Wallace Leal Rodrigues |
Você conseguiria distinguir se uma carroça está rodando cheia ou vazia, mesmo sem poder vê-la?
Essa foi a lição que o pai deu ao filho, numa tarde quente de verão, na tranquilidade da pequena fazenda.
Ele convidou o pequeno para ir ao bosque a fim de escutarem juntos o canto dos pássaros, no silêncio da mata.
Após ouvirem por longo tempo a sinfonia dos pássaros, dirigiram-se para uma clareira e o pai perguntou ao filho:
-Você está ouvindo alguma coisa além do canto dos pássaros?
O filho apurou os ouvidos e depois de alguns segundos respondeu:
-Estou ouvindo o barulho de uma carroça que deve estar descendo pela estrada.
Isso mesmo, disse o pai.
-É uma carroça vazia.
-Mas como é que o senhor sabe que está vazia se não a podemos ver?
Perguntou o garoto intrigado.
-Ora, filho, é muito fácil saber que uma carroça está vazia, e sabe por quê?
-Não, respondeu o filho.
O pai apoiou a mão no ombro do menino, olhou bem nos seus olhos e disse:
-Podemos identificar que uma carroça está vazia pelo barulho que ela faz. Quanto mais vazia, mais barulhenta é.
O garoto, que certamente falava demais e sem pensar muito, logo entendeu a lição e jamais esqueceu que, quanto mais vazia, mais barulho faz a carroça.
* * *
A lição daquele pai, certamente, serve para muitos adultos que costumam falar e falar, sem se dar conta que suas palavras são vazias tanto quanto sua própria intimidade.
Há pessoas que são barulhentas, falam alto, gesticulam muito, não deixam ninguém falar e acabam ficando sozinhas.
Na ânsia de disfarçar o vazio da alma, fazem muito barulho exterior, infelicitando-se e infelicitando os que as cercam.
A arte de bem falar ainda é pouco conhecida de muitos de nós.
E falar bem nunca significou falar muito, pelo contrário, o poder de síntese é qualidade dos sábios.
Falar pouco e dizer muito é coisa que poucos sabem fazer.
Mas, falar muito e dizer pouco, é um fato comum.
Quem fala demais e diz o que não deve, acaba escravizado pelas próprias palavras que, uma vez ditas, não podem mais ser apagadas. Mas, enquanto nós não as dizemos, são nossas prisioneiras e temos sobre elas total domínio.
Dessa forma, antes de proferirmos palavras ao vento, lembremo-nos de que podemos ser identificados pelo nosso modo de falar e pela quantidade e a qualidade das nossas palavras.
Vale a pena lembrar, ainda, que a faculdade da fala nos foi dada por Deus para construir e edificar, evoluir e promover o crescimento dos outros.
* * *
Uma palavra gentil é como uma flor, que exala perfume e balsamiza quem a ouve.
Uma palavra fraternal é como um raio de sol, que ilumina e aquece quem dela necessita.
Uma palavra cordial é como suave brisa capaz de pacificar corações e aquietar almas em convulsões.
E as palavras do Cristo são rotas luminosas, pão de sustento, água refrescante, bálsamo bendito para incontáveis corações...
Redação do Momento Espírita com base no cap. A carroça,
do livro E, para o resto da vida..., de Wallace Leal
Rodrigues, ed. O clarim.
Em 24.05.2010.