faz importante a acolhida na chegada.
Nesta noite, Jesus, em que tentamos imaginar como foram aqueles primeiros momentos da Tua vida na Terra, Te desejamos pedir que nos concedas da Tua paz. 
Possivelmente, não somos dos que Te vimos com os olhos da carne, naqueles dias, mas desejamos Te contemplar, hoje, com os olhos do Espírito. 
Vem até nós, Doce Jesus, abre-nos olhos e ouvidos e visita nossa alma!
Redação do Momento Espírita. 
Em 24.12.2020.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

QUANDO É NATAL

Quando é Natal, o ar se enche de luz. 
Pode haver tempestades, ventos fortes, mas um aroma especial se faz presente, diverso de qualquer outro. 
Não há quem não o sinta. 
Mesmo os que se dizem avessos a comemorações o podem perceber. 
Há musicalidade na voz das crianças quando se encantam com as cores que explodem em guirlandas, enfeites e luzes, tomando a cidade de assalto. 
Os sorrisos se multiplicam ante a perspectiva de reencontros de familiares distantes, no dia que se avizinha. 
Por mais simples seja a residência, há sempre a disposição de colocar pequenas luzes coloridas que piscam, nas noites estreladas, tentando disputar o esplendor com os astros do céu. 
Pensa-se na recepção aos familiares, na saudade que será afogada em longos abraços, nos amigos a quem se deseja ofertar algum mimo.
Cartões são escritos com dizeres de emoção e enviados àqueles que estão distantes, que os receberão, sensibilizados por terem sido lembrados. Mensagens curtas ou longas, sempre felizes, são enviadas pelos mais variados sistemas eletrônicos. 
Quando é Natal, ensaiamos mais uma vez a extraordinária sensação de sermos amáveis, gentis, mais humanos. 
Preocupamo-nos com a criança que deseja um brinquedo, o doente que aguarda a visita, o idoso que espera um afago. 
Lembramos dos amores mais amados e arquitetamos planos para que o Natal lhes seja mais feliz do que jamais foi. Recordamos daqueles de que nos afastamos e elaboramos formas de nos reaproximarmos. 
As canções natalinas estão nas ruas, nas praças, nas lojas, nos corações.
Há dramatizações do celeste acontecimento em escolas, clubes, instituições. 
Há shows em lugares públicos, envolvendo os que passam, os que param para se encantar um tanto mais, os que parecem indiferentes.  
Compram-se presentes lembrando que um Rei foi homenageado por magos, vindos de distantes terras, com ouro, incenso e mirra. 
Unimo-nos em oração em homenagem às celestes vozes que se fizeram ouvir na noite ainda não de todo fria, anunciando aos pastores no campo a chegada do Aguardado Visitante. 
Acendemos luzes desejando lembrar o brilho de uma estrela especial que indicou o caminho a estrangeiros nobres até o local do nascimento de um Menino. 
Acendemos as luzes de fora, desejando ardentemente que as possamos acender em nossa intimidade... 
Para sempre, para nossa felicidade. 
 * * * 
Sim, é Natal. 
E porque é Natal, outra vez, há tanta festa. 
E luz. 
E cor. 
E música. 
Jesus nasceu! 
A notícia foi de grande alegria para todo o povo. 
E o Menino foi encontrado em uma manjedoura, envolto em panos. 
Como tutores especiais um homem digno, de mãos calejadas pelo trabalho honesto de cada dia e uma mulher, que atendeu o convite dos céus para receber em seu seio o maior Mensageiro de todos os tempos: o Rei Solar. 
Pensemos nisso e, enquanto nos envolvemos nas doces elegias do Natal, permitamo-nos cantar hosanas em nossos corações, agradecendo a Jesus por mais esta oportunidade de lembrá-lO, de revivê-lO em nossos gestos, palavras, plenificando-nos de bênçãos. 
Beneficiando a outros. 
Modificando o planeta para a felicidade tão desejada, tão almejada e cantada por todos nós. 
Feliz Natal! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no livro Momento Espírita, v. 9, ed. FEP. 
Em 23.12.2020.

terça-feira, 22 de dezembro de 2020

QUEM ERA ESSE HOMEM?

Quem era Esse Homem? 
Desceu das estrelas e aninhou-se no seio de uma jovem mulher, a fim de vir à luz. Teve por pai um carpinteiro e com ele aprendeu o ofício, embora Suas mãos já tivessem amoldado substâncias celestes, formando o próprio planeta em que veio habitar. Habituado à harmonia celeste, deixou que o vento cantasse melodias em Sua cabeleira e que as areias lhe fustigassem a face. Amou Sua mãe com devoção. Logo iniciado Seu Messianato, retornou ao lar para vê-la e a acompanhou às bodas a que fora convidada. Obedeceu-lhe ao pedido e ofertou aos convivas o líquido especial para os despertar para a realidade. Em agonia, recordou de a entregar aos cuidados de um jovem idealista, preocupando-se com o que lhe poderia suceder, após a Sua partida. 
Quem era Esse Homem? 
Andou por estradas poeirentas, campos cultivados, às margens de um lago, lecionando o amor. Viveu em uma época de desmandos, de corrupção dos costumes, de licenciosidades. No entanto, manteve-se íntegro, embora movimentando-se entre pessoas consideradas de má conduta. Estendeu Suas bênçãos aos pobres deserdados da sorte tanto quanto aos detentores de poder econômico e certa supremacia social, a uns e outros ofertando das Suas luzes. Líder de um grupo que elegeu para assumir a preciosa missão de dar continuidade à Sua proposta, os incentivou a que deixassem fluir as suas qualidades interiores. 
-Vós sois deuses! – Afirmou. E podeis fazer tudo o que faço e muito mais.
Ensinou que todos os homens são herdeiros do Universo infinito, imensurável. Todos filhos do mesmo Pai, embora vivendo sob tetos diversos, em terras distantes uns dos outros e falando línguas estranhas.
Quem era Esse Homem a quem os Espíritos obedeciam e se rendiam? 
Senhor dos Espíritos - O chamavam. 
Quem era Esse Homem que fazia cessar as dores, devolvia movimentos a corpos paralisados, a vista aos cegos e a palavra aos mudos? 
Quem era Esse Homem que, em menos de três anos, revolucionou o mundo do pensamento sem nada ter escrito? 
Que reuniu ao Seu redor, nada menos de cinco centenas de trabalhadores para darem continuidade ao Seu legado?
Que, ao partir, deixou semeadura tão grande que até hoje, transcorridos mais de dois mil anos, ainda não se esgotou? 
Quem era Esse Homem tão grande que não coube na História, dividindo-a entre antes e depois dEle? 
Diziam que Ele era o filho de um carpinteiro de nome José e de uma mulher chamada Maria. 
Nascido em Belém, viveu exilado no Egito. Depois, cresceu em Nazaré e morreu na capital religiosa da época, Jerusalém. Terra dos profetas. 
Quem era Esse Homem? 
* * * 
Um dia, um raio de luz deixou a amplidão dos céus e veio viver entre os homens. 
Mais brilhante que o sol, escondeu Seu brilho nos trajos do mais simples carpinteiro. 
Ele era Luz. 
Veio para as sombras e as sombras tentaram empanar-lhe o brilho.
Destruíram a ânfora onde se aninhava a Luz. 
Então, liberta, ela brilhou ainda mais intensamente e até hoje enche o infinito das nossas necessidades. 
Seu nome é... Jesus. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita v. 21 e no livro Momento Espírita, v.11, ed. FEP. 
Em 22.12.2020

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

ENTÃO É NATAL!

E, de repente, chega dezembro. 
Os meses rolaram tão rapidamente que nem nos apercebemos. 
Ainda ontem era início de ano, férias. 
Depois, as semanas se precipitaram, sem nos dar chance de as viver em plenitude.
Então, é Natal.
As vitrines estão repletas de ofertas e presentes, as ruas iluminadas. 
A cidade parece viver um clima de magia. 
Tudo parece lindo, maravilhoso. 
As bolas vermelhas e douradas, os enormes laços de fita, os pinheiros cheios de luzes. 
As casas enfeitadas com mil lâmpadas, desejando dizer que é festa, é Natal. 
Tocam sinos. 
Tocam músicas. 
E pessoas compram presentes. 
Pequenos, grandes. Caros, modestos. 
Natal. 
Aniversário do Ser mais importante que esta Terra já abrigou: o Rei Solar. 
Jesus, o Mestre. 
E, quando a data se aproxima e tantos cantam e falam a respeito do Natal, emocionando corações, é bom nos perguntarmos: 
-O que daremos ao Menino Jesus na Noite Santa? 
-Se o aniversário é dEle, o que temos para lhe oferecer? 
-Podemos lhe oferecer os sorrisos que sorrimos durante todos os meses anteriores? 
Aqueles que sorrimos para os nossos amores. 
Mas também para os amores alheios. 
Ou para quem nem tinha amores. 
Podemos lhe oferecer as mãos perfumadas pelo trabalho honroso com que sustentamos nossa família, vencendo cada dia, com dignidade. 
Mãos que também ampararam a família de quem padecia necessidades, de quem não tinha pão, nem carne, nem leite. 
Mãos que prepararam sopas e as distribuíram nas madrugadas frias aos que não tinham um teto para retornar. 
Mãos que embrulharam muitos presentes e colocaram na sala, para serem abertos no dia de Natal. 
Mãos que prepararam pacotes vistosos para quem nem espera presentes. 
Crianças que serão surpreendidas com a realização do seu sonho, ganhando o ambicionado brinquedo. 
Idosos que receberão mimos de quem sabe que a velhice deve ser amparada e festejada. 
Podemos lhe oferecer nossos braços que aconchegaram ao peito o filho pequeno, que lhe atenderam a febre, a dor, o choro, nas madrugadas afora. 
Braços que também se estenderam em direção do próximo, soerguendo-o da tristeza e envolvendo-o em abraços de fraternidade. 
Podemos oferecer nossos ombros. 
Aqueles nos quais choraram nossos amigos, nossos amados. 
Ombros que também serviram de apoio a deserdados do mundo que se mostravam tristes e desalentados. 
Que temos a oferecer para o Menino Jesus? 
É noite de Natal. 
Enquanto cantam hosanas os Mensageiros Celestes, rememorando a noite especial em que o Senhor das estrelas veio à Terra e encarnou entre nós, cantemos também. 
Unamos o canto da nossa gratidão ao Senhor Jesus pela vida, pelo lar, pelo que temos, pelo que somos. 
E cantemos rogando luz a quem ainda não teve a alegria de conhecer o Nobre Aniversariante. 
Para quem não conhece o verdadeiro sentido do Natal. 
Para quem o Natal é somente mais um dia, sem poesia. 
Porque desejamos ardentemente que neste Natal, esse alguém se dê conta de que o Natal existe, que o Rei Solar veio estar conosco. 
Para esse alguém desejamos um Natal feliz, um Natal de descoberta, um Natal de paz. 
Seu primeiro e verdadeiro Natal. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.12.2020.

domingo, 20 de dezembro de 2020

SECAR LÁGRIMAS

O som abafado ressoou na angustiante madrugada. 
As batidas à porta eram impacientes. 
Tratava-se de João, o mais jovem seguidor de Seu Filho. 
Minha mãe, eles O prenderam, afirmou o rapaz, cujos olhos imediatamente marejaram. 
Sem hesitar, ambos seguiram em silêncio até a prisão. 
Quando os raios solares romperam a noite e o céu se fez azul, houve grande movimentação dos legionários. 
E ela viu o Filho, considerado réu, no julgamento encenado pelo procurador Pôncio Pilatos. 
Maria mal O reconheceu, tão maltratado estava. 
O corpo machucado, a cabeça coroada de espinhos, a face com filetes de sangue. 
Logo, ela ouviria a sentença: a morte por crucificação. 
Foi trazido o madeiro horizontal e depositado nas costas já tão laceradas do Messias. 
Maria quis aproximar-se dEle, tocar-lhe a face. 
Entretanto, o cordão de vigilância era grande e ela não pôde se aproximar.  
A ordem foi dada: marchariam agora em direção ao Gólgota, o Monte da Caveira. 
A doce mãe de Jesus, aquela que lhe acompanhara os primeiros passos, aquela que O ouvira falar antes de todos, caminhou desolada atrás da cruel comitiva. 
Depois de imenso sofrimento, chegaram ao destino. 
Então, deitaram o Seu Filho sobre a pesada cruz e, com vigorosos pregos, lhe prenderam as mãos e os pés. 
A cruz foi erguida. 
O corpo do Mestre pendeu e Ele sufocou um angustiante grito. 
Quando os legionários permitiram, ela se aproximou e tocou os pés do amado Filho. 
Ali estava o Seu Jesus. 
O Filho gentil, cujas mãos sempre distendera aos sofredores. 
O Seu Jesus, que consolara os inconsoláveis, que curara os incuráveis. 
O Seu Jesus, cujos olhos, erguidos aos céus, eram a ponte entre o Criador e a criatura. 
Nesse momento, ela se fez forte, como Ele sempre fora. 
Abraçando-lhe o exemplo, secou com coragem as próprias lágrimas. 
E, vendo o desespero de Tamar, a mãe de Dimas, o ladrão que, também crucificado, pedira perdão ao Mestre por conta de suas faltas, Maria se aproximou dela. 
Com carinho, a envolveu num abraço e lhe secou as lágrimas. 
Depois, olhou, de forma diversa, para o Filho amado e pôde vê-lO como O Libertador. 
Aquele que viera cumprir a missão divina de revelar o Pai Celeste para toda a Humanidade e de traçar o caminho que a Ele conduz.
* * * 
Mãe Santíssima, vem secar também as nossas lágrimas. 
Na aflição em que nos debatemos, doce mãe, ajuda-nos a perceber a lição. 
No corpo alquebrado pela doença, auxilia-nos a ver que nossos Espíritos se engrandecem e progridem. 
Na desilusão, consola-nos.
Lembra-nos, como o fez a Tamar, que todos somos perdoados por nossas falhas morais e que, com esforço e dedicação, alcançaremos o paraíso prometido por Teu Filho. 
Que tua coragem, tua resignação nos sejam exemplos para os nossos momentos de desespero e de solidão. 
Permite-nos ter a fé que se ampara na certeza de que o Teu Filho está conosco. 
Por nós vela e nos conduz. 
Mãe Santíssima, envolve-nos, com o teu divino manto de suaves vibrações. 
Seca nossas lágrimas, doce mãe. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 19.12.2020.

sábado, 19 de dezembro de 2020

UMA INCRÍVEL HISTÓRIA DE AMOR

Quando a madrugada se entrega aos braços do dia, e toda a grandiosidade de um nascer do sol torna a acontecer, recebemos, outra vez, a mensagem de que Deus nos ama. 
Ele borda caprichosamente as campinas de flores miúdas e planta floreiras exuberantes nas encostas dos morros para que, em nossas andanças, possamos descansar os olhos, extasiando-nos de prazer. 
Ele trança, com delicadeza, os ramos da parasita na galharia abundante da árvore envelhecida, e escolhe lugares seguros, entre os galhos, para que os pássaros possam construir seus ninhos. 
O Evangelista afirmou que Ele é Amor. E porque o amor não se satisfaz senão amando intensamente, Deus criou para os Seus filhos um lugar de intensas belezas, a fim de que pudessem debelar o cansaço das lutas, na sua contemplação. 
Por isso, idealizou para as noites um extraordinário sistema de iluminação, sofisticado e único, onde abundam sóis de variadas grandezas, de brilhos e cores diversificadas, dispersos no espaço, a distâncias fabulosas uns dos outros. 
Brilhando todos. 
Para o encanto dos ouvidos humanos, concedeu vozes às cachoeiras, a fim de que se unissem ao cantarolar dos riachos e das fontes, criando harmonias. 
Na garganta dos pássaros dispôs instrumentos sonoros para que abrindo os bicos, fizessem vibrar suas gargantas, compondo sinfonias em pleno palco da natureza. 
Para atender a fome dos homens, Ele criou um mercado inigualável, abundante, diferente em cada recanto do globo. 
Para os homens altos, colocou frutos saborosos pendentes de ramos e para as crianças, esparramou-os em plantas rasteiras, estimulando a uns e outras se servirem de ambos, no compasso da ajuda mútua e da fraternidade. 
Em Sua perfeição, Deus estabeleceu a noite e o dia, as alternâncias de frio e calor, as alegrias do sol e as lágrimas das chuvas. 
Deu ao homem as mais amplas possibilidades de engenhosidade, a fim de que ele vencesse a gravidade e se lançasse ao espaço, descobrindo a grandeza do Universo e a pequenez do seu próprio lar. 
Também condições para que descesse às profundezas dos oceanos, das grutas e cavernas para descobrir a infinidade das formas de vida. 
Analista dos sistemas mais complexos, Deus teve o cuidado de criar a maquinaria humana de tal forma aprimorada que pode realizar coisas inimagináveis. 
Da mesma forma que se agiganta na expressão da arte, da dança, tem a capacidade de se adaptar às situações mais adversas e sobreviver. 
Enfim, Deus ama de tal forma as Suas criaturas que, sem lhes cobrar nada, lhes fornece o mais extraordinário plano de saúde. Um plano de saúde sem carência, sem restrições, sem cotas específicas de utilização. Um plano de saúde que lhes garante vida inesgotável, pelos séculos dos séculos. Um extraordinário legado que se chama Imortalidade. 
 * * *
Deus te ama e tu percebes. 
Seu hálito te vitaliza e sua voz silenciosa chega aos teus ouvidos, com bênçãos, com esperanças e com orientações. 
Deus vive, manifesta e dilata o Seu amor através de ti. 
Tu o sabes. 
E onde tu estiveres, Ele estará sempre contigo. 
Redação do Momento Espírita, com pensamentos finais do cap. Deus te ama, do livro Filho de Deus, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. Disponível no CD Momento Espírita, v. 22, ed. FEP. 
Em 18.12.2020

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

FIDELIDADE A DEUS

O vocábulo fidelidade possui inúmeros significados. 
Segundo o dicionário, dentre outras acepções, pode significar lealdade, firmeza, exatidão e pontualidade. 
No âmbito dos relacionamentos amorosos, a palavra fidelidade é frequentemente entendida como exclusividade. Entende-se que amor fiel é o amor exclusivo. 
Entretanto, essa significação não é absoluta. Um fidelíssimo amor entre esposos não exclui o afeto dos filhos, em semelhante nível de importância. 
Assim, fidelidade não implica sempre exclusividade, pois tudo depende do contexto. 
Um homem pode ser fiel a suas ideias sem que deva ter apenas uma linha de raciocínio em sua mente. 
É possível ser fiel a um amigo, mas ainda assim possuir incontáveis outros amigos. 
A fidelidade a um ideal não se expressa pela ausência de qualquer outro objetivo na vida. 
A fidelidade se manifesta antes de mais nada pela constância. Ela implica perseverar na vivência de um ideal, na fruição de um amor, mesmo em tempos difíceis. 
A fidelidade é justamente a virtude que viabiliza a permanência e a fixação de todas as outras. 
Sem fidelidade a propósitos anteriormente assumidos, eles se sucedem sem parar, ao sabor dos acontecimentos. O real desafio é perseverar na busca das metas eleitas, ante os desafios do mundo. 
É fácil eleger o ideal da vida reta, quando tudo sorri. 
Difícil é persistir nele quando se é tentado, quando surgem injustiças e crueldades. 
Muitos cristãos reputam que o resultado de sua fé deve ser uma vida material tranquila. Acreditam que a função de Deus é lhes assegurar conforto e facilidades, em recompensa de suas crenças. Entretanto, olvidam-se de que o Cristo recomendou a quem quisesse segui-lO que renunciasse a si mesmo e tomasse a própria cruz. Tal não significa a apologia da miséria e do sofrimento. Mas apenas o reconhecimento de que, em um mundo ainda corrupto, a vivência das virtudes cristãs constitui tarefa difícil. 
É preciso viver honesta e puramente, mesmo que isso signifique abdicar de facilidades, companhias e gozos. Ainda por algum tempo, a opção da pureza e da compaixão será difícil e pouco compreendida. Entretanto, urge reconhecer que tudo na vida tem um custo. 
O desfrutar de paixões consome dinheiro e saúde. 
A ganância e a avareza tiram a paz. 
Assim, não é de se estranhar que a fidelidade a um ideal de transcendência também exija algum sacrifício. 
A diferença é que a vivência dos valores cristãos propicia uma paz inacessível a outras opções de vida. 
Importa, pois, ser fiel a Deus. 
Essa fidelidade é expressa na forma de constância na vivência do ideal do belo e do bem. 
Não esperar facilidades e privilégios, mas persistir sempre, mesmo em face de quedas e tentações. 
Afinal, toda facilidade material de que se abdique está mesmo fadada a desaparecer no pó. 
Mas a dignidade espiritual conquistada persistirá para sempre. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 23, ed. Fep. 
Em 2.1.2013.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

FALANDO AOS PÁSSAROS!

Em tempos em que se fala a respeito de meio ambiente, ecologia, mundo sustentável, pensamos em quantas criaturas já nos exemplificaram a importância de viver em harmonia sobre o planeta. Mesmo porque nós, criaturas humanas, fazemos parte desse meio ambiente. 
Lembramos de Francisco de Assis que, no século XIII tinha cuidados extremos com os animais. Animais selvagens, maltratados por outras pessoas, costumavam fugir para junto dele. Em sua presença, encontravam refúgio. Frequentemente libertava cordeiros da ameaça da morte porque sentia compaixão. Chegava a retirar minhocas da estrada para que não fossem esmagadas pelos passantes. Ele chamava a todos os animais de irmãos e irmãs. Narram seus biógrafos, com leves alterações de forma e conteúdo que, certa feita, regressando a Assis, parou na estrada a uns dez quilômetros da cidade. Estava aborrecido com a indiferença de muita gente. Anunciou que provavelmente seria ouvido com mais respeito pelos pássaros. Ele viu uma multidão de pássaros reunidos: pombos, corvos e gralhas. Foi em sua direção, deixando seus companheiros na estrada. Quando estava bem perto das aves, saudou-as: 
-Que o Senhor vos dê a paz. 
Surpreendeu-se porque os pássaros não voaram. Mexeram e viraram seus pescoços e ficaram ali, esperando. Cheio de alegria, Francisco lhes pediu que ouvissem as suas palavras. E discursou: 
-Meus irmãos pássaros, vocês devem louvar seu Criador. E amá-lO sempre. Ele lhes dá penas para vestir, asas para voar e tudo de que necessitam. Deus lhes dá um lar na pureza do ar. E, embora vocês não plantem, nem realizem colheitas, Ele mesmo os protege e cuida. 
Os pássaros abriram as asas e os bicos e continuaram olhando para ele. Francisco passou por entre eles, indo e vindo, tocando suas cabeças e corpos com sua túnica. Ao finalizar sua fala, os abençoou e lhes deu permissão para que voassem a outro lugar. 
Alguns dirão que isso é lenda. 
Mas é de conhecimento geral que certos homens e mulheres possuem um vínculo singular com animais. 
Pessoas sem qualquer treinamento especial, muito frequentemente, parecem saber os gestos ou tons de voz que são tranquilizadores. 
E os animais sentem a simpatia, a delicadeza, a boa vontade e reagem a isso de maneiras consideradas, por vezes, maravilhosas. 
O que ressalta do fato é que com sua atitude, Francisco ensinava que todas as criaturas na Terra merecem respeito.
Lecionava o amor pela natureza e que podemos estabelecer laços com todos os seres viventes. 
Pensemos nisso pois já aprendemos que tudo em a natureza se encadeia por elos que ainda não podemos apreender. 
E apoiemos, quanto possível, os movimentos e as organizações de proteção aos animais, através de atos de generosidade cristã e humana compreensão. 
Lembremos: a luz do bem deve fulgir em todos os planos.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Oito (1209-1210) do livro Francisco de Assis, o santo relutante, de Donald Spoto, ed. Objetiva; no item 604 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB e no cap. 33, do livro Conduta Espírita, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Waldo Vieira, ed. FEB. 
Em 16.12.2020.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

FICAMOS EM CASA

Vivemos momentos curiosos. 
Todos os assuntos ficaram em segundo plano. 
Nada é mais urgente que sobreviver. 
O mundo se encheu de medo e incerteza. 
Um inimigo comum, sem nacionalidade, sem rosto, sem causa declarada, colocou o planeta de joelhos. 
E o ser humano, do alto de sua empáfia de espécie dominante, teve que reconhecer que não tem controle sobre tudo. 
Parem o que estão fazendo! 
Adiem os compromissos! 
Cuidem-se e fiquem em casa. 
O distanciamento social pareceu ser uma das alternativas de defesa. 
Ficarmos distantes fisicamente uns dos outros e evitarmos aglomerações. 
Uma grande campanha convidou todos a ficarem em casa.
Mas, o que esse ficar em casa significa? 
Que mensagem a vida nos ofereceu com essa alternativa?
Que mensagem as leis maiores do Universo estão proclamando em altos brados em nossos corações e mentes? 
Ficar em casa, num primeiro momento, pôde parecer apenas uma operação para evitar contágio. 
É o que as autoridades da Área da Saúde orientaram. 
No entanto, pensemos além. 
Ficar em casa significa oportunidade de recolhimento, de reflexão, de rever os passos e prioridades. 
Ficar em casa significa entrar em contato com a casa íntima, a alma. 
Eis o nosso verdadeiro lar. 
É tempo de olhar para dentro, de olhar o que somos, o que queremos realmente na existência e observar para onde a vida estava nos levando até então. 
Para onde estávamos indo? 
Qual era a direção principal de nossa existência? 
O que mais nos preocupava e ocupava? 
Como estavam os nossos amados? 
Como estava o nosso tempo para eles? 
Ficar em casa significa também: olhemos para nossa família! 
Entendamos que aí estão as nossas maiores missões. 
Nada é mais importante do que isso. 
De que adiantam tantas ambições na área da profissão, na área das finanças, dos investimentos, se de uma hora para outra tudo pode ruir? 
No entanto, os laços afetivos nunca se perdem. 
As relações saudáveis nunca se desfazem. 
Nem mesmo a tão temida morte é capaz de tirar isso de nós.
Ficamos em casa. 
Ficamos com os nossos. 
Conversamos com eles sobre coisas que nunca tínhamos conversado antes. 
Expressamos os nossos medos, ouvimos outros medos.
Expressamos gratidão e abrimos nosso coração para receber a gratidão alheia. 
Consolamos e fomos consolados. 
Falamos o que pensamos, mas também ouvimos o que os outros pensavam. 
Ficamos em casa, não saímos na rua das conquistas efêmeras da vida, não frequentamos locais de aglomeração de desejos e vaidades perniciosos. 
Ficamos em casa, olhamos nos olhos, abraçamos os amores, abandonamos a rotina. 
Nossa vida não foi a mesma depois de termos permanecido mais tempo na casa da alma. 
E, curiosamente, descobrimos que aquilo que, aparentemente, veio para nos fazer adoecer, na verdade colaborou para nos curarmos.  
Ficamos em casa. 
Conectamo-nos à nossa essência divina. 
Retiramos de lá as forças para enfrentar as dificuldades, quaisquer que fossem. 
Fortalecemo-nos. 
Encontramos a verdadeira saúde. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 15.5.2020.

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

A HONESTIDADE CONQUISTA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E JOANNA DE ÂNGELIS
Imagine que deixou seu carro estacionado numa rua qualquer e quando você volta encontra o seguinte bilhete no para-brisa:
-Desculpe. Eu bati no seu carro. Desequilibrei da bicicleta. Aqui está o telefone do meu pai. 
Isso aconteceu quando um menino de sete anos esbarrou o guidão de sua bicicleta num veículo parado. O pai conta que ficou sabendo ao chegar em casa, quando o filho se mostrou bastante incomodado com o acontecido e perguntou quanto custaria o conserto porque desejava pagar com seu próprio dinheiro. 
-Fiquei anos juntando um pouquinho de dinheiro e daí ia ser tudo despejado em uma coisinha só. Fiquei preocupado, mas o bem sempre vai e volta – disse Benício aos repórteres que o entrevistaram, após o pequeno acontecimento ganhar notoriedade nas redes sociais. 
Quem fez questão de divulgar a ação do menino foi justamente o dono do veículo, que disse nem ter percebido o pequeno arranhão, mas notou o simpático bilhete no para-brisa. 
- Achei um gesto de uma doçura, de uma honestidade sem igual. Meu carro estava sujo e não percebi nada de diferente. Se não fosse o bilhete, nem teria notado. 
Resumo de tudo: a honestidade da criança conquistou a todos e falou muito mais alto do que os fatos geradores da situação problema. 
* * * 
O que você faria ou já fez numa situação parecida com essa?
Se ninguém estivesse olhando, você seguiria adiante?
Faria de conta que nada aconteceu? 
Ou assumiria a responsabilidade, fosse ela qual fosse? 
Como é sua honestidade nessas pequenas coisas? 
Sua linha de raciocínio em momentos assim pode dizer muito do que você é, ou do que ainda pode vir a ser. Se está na fase do o que os olhos não veem o coração não sente ou se não consegue permitir, pela exigência da consciência, que possa causar qualquer dano a alguém sem assumir a devida responsabilidade. 
Pense no exemplo do menino e sua bicicleta. Ele estava disposto a dar todas as suas economias em nome da honestidade, em nome desse bem que, segundo ele, vai e volta. 
Você faria o mesmo? 
A honestidade procede dessa forma, uma vez que está baseada numa justiça intocável, que dá a cada um o que é seu de direito. Por isso é importante que busquemos sempre ser honestos em todos os passos de nosso viver. 
Vivamos a honestidade e nunca enganemos a ninguém. 
A vida é grande cobradora e exímia retribuidora. 
O que façamos com os outros sempre retornará para nós. 
À sementeira sucede a colheita. 
Colheremos conforme tenhamos plantado. 
Quem engana, ilude, trai, a si próprio se prejudica, desrespeitando-se primeiro e fazendo jus aos efeitos da sua conduta reprovável. 
Sejamos honestos para conosco mesmos e, como consequência, para com nosso próximo. 
Lembremos que o bem vai e volta... Vai e volta. 
Foi Jesus de Nazaré quem afirmou que aquele que é fiel nas coisas pequenas será também fiel nas coisas grandes. E quem é injusto nas coisas pequenas, também será nas grandes. 
Redação do Momento Espírita, com base em notícia publicada no site www.sonoticiaboa.com.br, em 22.9.2020; no cap. 37, do livro Vida Feliz, pelo Espírito Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL e no Evangelho de Lucas, cap. 16, vers. 10. 
Em 14.12.2020.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

E SE A MORTE CHEGASSE AGORA?

Se você soubesse que hoje iria morrer – o que faria? 
Esta pergunta foi feita a um homem, no Século XIII. 
Era um homem iluminado. 
Nascido em berço de ouro, conheceu as delícias da abastança. Filho de rico mercador, trajava-se com os melhores tecidos da época. Sua adolescência e juventude foram impregnadas das futilidades daqueles dias, em meio a expressivo número de amigos. Assim transcorria sua vida, quando um chamado se deu a esse jovem. 
Então, ele se despiu dos trajos da vaidade e se transformou no Irmão Francisco, o irmão dos pobres. 
Sua alma se encheu de poesia e ele passou a compor versos para as coisas pequeninas, mas muito importantes, da natureza. 
Chamou irmãos à água, ao vento, ao sol, aos animais. 
Sua alma exalava o odor da alegria que lhe repletava a intimidade. 
Muitos amigos o seguiram, abraçando os lemas da obediência, pobreza e castidade. 
Amigos na opulência, amigos na virtude. 
Certo dia, enquanto arrancava do jardim as ervas daninhas, Frei Leão, que o observava, lhe perguntou: 
-Irmão Francisco, se você soubesse que morreria hoje, o que faria? 
Francisco descansou o ancinho, por um instante. Seus olhos, apagados para as coisas do mundo passageiro, pareceram contemplar paisagens interiores de beleza. Suspirou, pareceu mergulhar o olhar para o mais profundo de si e respondeu, sereno: 
- Eu? Eu continuaria a capinar o meu jardim. 
E retomou a tarefa, no mesmo ritmo e tranquilidade. 
Quantos de nós teríamos condições de agir dessa forma? 
A morte nos apavora a quase todos. 
Tanto a tememos que existem os que sequer pronunciamos a palavra, porque pensamos atraí-la. 
Outros, nem comparecemos ao enterro de colegas, amigos, porque dizemos que aquilo nos deprime, quando não nos atemoriza. Algo como se ela nos visse e se recordasse de nos vir apanhar. 
E andamos pela vida como se nunca fôssemos morrer. 
Mas, de todas as certezas que o mundo das formas transitórias nos oferece, nenhuma maior que esta: tudo que nasce, morre um dia. 
Assim, embora a queiramos distante, essa megera ameaçadora que chega sempre em momentos impróprios, vem e arrebata os nossos amores, os desafetos, nós mesmos. 
Por isso, importante que vivamos cada dia com toda a intensidade, como se nos fosse o derradeiro. Não no sentido de angústia, temor, mas de sabedoria. 
Viver cada amanhecer, cada entardecer e cada hora, usufruindo o máximo de aprendizado, de alegria, de produção. 
Usar cada dia para o trabalho honrado, que nos confira dignidade. 
Estar com a família, com os amigos. 
Sorrir, abraçar, amar. 
Realizar o melhor em tudo que façamos, em tudo que nos seja conferido a elaborar. 
Deixar um rastro de luz por onde passemos. 
Façamos isso e, então, se a morte nos surpreender no dobrar dos minutos, seguiremos em paz, com a consciência de Espíritos que vivemos na Terra doando o melhor e, agora, adentraremos a Espiritualidade, para o reencontro com os amores que nos antecederam. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 17 e no livro Momento Espírita, v. 8, ed. FEP. 
Em 11.12.2020.

domingo, 13 de dezembro de 2020

A FESTA DE MOMO

Espírito Manoel Philomeno de Miranda
Todo ano as festividades em homenagem a Momo se reprisam. 
O carnaval se constitui em uma série de folguedos populares, promovidos, habitualmente, nos três dias que antecedem o início da quaresma, em torno do mesmo centro de interesse: o disfarce, a dança. 
O canto e o gozo de certas liberdades de comunicação humana, inexistentes ou muito refreadas durante o resto do ano, a folia carnavalesca se apresenta com características distintas, nos diferentes lugares em que se popularizou. 
Perdendo-se nos períodos mais antigos, as origens do carnaval podem ser encontradas nas bacanalias da Grécia. Era uma festa que homenageava o deus Dionísio. Antes disso, os trácios se entregavam aos prazeres coletivos, como quase todos os povos antigos. Mais tarde, vamos encontrar essas festas em Roma, como saturnalia, quando se imolava uma vítima humana. Era uma festa de infeliz caráter pagão. 
Na Idade Média começou a se aceitar, com naturalidade, o enlouquecimento lícito uma vez por ano. 
A festa tem vestígios bárbaros e do primitivismo reinantes ainda na Terra.
No Brasil colonial e monárquico a forma mais generalizada de brincar o carnaval era o entrudo(carnaval) português. Consistia em atirar contra as pessoas, não apenas água, mas provisões de pós ou cal. Mais tarde, água perfumada com limões, vinagre, groselha ou vinho. O objetivo sempre era sujar o passante desprevenido. 
Como se vê, uma brincadeira perigosa e grosseira. 
A morte definitiva do entrudo(carnaval) se deu com o aparecimento do confete, a serpentina e o lança-perfume. 
O que se observa nesses três dias de loucura, em que a carne nada vale, é o afloramento das paixões. 
Observam-se foliões que se afadigam por longos meses na confecção das fantasias. 
Tudo para viver a psicosfera da ilusão. 
Perseguem vitórias vazias, que esperam alcançar nesses dias. 
Diversos se mostram exaustos, física e emocionalmente. Alguns recorrem a fortes estimulantes para o instante definitivo do desfile. 
Consomem tempo e dinheiro, que poderiam ser aplicados na manutenção da vida e salvação de muitas vidas. 
Mergulham em um mundo de sonhos fantástico. 
Anseiam por dar autenticidade a cada gesto, a toda atitude. 
Usando vestimentas de reis e rainhas, nobres e conquistadores, personagens de contos, artistas, fariam inveja a todos a quem copiam. Isso se as vestes e as coroas, os cetros, os mantos e as posturas não fossem todos falsos. Exatamente como falsas são as expressões e vitórias que ostentam. 
Diversos desses foliões nem se dão conta que poderão estar a representar a própria personalidade de vidas passadas. 
Uma grande perda de tempo pois, de um modo geral, conquistadores, reis, rainhas e generais que foram, se ainda permanecem na Terra é porque naquelas vidas faliram. E faliram feio. 
Em toda essa festa de loucura, que deixa marcas profundas, pergunta-se se será mesmo manifestação de alegria, de descontração. 
Se necessito me fantasiar, embriagar para desfrutar alegria, onde a autenticidade? 
Sem falar nos graves problemas gerados a partir desses três dias dedicados a Momo: gravidez, uso de drogas, abuso do álcool, acidentes por irresponsabilidades. 
DIVALDO PEREIRA
FRANCO
A vida é um bem por demais precioso. 
Precioso também é o tempo. 
Talentos dados por Deus. 
Bom se aprendêssemos a escolher a boa parte, aquela que não nos será tirada, conforme o ensino do Mestre, no diálogo mantido com Marta, no abençoado lar de Betânia. 
Em vez do palco da mentira, da glória ligeira, dos confetes da triste e enganosa noite de carnaval, quantas bênçãos se pode semear nos feriados momescos. 
A escolha é pessoal. 
Porque sempre a semeadura é livre. 
Somente a colheita é obrigatória. 
Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base nos caps. 6 e 15 do livro Nas fronteiras da loucura, pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL e no verbete Carnaval, da Enciclopédia Mirador Internacional, v. 5, ed. Encyclopaedia Britannica do Brasil. 
Em 28.2.2017.