domingo, 30 de junho de 2019

ENVELHECER É SAUDÁVEL!

Até bem pouco tempo, chegar aos quarenta anos significava o início do declínio da vida. Época em que fenecem os sonhos, o mercado de trabalho se fecha e os amigos começam a morrer. Pois saiba que tudo está mudando. Empresas de grande porte, nacionais e internacionais começam a buscar pessoas, não somente experientes em negócios, mas com histórias de vida para contar. É o que informa uma revista de circulação nacional, voltada para executivos. O momento atual, muito complexo, pede pessoas que já tenham vivido diversos tipos de situação. E noticia a existência de uma organização criada em 1975, por um grupo de pessoas preocupadas com as aposentadorias cada vez mais precoces na França. A ideia é, justamente, impedir que pessoas com conhecimento e experiência, ainda cheias de vida, fiquem sem fazer nada, desperdiçando tempo e oportunidade de continuar produzindo. A organização conta com quatro mil membros, chamados de consultores. Não cobram fortunas por hora para ajudar no desenvolvimento de empresas, em qualquer parte do mundo. Quem os contrata precisa pagar uma passagem de ida e volta para a França, arcar com despesas gerais, oferecer alimentação e um lugar para hospedagem. Entre os consultores existem engenheiros, advogados, pesquisadores, administradores e especialistas das mais diversas áreas. Na condição de voluntários, eles servem a quem os chamar, em qualquer localidade do mundo. O seu prazer é trabalhar, auxiliar, em vez de desperdiçar o seu profissionalismo em casa, vendo TV ou se permitindo a hora vazia para a depressão ou a crítica constante. Com representantes no Brasil, mais precisamente em São Paulo, a organização vem realizando excelentes serviços. Ganham os jovens com a experiência dos mais velhos, ganham as empresas que os contratam, ganham os idosos que podem mostrar que ainda têm muito para oferecer. 
 * * * 
Se você está chegando próximo à idade de aposentar-se, programe-se para continuar na ativa. Se não desejar continuar na sua área de atuação, planeje desde já o que deseja para os anos seguintes da sua vida. Nem pense em colocar chinelos e viver de pijama, em casa, vendo TV, espreguiçando-se no sofá. Conserve ativa a sua mente e seu corpo. Trabalhe. Não se entregue. Nunca desista de produzir. Não deixe de aprender, de ler, de pesquisar. Quem afirma que a memória vai enfraquecendo com a idade é porque coloca limites para si mesmo. Envelhecer não é ruim. O ruim é você se aposentar de si mesmo e desistir de viver. Não aposente a sua vontade de amar. Ame com mais intensidade. Ame a natureza, sua família, seus amigos. Não aposente a sua vontade de trabalhar. Cultive flores, semeie árvores frutíferas, plante o bem onde estiver. Não aposente a sua vontade de ensinar. Ensine o que lhe custou anos para aprender. Ensine o que você experimentou e foi positivo. Enfim, lembre-se: envelhecer é muito saudável. Só depende de você. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Aposentadoria sem pijama e chinelo, da revista Exame, de 27.06.2001. 
Em 2.1.2013.

sábado, 29 de junho de 2019

ENVELHECER COM SABEDORIA

Até bem pouco tempo, chegar aos quarenta anos significava o início do declínio da vida. Época em que fenecem os sonhos, o mercado de trabalho se fecha e os amigos começam a morrer. Pois saiba que tudo está mudando. Empresas de grande porte, nacionais e internacionais começam a buscar pessoas, não somente experientes em negócios, mas com histórias de vida para contar. É o que informa uma revista de circulação nacional, voltada para executivos. O momento atual, muito complexo, pede pessoas que já tenham vivido diversos tipos de situação. E noticia a existência de uma organização criada em 1975, por um grupo de pessoas preocupadas com as aposentadorias cada vez mais precoces na França. A ideia é, justamente, impedir que pessoas com conhecimento e experiência, ainda cheias de vida, fiquem sem fazer nada, desperdiçando tempo e oportunidade de continuar produzindo. A organização conta com quatro mil membros, chamados de consultores. Não cobram fortunas por hora para ajudar no desenvolvimento de empresas, em qualquer parte do mundo. Quem os contrata precisa pagar uma passagem de ida e volta para a França, arcar com despesas gerais, oferecer alimentação e um lugar para hospedagem. Entre os consultores existem engenheiros, advogados, pesquisadores, administradores e especialistas das mais diversas áreas. Na condição de voluntários, eles servem a quem os chamar, em qualquer localidade do mundo. O seu prazer é trabalhar, auxiliar, em vez de desperdiçar o seu profissionalismo em casa, vendo TV ou se permitindo a hora vazia para a depressão ou a crítica constante. Com representantes no Brasil, mais precisamente em São Paulo, a organização vem realizando excelentes serviços. Ganham os jovens com a experiência dos mais velhos, ganham as empresas que os contratam, ganham os idosos que podem mostrar que ainda têm muito para oferecer.
 * * * 
Se você está chegando próximo à idade de aposentar-se, programe-se para continuar na ativa. Se não desejar continuar na sua área de atuação, planeje desde já o que deseja para os anos seguintes da sua vida. Nem pense em colocar chinelos e viver de pijama, em casa, vendo TV, espreguiçando-se no sofá. Conserve ativa a sua mente e seu corpo. Trabalhe. Não se entregue. Nunca desista de produzir. Não deixe de aprender, de ler, de pesquisar. Quem afirma que a memória vai enfraquecendo com a idade é porque coloca limites para si mesmo. Envelhecer não é ruim. O ruim é você se aposentar de si mesmo e desistir de viver. Não aposente a sua vontade de amar. Ame com mais intensidade. Ame a natureza, sua família, seus amigos. Não aposente a sua vontade de trabalhar. Cultive flores, semeie árvores frutíferas, plante o bem onde estiver. Não aposente a sua vontade de ensinar. Ensine o que lhe custou anos para aprender. Ensine o que você experimentou e foi positivo. Enfim, lembre-se: envelhecer é muito saudável. Só depende de você. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Aposentadoria sem pijama e chinelo, da revista Exame, de 27.06.2001. 
Em 02.01.2013

sexta-feira, 28 de junho de 2019

A BUSCA DO AMOR

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
RABINDRANATH TAGORE
Em plena juventude, como fruto verde que aguarda a primavera, esperei intensamente pelo amor. Todas as manhãs, abria a janela de minha alma e esperava que o novo dia me trouxesse o amor. E porque ele demorasse a chegar, fechei as portas e janelas, selei os portões e saí pelo mundo. Andei por muitos caminhos e por estradas solitárias. Por vezes, ouvia o cortejo do amor que passava ao longe. Corria e o que conseguia ver eram somente corações em festa, risos de alegria. O amor passara e eu continuava só. Algumas noites, chegando às cidades com suas mil luzes piscando vida, ousava olhar para dentro dos recintos. Via mães acalentando filhos, cantando doces canções de ninar; casais trocando juras; crianças dividindo brincadeiras entre risos e folguedos. Em todos estava o amor. Somente eu prosseguia solitário e triste. Depois de muito vagar, tendo enfrentado dezenas de invernos, resolvi retornar. De longe, pude sentir o perfume dos lírios. Quando me aproximei, pude ver o jardim saudando-me. 
- Você voltou! – Falaram as rosas, dobrando as hastes à minha passagem. 
- Seja bem vindo! – Disseram as margaridas, agitando as corolas brancas. É bom tê-lo de volta. 
Saudaram os girassóis, mostrando suas coroas douradas. Tanto tempo havia se passado e, de uma forma mágica, os jardins estavam impecáveis. As cores bem distribuídas formavam arabescos na paisagem. Uma emoção me invadiu a alma. Abri as portas e janelas do meu ser. Debruçado à janela da velhice, fitando a ponte que me levará para além desta dimensão, vi o amor passar em frente à minha porta. Apressadamente, coloquei flores de laranjeira na casa do meu coração. Atapetei o chão para que ele entrasse, iluminando a escuridão da minha soledade. Agora, tremo de ternura. Já não sofro desejo, nem aflição. Os olhos felizes do amor fitam os meus olhos quase apagados, reacendendo neles a luz que volta a brilhar. Há tanta beleza no amor que me emociono. Superado o egoísmo, não lhe peço que entre e domine o meu coração rejuvenescido. Em razão disso, descubro de verdade o que é o amor e não o retenho. Deixo-o seguir porque amando, já não peço nada. Agora posso me doar aos que vêm atrás, em abandono e solidão. Aprendi a amar.
 * * * 
Feliz é a criatura que descobriu que o melhor da vida é amar. Feliz o que leu e entendeu o ensino de Francisco de Assis, que foi, posteriormente, sintetizado nos versos que convidam a procurar mais consolar, do que ser consolado; mais compreender, do que ser compreendido. Resumindo: amar mais do que ser amado. Isso porque o amor preenche todos os vazios, torna felizes todas as horas e engrandece a quem o exercita para consigo mesmo e para com o seu semelhante. Por isso mesmo, o Mestre dos mestres convidou ao amor, muitas e muitas vezes: Amai-vos como Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros. E afirmando que os Seus discípulos seriam conhecidos por muito se amar. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LVII, do livro Estesia, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 28.6.2019.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

ENVELHECER COM SABEDORIA

Helena teve cinco filhos. Foi mãe muito jovem. Passou boa parte da vida cuidando das suas crianças, que tão rapidamente tornaram-se adultos. Agora eram os netos que enchiam a casa de risos e correria. Um dia, quando os afazeres já não eram tão numerosos e o tempo parecia passar mais lentamente, ela viu-se diante do espelho da sala. Deteve-se. Deus do céu! Quem era aquela velhota que estava no reflexo do espelho? Ou melhor, onde fora parar a jovem mulher que ela ainda sentia existir em sua intimidade? Estaria aprisionada em uma carcaça envelhecida? Como era possível isso? Cobriu a face com as mãos e sentiu a pele enrugada. Mexeu nos cabelos e procurou encontrar fios negros. Tarefa difícil. Restavam tão poucos. As mãos também não pareciam mais com aquelas mãos operosas que tanto produziram ao longo da vida. Ora, ora! Então era isso! Distraída em viver, ela não havia se dado conta que os anos haviam passado rapidamente. Marcaram seu corpo, alteraram sua fisionomia. Seu fôlego já não era mais o mesmo. Nem seus movimentos que, antes ágeis, agora eram imprecisos e lentos. Mas enquanto observava a transformação ocorrida, Helena percebeu que o brilho de seus olhos permanecia igual. Reconhecia em seu olhar o mesmo olhar de seu passado. As vivências transformaram a jovem que ela fora em uma mulher muito mais sábia. Seu corpo não era mais tão vigoroso, mas sua alma era muito mais forte do que havia sido antes. O mesmo tempo que lhe trouxera rugas havia lhe oferecido experiência. Ontem, jovem e bela, impetuosa e impaciente. Hoje, madura e envelhecida, tolerante e compreensiva. Helena olhou-se e sorriu. Adoraria ter a pele um pouco mais lisa, mas sabia que não era isso que a faria feliz. Sabia que a decadência do corpo não representava prejuízo algum a sua alma vibrante e disposta. As marcas que o tempo fizera em seu corpo eram apenas para sinalizar o passar dos dias e as constantes mudanças da vida. Vida essa que não se acaba nunca, nem mesmo quando os corpos envelhecidos deixam de funcionar. Helena sentiu o coração encher-se de alegria. 
-“Melhor do que nunca!” – disse para si mesma – “a cada dia que passa eu me sinto melhor do que nunca!” 
Celebre a vida todos os dias. Celebre o fato de dispor de um corpo, seja ele jovem ou não, que lhe possibilita mais essa experiência na Terra. Agradeça ao Criador pela dádiva da existência. Aproveite seus minutos, seus dias, sua vida. Aproveitar, no entanto, não significa exaurir as forças vitais pelos excessos de toda a ordem. Aproveitar quer dizer, em verdade, fazer bom uso, dar utilidade. O corpo físico, invólucro perecível de nossas almas imortais, deve ser tratado com o zelo que garanta sua utilização adequada. Mas sem neuroses ou preocupações descabidas, mesmo quando a juventude for apenas a lembrança de mais uma etapa superada. Envelhecer de forma sábia é reflexo de se viver bem. Pense nisso, e viva com sabedoria. 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

À PROCURA DE DEUS

Uma velha narrativa indígena fala de um homem que, certo dia, sentiu uma grande necessidade de Deus. Então, dentro de sua alma, sussurrou: 
-Deus, fale comigo. Preciso imensamente ouvir Sua voz. 
No mesmo instante, no galho próximo, o canto de um rouxinol encheu a natureza. O homem não se apercebeu da beleza do canto, nem da mensagem que vinha na musicalidade e repetiu: 
-Deus, fale comigo! 
Nesse instante, a natureza modificou sua feição e um trovão ecoou nos céus. Ainda assim, o homem foi incapaz de ouvir. Olhou em volta e disse:
-Deus, deixe-me vê-lO. 
E uma estrela brilhou no céu. Logo mais, milhões de pequenas lanternas brilharam por todo o manto da noite. A lua se desfez em luz de prata e se espelhou nas águas do lago. Mas o homem não notou. Agora, quase desesperado, começou a falar mais alto: 
-Deus, mostre-me um milagre. 
E uma criança nasceu. Contudo, o homem não sentiu o pulsar da vida no novo ser que surgia, esperançoso. O homem começou a chorar e disse: 
-Deus, sinto-me tão só. Toque-me e deixe-me sentir que Você está aqui comigo... 
E uma borboleta pousou suavemente em seu ombro, abrindo e fechando as asas multicoloridas. O homem levantou o ombro e a espantou. 
* * * 
O estudo da natureza nos mostra, em todos os lugares, a ação de uma vontade oculta. Por toda parte, a matéria obedece a uma força que a domina, organiza e dirige. O espetáculo da natureza, o aspecto dos céus, das montanhas, dos mares, apresentam ao nosso Espírito a ideia de uma Inteligência oculta no Universo. Em cada um de nós existem fontes de onde podem brotar ondas de vida e de amor, virtudes, potências inumeráveis. É aí, nesse santuário íntimo, que se pode procurar Deus. Deus está em nós. As almas refletem Deus como as gotas do orvalho da manhã refletem os raios do sol, cada um deles segundo o seu próprio brilho e grau de pureza. É dentro de si mesmos que todos os homens de gênio, os grandes missionários e os profetas, conheceram Deus e Suas leis e as revelaram aos povos da Terra. 
 * * * 
É consolador poder caminhar na vida com a fronte levantada para os céus, sabendo que, mesmo nas tempestades, no meio das mais cruéis provas, no fundo dos cárceres, como à beira dos abismos, uma Providência, uma Lei Divina, paira sobre nós. Um Pai que observa os nossos atos e que, de nossas lutas, de nossas lágrimas, faz sair a nossa própria glória e a nossa felicidade. 
Redação do Momento Espírita, com base em Prece indígena, de autoria ignorada e no cap. IX, pt. 2, do livro Depois da morte, de Léon Denis, ed. FEB. 
Em 26.6.2019.

terça-feira, 25 de junho de 2019

ENVELHECENDO...

Dizem que o tempo é implacável. Alcança tudo e todos. Os imóveis, os monumentos necessitam de cuidados constantes ou deixam à mostra os resultados do desleixo dos seus responsáveis: a pintura descascada, o mofo, as marcas negras das chuvas. As próprias árvores, que envelhecem rindo, como escreveu o poeta Olavo Bilac, necessitam da poda prudente, de apoio em suas raízes salientes, a fim de prosseguirem vivas e belas. Da mesma forma, o ser humano. Os dias avançam, e rapidamente, vão se somando as semanas, meses e anos. O cabelo embranquece, a saúde fica mais ou menos comprometida, o vigor físico diminui seu ritmo, a memória oscila entre lembranças do ontem e do agora... Envelhecimento. Todos os que não morremos, nos verdes anos, envelhecemos. E isso é uma dádiva: viver mais anos sobre esta Terra, cujo objetivo é escalar degraus na montanha da evolução. No entanto, o importante é ter em conta como estamos envelhecendo. Alguns, ao sermos tocados pelo tempo, murchamos, nos entregamos a uma fase de descanso e amolentamento. Os anos pesam, afirmamos. A juventude se foi há muito tempo. Sim, os anos trazem algumas consequências. Contudo, é importante verificarmos que aqueles que admitimos, simplesmente, que estamos velhos, adoecemos, perdemos a alegria de viver e nos permitimos morrer, como quem não pode nada de mais nobre realizar. Outros, no entanto, prosseguimos vivendo. Recordamos daquela senhora de 91 anos, vivendo sozinha, em seu apartamento, em pleno coração de grande cidade. Ela faz todo o trabalho da casa. Cozinha e ainda se permite inventar novas receitas, para surpreender quem a visita. Aliás, quem a deseja visitar, deve telefonar antes para saber a que horas ela estará em casa. E se estará. Porque essa senhora, que viu os filhos se casarem, constituírem família, o esposo desencarnar, vive todos os dias como se fosse o primeiro. Também o último da sua vida. Usufrui cada hora. E não deixa de apreciar o belo, a harmonia, o bom. Não perde um concerto da Orquestra Sinfônica. Fica atenta à pauta de espetáculos da cidade e se permite o êxtase em cada um deles. Não se detém porque está sozinha. Ela toma o ônibus, até para outra cidade, se for o caso. Não se intimida. Quando recebe visitas, nada fala que seja desagradável. Não menciona eventuais problemas de saúde, a ida ao médico, os exames a que precisou se submeter. Absolutamente nada disso. A sua conversação gira em torno do espetáculo de ballet a que foi assistir, de como ficou emocionada com a cena desse ou daquele filme. Enfim, fala do que leu, do que viu, das belezas da música, da dança, das boas notícias. Sim, visitá-la é uma aula de rejuvenescimento. Porque ela contagia, com seu entusiasmo, com sua disposição, com sua independência, a quem quer que dela se aproxime. Velha senhora, diremos. Ela responderá: Ainda tenho anos pela frente e os desejo viver muito bem. Oxalá, ao alcançarmos as suas décadas, possamos preservar essa lucidez, essa gratidão à vida, essa vontade de viver. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 28.5.2019.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

A RECOMPENSA DA GRATIDÃO

Ela viera das terras distantes de Cesaréia de Filipe, na Decápole. Era considerada impura, pois há doze anos um fluxo sanguíneo não a deixava. Recorrera a todos os métodos possíveis, na ânsia da cura. Tudo inútil. Seu mal era considerado um sinal de desventura, um castigo divino. Após ter gasto tudo que possuía, ela resolvera buscar a próspera Cafarnaum, na esperança de encontrar um remédio ainda não experimentado, um médico ainda não consultado. Chegou à cidade no momento em que o sublime profeta de Nazaré acabava de saltar nas brancas praias de Cafarnaum. Pelos caminhos, ela ouvira falar d'Aquele Homem, pela boca dos que tinham sido abençoados por Suas mãos e haviam recuperado a saúde. O povo se comprime. Todos almejam chegar mais perto. A figura de Jesus se destaca com Sua túnica tecida sem costura, seu manto quadrangular de borlas tecidas em fios de linho. A mulher tenta se aproximar d'Ele. O coração parece lhe saltar do peito. O que dizer-lhe? Como falar da sua desdita, expondo-se, em meio a tanta gente? Ela já fora tão humilhada. As marcas da problemática orgânica lhe denunciavam a enfermidade. Estava descarnada, anêmica. Ela acreditava n'Ele. Parecia sentir que uma força extraordinária se desprendia d'Ele. Todo Ele era grandeza. Almejava gritar, tocá-lO. Isto: tocá-lO seria suficiente para que se curasse. Então, numa rua estreita, enquanto a multidão se adensava cada vez mais, ela aproximou-se e por trás, alongou o braço esquálido e lhe tocou as vestes com a ponta dos dedos. Maravilha! O sangue estancou de imediato. A dor se foi. Uma sensação estranha a dominou. Sentiu-se renovada. Foram alguns segundos de êxtase. Logo, a voz d'Ele se destacou na multidão: Quem me tocou? Os discípulos dizem que é impossível saber, pois todos O apertam, comprimem. Ela se atira aos pés d'Ele e confessa: Fui eu, Senhor. Guardava a certeza que, em tocando-te as vestes, recuperaria a saúde. Jesus a envolve em Seu olhar e a sossega: Filha, vai em paz. A fé te salvou. Fica livre do teu mal! Algum tempo depois, Ele foi preso. Às horas de angústia da incerteza do destino d'Ele, se seguiu a cruel subida até à Colina da Caveira. Sob o peso do madeiro que carrega, enfraquecido por não ter se alimentado desde a noite anterior e pelas longas horas de flagelação, ele cai. Ela não se contém. Burla a vigilância dos soldados e corre-lhe ao encontro. Com uma toalha branca, limpa-lhe a face ensanguentada e dorida. Quando a retira, nela estava estampado o rosto d'Ele, tingido pelo sangue. 
- Vai em paz! Lembrar-me-ei de ti...
Escuta ela em seu coração. 
 * * * 
Antigas tradições cristãs dizem que essa mulher se chamava Serápia e que, a partir desse episódio, ficou conhecida como Verônica, que quer dizer: Verdadeira imagem. Verônica ou Berenice, que importa? O que ressalta é o exemplo de gratidão que se permite externar. Ela acompanha o Mestre, na Sua caminhada dolorosa, afronta a soldadesca, tudo para limpar o rosto d'Aquele que um dia a envolvera em Seu olhar amoroso, desejando-lhe paz. Ele lhe retribui o gesto, deixando impresso Seu semblante na toalha alvinitente. A recompensa da gratidão. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. A mulher hemorroíssa, do livro As primícias do reino, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Sabedoria. 
Em 24.6.2019.

domingo, 23 de junho de 2019

ENTREVISTA IMAGINÁRIA!

Lemos um artigo que falava de uma suposta entrevista com Deus. Alguém imaginou que um repórter se achegou ao Soberano Senhor e lhe perguntou: 
-O que mais o surpreende a respeito dos homens? 
E a resposta foi: 
-Que eles se chateiam em ser crianças, têm pressa de crescer e quando crescem, desejam ser crianças outra vez. Que eles perdem a sua saúde na tentativa de ganhar muito dinheiro e então precisam gastar o dinheiro para recuperar a saúde. Que, por pensarem ansiosamente a respeito do futuro, esquecem o presente, de modo que não vivem nem o presente e nem o futuro. Que vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido. 
Porque o silêncio se fizesse espontâneo, o entrevistador aproveitou para perguntar outra vez: 
-Como Pai, que lições de vida quer que seus filhos venham a aprender? 
A resposta generosa não se fez esperar: 
-Aprender que eles não podem fazer que ninguém os ame. O que podem fazer é permitir serem amados. Aprender que o mais valioso não é o que eles têm em sua vida, mas quem eles são em suas vidas. Aprender que não é bom se comparar com os outros. Cada um tem seu valor, com sua cota de conquistas virtuosas e defeitos a serem trabalhados. E todos são filhos amados, com os mesmos direitos à felicidade, as mesmas oportunidades de progresso. Aprender que uma pessoa rica não é a que tem mais, mas a que precisa menos. Existem criaturas que têm muito e, no entanto, se sentem insatisfeitas. Sempre lhes falta algo mais. Aprender que são necessários poucos segundos para abrir feridas profundas em pessoas que amamos. E podemos levar muitos anos para curá-las. Aprender que essas criaturas são exatamente as colunas de sustentação das suas vidas. Aprender a perdoar, exercitando o perdão, mesmo que tenham que começar somente por desculpar. Aprender que há pessoas que os amam sinceramente, mas simplesmente não sabem expressar seus sentimentos. É preciso aprender a ler nos olhos delas, nos pequenos gestos, nas palavras que não chegam a ser pronunciadas. Aprender que o dinheiro compra qualquer coisa, menos a paz de consciência. Aprender que duas pessoas podem olhar para a mesma coisa e vê-la de forma completamente diferente. Aprender que nem sempre é suficiente ser perdoado pelos outros, mas é necessário perdoar a si mesmo. 
 * * * 
As pessoas esquecem, com facilidade, o que dizemos. Também esquecem o que fazemos. Mas elas nunca esquecem o que as fazemos sentir. Dessa forma, invistamos no amor, na gratidão, no bem-querer. Tornemo-nos pessoas que distribuam alegria, tranquilidade, exatamente o que gostaríamos de encontrar no nosso local de trabalho, no trânsito, na escola, no nosso lar. 
Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, a partir de texto de autoria ignorada. 
Em 10.11.2011.

sábado, 22 de junho de 2019

ENTREVISTA COM DEUS!

Certo dia alguém sonhou que tinha marcado uma entrevista com Deus e, na hora certa, Deus, sentado à sua frente, lhe perguntou: 
-Então, você gostaria de Me entrevistar?
-Se Você tiver tempo... Disse o entrevistador. 
Deus sorriu e falou: 
-Meu tempo é a eternidade. Que perguntas você tem para Me fazer? 
E a primeira pergunta foi lançada. 
-O quê, na Humanidade, mais surpreende Você? 
Deus respondeu: 
-Nada Me surpreende, pois conheço cada filho Meu. No entanto, o que os homens não se dão conta é que seu comportamento, muitas vezes, os infelicita. Mas, em vez de usar a razão e o bom senso, preferem jogar a culpa da sua insensatez sobre Mim, dizendo que os castigo. 
-Como assim? 
Perguntou o entrevistador. 
-Bem, é que muitos homens ficam entediados com a infância; se apressam em crescer e depois desejam ser criança novamente. Vários perdem a saúde para ganhar dinheiro e em seguida perdem o dinheiro para recuperar a saúde. Alguns pensam ansiosamente sobre o futuro e se esquecem de viver o presente, de tal forma que não vivem nem o presente nem o futuro. A maioria vive sua vida como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido... 
O entrevistador olhou para os olhos do Criador e ousou falar-Lhe: 
-Sendo um Pai justo e amoroso, que lições de vida Você quer que Seus filhos aprendam?
Deus respondeu com serenidade: 
-Desejo que aprendam que não podem fazer ninguém amá-los, mas podem se permitir serem amados. Que descubram que o tesouro mais valioso não é o que eles têm em suas vidas, mas com quem eles compartilham as suas vidas. Desejo que não se comparem uns aos outros, mas saibam que uma pessoa rica não é aquela que tem o máximo, mas sim aquela que precisa do mínimo. Que aprendam que apenas alguns segundos são suficientes para abrir feridas profundas na pessoa que se ama, e que pode levar muitos anos para curá-las. Que cultivem a arte do perdão sincero e incondicional. Aprendam que existem muitas pessoas que amam verdadeiramente, mas não sabem como expressar ou mostrar seus sentimentos. E que não deem ao dinheiro um valor que ele não tem. Que aprendam que duas pessoas podem olhar para a mesma coisa e vê-la de maneira diferente, e que isso não é motivo para guerrear. E, por fim, quero que todos tenham a certeza de que eu estou sempre aqui. 
O entrevistador não resistiu e fez uma última pergunta: 
-Mas como é que os homens podem ter noção de que não estão agindo corretamente para construir a própria felicidade e, em todos os momentos, ter a certeza de Sua eterna presença? 
-É simples, respondeu o Criador. Todas as Minhas Leis estão escritas na consciência de cada filho Meu, para que nenhum deles possa reclamar em tempo algum. Esse sonho, que você acaba de ter, nada mais é do que um diálogo franco com a sua própria consciência.  
* * * 
Deus é a Inteligência Suprema do Universo, e Causa primeira de todas as coisas. É Deus que faz com que girem os mundos no espaço infinito e mantém a vida pulsante dos vermes no subsolo terreno. E assim como Ele coordena a vida no macrocosmo, também alimenta a chama da esperança no coração de cada criatura. 
Redação do Momento Espírita com base em texto de autor desconhecido. 
Em 10.03.2011.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

ENTRE VÊNUS E MARTE

Quando olhamos o céu, com suas tantas estrelas, tantas que não conseguimos contar todas, nosso sentimento é de admiração. Um quase êxtase. A chamada Estrela D´Alva, o planeta Vênus, que assim chamamos por seu brilho no céu, entre outras, nos leva a cogitar de quantas outras Humanidades existirão espalhadas por esse imenso Universo de Deus. Exatamente por isso, o homem tem investido na exploração espacial. Em dezembro de 2015, a agência japonesa de exploração aeroespacial, a JAXA, anunciou a chegada da sonda Akatsuki, que significa Aurora, ao planeta Vênus. Vênus é a equivalente romana da deusa que a mitologia grega denominava Afrodite. Deusa do amor, da beleza e da união. Por sua vez, apenas alguns meses antes, o robô Curiosity, da NASA, enviara imagens do planeta Marte. Marte é a denominação romana para o deus da guerra, que os gregos chamavam Ares. Se Vênus é a deusa do amor, Ares é o deus da destruição, sempre representado envolvido com as lutas humanas e os campos de batalha. Sem nos alongarmos em considerações astronômicas ou astrológicas, é de considerarmos como precisamos explorar mais a fundo essas duas expressões tão intensas da alma humana: o amor e a guerra. Parece que a Humanidade tem transitado muito mais pelos campos de Ares, com todo seu poder destrutivo. Somos os seres que ainda vivemos em disputas diárias e batalhas constantes. No trânsito, os que andamos a pé desafiamos o movimento dos carros, atravessando as ruas de qualquer jeito, como bem entendemos. Quando estamos ao volante, utilizamos o nosso veículo como uma máquina de guerra, furando sinal, desrespeitando leis estabelecidas, investindo com quase fúria sobre quem está concluindo a travessia na faixa de pedestres, mal abre o semáforo. Nos relacionamentos de toda sorte, mais nos digladiamos do que nos amamos. É o que apontam as manchetes, todos os dias, apresentando cenas de violência entre aqueles que mais deveríamos nos amar, os seres humanos. Afinal, somos todos filhos do mesmo Pai. Todos tivemos a mesma origem e nosso destino é o mesmo: o retorno à casa paterna. Mesmo quando nos envolvemos com a arte, a música, a literatura, que deveriam se voltar ao engrandecimento dos valores e princípios, exploramos a tendência destrutiva. Tudo porque, de modo geral, estamos mais interessados em retorno financeiro, em audiência, em competição, em poder em sermos alçados ao pódio das glórias mundanas. Como se faz necessário que deixemos de explorar tanto o campo de Marte e nos direcionemos para Vênus. Quanto necessitamos do amor. Desse amor verdadeiro que se preocupa em cuidar das feridas afetivas, da criança abandonada, dos magoados e dos esquecidos. Afinal, quantos de nós não nos encaixamos em uma dessas categorias? Comecemos, então, essa incursão ao planeta da nossa alma, ao planeta Vênus. Amemos. Exemplos não nos faltam: Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Gandhi. E foi o Mestre Jesus quem nos conclamou a que nos amássemos uns aos outros como Ele nos amou. E frisou que devemos amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Que tal iniciarmos hoje a viagem ao nosso interior, explorando, em todos os detalhes, o planeta Vênus? 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Explorando Júpiter, Vênus e Marte, de Cláudio Sinoti, da revista Presença Espírita, março/abril de 2018, ed. LEAL. 
Em 22.6.2018.

quinta-feira, 20 de junho de 2019

A ALEGRIA DO TRABALHO

Um grande pesquisador da alma humana, interessado em estudar os sentimentos alimentados no íntimo de cada ser, resolveu iniciar sua busca junto àqueles que estavam em pleno exercício de suas profissões. Dirigiu-se, então, a um edifício em construção e ali permaneceu por algum tempo a observar cada um daqueles que, de uma forma ou de outra, faziam com que um amontoado de materiais fossem tomando forma de um arranha-céu. Depois de observar cuidadosamente, aproximou-se de um dos pedreiros que empurrava um carrinho de mão, cheio de pedras, e lhe perguntou: 
-Poderia me dizer o que está fazendo? 
O pedreiro, com acentuada irritação, devolveu-lhe outra pergunta: 
-O senhor não está vendo que estou carregando pedras? 
O pesquisador andou mais alguns metros e inquiriu a outro trabalhador que, como o anterior, também empurrava um carrinho repleto de pedras: 
-Posso saber o que você está fazendo? 
O interpelado respondeu com presteza: 
-Estou trabalhando, afinal, preciso prover meu próprio sustento e da minha família. 
Mais alguns passos e o estudioso acercou-se de outro trabalhador e lhe fez a mesma pergunta. O funcionário soltou cuidadosamente o carrinho de pedras no chão, levantou os olhos para contemplar o edifício que já contava com vários pisos e, com brilho no olhar, que refletia seu entusiasmo, falou: 
-Ah, meu amigo! Eu estou ajudando a construir este majestoso edifício! 
* * * 
Neste relato singelo, encontramos motivos de profundas reflexões acerca do trabalho. Em primeiro lugar, devemos entender que o trabalho não é castigo: é bênção. Deve, por isso mesmo, ser executado com prazer. E o meio de conseguirmos isso consiste em reduzir o quanto possível o cunho egoístico de que o mesmo se reveste em nosso meio. O trabalho é lei da natureza, mediante a qual o homem forja o próprio progresso, desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os recursos de preservação da vida. Desde as imperiosas necessidades de comer e beber, defender-se das intempéries até os processos de garantia e preservação da espécie, o homem se vê compelido à obediência à lei do trabalho. O trabalho, no entanto, não se restringe apenas ao esforço de ordem material, física, mas, também, intelectual, pelo labor desenvolvido, objetivando as manifestações da cultura, do conhecimento, da arte, da ciência. Dessa forma, meditemos no valor do trabalho, ainda que tenhamos que enfrentar tantas vezes um superior mal humorado, um subalterno relapso, porque as leis divinas nos situam exatamente onde necessitamos. No lugar certo, com as pessoas certas, no momento exato. Convém que observemos a natureza e busquemos imitá-la, florescendo e produzindo frutos onde Deus nos plantou. E, se alguém nos perguntar o que estamos fazendo, pensemos bem antes de responder, pois da nossa resposta depende a avaliação que as leis maiores farão de nós. Será que estamos trabalhando com o objetivo de enriquecer somente os bolsos, ou pensamos em enriquecer também o cérebro e o coração? 
Redação do Momento Espírita. 
Em 20.6.2019.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

ENTRE O PASSADO E O FUTURO

A pluralidade das existências constitui um dos postulados básicos do Espiritismo. Trata-se de um enunciado segundo o qual o Espírito anima incontáveis corpos em sua jornada rumo à Angelitude. Essas existências físicas se entrelaçam e sucedem conforme o comportamento do Espírito. Elas podem ser em número menor, desde que bem aproveitadas. Já o Espírito rebelde necessita repetir várias vezes as mesmas experiências, até fazer bem a lição. Como as encarnações não são desconectadas umas das outras, sempre sobra algo do ontem no hoje. É comum as pessoas se indagarem a respeito do que foram. Como a justiça vigora no Universo, cada qual se constrói a si próprio feliz ou desgraçado. Com base nesse raciocínio, muitas vezes se afirma, a respeito de pessoas enfermas ou portadoras de graves problemas, que muito erraram. Ocorre que a realidade não é tão simples. A Espiritualidade Superior ensina que a Terra é um mundo de provas e expiações. Ela funciona na qualidade de reformatório e de escola, na qual se aprimoram seres ainda carentes de sublimação. Expiações constituem experiências dolorosas, frutos de erros do passado. Elas se destinam a desgostar o Espírito do vício que o acomete, a fim de que o abandone. Já as provas são para aferir os valores amealhados pelo ser, sua força e firmeza no bem. O Espírito teoriza sobre determinada virtude, compreende-a e finalmente se decide a vivê-la, por entre as dificuldades e tentações inerentes à vida terrena. Pode ou não se sagrar vencedor, conforme seja mais ou menos decidido pela vivência do bem. Caso venha a falhar, necessitará dar conta dos erros cometidos e repetir a experiência. Se vencer, novas e ricas oportunidades se abrirão em sua caminhada rumo à plenitude. Bem se vê que os dramas e os suores da vida não se relacionam sempre com o ontem. Podem ser resultado de equívocos, a reclamar corrigenda. Mas frequentemente são uma aposta no futuro, um teste de admissão para experiências compensadoras. É leviano afirmar que alguém sofre bastante porque muito errou. Talvez seja antes um idealista que luta para desenvolver em si as asas dos anjos. A rigor, o passado se revela mais pelas tendências instintivas. Aquele que quer se conhecer, precisa prestar atenção em seus desejos e sonhos. Quem se deleita com histórias picantes e racistas, gasta tempo com coisas vulgares, quer sempre levar vantagem, podendo se concluir que seu passado não é digno. Mas, entre provas e expiações, não é relevante saber a origem da experiência difícil. Qualquer que seja o contexto, importa fazer bem a lição, a fim de se libertar dela. Ser corajoso, digno, puro e generoso em face dos embates é a receita da felicidade futura. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no item 399 de O livro dos Espíritos, de Allan Kardec, ed. Feb. Disponível no cd Momento Espírita, v. 20, ed. Fep. 
Em 20.10.2011.

terça-feira, 18 de junho de 2019

SOLTEI O MUNDO PARA SEGURAR SUA MÃO!

Até sua chegada, o mundo me carregava e eu carregava o mundo e nada mais... Tantos atrativos, tantas possibilidades, tantas distrações... Curioso, mas, ter possibilidades é, ao mesmo tempo, ter tudo e ter nada, porque poder escolher caminhos ainda não é caminhar. Porém, quando você chegou, tudo mudou. Soltei o mundo para segurar sua mão. Decidi que as coisas do mundo podem esperar, e enquanto esperam eu vou adiante e vou com você. Segurar sua mão é encontrar sentido na vida, é perceber que quando se caminha junto se caminha melhor. Segurar sua mão é me entregar a algo maior do que eu, pois “nós” sempre será mais grandioso do que apenas “eu”. 
 * * * 
Quando se forma uma nova família deixamos muitas coisas para trás. Muitos falam de perdas. Quando trocamos o "eu" pelo "nós" somos convidados a desenvolver inúmeras virtudes da alma, virtudes fundamentais para nossa felicidade. Muitas pessoas alegam que deixaram sonhos de lado para investir no projeto de vida dos filhos. Coisas que gostariam muito de ser ou de fazer e que agora ficam de lado. Entendem que isso são as tais perdas ou sacrifícios. Ao longo de nosso amadurecimento, vamos percebendo que muitos desses sonhos eram egoístas, vazios ou sem muita base de sustento. Eram desejos de um coração imaturo, inexperiente e nada mais. Muitos desses nossos anelos que deixamos à margem do caminho não nos levariam a lugar algum, ou não nos fariam tão felizes como podemos ser agora com esse grande emprego que abraçamos. Falamos de profissões ou ofícios que gostaríamos de ter seguido, de investimentos na carreira que deixamos de fazer, mas será que tais aplicações de tempo e trabalho seriam tão valiosas como a da família? Pode ser que sim, pode ser que não. E por que não entender a família como um ofício? Como um investimento na carreira? A carreira de homens e mulheres de bem. Não são as grandes descobertas da ciência, da tecnologia, que melhoram o mundo. Engano nosso. É o autoaprimoramento e o aperfeiçoamento das relações que têm o poder transformador. Se burilarmos apenas o intelecto podemos ser considerados inteligentes, avançados, porém, sem a moralidade sempre seremos infelizes. A família é o campo de desenvolvimento da moral, e quando soltamos as coisas do mundo, principalmente as fúteis, efêmeras, para segurar na mão dos irmãos de caminhada, iniciamos o verdadeiro caminhar para o desenvolvimento da alma. Antes de ficarmos lamentando o que deixamos para trás, enxerguemos o que estamos construindo para o futuro. 
 * * * 
Soltei o mundo para segurar sua mão. Decidi que as coisas do mundo podem esperar, e enquanto esperam eu vou adiante e vou com você. Segurar sua mão é encontrar sentido na vida, é perceber que quando se caminha junto se caminha melhor. Segurar sua mão é me entregar a algo maior do que eu, pois “nós” sempre será mais grandioso do que apenas “eu”. 
Redação do Momento Espírita 
Em 18.6.2019.

segunda-feira, 17 de junho de 2019

AMOR SEM ILUSÃO

Conta-se que um jovem caminhava pelas montanhas nevadas da velha Índia, absorvido em profundos questionamentos sobre o amor, sem poder solucionar suas ansiedades. Percebeu que pelo mesmo caminho, vinha em sua direção um velho sábio. E porque não conseguia encontrar uma resposta que lhe aquietasse a alma, resolveu pedir ao sábio que o ajudasse. Aproximou-se e falou com verdadeiro interesse: 
-Senhor, desejo encontrar minha amada e construir com ela uma família, com base no verdadeiro amor. Todavia, sempre que me vem à mente uma jovem bela e graciosa e eu a olho com atenção, em meus pensamentos ela vai se transformando rapidamente. Seus cabelos tornam-se alvos como a neve, sua pele rósea e firme fica pálida e se enche de profundos vincos. Seu olhar vivaz perde o brilho e parece perder-se no infinito. Sua forma física se modifica acentuadamente e eu me apavoro. Desejo saber, meu sábio, como é que o amor poderá ser eterno, como falam os poetas? 
Naquele mesmo instante, aproxima-se de ambos uma jovem envolta em luto, trazendo no rosto expressões de profunda dor. Dirige-se ao sábio e lhe fala com voz embargada: 
-Acabo de enterrar o corpo de meu pai, que morreu antes de completar cinquenta anos. Sofro porque nunca poderei ver sua cabeça branca aureolada de conhecimentos, seu rosto marcado pelas rugas da experiência, nem seu olhar amadurecido pelas lições da vida. Sofro porque não poderei mais ouvir suas histórias sábias, nem contemplar seu sorriso de ternura. Não sentirei suas mãos enrugadas tomando as minhas com profundo afeto.
Naquele momento, o sábio dirigiu-se ao jovem e falou com serenidade: 
-Você percebe agora as nuanças do amor sem ilusões, meu jovem? O amor verdadeiro é eterno porque não se apega ao corpo físico, mas se afeiçoa ao ser imortal que o habita temporariamente. É nesse sentimento sem ilusões nem fantasias que reside o verdadeiro e eterno amor.
 * * * 
A lição do velho sábio é de grande valia para todos nós que buscamos as belezas da forma física, sem observar as grandezas da alma imortal. O sentimento que valoriza somente as aparências exteriores não é amor, é paixão ilusória. O amor verdadeiro observa, além da roupagem física que se desgasta e morre, a alma que se aperfeiçoa para prosseguir vivendo e amando pela eternidade afora. Pensemos nisso! As flores, por mais belas que sejam, um dia murcham e morrem. Mas o seu perfume permanece no ar e no olfato daqueles que o souberam guardar em frascos adequados. O corpo humano, por mais belo e cheio de vida que seja, um dia envelhece e morre. Mas as virtudes do Espírito que dele se liberta, continuam vivas nos sentimentos daqueles que as souberam apreciar e preservar, na ânfora do coração. 
Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no CD Momento Espírita, v. 11 e no livro Momento Espírita, v. 2, ambos ed. FEP. 
Em 17.6.2019.

domingo, 16 de junho de 2019

ENTRE O BERÇO E O TÚMULO

EMMANUEL E CHICO XAVIER
Muitos defendem a ideia de que tudo na vida é passageiro, e que devemos aproveitar bem as oportunidades porque não duram para sempre. Com ilusórios lances de sabedoria afirmam: Nossa vida na Terra se limita ao tempo que vivemos entre o berço e o túmulo. O berço nos recebe rodeados de sonhos, sorrisos e esperanças. O túmulo guarda a despedida cheia de lágrimas. Esta forma de pensar impede de vermos que nesse intervalo vivemos literalmente ligados ao corpo físico, e sempre às voltas com as peripécias materiais. Como nosso cérebro atual não traz registros anteriores ao presente, acreditamos que esta seja a única e verdadeira vida. Daí, investirmos toda capacidade interior em conquistas materiais, toda a energia em prazeres fugazes. Mal percebemos que o que julgamos valioso é, na verdade, passageiro. Deixamos de acreditar naquilo que não vemos, e que, embora não palpável, é eterno. Acabamos avaliando, superficialmente, o sentido da vida. Vejamos que ao valorizarmos os monumentos materiais que ficam na História, nem sempre entrevemos as ideias e os pensadores que planejaram tais feitos. Com o tempo, porém, por ser matéria, essas obras serão destruídas e retornarão ao pó. Já o sonho de realização, a ideia que os concretizou, alimentam almas que se dignificaram com sua criatividade. 
Um exemplo: 
A acrópole de Atenas, admirada por milhões de olhos, vai desaparecendo, pouco a pouco, entretanto a cultura grega que a produziu é imortal na glória terrestre. 
Observemos nossa indumentária física. Quando menos esperamos, a infância risonha e a mocidade colorida ficam para trás. A madureza, com as suas responsabilidades, e a velhice, com seus desgastes no corpo físico, nos tiram o viço e a disposição. Mas, nossa essência espiritual permanece. Importante analisarmos melhor a vida. Limitarmos nosso viver apenas em função das coisas materiais é muito pouco, quase nada. Os bens materiais são indispensáveis para a nossa manutenção física, bem como para manter aprendizados e aperfeiçoamentos enquanto aqui vivemos. Precisamos compreender que embora o corpo material tenha que voltar ao pó, o Espírito permanece vivo, levando consigo tudo quanto aprendeu no decorrer desse período. Daí a necessidade de valorizar a oportunidade de aprendizado e as experiências enriquecedoras que adquirimos neste percurso, porque estas ficarão em nós, Espíritos imortais. Os bens materiais, que lutamos insanamente para adquirir, almejando serem para sempre nossos, não o serão. As terras que acumulamos não são propriedade nossa. Basta que saiamos de cena e mudarão de dono. As joias que possuímos e que nos preocupam quanto aos ladrões, não levaremos, depois da morte física. O dinheiro que guardamos a sete chaves, perde seu valor útil, ou cairá em outras mãos. Passamos o tempo na Terra buscando riquezas passageiras, e retornamos à pátria maior sem a fortuna ideal. Melhor seria levarmos conosco nossa verdadeira riqueza. Essa o ladrão não rouba, a traça não rói, a ferrugem não consome! Pensemos nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 168, do livro Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. 
Em 1º.9.2018.

sábado, 15 de junho de 2019

ENTREGAR-SE AO PAI

Não há quem na vida não passe por dias de desafios mais severos. Mesmo as vidas mais tranquilas, mesmo aqueles para os quais o cotidiano parece estável e previsível, enfrentam momentos de provas e de aprendizado. Quantos não são os que, em apenas uma noite de chuva, veem seu mundo ser levado pela força das águas, perdendo bens materiais, apartando-se de almas queridas? Outros, nos quais a saúde habitava o corpo plenamente, veem-se minados por males afligentes, por vezes de causas desconhecidas ou de recursos ignorados. Há tantos mais que veem desaparecer de seus olhos os amados, amparos de seu caminhar, abraçados pela morte, apartados da convivência e do carinho sustentador. É natural que assim seja. Todos estamos sujeitos às intempéries da vida, às tempestades que destroem, mas que ensejam o construir e o melhorar. Assim, se esses dias difíceis nos visitam, atormentando-nos, perturbando-nos o equilíbrio emocional, entreguemo-nos a Deus. Jesus, ao nos ensinar a respeito da Providência Divina, afirmou que nem uma folha de uma árvore cai sem a vontade do Pai. Se os vegetais estão sob a tutela de Suas Leis, que se dirá de nós, Seus filhos amados! Incentivando-nos à fé, explicou-nos Jesus que mesmo um homem mau, se o filho lhe pedir pão, não irá lhe oferecer uma pedra. E ainda, se seu filho lhe pedir um peixe, não lhe dará uma serpente. Dessa forma, que não se poderá esperar de Deus, Pai amantíssimo! Jesus conhecia em profundidade as aflições do mundo, seus desafios e dores. E por isso, Se propôs a nos auxiliar na caminhada. Vinde a mim, todos os cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei, convidou-nos o doce Rabi. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou brando e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas. 
 * * *
Nestes dias de aflição intensa, permitamo-nos alimentar o coração na fé, e entreguemo-nos a Deus. Permitamos que Ele guie nossos passos, e tome o leme de nossa embarcação. Deixemos que, através da prece, Ele nos fale à alma, pelos ouvidos do coração. Entregarmo-nos a Deus jamais será a atitude da apatia, do desânimo ou da indiferença perante os problemas, as dores ou desafios. A cada dificuldade, busquemos a solução. A cada problema, o melhor caminho. A cada angústia, a saída mais adequada. Porém, se nos cabe tomar atitudes e assumir responsabilidades perante aquilo que a vida nos oferece, será o entregarmo-nos a Deus que nos conduzirá pelas estradas mais corretas e de melhor destino. Confiando no Seu amparo paternal, alimentando-nos da fé dinâmica, logo mais veremos que os dias de sombra já se passaram, e nova aurora romperá nos horizontes de nossas vidas. Assim, perante os dias de noite escura, alimentemos a candeia da fé, entregando-nos ao Pai, e Ele velará pelos nossos passos. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 12.11.2011.

sexta-feira, 14 de junho de 2019

O CANTO DO SABIÁ

Ele chega no alto do muro, todas as manhãs. Exceção daquelas de chuva torrencial. Nesses dias, somente aparece quando a chuva se vai. Ele se posta exatamente na direção da janela do escritório onde trabalho. Anda um pouco de um lado a outro. Parece olhar para mim. Na verdade, tenho certeza que me olha. E então, solta seu canto. É o meu companheiro sabiá. Não vem a esse local porque o alimento, considerando que é no meio do jardim, do outro lado da casa, que coloco a ração diária para ele e todos os pássaros que queiram. A maioria deles, habitando a árvore em frente à casa, há bastante tempo. Ou seja, desde que o pequeno arbusto se transformou em uma árvore alta, cheia de galhos e folhas. Árvore que tenho o cuidado de zelar toda vez que os funcionários da Prefeitura vêm realizar a poda. Supervisiono o serviço, não permitindo que cortem galhos em excesso, em especial aqueles em que estão construídos os preciosos ninhos. Não sei se o sabiá sabe disso tudo. Nunca contei nada a ele. Mas quando ele vem cantar em frente à minha janela, eu o cumprimento: 
-Oi, amiguinho, já chegou? Qual a sinfonia para hoje? 
E depois dele alegrar o meu coração, parte voando. Sei que não o verei mais até o dia seguinte. Alguns dirão que tudo isso é coincidência. Nada demais. Talvez o sabiá goste daquele pedaço de muro por algum motivo. Eu, sinceramente, acredito que se trata de gratidão de uma ave que se alimenta todos os dias, em meu jardim. Mais do que isso, eu vejo a manifestação Divina nesse pequenino ser. É Deus que me diz, com o seu canto, que sou Seu filho, uma pessoa importante nesta Terra. Por isso, ergo minha prece em gratidão e trabalho com o coração mais alegre, a mente mais desperta, os dedos mais ágeis. Quantos de nós recebemos, todos os dias, dádivas semelhantes e não nos damos conta? Que tal começarmos a prestar atenção? Deus tem maneiras simplesmente criativas de nos alcançar: na brisa que brinca em nossos cabelos, na chuva que cai, permitindo que a terra exale aquele seu perfume peculiar de quem recebeu uma dádiva e agradece. Ou talvez através de uma ave que cante em nossa janela ou nas proximidades. Deus a tudo preside e nada esquece. Prestemos mais atenção ao nosso entorno e descobriremos, todos os dias, inúmeros motivos para sermos gratos ao Pai que nos ama e manifesta isso de multiplicadas maneiras. 
 * * *
No ruído longínquo do mar, na paisagem solitária, nas águas que murmuram, no sono das florestas, na altivez das montanhas, Deus assinala a Sua presença. Na poesia das flores, nas calmas noites estreladas, no brilho da lua, podemos perceber a excelência do Autor Divino. Para a alma sensível, tudo respira e transpira Deus, o que levou o salmista Davi a escrever que os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Cerremos os olhos, paremos um pouco e nos permitamos sentir o suave toque de Deus em nossa alma, agora, enquanto morrem os acordes musicais... 
Redação do Momento Espírita, com transcrição de Salmos de Davi, cap. 19, vers. 1. 
Em 14.6.2019.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

ENTREGAR-SE A DEUS

A intuição da existência de um ser superior é inerente ao homem. Em todos os tempos e culturas, o ser humano sempre buscou relacionar-se com a divindade. A época atual bem reflete essa real necessidade do homem: ligar-se a Deus. Tem-se a evolução científica e tecnológica, a cultura tornada acessível a um número antes impensável de pessoas, valores em constante mutação. Viver torna-se em geral mais confortável, sob o prisma material, mas isso não traz paz para as criaturas. A vida se torna sofisticada, há pressa para tudo, as relações se superficializam. Mas, com a mesma rapidez com que se leva a existência, os problemas psicológicos grassam, as neuroses das mais diversas ordens surgem. Num mundo de transitoriedades e coisas superficiais, a confiança em Deus surge como um consolo inestimável. É bastante raro encontrar alguém que afirme não acreditar em Deus. Ao mesmo tempo, a conduta da humanidade não espelha essa crença. Por certo a natureza divina não é acessível ao nosso precário entendimento, mas a lógica ensina que o Criador obrigatoriamente possui determinadas virtudes em seu máximo potencial. Assim, acreditar em Deus, como princípio e mantenedor do universo, implica reconhecer que ele é infinitamente bom, justo, sábio, onisciente, onipresente e todo-poderoso, dentre outros atributos. A fé raciocinada e refletida difere substancialmente do mero acreditar, sem qualquer análise ou conseqüência. A meditação sobre o significado da crença na divindade possui o condão de encher a criatura de paz. Afirmar-se crente em Deus não pode ser uma simples fórmula, politicamente correta, para brilhar em conversas de salão. Trata-se de uma opção consciente de vida, resultado de uma análise profunda, com severas implicações. Acreditar sinceramente no Criador é incompatível com a revolta diante das dificuldades, fugas ao cumprimento do dever e comportamentos indignos das mais diversas ordens. Se o Pai é bom, tudo pode e sabe, Ele deseja e providencia o melhor para todos. O aluno que confia em seu professor não fica indagando da utilidade das tarefas que este lhe confia, ou mesmo reclamando de sua eventual dificuldade. Executa-as, simplesmente, confiante na sabedoria, nos objetivos e no método de seu mestre. Comportamento idêntico deve ser o de quem crê em Deus. O ser em evolução não deve se preocupar excessivamente com fatos, mas em guardar dignidade frente a eles. As ocorrências da vida se sucedem na conformidade das necessidades de experiência e evolução da criatura. A existência na terra é uma abençoada escola, não uma estação de lazer. A confiança no Pai pressupõe entrega, aceitação de que algumas dificuldades são inerentes ao viver, para o burilamento do ser. Deus sabe o que faz e está sempre no controle de tudo. A tarefa do homem é vivenciar com serenidade as ocorrências de sua vida. Ele jamais deve se furtar ao cumprimento de seus deveres. Ainda que estes sejam sacrificantes, correspondem à tarefa que o eterno, em sua infinita sabedoria, lhe confiou. A criatura deve dar o melhor de si, trabalhar sempre para melhorar sua situação, pois o progresso é uma lei divina. Mas sem angústia pelos resultados, pois o Pai celeste sabe o momento em que uma determinada prova atingiu seu fim. Se você afirma crer em Deus, reflita se a sua vida espelha essa crença. Crer no Pai não é apenas admitir sua existência, mas se entregar a Ele, mediante a serena e digna vivência dos deveres e problemas da vida.  
Pense nisso! 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

quarta-feira, 12 de junho de 2019

ENTRE DOIS AMORES

Betty Schimmel
Dizem que o que acontece nos filmes, acontece na vida. Pois Betty Schimmel viveu o drama de um sonho de amor não realizado. Aos nove anos conheceu Richie. Na adolescência, a amizade se transformou em amor. No final de 1944, os nazistas invadiram a Hungria. Betty e sua família foram enviados a um campo de concentração. Em maio de 1945, ela foi libertada pelos americanos e começou a procurar Richie. Ele fora declarado morto, conforme uma lista que lhe apresentaram. Então, Otto Schimmel se apaixonou por Betty e, depois de muita insistência, conseguiu que ela se casasse com ele, com a condição de que, se um dia Richie aparecesse, Otto a deixaria partir com o seu grande amor. Emigraram para os Estados Unidos. Betty morava na casa de seus sonhos, com aqueles que deveriam ser também o marido e a família de seus sonhos: dois meninos e uma menina. Contudo, o seu coração tinha sido deixado na Europa. Chegou a sofrer um colapso nervoso, pois não conseguia se entregar à felicidade. Desejando rever a Hungria, fez a viagem sozinha. Na primeira semana em Budapeste, nem conseguiu deixar o hotel. As lembranças eram muitas e pesavam. Por fim, resolveu ir jantar no Hotel Royal, aquele mesmo onde ela e Richie tinham planejado se casar. Depois do jantar, ela correu os olhos pelo salão e seu coração disparou. Mesmo de costas, reconheceu Richie. Foi até ele e lhe tocou o braço. Ele se voltou e, ao vê-la, a abraçou, as lágrimas escorrendo pelo rosto. Richie era um cientista e estava em Budapeste para uma palestra. Disse que fora capturado pelos nazistas e ficara em um campo de concentração. Ao ser libertado, a procurara por toda a Europa. Depois, na América. Ele fora até seu apartamento, em Nova Iorque. Otto o despachara da porta, dizendo que Betty acabara de ter o primeiro filho. Richie se casara, morava nos Estados Unidos e tinha três filhos. Implorou para que Betty deixasse a família e ficassem juntos. Nos olhos dele, Betty via refletido todo o amor que haviam compartilhado. Disse que daria a resposta na manhã seguinte, no local de encontro que ambos bem conheciam. Betty telefonou para Otto, magoada e furiosa porque ele não cumprira a promessa que fizera. Passou a noite andando de um lado para outro. Lembrou de todos os sacrifícios de Otto por ela, pelos filhos. Recordou sua responsabilidade como esposa e mãe e, finalmente, fez sua escolha. Deixou um bilhete de adeus para Richie. Chorou durante toda a viagem até Paris, onde a esperava o marido. Então, ela o abraçou, disse que estava voltando para casa e que, pela primeira vez, iria se permitir amá-lo por ele mesmo. 
 * * * 
- Uma vez, disse ela, tive um jovem amor que durou dos nove aos quinze anos, Richie. Deus me brindou com um amor maduro, Otto. Depois de celebrar cinquenta e quatro anos de casamento, desfrutando da companhia dos filhos e netos, eu sei que tomei a decisão certa. 
 * * * 
Utiliza-te do amor, na elevada expressão do matrimônio e, com a alma eleita, tece os sonhos de ventura indestrutível para o futuro imortal. E nunca confundas paixão com amor e interesse sexual com afeição legítima. 
Redação do Momento Espírita, com base no artigo Entre dois amores, de Joyce Gabriel, da revista Seleções Reader’s Digest, de outubro de 2001 e no verbete Matrimônio, do livro Repositório de sabedoria, v.2, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL. 
Em 14.4.2014.

terça-feira, 11 de junho de 2019

UM AUTOR, UM CRIADOR!

Lauro Schleder
Quando à noite, contemplo os múltiplos sóis na abóbada celeste, eu me indago: 
-Quem colocou tantas maravilhas neste céu? 
E meus lábios se entreabrem, balbuciando: 
-Foi Deus! 
Quando me extasio ante esse céu de estrelas, fico a cismar: 
-De onde eu vim? Terei visitado algum desses mundos que se estendem pelo Universo sem fim? 
E me sinto estrangeiro acolhido nesta Terra, agradecendo a honra de pertencer a esta Humanidade. Pergunto-me, muitas vezes, se aqui estou pela primeira vez ou se já habitei outros corpos, em outras tantas épocas. Terei andado pelo Oriente, em meio àquelas culturas que, embora alguns definam como exóticas, a mim parecem tão familiares? E este mesmo país, onde me encontro, quantas vezes já o terei visitado? Por vezes, a sua História me parece tão atual, tão conhecida. Enfim, minha alma, agradecida, ergue-se em louvor à Causa de tudo isso: 
-Deus. 
E suspira e suspira gratidão. Quando em noites de lua cheia, fico a mirar aquela luz prateada, estendendo seus raios pelas cidades, tenho vontade de gritar bem alto: 
-Lua, ó lua, quem te fez tão bela? Quem te vestiu de luz? Desde quando andas pelo espaço, contemplando a Terra?  
E minha mente somente encontra uma resposta: 
-Foi Deus! 
Quando contemplo as nuvens que se cobrem de vários tons, preparando-se para receber a madrugada, eu penso: 
-Quem fez tudo isso? Quem estabeleceu que o tempo precisasse de tantos diversos momentos, tão ricos de beleza: madrugada, manhã, tarde, noite? Quem criou as estações com suas peculiaridades, com seus encantos inigualáveis? Quem estabeleceu o movimento do planeta, do sol, dos astros? Quem estabeleceu trajetórias tão precisas a tantos orbes, sóis e planetas, de forma que todos viajam pelo infinito, numa perfeita harmonia, cantando a glória da perfeição? 
E quando chega a madrugada, ornada de matizes esplêndidos, me surpreendo porque a cada dia ela vem envolvida em novos véus. E me indago outra vez: 
-Quem veste assim a madrugada? Quem lhe compõe as vestes, sem jamais reprisá-las, mesmo tendo transcorrido tantos séculos? Quem é Esse estilista tão criativo? 
E minha alma só pode responder: 
-É Deus!  
Então, olho para mim mesmo, ser pensante e atuante e indago: 
-Quem me criou? Quem me dotou de inteligência, de senso? Quem me fez assim tão inquiridor? Quem me dotou da capacidade de amar, de sentir, de me emocionar e elogiar a beleza, a harmonia? Quem me permitiu a possibilidade de escrever poemas, histórias e contos? 
E somente posso chegar à mesma e maravilhosa conclusão: 
-Foi Deus! Foi Deus! Deus, a Causa de tudo, o Criador incriado, o sempre presente. O que tudo sabe e tudo provê. Aquele que está atento aos mundos, às Humanidades, a todas as espécies que vivem em todos os lugares. Aquele cuja onisciência é de tal modo detalhada que Jesus no-lO apresentou como O que sabe da quantidade de fios de cabelo em nossas cabeças. O Pai presente, amoroso e bom. Nosso Pai e Criador. 
Redação do Momento Espírita, com base em mensagem psicográfica de Lauro Schleder, recepcionada no Centro Espírita Ildefonso Correia, em 13 de maio de 2019. 
Em 11.6.2019.

segunda-feira, 10 de junho de 2019

OS DOMINGOS PRECISAM DE FERIADOS

André Trigueiro
No livro bíblico de Gênesis, inicia o capítulo segundo: E havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou. Porque nele descansou de toda a sua obra. Entre a comunidade judaica, o tradicional shabat evoca questões absolutamente importantes. A palavra hebraica significa cessar, parar. Apesar de ser vista quase universalmente como descanso ou um período de descanso, uma tradução mais literal seria cessação, com a implicação de parar o trabalho. Portanto, shabat é o dia de cessação do trabalho. Sua observância é considerada de extrema importância, aparecendo como o terceiro dos Dez Mandamentos. Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do senhor teu Deus. Não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou. Portanto, abençoou o senhor o dia do sábado, e o santificou. O homem absorveu esta normativa e, nas leis trabalhistas, estabeleceu um dia de cessação do trabalho, implicitamente, de descanso. No entanto, muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. Se observarmos o terceiro mandamento, veremos explicitados que o cessar de atividades envolve, inclusive, os animais. A Sabedoria Divina estabeleceu pausas relevantes. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue. Para um mundo no qual funcionar vinte e quatro horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta. Dessa forma, verificamos, desde a alegoria bíblica da criação do mundo, que a questão da cessação do trabalho se faz de importância. Tudo necessita de descanso, nosso planeta também. A Terra, exaurida, explorada constantemente, exige atenção. Necessita de uma parada da exploração continuada. Necessita de uma pausa. Assim como todos os seres vivos, a Terra, conforme a hipótese formulada por James Lovelock e Lynn Margulis, que consideram o planeta um único e complexo organismo, necessita de descanso. É hora de reavaliarmos nossa forma de viver, em que tudo funciona vinte e quatro horas. Precisamos disso, realmente? Não seria interessante revermos nossos valores e, enquanto damos um descanso para a própria natureza, nós mesmos pensarmos no que fazemos de nossos dias? Cessação do trabalho habitual, descanso, repouso, que não significa necessariamente não fazer nada, mas fazer algo diferente. Pensemos nisso. Voltemos a viver e conviver com a natureza que é sagrada. Pausa para olhar o que nos cerca, para respirar o ar puro. Pausa para viver intensamente. Pausa para a própria Terra sofrida, espoliada. Pensemos nisso. Porque disso depende a sustentabilidade do planeta em que nos encontramos, ou seja, a nossa própria vida.
Redação do Momento Espírita, com base no livro bíblico de Êxodo, cap. 20, versículos 8 a 10 e no cap. Sustentabilidade como valor espiritual, do livro Espiritismo e Ecologia, de André Trigueiro, ed. FEB. 
Em 10.6.2019.

domingo, 9 de junho de 2019

ENTRE AS ROSAS

Era final de inverno...  
Mais um ano havia passado e não se chegara a nenhuma conclusão. Os partidários das diversas facções, dia após dia, perdiam-se em longas e intermináveis discussões sobre esta ou aquela candidata, sem chegarem a um consenso. Decantava-se a beleza da papoula, as qualidades das alfazemas, o perfume dos cravos, as virtudes de pureza e humildade de lírios e violetas. Tudo em vão... Num canto despretensioso do mundo, onde as espécies vegetais cresciam silenciosamente, um pequeno arbusto travava sua luta diária pela sobrevivência, alheio a toda sorte de discussões. Conformado com sua forma tosca, retorcida, prenhe de espinhos pontiagudos e consciente de que nunca alcançaria a beleza de um dente-de-leão, acostumara-se a ser desprezado e humilhado sem, no entanto, deixar de prestar atenção nas pequenas criaturas que dependiam de sua existência para sobreviver. A elas dedicava a sua vida, emprestando a segurança de seu tronco e ramos para abrigar insetos das chuvas e ventanias. Era feliz pois, se não tinha a beleza, tinha a utilidade. E isso lhe bastava. Naquela manhã fria de final de invernia, ainda não totalmente desperta da noite, a plantinha rude viu despregar do céu uma linda estrela cor de prata. Sorrindo, acompanhou-lhe a trajetória em arco perfeito pelo céu escuro, descendo, descendo... em direção à floresta ainda adormecida. Era tão suave e linda aquela forma que, instintivamente, todos na floresta, árvores, arbustos, pássaros e flores, acordados pela luz repentina, curvavam-se para vê-la passar. A estrela flutuou entre sorrisos, agradecendo a simpatia da floresta, até chegar perto do arbusto cheio de espinhos. Aproximou-se lentamente da plantinha e falou-lhe docemente: 
-Não te inscrevestes na eleição da rainha das flores, por isso vim pessoalmente buscar-te...
-Mas, senhora... Gaguejou a planta. Eu? Como posso aspirar a ser rainha de qualquer coisa... Não vedes o quanto sou feia!! 
-O Senhor da Vida ordenou-me que viesse buscá-la... 
-Se este é o seu desejo... aqui me tendes, senhora... 
E partiram em um rastro de luz, na direção do Conselho das flores. As demais candidatas riram-se da pretensiosa intenção daquele feio arbusto. A plateia silenciou quando entrou no ambiente a primavera, anunciada pelo som de mil clarins. O arbusto, espantado, reconheceu a estrela que a trouxera até ali. 
-Então, senhores conselheiros - questionou a primavera - o Senhor da Vida deseja saber se já encontraram a legítima representante de seu reino. 
-Não, senhora. Estávamos para decidir-nos, quando fomos interrompidos pela vaidade dessa planta sem qualidades que aí está. Vede! Quanta ousadia... 
A primavera voltou-se para a plantinha que chorava de vergonha e humilhação e perguntou: 
-O que mais desejas nesta vida? 
E a planta respondeu entre lágrimas... 
-Amar e ser amada... 
A primavera, então, tocou os galhos espinhosos e, logo, botões surgiram dos galhos seminus, abrindo-se em mil pétalas sedosas, de perfume inesquecível... 
-Qual é o teu nome? 
Perguntaram todos. 
-Eu sou a rosa... 
 * * * 
Quando o amor tocar os espinheiros do mundo, as rosas brotarão em cada alma. Tal é a Lei de amor, como ensinou Jesus... 
Redação do Momento Espírita, com base em lenda de autoria desconhecida. 
Em 15.03.2010.

sábado, 8 de junho de 2019

ENTRE A FÉ E A CONFIANÇA

A confiança constitui uma virtude imprescindível à vida humana equilibrada e proveitosa. Ela possui vários desdobramentos. Aproxima-se da fé em Deus, em Sua sabedoria e em Sua justiça. Alicerçado nesse sentimento, o homem encontra forças para vencer os desafios que se apresentam em seu caminho. Ele não se sente vítima de acasos ou azares. Entende que sua vida segue uma fecunda programação de aprendizado e aperfeiçoamento. Nesse contexto, as dificuldades representam oportunidades benditas. Mediante elas, reajusta-se com o passado e habilita-se para o futuro. A vida atual é uma ponte entre duas realidades. O ontem, com os equívocos próprios de uma época de aprendizado. O futuro, rico de promessas de alegria e sublimação. Mas a confiança também se refere à ciência das próprias possibilidades. Ela deriva da fé na Sabedoria Divina. Se Deus consentiu com dada experiência no viver de uma criatura, é porque ela pode dar conta. Não se fala, obviamente, das desgraças que o homem semeia no próprio caminho. Mas do que surge inelutável, malgrado a conduta reta e equilibrada. O homem, a par de uma forte fé em Deus, necessita confiar nas próprias forças. Ciente de seu destino sublime, ele precisa acreditar que consegue lidar com seus problemas. Não é uma vítima indefesa ou um fraco. É um Espírito imortal, rico de experiências e de potenciais. Ciente de que pode, incumbe-lhe encontrar os meios. Diante de dificuldades, ao ser humano não é lícito assumir a postura de derrotado. Também não é digno transferir o peso do próprio fardo a terceiros. Cada qual tem as suas tarefas. O amparo mútuo é possível e louvável. Mas jamais se pode impor ao semelhante que arque com o peso da vida alheia. Urge estudar, trabalhar, refletir e orar. Com a alma asserenada pela certeza de que pode vencer, agir com firmeza para isso. Quem não acredita em si mesmo é um derrotado de antemão. Mesmo que lute um pouco, não logra superar eventuais derrotas. Já o crente nas próprias forças, ainda que caia, logo se levanta. Assim, sem confiança, o homem nada faz de relevante. Porque tudo o que possui importância não surge e nem se realiza de forma rápida. Sempre é necessário esforço, treino e paciência. Sem a certeza de que é possível, falta coragem para trilhar as etapas necessárias à realização final. Se o sucesso não se dá imediatamente, as forças falecem. Ciente disso, desenvolva confiança em si mesmo. Analise detidamente seus recursos e invista neles. O resultado do esforço sério e metódico haverá de surpreendê-lo. 
Redação do Momento Espírita. 
Em 25.10.2011.