sábado, 29 de fevereiro de 2020

REFLORESCENDO....

Aquela senhora parecia estranha. Bateu à porta dos rapazes, que apenas haviam adentrado o apartamento, para oferecer seus biscoitos. Sinal de boas vindas. 
-Receita especial, frisou. 
E foi entrando, se sentando na sala e falando de tudo e de coisa nenhuma. Por fim, entre lágrimas, disse que fora vítima de um furto. 
Por que não recorria à polícia? 
Bom, a polícia se interessaria em investigar o furto de uma planta? 
Era sua planta de estimação, uma samambaia. 
Espécie? 
Ora, era uma samambaia comum mas que compartilhava sua vida há seis anos. Ela a tinha colocado no corredor, do lado de fora do seu apartamento, para conferir um pouco de alegria ao local. E alguém a furtara. Os rapazes se compadeceram da sua tristeza, que transparecia nas faces esculpidas pelo tempo. Pediram a um amigo, que adorava investigar situações que pareciam intrincadas, que fizesse algo por ela. Ele se entusiasmou. Colocou uma samambaia nova no mesmo local da anterior, instalou uma câmera de vigilância e ficou assistindo horas e horas de gravações, por dias inteiros. Ninguém, sequer, olhava para a planta. A porta do apartamento se abria apenas para quem vinha entregar pedidos feitos pela senhora. Ele percebeu que, além de agradecer, ela fazia questão de dar seus bolinhos, seus biscoitos a cada um. Mesmo que eles dissessem que não queriam, ela insistia e lhes colocava nas mãos as suas preciosidades. Jerry se deu conta da solidão daquela senhora que não saía de casa, e que fazia questão de agradar as pessoas. Descobriu o que ela queria de verdade: atenção, alguém para conversar. Foi visitá-la. Disse que para concluir a investigação a respeito do estranho furto, precisava lhe fazer algumas perguntas. Foi recebido com um sorriso e um delicioso sanduíche, que ela preparou com esmero. Cortado ao meio, dois triângulos perfeitos. 
-Como minha mãe fazia! – Comentou o rapaz. 
-As boas mães fazem assim! – Respondeu ela. 
Enquanto saboreava a delícia, ele se pôs a olhar para as paredes. Havia muitas fotos dela com o marido, em viagens, festas, recepções. Ela vivera intensamente um amor e uma vida. Era bela, elegante, sempre com aquele maravilhoso sorriso nos lábios. Confidenciou-lhe que depois que o marido morrera, colocara o pé no freio. Sem o seu grande amor para tudo compartilhar, a vida perdera muito do seu significado. Então, o jovem a convidou para sair com ele. E a levou para um lugar paradisíaco, entre palmeiras emoldurando a paisagem, num cair de tarde. Juntos, assistiram a um pôr de sol, num céu pincelado de lilás, vermelho, amarelo, uma profusão de cores... A vida não acaba porque o amor partiu, disse ele. Volte a viver, saia de casa, admire os quadros de Deus, permita que sua alma continue a vibrar. Depois, a levou para conhecer os seus próprios amigos, à beira da praia. A senhora tornou a desabrochar. Precisava somente de alguém que lhe quisesse bem e lhe desse amor. 
Pensemos nisso ao encontrarmos pessoas solitárias, tristes e acabrunhadas. Contribuamos para que voltem a florescer.
Redação do Momento Espírita, com base em capítulo da Série Hawaii Five-0. 
Em 28.2.2020.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

ESTOU PRONTO AGORA

DIVALDO PEREIRA FRANCO
O capitão de um navio que ia zarpar, dirigia-se apressado para o porto. Estava muito frio. Diante da vitrine de um restaurante, ele viu um menino quase maltrapilho, de bracinhos cruzados e meio trêmulo. 
-Que está fazendo aí, meu pequeno? – Disse-lhe o capitão.
-Estou só olhando quanta coisa gostosa existe para se comer. Além do que, deve estar bem quentinho aí dentro. 
-Tenho bem pouco tempo antes da partida do navio. Se você estivesse arrumadinho, eu o levaria a esse restaurante para que comesse algumas dessas coisas boas e saborosas. Mas, infelizmente, não está... – Falou o capitão. 
O garoto, faminto e com os olhos rasos d’agua, passou a mãozinha magra sobre os cabelos em desalinho e falou: 
-Estou pronto, agora! 
Comovido, o capitão o levou para o restaurante, fazendo-lhe servir uma boa refeição. E, enquanto o garoto comia, perguntou-lhe: 
-Diga-me uma coisa: onde está a sua mãe, meu pequeno? 
-Ela foi para o céu quando eu tinha apenas quatro anos de idade. 
-E você ficou só com seu pai? Onde ele está? Onde trabalha?
-Nunca mais vi meu pai, desde que minha mãe morreu. 
-Mas, então, tornou a perguntar o capitão, quem toma conta de você? 
Com um jeitinho resignado, o menino respondeu: 
-Quando minha mãe estava doente, ela disse que Deus tomaria conta de mim. Ela ainda me ensinou a pedir isso todos os dias a Ele. 
O capitão ficou cheio de compaixão e acrescentou: 
-Se você estivesse limpo e arrumadinho eu o levaria para o navio e cuidaria de você com muita alegria. 
O menino pôs-se de pé, rápido, alisou os cabelinhos sujos e mal cuidados e voltou a repetir a mesma expressão: 
-Capitão, estou pronto, agora. 
Vendo-o assim quase suplicante, aquele capitão o levou para o navio, onde o apresentou aos marinheiros e imediatos, dizendo: 
-Ele será meu ajudante e será sempre chamado de “Pronto, agora”. 
Ali o garoto recebeu tudo o que carecia e as coisas transcorriam, aparentemente bem, até que um dia ele amanheceu febril. Foi medicado, mas a febre não cedia. Vendo-o piorar, o capitão aflito disse ao médico: 
-Procure salvá-lo, doutor. Não quero ficar sem ele. 
O médico fez tudo o que pôde, mas em vão. Na tarde seguinte, o menino, chamando o capitão, lhe falou: 
-O senhor foi muito bom para mim. Eu o amo muito e gostei de estar aqui, mas agora vou ao encontro de minha mãe. O senhor está pronto, agora, para aceitar que eu vá? Porque minha mãe está me dizendo que enquanto o senhor não estiver pronto, eu não me libertarei. 
Com lágrimas nos olhos, o capitão, tomando as mãos do menino, disse: 
-Filho, estou pronto, agora! 
O garoto cerrou os olhos, suspirou e seu Espírito abandonou o corpo enfermiço, indo ao encontro de sua mãe. 
* * * 
Abre-te ao amor e ao bem, onde estejas e com quem te encontres. Aprende a entesourar bênçãos na dificuldade, como se colhesses lírios no pântano. Cumpre os teus compromissos, mesmo aqueles que te pareçam mais aflitivos, com a alegria de quem se liberta. Dessa forma estarás sempre pronto para a vitória, as conquistas maiores e a felicidade que te aguarda.
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Estou pronto, agora, publicado no Mensário Espírita O Sol Nascente, de junho de 2001, e no cap. 14, do livro Sob a proteção de Deus, por diversos Espíritos, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 18.4.2018.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

UM ESTÍMULO ESPECIAL

Terri Sjodin
Conta-se que uma família do Leste Europeu foi forçada a sair de sua casa, quando tropas estrangeiras invadiram a localidade onde viviam. Para fugir aos horrores da guerra, perceberam que sua única chance seria atravessar as montanhas que circundavam a cidade. Se conseguissem ter êxito na escalada, alcançariam o país vizinho e estariam a salvo. A família compunha-se de umas dez pessoas, de diversas idades. Reuniram-se e planejaram os detalhes: a saída de casa e por onde tentariam a difícil travessia. O problema era o avô. Com muitos anos aos ombros, ele não estava muito bem. A viagem seria dura. 
-Deixem-me, falou ele, serei um empecilho para o êxito de vocês. Somente atrapalharei. Afinal, os soldados não irão se importar com um homem velho como eu. 
Entretanto, os filhos insistiram para que ele fosse. Vencido pelas argumentações, o idoso cedeu. A família partiu em direção à cadeia de montanhas. A caminhada era feita em silêncio. Todo esforço desnecessário deveria ser poupado. Como entre eles havia uma menina de apenas um ano, combinaram que, a fim de que ninguém ficasse exausto, ela seria carregada por todos os componentes da família, em sistema de revezamento. Depois de várias horas de subida difícil, o avô se sentou em uma rocha. Deixou pender a cabeça e quase em desespero, suplicou: 
-Deixem-me para trás. Não vou conseguir. Continuem sozinhos. 
-De forma alguma o deixaremos. Você tem de conseguir. Vai conseguir. 
Falou, com entusiasmo, o filho. 
-Não, insistiu o avô, deixem-me aqui. 
O filho não se deu por vencido. Aproximou-se do pai e energicamente lhe disse: 
-Vamos, pai. Precisamos do senhor. É a sua vez de carregar o bebê. 
O homem levantou o rosto. Viu as fisionomias cansadas de todos. Olhou para o bebê enrolado em um cobertor, no colo do seu neto de treze anos. O garoto era tão magrinho e parecia estar realizando um esforço sobre-humano para segurar o pesado fardo. O avô se levantou. 
-Claro, falou, é a minha vez. Passem-me o bebê. 
Ajeitou a menina no colo. Olhou para o seu rostinho inocente e sentiu uma força renovada. Um enorme desejo de ver sua família a salvo, numa terra neutra, em que a guerra seria somente uma memória distante, tomou conta dele. 
-Vamos, disse, com determinação. Já estou bem. Só precisava descansar um pouco. 
O grupo prosseguiu, com o avô carregando a netinha. Naquela noite, a família conseguiu cruzar a fronteira. Todos os que iniciaram o longo percurso pelas montanhas conseguiram terminá-lo. Inclusive o avô. 
* * * 
Se alguém, a seu lado, está prestes a desistir das lutas que lhe compete, ofereça-lhe um incentivo. Recorde da importância que ele tem para a pequena ou grande comunidade em que se movimenta. Lembre-o de que, no círculo familiar, na roda de amigos ou no trabalho voluntário, ele é alguém que faz a diferença. Cada criatura é única e tem seu próprio valor. Uma tarefa pode ser desempenhada por qualquer pessoa, mas uma pessoa jamais substituirá a outra. Não permita que ninguém fique à margem do caminho, somente porque não recebeu um incentivo, um estímulo, um motivo para prosseguir, até a vitória final. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Para meu neto, de Floyd Wickman e Terri Sjodin, do livro Histórias para aquecer o coração dos pais, de Jack Canfield, Mark Victor Hansen, Jeff Aubery e Mark & Chrissy Dinnelly, ed. Sextante. Em 29.10.2015.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

ESTERILIZAÇÃO

A ausência de fé e a ignorância acerca das Leis que regem a vida têm feito com que a Humanidade se desvie do caminho reto, para tomar atalhos que lhe custarão mais tempo nas teias do sofrimento. Esquecendo-se de que Deus é a Inteligência Suprema do Universo, Criador de todas as coisas, o homem, crendo-se mais inteligente e mais sábio que a própria Divindade, toma decisões equivocadas que só o conduzirão às valas da desdita. Talvez porque pense que Deus está dormindo ou não tem competência para cuidar da Sua Criação, ou talvez por interesses escusos, para satisfazer o egoísmo e o orgulho, o homem tem se arvorado a tomar decisões que não lhe dizem respeito. Acha-se suficientemente sábio para deliberar sobre a eutanásia, interrompendo a vida antes que Deus o faça. Crê-se inteligente o bastante para aprovar o abortamento criminoso, antes de pensar que quem dá a vida é o Criador. Admitindo-se mais onipotente que Deus, decreta a esterilização em massa de homens e mulheres das camadas financeiramente carentes. Por tudo isso a Humanidade terá que responder, mais cedo ou mais tarde, diante da verdadeira onipotência, que é Deus. Diz-se que o homem moderno é sábio, mas lembremos que a verdadeira sabedoria não está na soma de diplomas e conquistas intelectuais, e sim na admissão de um Ser Soberano que faz com que caia a chuva, nasçam as flores, girem os planetas, enfim, exista a vida. O homem moderno pode brincar de criador mas, na realidade, jamais criou uma única semente capaz de germinar, sem a ajuda de Deus. Pode acabar com o corpo, encurtando a existência terrena de pessoas e animais, mas jamais criou um sopro de fluido vital. Faz-se oportuno pararmos para refletir um pouco sobre tudo isso. O homem verdadeiramente sábio realiza cirurgia intrauterina, corrigindo a má formação do feto, fazendo das próprias mãos uma extensão das mãos de Deus, auxiliando as criaturas. Já o pseudossábio prefere eliminar do ventre materno o bebê com deformidades, porque pensa que Deus não sabe o que está fazendo. A vida tem que seguir o seu curso natural, conforme estabeleceu a Divindade. Mulheres e homens que necessitam da esterilidade, já nascem com ela. Crianças que não devem nascer, são abortadas naturalmente. E os doentes que não necessitam mais do sofrimento, desatam-se do corpo como uma frágil vela que se apaga. Para tudo isso, Deus não necessita da ajuda dos homens. Mas solicita, sim, o concurso desses na preservação da vida. Isso sim, o homem pode, e deve fazer. 
* * * 
Allan Kardec apresentou aos Espíritos a seguinte pergunta:
-Indo sempre a população na progressão crescente que vemos, chegará tempo em que seja excessiva na Terra? 
E os Espíritos responderam: 
-Não, Deus a isso provê e mantém sempre o equilíbrio. Ele nada faz de inútil. O homem, que apenas vê um canto do quadro da natureza, não pode julgar da harmonia do conjunto.
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no item 687, de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. FEB. 
Em 6.1.2014.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

VACINA

DR.ALBERT SABIN
Uma das questões que mais atraiu o médico Lucano, conhecido como Lucas, o Evangelista, ao ter contato com a Doutrina de Jesus, foram as curas. Por ser médico, por conhecer os seus limites, por ter tido experiências de morte de pacientes, aos seus cuidados, as curas de Jesus o maravilharam. Certamente por isso encontramos descrições de inúmeras delas no seu Evangelho. É ele que nos narra que, entrando Jesus em uma cidade chamada Naim, viu um defunto levado a sepultar. Filho único de uma viúva. Movido de compaixão, Jesus se aproximou, tocou no esquife e ordenou: 
-Jovem, eu te digo, levanta-te. 
E o rapaz se sentou e começou a falar. Naturalmente, o jovem não estava morto, mas em sono letárgico. Jesus também devolveu movimento a muitos paralíticos. Mas, muito mais do que devolver movimentos a membros paralisados, Jesus se preocupava com a paralisia da alma. Por isso afirmava que Ele não viera para os sãos, mas para os enfermos. E aos que curava, recomendava: 
-Vai e não tornes a errar para que coisa pior não te aconteça.
Tinha cuidado para que as almas não caíssem em paralisia. Por isso toda sua pregação é de ação no bem, é de movimento para se melhorar. Na Terra, conhecemos um extraordinário médico e pesquisador que muito se preocupou para que as pessoas não viessem a ficar paralisadas. Ele se chamou Albert Sabin e nasceu numa pequena aldeia polonesa, na época pertencente à Rússia. A perseguição russa contra os judeus fez com que sua família emigrasse para os Estados Unidos em 1921. A adaptação foi difícil em virtude da pobreza. Com a ajuda de um tio, Albert Sabin começou os estudos de Odontologia, mudando depois sua escolha para Medicina. Tornou-se pesquisador do Instituto Rockfeller de pesquisas médicas, onde veio a demonstrar o crescimento do vírus da poliomielite em tecidos humanos. Posteriormente, comprovou a eficácia de uma vacina oral contra o vírus. Em 1960, após pesquisas conjuntas com cientistas de vários países, a vacina contra a poliomielite foi produzida oficialmente nos Estados Unidos. O Doutor Albert Sabin tornou-se conhecido em todo o mundo. Seu nome foi dado a hospitais, escolas, institutos. Não há quem tenha filhos e não agradeça ao Dr. Albert Sabin, pela vacina contra a poliomielite. A gotinha salvadora. Em uma de suas várias visitas ao Brasil, recebeu do governo brasileiro, em 1967, a Grã-Cruz do Mérito Nacional. 
* * * 
Ele libertou crianças da paralisia dos membros. Jesus libertou as criaturas da paralisia da alma. Por isso, diz ao jovem: 
-Levanta-te! 
E ao paralítico: 
-Levanta, toma teu leito e anda! 
Ação. Dinamismo. Convite a seguir em frente, sempre em frente. Jesus é o Divino Médico das nossas almas e nos convida a nos servirmos da vacina contra o mal, abraçando a Sua Doutrina de Amor. Seu é o convite para que O sigamos, não permanecendo estagnados em posições tolas de irreflexão, de vingança. 
-Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ele nos diz.
-Ninguém vai ao Pai senão por mim. Quem tem ouvidos de ouvir, ouça! 
Ouçamo-lO e O sigamos. 
Redação do Momento Espírita, com dados biográficos do Dr. Albert Sabin e anotações colhidas no Evangelho de Lucas, cap. 7, versículo 14 e no Evangelho de Marcos, cap. 2, versículos 10 e 11. 
Em 25.2.2020.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

CARÊNCIA

Todos os anos o principal mecanismo de busca da Internet apresenta um ranking dos assuntos e perguntas mais frequentes naquele período. Em 2019, uma questão chamou a atenção. Na categoria do Como fazer, o terceiro lugar no Brasil ficou com a seguinte pergunta: 
-Como fazer para que as pessoas gostem de mim? 
É no mínimo curioso fazermos esse tipo de pergunta para um mecanismo de busca, um mecanismo de pesquisa online. 
O que esperamos encontrar como resposta? 
Que tipo de conselhos? 
Existem respostas prontas? 
Receitas? 
Tutoriais sobre o tema? 
O mais fascinante é que as respostas estão lá e são muitas... Uma delas incentiva que copiemos gestos e expressões das outras pessoas. Numa conversa, o tal efeito camaleão, segundo alguns, ajuda fazer com que as pessoas gostem mais de nós. Consta da lista de sugestões também fazer elogios, manter o bom humor, admitir seus defeitos, sorrir, contar segredos e muito mais. Outras correntes falam que precisamos ser engraçados e que, em qualquer conversa, precisamos nos interessar pelo outro, pois o outro só quer ouvir falar dele mesmo. E assim desfilam em milhares de páginas as dicas, truques, lições etc. Se lermos e estudarmos bem tudo aquilo saberemos perfeitamente como fazer para que as pessoas gostem mais de nós. 
Será? 
Precisamos, antes de tudo, entender o que está por trás dessa pergunta tão urgente nos nossos corações. Queremos pertencer, ser notados, ser amados e aceitos. Estamos carentes. Somos, em grande parte, carentes afetivos, que buscamos lá fora o alimento definitivo para saciar nossas necessidades iminentes. Nosso amor próprio não é suficiente para nos dar o sustento diário. Aliás, temos pouco ou quase nenhum, por isso precisamos sair pelo mundo em busca de quem nos ame, nos compreenda, nos preencha as carências da alma. A vida em sociedade é fundamental, é claro. Crescemos juntos e a convivência nos ensina muito, porém, a conquista do amor é uma jornada que devemos realizar de dentro para fora. O que nos fará mais ou menos felizes não será o amor que recebermos do mundo, mas o amor que dermos. E só podemos dar amor se o construirmos dentro de nós. Assim, amar a nós mesmos deve estar sempre entre as metas primordiais da existência humana, ao lado do amor ao próximo, pois um alimenta o outro e ambos constroem, com segurança e sabedoria, o amor ao Criador. 
 * * * 
Que importa que o mundo não nos entenda, não nos compreenda, não nos enxergue. Que importa que os aplausos não soem para nós, que os desejos não nos tenham como centro. Nosso compromisso é com o bem, nosso compromisso é com o Pai. Sejamos, assim, autênticos, discretos e sem temor. Amemos, sem esperar retorno. Doemo-nos, sem esperar pagamento. O amor cresce na alma que se alimenta do bem que faz, e não do bem que recebe. Na expressão de Francisco de Assis, sintetizada na prece concebida no início do século XX, é melhor amar que ser amado, porque é dando que se recebe. Preciosa síntese.
Redação do Momento Espírita. 
Em 24.2.2020.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

ESTE É O MOMENTO

Quando a vida parece não ter sentido... 
Quando não mais encontramos motivos para sorrir... 
Quando ao nosso redor tudo fica apagado e triste... 
Quando sentimos a respiração difícil e entrecortada... 
Todos esses são momentos de pararmos um pouco e refletirmos. São convites para avaliarmos como estamos conduzindo a vida e os problemas que ela nos apresenta. Sinalizam que é hora de atentarmos para uma maneira diferente de viver, longe de qualquer foco negativo, pessimista. É hora de refletir que, apesar das dificuldades, estamos vivos e isto é maravilhoso! Respiramos, andamos, falamos, ouvimos, pensamos. Sentimos, aprendemos, crescemos, evoluímos. Os erros, os enganos não se encontram na vida, mas em nós, na nossa maneira equivocada de agir! E, se estamos vivos, temos a oportunidade de corrigi-los. Nossas atitudes, por não serem as adequadas, não estão nos conduzindo a resultados positivos e é isso que está nos deixando sem ânimo. 
Observemos. 
Muitas vezes, bem próximo de nós, o portador de alguma deficiência física encontra, em um trabalho no bem, sua força para viver e superar limitações. Outro, de quem a vida afastou os entes queridos, mas que se doa a atender os desvalidos, encontra nessa atividade, motivos para se felicitar. Quantos que não possuindo a visão, cantam, alegrando a si mesmos e ao próximo. Outros, que mesmo apresentando limitações físicas, escrevem poemas, tecendo com sua inspiração, luzes de esperança nos corações alheios. A vida é o maior bem que possuímos. Viver na Terra é bênção que o Pai Celestial nos permite. Façamos deste momento, o melhor de nossas vidas, reabilitando-nos e nos doando ao bem maior. Superemos nossas dificuldades e estendamos nosso olhar ao redor com a alegria de quem tem o que oferecer, por mais desvalidos nos sintamos. Afinal, não precisamos doar coisas, mas dar de nós mesmos àquele que nada tem. Busquemos nossa alegria no sorriso que pudermos fazer brotar nos lábios de uma criança. Encontremos forças na fé e na esperança que possamos compartilhar com um pai que traz um filho doente nos braços. Sintamos o alento e a confiança de um idoso frente a um gesto ou uma palavra de carinho, ou diante de alguém que apenas o ouça, e permitamos a ele desabafar conosco as mágoas que traz no coração. Sempre haverá algo a fazer por alguém, desde que tenhamos vontade de agir no sentido de socorrer, amparar e alentar corações.
 * * * 
A oportunidade de nos desvencilharmos de nossos pesares, muitas vezes está a poucos passos de nós, e nos deixamos cegar pela indiferença. Acordemos para as necessidades alheias e veremos que não somos apenas mais um na caminhada. Atentemos para nossas possibilidades interiores e descobriremos que temos muito para repartir com os que nada têm. Não deixemos o vazio e o desalento tomar conta de nosso ser. Encaremos o mundo vivendo intensamente e acima de qualquer dissabor, valorizando o momento presente. Amemos a Deus, a nós mesmos e ao próximo, conforme ensinou Jesus, e nossos momentos serão preenchidos de vida abundante, de amor, de luz e de paz.
Redação do Momento Espírita. 
Em 6.1.2018.

sábado, 22 de fevereiro de 2020

QUANDO EU VOLTAR

Eu tenho a firme convicção de que não vivemos uma única vez nesta Terra abençoada por Deus. Tenho a convicção plena de que já vivi muitas experiências. Como explicar, senão dessa forma, que meu coração bata descompassado ante certas paisagens do mundo? Paisagens que jamais visitei na presente existência mas que as contemplo como velhas conhecidas. Como explicar que ouvindo determinado idioma, que não o do meu país natal, me aguce o cérebro e eu sinta como se conhecesse todas aquelas palavras, que soubesse pronunciar todos aqueles vocábulos? Paisagens, sons, pessoas. De repente, tudo vai se sucedendo em minha mente como múltiplas lembranças. Não muito nítidas, mas nem por isso menos autênticas. Pareço recordar paisagens da Gália, com seus cultos, suas crenças, seus sacerdotes druidas. Peregrino pelo vale do Loire, entre castelos, como se fossem dias vividos, sofridos, passados. As pirâmides do Egito, as areias do deserto, reis, escravos, nações que se digladiam. Ásia, Oceania, Europa. Por onde terei andado em tantas e multiplicadas vidas, entre muitas posses ou na quase miséria? Com acesso às conquistas do intelecto ou iletrado, entre o povo ignorado? Quantas vestes terei usado? De poder ou de submissão. Mantos de veludo, coroas, andrajos que mal cobriam o corpo. Terei vivido recluso em mosteiros, montanhas? Ou livre, em cidades populosas? A memória não permite acesso integral a tudo que fui, tudo que experienciei. Mas, como afirmava o Apóstolo Paulo, Graças a Deus sou o que sou. Por isso, ouso erguer a fronte e sonhar. Sonhar com meu retorno a esta terra bendita. Quem sabe quando se dará. Talvez décadas. Ou séculos. Não importa. Penso e planejo o que desejo para quando eu voltar. Com certeza, retornarei a esta Terra abençoada porque reconheço não ter pago até o último ceitil, conforme advertiu o sábio de Nazaré. E, se nesta vida, aprendi a me extasiar com a beleza arquitetônica de prédios antigos, que sobreviveram ao tempo, quem sabe eu possa retornar como alguém que, qual novo Mecenas, possa restaurar tantos daqueles carcomidos pelo tempo. Se agora plenifico a alma ouvindo a música que me enche os ouvidos, talvez eu possa retornar como alguém dedicado à arte musical. Serei, quem sabe, um virtuose do violino, do violoncelo, do piano... Ou então eu possa retornar com uma flauta mágica engastada na garganta e solte a voz em todos os tons, em caprichosas escalas. Quiçá, como Bach, um dia, eu possa dizer que nasci para louvar a Deus, através das árias mais sublimes, executadas de forma magistral, arrebatando as almas em êxtase. Ou retornarei como exímio pintor que reproduzirá em telas magníficas paisagens de uma outra dimensão, entrevistas em noites de sonho. Penso e sonho. Em verdade, o mais importante é saber que voltarei. Voltarei para esses campos do planeta azul e amarei a pátria onde renascer. Talvez até precise aprender um novo idioma. Novo aprendizado. No entanto, com certeza, nas noites brilhantes, olharei para os céus, contemplarei as estrelas, identificarei outros mundos, celestes moradas que me aguardam num futuro distante. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.2.2020.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

ESTE É MEU NETINHO

Lembro-me feliz das vezes em que chegava à sua casa e, ligeira, você vinha me receber no portão. 
Lembro-me de que meus olhos encontravam os seus e de que você me ensinou a utilizá-los também para sorrir.
Lembro-me da ternura daquele olhar tão silencioso, capaz de falar ao meu coração. 
Lembro-me do seu colo, do seu abraço, das suas mãos suaves que acariciavam meus cabelos. 
Recordo-me de sua casa: tão festiva, tão acolhedora, tão primaveril e dos beijos com os quais me acolhia em sua alma. 
Recordo-me do orgulho com o qual me apresentava aos vizinhos e aos amigos: 
-Este é meu netinho, dizia, puxando-me logo em seguida para um beijo e um afago. 
Quando jovem, lembro-me dos seus conselhos tão adequados e sábios, que eram capazes de me desnudar o Espírito e me revelar a você, em toda a minha fragilidade. Os anos se passaram. Eu vi a neve do tempo cobrir os seus cabelos outrora tão negros. No canto de seus olhos surgiram as marcas da experiência. Suas mãos, aquelas mãos vigorosas cujos dedos ágeis preparavam a massa do pão e dos biscoitos, dos quais eu tanto gostava, agora se tornaram frágeis e rugosas. Suas pernas, antes fortes e decididas, que inúmeras vezes me acompanharam em passeios e brincadeiras de roda, são agora lentas e custam a carregar seu delicado corpo. 
 * * * 
Já sou adulto, vovó. Hoje, não mais você marcha ligeira em minha direção, mas, embora com grande dificuldade, faz questão de me receber no portão. Meus olhos ainda encontram os seus e você os continua utilizando para sorrir para mim, com certo esforço, por conta de sua catarata. Você não mais me pega ao colo, mas em seu sorriso tenho verdadeiro porto seguro para me sentir acolhido diante das dores do mundo. Suas mãos frágeis descansam em meus cabelos, embora agora precise que eu coloque minha cabeça bem perto de você, para que não se canse tanto ao distender seus braços. Sua casa, desgastada pela ação do tempo, continua trazendo primavera ao meu Espírito. E, com um sorriso lhe iluminando o rosto, quando me aproximo, você carinhosamente olha para sua enfermeira e diz: 
-Este é meu netinho, mesmo que ela me conheça de longa data. 
Sua memória não é mais a mesma, no entanto, você continua tendo as palavras certas, na hora certa, fazendo com que minha alma permaneça como um livro aberto para você. 
 * * * 
Hoje você partiu, vovó. Deixou-me o coração repleto de saudades e a alma transbordante de recordações. Entretanto, as lágrimas que correm em minha face não são de tristeza. São de gratidão pelo seu amor, pelos afagos recebidos, pelos beijos carinhosos e pelos conselhos que sempre me nortearam. Dia virá em que receberei seu abraço apertado novamente e sorrindo, como sempre, você olhará para os bons anjos que a acompanham e, serenamente, repetirá: 
-Este é meu netinho. 
 * * * 
Os laços de amor não são desfeitos pela morte. Mesmo que a saudade se faça espada desembainhada a nos ferir a alma, guardemos a certeza de que, no reino do Criador, não há pontos finais. Antes, há reticências que sinalizam a continuidade da existência, nas moradas do Infinito. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 21.3.2014.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

O OUTRO LADO DO CAMINHO

Henry Scott Holland
A morte não é nada. 
Eu somente passei para o outro lado do caminho. Eu sou eu, vocês são vocês. O que eu era para vocês continuarei sendo. Deem-me o nome que vocês sempre me deram, falem comigo como vocês sempre fizeram. Vocês continuam vivendo no mundo das criaturas, eu estou vivendo no mundo do Criador. Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo que nos fazia rir juntos. Rezem, sorriam, pensem em mim. Rezem por mim. Que meu nome seja pronunciado como sempre foi, sem ênfase de nenhum tipo, sem nenhum traço de sombra ou tristeza. A vida significa tudo o que ela sempre significou, o fio não foi cortado. Por que eu estaria fora de seus pensamentos, agora que estou apenas fora de suas vidas? Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho... Você que aí ficou, siga em frente. A vida continua linda e bela como sempre foi. 
* * * 
Quem dera todos pudéssemos nos despedir assim de mais uma jornada no mundo físico, de cabeça erguida, sem remorsos, sem medo e ainda deixando um rastro de esperança para os que ficam. 
Quem dera todos tivéssemos essa noção clara de que não estaremos longe, apenas do outro lado do caminho. 
Quem dera conseguíssemos manter o laço com quem partiu, não o laço que segura, que retém, mas aquele que mantém a ligação do coração, que faz com que quem deixou o mundo por primeiro se sinta tranquilo, sem preocupações em relação aos que ainda nele permaneceram. 
Quem dera entendêssemos que cada um tem seu próprio trilhar, e por maior que seja nosso amor, não foi feito para viver eternamente amarrado em nós. 
O amor não acorrenta, pelo contrário, liberta, dá asas, dá oportunidades, deseja e trabalha pelo bem do outro. E quando o tempo do outro termina aqui na Terra, nossa alma deveria se inundar de felicidade. Isso não nos impede de sentir a ausência, de demorar em se acostumar a viver mais distante daquele que, por vezes, dividiu toda uma encarnação conosco. Isso não nos impede de sofrer. Sofrer faz parte da vida, do crescimento do Espírito e de seu processo de sensibilização moral. Sigamos em frente mesmo assim. Chegará o nosso tempo. E o mais incrível de tudo isso é que nunca sabemos quando. Por isso é importante estar sempre preparado, deixando a casa da alma em ordem, arrumada, nada fora do lugar, nada por fazer ou resolver no suposto amanhã. Logo estaremos do outro lado e ainda caminhando, pois a estrada é longa, contínua e cheia de conquistas, em ambos os lados. Quanto mais adiante estamos, mais fortes e dispostos estaremos. Cada passo dado nos faz mais completos, mais felizes. Os que estão do outro lado do caminho acompanham nosso trilhar com carinho e, por vezes, se programando para retornar, pois o ir e vir é lei universal. Um dia ainda nos questionaremos: qual o verdadeiro outro lado do caminho? 
Redação do Momento Espírita, com base em trecho do sermão de Henry Scott_Holland, intitulado Morte do Rei dos Terrores, pronunciado durante o funeral do rei Eduardo VII. 
Em 20.2.2020.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

ESTATURA ESPIRITUAL

Quando alguém nos pergunta sobre a nossa estatura, logo informamos quanto temos de altura. Mas, se alguém nos perguntar sobre a nossa estatura espiritual, o que diremos? Talvez você nunca tenha pensado nisso, mas a estatura espiritual é a nossa real dimensão. O notável poeta português Fernando Pessoa escreveu, numa de suas poesias: 
-Porque eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho da minha altura... 
Eu sou do tamanho do que vejo, eis os parâmetros para saber nossa real estatura. Como você observa o mundo? De que maneira age em seu âmbito de influência? Como trata as questões do Universo em que se movimenta? As respostas a essas perguntas ajudam a dimensionar sua estatura espiritual. Se você observa o mundo de um ponto de vista abrangente, que contempla mais do que seu próprio lar, seu emprego, seus familiares e seus amigos, tem uma boa estatura. Se, em seu âmbito de influência, você prioriza sempre e incondicionalmente o bem geral, a nobreza das iniciativas, a importância de cada pessoa envolvida no contexto, você é grande. Se nas decisões que lhe cabem você sempre leva em conta o esforço, a dedicação, a intencionalidade de quem lhe apresenta um projeto, uma nova ideia, uma sugestão, você tem uma ótima estatura. Se trata com a mesma consideração e respeito todas as pessoas, se não discrimina ninguém, se não faz pré-julgamentos e age sempre com justiça, você é gigante. Mas... se seu mundo se resume nos seus próprios interesses e nos de seus familiares, do seu time de futebol, do seu partido político, da sua religião... Se você rejeita projetos novos que lhe são apresentados, sugestões ou opiniões que venham de pessoas que você não estima, ou ofereçam algum risco aos seus interesses pessoais... Se age de acordo com as suas conveniências, da de seus correligionários, dos que pensam como você, então você tem estatura espiritual de pigmeu. Existem pessoas que não conseguem vislumbrar os verdadeiros valores da vida, porque sua estatura espiritual é mínima. São essas as pessoas que sentem inveja, ciúmes, e não suportam ver os outros felizes. Por causa da sua miopia espiritual, não admitem o bem realizado por um indivíduo que torce para o time adversário, professa uma fé diferente da sua ou tem idéias divergentes. Ainda que trabalhem na mesma corporação, professem a mesma fé, ou sejam do mesmo partido político, esses pigmeus não aceitam as boas idéias, simplesmente porque não são suas. Essa é uma visão muito limitada, e é por isso que vivemos num mundo ainda problemático, do ponto de vista ético-moral. Quando nossos horizontes se ampliarem, e a nossa visão for bem maior que a nossa altura, então formaremos uma nação onde a felicidade poderá fazer morada. 
 * * * 
Pessoas que têm uma visão abrangente da vida são as que fazem o bem pelo bem, e não por conveniência ou interesses escusos. Valorizam as boas iniciativas por elas mesmas, e não pelas pessoas envolvidas. O bem geral passa a ser a meta, e quem quer que deseje unir forças para realizá-lo será bem-vindo, como um verdadeiro irmão. E agora, você já sabe responder qual é a sua real estatura? Lembre-se de que você é do tamanho do que vê e não do tamanho da sua altura... 
Redação do Momento Espírita. 
Em 17.07.2009.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

DERROTANDO O EGOÍSMO

ESPÍRITO EMMANUEL
Ajuda a quem te calunia, oferecendo, em silêncio, novos recursos de apreciação a teu respeito, através dos bons exemplos. 
Ampara aquele que te persegue sem razão, endereçando-lhe vibrações de amor, em tuas preces mais íntimas. 
Sê útil ao companheiro que não te compreende, mantendo-te invariavelmente disposto a socorrê-lo em suas necessidades. 
Esquece-te para servir. 
Renuncia a ti mesmo, a fim de que o ideal do bem supere o círculo de tua personalidade. 
Ajusta-te aos desígnios da união fraterna para registrares, em teu caminho, os anseios e as esperanças de todos os que te cercam.
Considera como teu o sofrimento de teu irmão!… 
Compadece-te das vítimas infelizes do ódio e da maldade e, sem o veneno da queixa no teu pensamento ou nos teus lábios, segue distribuindo os dons da bondade pura. 
Quando pudermos esquecer o centro escuro de nosso “eu”, envolvendo-o na claridade sublime da vontade de Deus, que deseja o bem e a paz, o progresso e a alegria para todas as criaturas, teremos vencido em nós o egoísmo – velho monstro de mil garras – que nos retém no inferno da crueldade, estabelecendo o céu em nosso próprio coração. 
 * * * 
Jaqueciel de Souza
Não há outro caminho para a verdadeira felicidade, senão o do amor ao próximo, a si mesmo e ao Pai. Qualquer outra estrada frustrará o caminhante. Esquecer-se para servir não significa deixar de se amar. Pelo contrário, quando passamos a sentir nossa essência divina, servimos com alegria e o serviço nos completa a alma. Realizamos uma espécie de auto-conquista, em que nos percebemos capazes, nos percebemos úteis. Todo instrumento do bem, ao mesmo tempo que serve, também se embeleza e se auto-burila. Esquecer-se para atender o outro não significa auto-abandono, descaso consigo mesmo. Esquecer-se significa deixar de lado nossos desejos materialistas, imediatistas e personalistas. Esquecer-se é deixar de atender apenas as nossas vontades, os nossos interesses e olhar para os lados, perceber a vida que pulsa e que pede nosso auxílio e colaboração. Não crescemos sozinhos. Amparamo-nos uns nos outros para ascender. O caso do jovem Jaqueciel de Souza, de 17 anos, ficou conhecido nas redes sociais. Ele nasceu com paralisia cerebral e tem dores diariamente. Depois que a família simples pediu ajuda nas redes sociais para conseguir uma cama hospitalar, a fim de que ele tivesse um mínimo de conforto, uma grande mobilização dominou a região de Lima Duarte, em Minas Gerais. Sensibilizados, militares do Exército se uniram a voluntários do Projeto Mãos Amigas e juntos fizeram uma campanha para arrecadar dinheiro e comprar a cama. A entrega foi emocionante. Eles montaram a nova cama e colocaram o rapaz nela com cuidado e respeito. 
 * * * 
E se todos olhássemos para os lados e percebêssemos o que falta para o outro? Como podemos atender? Como podemos ajudar? Derrotaremos o egoísmo com a vontade e sensibilidade. Basta querer, e querer agora.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 40, do livro Escrínio de Luz, pelo Espírito Emmanuel, ed. O Clarim. Em 18.2.2020.
http://momento.com.br/pt/index.php

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

A ESTÁTUA DE OURO

Em 1988, um casal viajou ao Extremo Oriente. Como o marido iria fazer uma conferência em Hong Kong, eles resolveram estender a viagem e visitar a Tailândia. Quando chegaram a Bancoc, decidiram percorrer os templos budistas mais famosos da cidade. Eram tantos que, depois de um tempo, parecia ao casal que todos se misturavam em suas lembranças. Foi então que visitaram o templo do Buda de ouro. A edificação era pequena, mais ou menos dez metros por dez. O que os deslumbrou, contudo, foi a estátua de mais de três metros de altura de um Buda em ouro maciço. Pesa mais de duas toneladas e está avaliada em duzentos milhões de dólares. Uma visão impressionante! Saindo dali, o casal se dirigiu a uma vitrine e viu um grande pedaço de argila. Deveria ter uns vinte centímetros de espessura e trinta de largura. Ao lado, uma página datilografada contava a história da maravilhosa obra de arte. Em 1957, um grupo de monges precisou transferir um Buda de argila do templo. O mosteiro iria dar lugar a uma estrada. Quando o guindaste começou a levantar a estátua, o peso era tal que ela começou a rachar. Preocupado com danos que pudessem ser causados ao Buda, o monge principal mandou suspender os trabalhos. A estátua foi devolvida ao chão e, porque começou a chover, foi coberta com uma lona. À noite, ainda preocupado com a estátua, o monge foi verificar se ela estava seca. Quando a luz da lanterna bateu na rachadura, ele percebeu um reflexo brilhante. Achou estranho. Mais de perto, percebeu que havia mesmo algo brilhante debaixo da argila. Foi até o mosteiro, apanhou um cinzel e um martelo e começou a tirar lascas de argila. Horas depois, ele se viu face a face com o extraordinário Buda de ouro maciço. Os historiadores acreditam que há centenas de anos, quando a Birmânia estava para invadir a Tailândia, à época Sião, os monges cobriram o Buda com argila para o proteger de eventual saque. Parece que o que aconteceu é que os birmaneses mataram todos os monges. Assim, o segredo do Buda de ouro ficou intacto até meados do século XX.
* * * 
Jack Canfield e
Mark Victor Hansen
Somos semelhantes à estátua do Buda. Por fora, uma dura camada de argila. Podemos dizer que essa camada representa nosso corpo físico. Um corpo que é visto, tratado, a quem ornamos com joias, roupas caras. Um corpo cuja forma trabalhamos em academias, oferecemos produtos de beleza para sua melhor estética. No entanto, sob essa camada, existe um Buda de ouro, que é a nossa verdadeira essência. Essa essência de ouro somos nós, Espírito imortal. Herdeiro do Universo, fadado à perfeição, à felicidade. Nossa tarefa maior é zelar por seu brilho, pela sua segurança. Não nos permitirmos a entrega a vícios, paixões de qualidade inferior, desânimo e maldade. Poli-lo, todos os dias, com o óleo do autoconhecimento, investindo em burilamento pessoal, de forma constante. Aprender, exercitar-se no trabalho. Orar e vigiar. Propor-se a cada dia ser melhor do que no anterior e acertar os equívocos da véspera. Isso, até alcançarmos tal qualidade que, à semelhança de Jesus no Tabor, brilhemos mais do que o sol. E sejamos mais preciosos que a fenomenal estátua de ouro de duzentos milhões de dólares. Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita com base no cap. O Buda de ouro, de Jack Canfield, do livro Histórias para aquecer o coração, de Jack Canfield e Mark Victor Hansen, ed. Sextante. 

domingo, 16 de fevereiro de 2020

ESTAR A CAMINHO

AMYR KLINK
Foi em uma manhã gelada de domingo, perto das seis horas que, em junho de 1984, Amyr Klink foi oficialmente autorizado a deixar um porto da Namíbia, com destino ao Brasil. Depois de mais de dois anos de trabalho incessante e muitas dificuldades, ele estava pronto para começar a travessia do Atlântico Sul, remando. Era um projeto audacioso e muito, muito bem planejado. Tudo havia sido cuidadosamente estudado e escolhido: a rota, o local de partida, a estrutura e o material do barco, a época do ano em que seria mais viável tal travessia ... Muitos detalhes, muito trabalho e muitas pessoas dizendo que aquilo não daria certo. Havia também aqueles que o ajudaram e que o incentivaram. Porém, no fundo, a responsabilidade e os riscos reais por tal empreitada eram apenas dele, um homem obstinado a alcançar seu objetivo. Por isso, quando Amyr se viu sozinho no seu pequeno barco, naquela manhã fria, tentando deixar a África para trás, sentiu-se imensamente feliz. Apesar do medo que o deixava mais branco do que a espuma das ondas, ele estava realmente satisfeito. Sobre isso ele narra no livro Cem dias entre céu e mar o seguinte: 
"Era preciso vencer o medo; e o grande medo, meu maior medo na viagem, eu venci ali, naquele mesmo instante, em meio à desordem dos elementos e à bagunça daquela situação. Era o medo de nunca partir. Sem dúvida, este foi o maior risco que corri: não partir. (...) Confiava por completo em meu projeto e não estava disposto a me lançar em cegas aventuras. Mas não poder pelo menos tentar teria sido muito triste. (...) Pelo simples fato de estar ali onde estava, debatendo-me entre os remos, xingando as ondas e maldizendo a sorte, me sentia profundamente aliviado. Feliz por ter partido."
* * * 
Mais importante do que ter sucesso nos projetos que traçamos é buscar realizá-los de forma consciente e efetiva. É necessário traçar as rotas que desejamos seguir, avaliar os riscos e planejar nossas ações. Não podemos esquecer de examinar com honestidade nossa motivação e os resultados que poderemos obter diante de nossa empreitada. Afinal, o que queremos fazer? Aonde queremos chegar? Para que todo esse esforço? Para quem? Se nossos projetos são legítimos, úteis e viáveis, devemos nos lançar em busca da realização dos mesmos. Sem esmorecer, sem nos deixar naufragar diante das dificuldades e do cansaço. Tudo que se busca na vida exige esforço e dedicação. Vitórias que se obtêm sem mérito não satisfazem nossos exigentes corações e nossas incorruptíveis consciências. Porém, não se pode esquecer que mesmo as jornadas mais longas e duras exigem que se dê o primeiro passo. Projetos que não saem da mente e do papel não mudam a face do mundo, nem a mentalidade das pessoas. Sonhos que não ousamos tornar reais jamais serão motivo de alegria verdadeira. Não tema as ondas bravias da vida nem o vento inclemente. Trace rotas seguras e faça a sua parte. É preciso estar a caminho. É indispensável tentar.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1 do livro Cem dias entre céu e mar, de Amyr Klink, ed. Companhia das letras. 
Em 27.08.2009.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

ESTAGIÁRIOS DO AMOR

As Leis Divinas são perfeitas em Seus objetivos de nos fazer gravitar para Deus. Cada existência no corpo físico é oportunidade bendita de aprendizado e crescimento. Nesta escola chamada Terra, estagiamos em todos os continentes, dentro do seio das várias raças, experimentando os mais variados costumes sociais. Quando nascemos dentro de um lar brasileiro, aprendemos as lições de vida que o Brasil nos propicia. Temos liberdade religiosa, liberdade de expressão, liberdade no vestir, na escolha da profissão. Aprendemos a ser solidários, a ser um povo gentil, alegre, vivendo num país banhado pelo oceano e ensolarado quase o ano inteiro. Numa outra reencarnação, as Leis Divinas nos conduzem a outro país, para que aprendamos novas lições. E aí nascemos em algum país da Europa onde o sol se esconde boa parte do ano. Teremos que conviver com o frio intenso e com os dias cinzentos por vários meses. Aprenderemos a cultivar outros valores, outras maneiras de viver, outro jeito de ser. E as leis nos direcionam a um país árabe. Aprenderemos a conviver com uma cultura bem diferente; com a pouca liberdade da mulher, com a rigidez na educação dos filhos, com as várias restrições e costumes característicos. Depois iremos estagiar no Japão, na Índia, na África, e aprenderemos a amar outras tantas pátrias, outras tantas raças, outros tantos irmãos em Humanidade. Desenvolveremos nossa capacidade de amar num lar norte-americano, num lar russo, numa família iraquiana, num lar australiano... Passaremos por momentos de dor e alegria e abriremos em nossos corações um espaço para o amor que abrange todos os povos... É por essa razão que muitos alemães sentem grande afeto pelo Brasil, pelo povo brasileiro. É por essa razão que muitos árabes e japoneses nutrem amor por nossa pátria. Não é por outro motivo que muitos brasileiros guardam especial carinho pelo povo africano, alemão, russo, e por outros tantos povos. E é assim que vamos estendendo nossos laços de afeto pela Humanidade inteira. É assim que, quando alguma tragédia acontece num desses países em que já vivemos, nós sentimos como se fosse com nosso próprio país. Quando vemos as guerras cruéis infelicitando os povos distantes, nossos corações se entristecem como se fosse com nosso próprio povo. Dessa forma, estagiando ora aqui, ora ali, vamos aprendendo todas as lições e retendo o que há de melhor para nossa evolução, como Espíritos imortais que somos. Chegará o dia em que nosso amor abrangerá a Humanidade inteira, independente de raça, de posição social ou de religião. E nesse dia não haverá mais guerras, nem disputas, e a verdadeira fraternidade será uma realidade entre todos os povos. Não haverá mais a subjugação do mais fraco pelo mais forte, e todas as nações serão solidárias. É assim que Deus governa os mundos. E a reencarnação é a prova do amor divino pelos Seus filhos, conduzidos ao palco da Terra tantas vezes quantas sejam necessárias. É assim que, estagiando no seio de todos os povos, aprenderemos a amar, sem distinção, a raça humana. 
* * * 
Nesta imensa escola chamada Terra, há alunos em diferentes estágios de aprendizado. Alguns já aprenderam as lições básicas do respeito à vida e ao semelhante. Outros ainda estão por aprender o beabá da fraternidade. Mas muitos já estão ensinando, através do próprio exemplo, o amor incondicional que um dia será a tônica desta escola chamada Terra. 
Redação do Momento Espírita, com base em palestra proferida por J.Raul Teixeira, em 14/09/01, na cidade de Cascavel – PR. 
Em 25.05.2009.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

AS ESTAÇÕES EM NÓS

Quando chega a primavera, ela se veste de flores, cores e perfumes. O clima se faz propício para a reprodução das plantas. Os animais comemoram brincando e trazendo mais vida e alegria. As temperaturas vão aumentando gradualmente, as águas dos rios e do mar se aquecem. A poesia nessa estação é inspirada pela variedade de cores que apresenta. As pessoas ganham novas energias e se entusiasmam a cultivar seus jardins, hortas e pomares. Tudo transpira liberdade e vida, amor e alegria, risos e brincadeiras. O sol brilha aquecendo, e as plantas renascendo, se espreguiçam vaidosas. É depois de um intenso período cinza e frio, que ela chega, intermediando o próximo verão. Fica muito claro, nesse período, o ciclo das estações do ano: a primavera gargalhando vida, o verão trazendo o auge do seu esplendor, o outono permitindo a colheita dos frutos e o inverno se vestindo de neve e frio, declinando do ciclo mágico. 
* * * 
Assim como as estações se sucedem, em nossa vida também passamos por ciclos. Podemos comparar a primavera com nosso renascimento, no planeta, com a infância despreocupada e a juventude plena de energia. A maturidade pode ser comparada ao esplendor do verão, que se apresenta como a força da natureza em cada ser. O outono significa aquele período especial das realidades particulares, na colheita dos plantios realizados. Também período em que podem ocorrer perdas significativas. São os amores que partem, a pouco e pouco, amizades que demandam o grande lar. E o inverno seria o decrescer das forças físicas, que desaceleram gradativamente. Tempo de recolhimento e de meditação, tempo de analisar os anos transcorridos e formular planos para um novo período. Importante que saibamos aproveitar cada ciclo, que entendamos a importância de cada estação, que tenhamos a sabedoria de usufruir, em totalidade, cada momento, como único e irrecuperável. Em síntese: viver em totalidade. 
* * * 
Necessário tratarmo-nos como um templo divino que merece respeito, carinho, perdão e amor. Autoconhecimento é a primavera florida e rica de recados para um futuro promissor. Auto-transformação é o rigor do verão dos aprendizados que temperam e equilibram, seguidos pela ruptura do outono, que recicla, por meio das perdas necessárias e inadiáveis. Auto-amor é o inverno, a busca permanente da alma em se recolher e se aquecer com o próprio calor, com os próprios recursos. Somos nós com nós mesmos, nos destinos da vida. Os ciclos da vida somente fluem quando celebramos a nossa história pessoal. Não sejamos cópia de ninguém. Cada um de nós nasce para florir e embelezar a vida de um modo único. Meditemos a respeito. Saibamos florescer, dar frutos, nos permitir o colorir das nuances outonais, até alcançar a neve dos dias de inverno. Vivamos cada estação com alegria, descobrindo-lhe a beleza, a ousadia, a oportunidade. Não lamentemos os dias idos, nem choremos o ontem. A melhor estação é a que estamos vivendo. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Estações da alma no amadurecimento emocional, de autoria ignorada. 
Em 7.12.2016.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

QUANDO A MORTE CHEGAR!

É algo de que ninguém escapa. Rico, intelectual, pobre, ignorante, bons ou maus, todos morreremos um dia. De uma forma paradoxal, no entanto, é o em que, de modo geral, menos pensamos. Ou nem queremos pensar. Porém, deveríamos ter em mente que se caminhamos para um destino certo o correto seria nos prepararmos. É como se nos fosse imperioso realizar uma longa viagem, deixando tudo que temos para trás. Com certeza, nos prepararíamos. Não sabendo exatamente qual clima iremos encontrar no lugar para onde estamos nos dirigindo, levaríamos uma bagagem que comportasse vestimentas para dias de temperatura amena e outras de intenso calor ou muito frio. Haveríamos de nos preocupar com o que faríamos ao chegar e estabeleceríamos um planejamento. Então, como não pensamos na grande e imprescindível viagem que faremos, transferindo-nos deste mundo para outro? Um mundo que é vibrante, onde haverá reencontros, onde precisaremos ter uma veste especial, para nele nos movimentarmos, de forma adequada. A veste nupcial, aquela mesma que o Evangelista descreve na parábola do festim das bodas. Veste que é tecida, em nosso dia a dia, pela nossa forma de pensar, de agir, de produzir para o bem ou para o mal. Talvez fosse interessante que pensássemos em rogar ao bom Deus para quando chegar esse momento, o da passagem, o deixar uma realidade para penetrar em outra. Poderia ser algo mais ou menos assim: Senhor, quando eu tiver que partir, permite que eu esteja preparado. Que haja paz em minha consciência por não ter agido mal para com meu semelhante. Que eu esteja pronto, com minha bagagem de boas ações em valise apropriada, sem remorso pelo não feito e não realizado. Permite que Espíritos do bem me possam receber, auxiliando-me nessa transposição da embarcação frágil da vida terrena para o navio imenso da Espiritualidade. Quem sabe, Senhor, possas permitir que antigos amores me recepcionem, levando-me abraços, flores e sorrisos. Amores desta vida, que partiram antes, deixando uma lacuna em meu coração; amores de outras vidas, sempre lembrados pelo Espírito imortal. Permite, Pai Celeste, que os que permanecerem na Terra, fiquem tranquilos, que aceitem a minha partida, com a dignidade de quem tem consciência plena de que a jornada terrena é passageira. Que pensem em reestruturar as suas vidas, sem minha presença, que prossigam em seus dias de progresso e lutas. E eu, alma pacificada, possa adentrar os umbrais da Espiritualidade há tanto tempo deixada, com vontade de continuar a aprender, a trabalhar, tão logo me refaça do cansaço da viagem terrena e de eventuais reflexos de transtornos físicos que me tenham tomado os últimos dias. Que eu possa retornar para o lar que ali deixei, retomando tarefas suspensas por um tempo. E que, como Espírito, tenha a possibilidade de me sentir livre, transitando por tantos lugares que desejei visitar, enquanto encarnado. Desejo conhecer paisagens simplesmente sonhadas enquanto folheava livros ou assistia documentários. Conhecer lugares espetaculares criados pela Tua grandeza, onde cantam as cascatas, vibram as montanhas e Te enaltecem as florestas. Enfim, Senhor, fica comigo nessa hora. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 13.2.2020.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

ESTAÇÕES DO ANO

Qual estação do ano você prefere? O calor do verão, o suave perfume e as temperaturas amenas da primavera, ou ainda o vento fresco outonal precursor dos dias frios invernosos? Alguns se adaptam aqui ou acolá, nessa ou naquela temperatura, estação, clima... Mas nenhum de nós poderia dizer que uma delas é a mais importante. Cada uma tem sua finalidade. Assim podemos dizer de nossa existência aqui na Terra. A cada época da vida, a cada estação do ano, objetivos, experiências e desafios novos. Nascemos qual a primavera, cheia de promessas e de um vir a ser, no construir planos para um futuro próximo. É na nossa primavera, nos primeiros anos de nossa existência que nos preparamos para uma nova vida que se inicia. Nessa época, quando as lembranças e valores do ontem ainda dormitam, é que a terra do coração deve ser adubada, e cultivados novos valores nos jardins de nossa intimidade. A infância, primavera de nossa vida, é época propícia para a educação e formação de novos caracteres em nosso mundo íntimo, quando nos estruturamos, alma imortal, para os desafios de nova existência. Como na natureza, após a primavera, em nossa vida chega o verão, oportunidade de produzir, crescer e frutificar. A juventude nos chega com a empolgação, energia e arroubo, suas parceiras diletas. Porém, como na natureza, os frutos do verão serão condizentes com os cuidados realizados na primavera. Pomar cuidado na primavera, frutos saudáveis no verão. No verão de nossas vidas é a época do aprendizado, quando os valores que trazemos na alma, desde o ontem, se somam aos adquiridos em mais essa existência para enfrentar desafios e embates. No verão, os momentos decisórios de nossa existência, quando as opções do caminhar são tomadas, e as estradas a trilhar são escolhidas. Logo mais, quando menos se espera, à empolgação dos dias intensos se sucedem os prenúncios do outono. As experiências vividas na estação anterior ganham a oportunidade da reflexão. No outono de nossa vida, a maturidade nos chega trazendo o aprendizado. Nos dias outonais da existência o aprendizado e a vivência do verão ganham o tempero da experiência, que oportuniza novas opções, que novos olhares nos ensejam reflexões mais profundas. Logo mais, o ocaso do inverno nos arrebata a existência, através da velhice, quando a alma reencarnada tem o ensejo de olhar todo o seu caminhar, refletir e analisar toda uma vida. O inverno, ao contrário do que se pensa, é estação de conquistas. Já não mais as conquistas externas, pois que o corpo alquebrado e a energia da juventude distante pedem outros caminhos. É na velhice que as mais profundas análises do próprio eu se oportunizam, quando olhamos nós mesmos em perspectiva, ao longo de mais uma existência vivida. E para que essa reflexão, ao final de uma existência? Aí, olhamos para a natureza para aprender, que a reflexão profunda e silenciosa do inverno, é só mais um preparo para a outra primavera que se aproxima.
Redação do Momento Espírita. 
Em 14.08.2009

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

A INEGÁVEL IMPORTÂNCIA DA PRESENÇA

Nos apontamentos dos Evangelistas, percebemos que Jesus fazia questão de atestar o inegável valor da Sua presença. Por exemplo, após ter curado Natanael, o paralítico, retirou-se Jesus da casa de Simão Pedro. Encaminhou-se para a praia do lago, possivelmente seguindo pela estrada real. A grande estrada das caravanas do Oriente, a principal artéria comercial da Galileia. Chegou a um posto aduaneiro, comum à época, nas cidades fronteiriças. Os dominadores da terra, os romanos, os tinham espalhados a fim de fiscalizarem a importação e a exportação de mercadorias. O tributo reclamado pelo governo do império chamava-se "publicum". Publicanos eram os encarregados de cobrar esse imposto. Formando uma classe intermediária entre patrícios e plebeus, os publicanos, muitos deles judeus, eram tidos como pessoas de má vida, usurpadores, traidores da pátria, desde que favoreciam a dominação estrangeira. No entanto, como em todas as classes sempre existem os desonestos, os maus, mas igualmente os honrados, ali, naquela aduana estava sentado um homem correto. Seu nome era Levi Mateus. Cobrador de impostos. Nobre, atendia com absoluta honestidade seus deveres, cuidava da família, atendia a esposa e filhos. Naquele dia, ele contava o dinheiro que arrecadara, verificava os recibos que passara aos negociantes, calculava. Um dia como outros tantos, de cuidados, de atenção. Mas, de repente, no ângulo da porta um personagem se postou. O sol, que batia por trás dELE, projetava-lhe a sombra para dentro do local. Levi levantou os olhos e deparou-se com o olhar do mais extraordinário personagem que a Terra acolheu: o Homem de Nazaré. Ele O vira algumas vezes na praia, conhecia alguns dos Seus discípulos. Agora, ei-lO ali, em pé, fitando-o. Cruzaram-se os olhares e o de Jesus pareceu lhe penetrar a alma. Levi não saberia dizer se as palavras saíram dos lábios de Jesus ou brotaram da intimidade celeste para sua alma: 
-Segue-me. 
Convite irresistível. Levi se levanta, vai ao encontro da Luz do mundo. E, para comemorar a nova vida que seguiria, ofereceu um grande banquete em sua casa. Banquete a que Jesus compareceu, com os discípulos. O melhor linho cobria as mesas, a prataria brilhava sobre elas. Teria bastado o convite pessoal de Jesus no local de trabalho de Levi. Contudo, o Mestre vai ao festim que lhe é preparado pelo mais novo discípulo. Aquele que deixará seu cargo, seus bens, seus afetos para segui-lO. Com Sua presença e Sua palavra, Jesus abençoa aquele lar, os familiares, os convidados, muitos deles publicanos como o próprio Levi. 
 * * * 
A mensagem do Modelo e Guia é clara. Ele deseja adentrar a nossa alma, também os nossos lares, a fim de ali inaugurar ares de harmonia, de paz. Pensemos a respeito e convidemos o Excelso Amigo, muitas e muitas vezes a visitar-nos. Nosso seja o banquete da oração, da reflexão nos ditos evangélicos, um momento de grande alegria. O Amigo nos visita, abramos as portas do nosso coração e do nosso lar. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 11.2.2020.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

APROVEITE BEM!

Costumamos utilizar uma expressão bastante curiosa, quando falamos com alguém que está em viagem turística, ou em alguma experiência de aprendizado longe de casa: 
-Aproveite bem!  
É um desejo singelo de quem quer o bem do outro. Reflexionando um pouco, a expressão parece óbvia, pois, sem dúvida alguma, quem faz esse tipo de programa, de viagem, faz para aproveitar. Quem planeja uma viagem, normalmente o faz com detalhes, deseja conhecer outras culturas ou enriquecer os olhos, a mente e o coração, com paisagens diferentes, esplendorosas. Em teoria, não precisaríamos dizer Aproveite. Seria como dizer Ouça, a alguém que vai a um concerto de um artista que gosta muito. Isso em teoria, pois acabamos criando esse voto cordial em função de que nem sempre tiramos proveito de tudo que as experiências da vida nos oferecem. É como se as pessoas tivessem que nos lembrar de que merecemos ou mesmo que precisassem nos ajudar a desligar dos problemas do dia a dia para absorver, curtir melhor essas oportunidades únicas. São reflexos destes tempos atribulados que vivemos, tempos de ansiedade e preocupações excessivas. Poderíamos também pensar agora numa outra viagem, na maior delas, na nossa jornada da existência terrestre. Cada vez que voltamos a habitar um planeta, no que conhecemos como reencarnação, também nos despedimos de um mundo, de um lar, o lar do Espírito. E lá, aqueles que acompanham nossa partida, vibram, torcem e trabalham pelo nosso sucesso aqui. Muitos desejos de Aproveite bem nos inspiram a coragem, recarregam nossas forças e colaboram para o sucesso de mais uma empreitada no corpo. 
-Aproveite bem, eles dizem. Aproveite para aprender tudo que a vida pode ensinar. Seja curioso, desbravador e corajoso. Aproveite as chances de reparação, os momentos de reconciliação, de estar de volta com aqueles que, de alguma forma, tiramos dos trilhos por nossa imprevidência. Aproveite para amar e não se preocupe tanto em ser amado. O amor nos preenche, nos vivifica, nos dá sentido existencial e faz com que estejamos sempre bem acompanhados espiritualmente. Aproveite o sofrimento também. Faz parte desse mundo. É instrumento depurador. Aprenda com ele, sem vê-lo como inimigo feroz que deseja seu mal. Aproveite os momentos felizes. Eles nos dão forças. Se quisermos, se nos esforçarmos por conquistá-los e percebê-los, poderão ser muitos. Aproveite a vida em família, compromisso primeiro de cada nova encarnação. Não a relegue a segundo plano, não a abandone, não a menospreze. Aproveite bem. Não se permita cair no automatismo de dias iguais, de dias enfadonhos, nada produtivos, que só levam à frustração e ao vazio. 
 * * * 
Cada minuto de vida é tesouro valioso que recebemos do Criador. Uns o enterramos debaixo da terra. Outros o fazemos render timidamente. Finalmente há aqueles que o multiplicamos por muitas vezes e saímos do palco terrestre enriquecidos, renovados e mais felizes do que chegamos. 
Pensemos nisso. Aproveitemos bem. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 10.2.2020

domingo, 9 de fevereiro de 2020

ESTAÇÃO DAS PERDAS

Há horas em nossa vida que somos tomados por uma enorme sensação de inutilidade, de vazio. Questionamos o porquê de nossa existência e nada parece fazer sentido. Concentramos nossa atenção no lado mais cruel da vida – aquele que é implacável e a todos afeta indistintamente: as perdas do ser humano. Ao nascer, perdemos o aconchego, a segurança e a proteção do útero. Estamos, a partir de então, por nossa conta – sozinhos, podem dizer alguns. Começamos a vida em perda, e nela continuamos –dizem outros. Porém, paradoxalmente, se notarmos bem, e se nos atrevermos a ver tudo isso sob um outro ponto de vista, um ponto de vista mais otimista, quem sabe, descobriremos algumas coisas como: No momento em que perdemos algo, novas oportunidades nos surgem. Ao perdemos o aconchego do útero, ganhamos os braços do Mundo. Ele nos acolhe, nos assusta e nos encanta, nos destrói e nos eleva. E continuamos a perder... E seguimos a ganhar. Perdemos a inocência da infância, e ganhamos a confiança absoluta na mão que segura nossa mão. Ganhamos a coragem de andar na bicicleta sem rodinhas porque alguém ao nosso lado nos assegura que não nos deixará cair. Perdemos a inocência da infância, e adquirimos a capacidade de questionar: por quê? Perguntamos a todos e de tudo. Estamos crescendo. Nascer, crescer, adolescer, amadurecer, envelhecer, morrer, renascer. Cada nova fase revela perdas. Cada nova fase aponta novos ganhos. A vida é obra encantadora do Criador. Nada nela existe por acaso. Nada funciona ou acontece sem seguir uma lei maior, uma razão. Nem mesmo a tão temida “morte” deve ser considerada como oposto de “vida”. O que chamamos de morte é apenas uma entrada para outra estação da mesma vida. Assim, quando achamos que “perdemos” pessoas que amamos, deveríamos enxergar que “ganhamos” um grande amor, e este nunca se perderá. Cada pessoa que entra em nossa vida, e que nela permanece através do amor, nunca mais estará distante. Que ganho maravilhoso este! Que certeza esperançosa, revolucionária. A vida não começa em perda, começa em “oportunidade”. Nascer é ganhar nova chance de seguir adiante. Nova chance de descobrir, de conhecer e de amar. Quem ama nunca perde. Quem doa nunca fica sem. Pensamento O Espírito Fénelon, na obra O evangelho segundo o espiritismo, traz uma importante reflexão. Diz-nos ele: “Humanos, é nesse ponto que precisais elevar-vos acima do terra-a-terra da vida, para compreenderdes que o bem, muitas vezes, está onde julgais ver o mal(...) Por que haveis de avaliar a justiça divina pela vossa? Podeis supor que o Senhor dos Mundos se aplique, por mero capricho, a vos infligir penas cruéis? Nada se faz sem um fim inteligente e, seja o que for que aconteça, tudo tem a sua razão de ser.” 
Redação do Momento Espírita com base em texto atribuído a Aila Magalhães, recebido pela Internet e no cap. V de O evangelho segundo o espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb.