O jovem rapaz fazia os últimos preparativos para a viagem que se avizinhava.
Ficaria distante da família, do país, na busca de novos desafios profissionais.
Estava às portas de iniciar uma nova fase da vida, na qual precisaria se afastar do lar, dos amigos.
Pela primeira vez, pensava ele, estaria sozinho, dono de si e de seu destino.
Os vinte e poucos anos davam-lhe o combustível para correr em busca dos sonhos e das aventuras, no desejo natural de se descobrir e descobrir a vida.
Certo dia, o avô o chamou, pois queria ter com ele uma conversa antes de partir.
Recebido entre abraços e brincadeiras carinhosas, o velho senhor o convidou a ouvi-lo, pois tinha um último conselho a lhe dar antes da viagem.
O jovem, afeito aos cuidados naturais do avô, imaginou que seriam as falas de sempre, aqueles conselhos para se cuidar, mandar notícias, e outras coisas do gênero.
Sentou-se e esperou. Contudo, com o peso da sabedoria que os anos lhe possibilitavam, o avô o olhou, profundamente, nos olhos e lhe disse:
- Meu filho, por onde quer que você vá, não importam os caminhos e possibilidades que a vida lhe oferte, lembre-se de nunca perder o endereço de sua casa.
O rapaz achou, a princípio, que se tratava de alguma brincadeira, ou mesmo que o juízo do avô falhara por alguns instantes. Afinal, como ele iria esquecer o nome da rua, o número da casa que lhe fora lar por toda a vida?
-Como assim, vovô, perder o endereço de casa? O senhor acha que eu não vou me lembrar onde moro?
Depois de uma pausa natural, o ancião explicou:
-Meu filho, muitos serão os convites que lhe chegarão. E cada convite, será uma bifurcação na estrada de sua vida. Você terá a opção de ir para um lado ou para outro.
Terá sempre a chance de dizer sim ou de dizer não. A sua resposta, para cada convite é que definirá o rumo de sua caminhada, o destino que você estará construindo para si mesmo.
Assim, quando tiver dúvidas, quando se perguntar se vale a pena isso ou aquilo, lembre-se do endereço de sua casa.
Lembre-se dos valores com que foi educado. Lembre-se de que é aqui que você aprendeu a ser honesto, honrado, solidário com o próximo, a ser uma pessoa de bem.
As propostas que o afastarem da sua casa, tenha certeza, não valerão à pena.
Não importa se possam acenar com sucesso, conquistas, dinheiro ou reconhecimento social.
Escutando as valiosas palavras do avô, o jovem, emocionado, o abraçou, guardando na alma a lição.
* * *
Os valores recebidos no lar deverão nos acompanhar vida afora, aonde quer que nos conduzam nossos passos e nas mais diversas circunstâncias, sorria-nos o sucesso ou as momentâneas nuvens do fracasso.
Os conselhos dos que nos antecederam na jornada reencarnatória devem nos merecer acurada reflexão, uma vez que, tendo experienciado determinadas lutas, eles têm, além do peso natural dos anos, a própria vivência a lhes guiar as palavras.
Pensemos nisso. Fiquemos atentos às ponderações dos que nos querem bem e somente desejam que sejamos felizes nesta vida, sob a bandeira da honestidade e da dignidade.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 28, ed. FEP.
Em 9.9.2015.
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