Conta-se que um dia um homem parou na frente de um pequeno bar, tirou do bolso uma fita métrica, mediu a porta e falou em voz alta:
-Dois metros de altura por oitenta centímetros de largura.
Admirado mediu-a de novo.
Como se duvidasse das medidas que obteve, mediu-a pela terceira vez. E assim tornou a medi-la várias vezes.
Curiosas, as pessoas que por ali passavam começaram a parar.
Voltando-se para os curiosos o homem exclamou, visivelmente impressionado:
-Parece mentira! Esta porta mede apenas dois metros de altura e oitenta centímetros de largura, no entanto, por ela passou todo o meu dinheiro, meu carro, o pão dos meus filhos; passaram os meus móveis, a minha casa.
E não foram só os bens materiais. Por ela também passou a minha saúde, passaram as esperanças da minha esposa, passou toda a felicidade do meu lar...
Passou também a minha dignidade, a minha honra, os meus sonhos, meus planos...
Sim, senhores, todos os meus planos de construir uma família feliz, passaram por esta porta, dia após dia... Gole por gole.
Hoje eu não tenho mais nada... Nem família, nem saúde, nem esperança.
Mas quando passo pela frente desta porta, ainda ouço o chamado daquela que é a responsável pela minha desgraça...
Ela ainda me chama insistentemente:
“Só mais um trago! Só hoje! Uma dose, apenas!”
Ainda escuto suas sugestões em tom de zombaria: “Você bebe socialmente, lembra?”
-Sim, essa era a senha. Essa era a isca. Esse era o engodo.
E mais uma vez eu caía na armadilha dizendo comigo mesmo:
“Quando eu quiser, eu paro.”
-Isso é o que muita gente pensa, mas só pensa...
Eu comecei com um cálice. Hoje, a bebida me dominou por completo.
Sou um trapo humano. Por isso é que eu lhes digo, senhores: esta porta é a porta mais larga do mundo! Ela tem enganado muita gente...
Por esta porta, que pode ser chamada de porta do vício, de aparência tão estreita, pode passar tudo o que se tem de mais caro na vida.
Hoje eu sei dos malefícios do álcool, mas muita gente ainda não sabe. Ou finge não saber, para não admitir que está sob o jugo da bebida.
E o que é pior, têm esse veneno, destruidor de vidas, dentro do próprio lar, à disposição dos filhos.
Se os senhores soubessem o inferno que é ter a vida destruída pelo vício, certamente passariam longe dele e protegeriam sua família contra suas ameaças.
Visivelmente amargurado, aquele homem se afastou, a passos lentos, deixando a cada uma das pessoas que o ouviram, motivos de profundas reflexões.
* * *
Segundo o Ministério da Saúde, o álcool é a droga mais usada pelos jovens no Brasil.
De acordo com dados da pesquisa nacional de saúde escolar, divulgada pelo IBGE, em 2016, cinquenta e cinco por cento dos alunos entre treze e catorze anos, já experimentaram bebida alcoólica.
E o pior é que o álcool é a porta principal de acesso às demais drogas.
Nisso tudo, ainda existe a influência da televisão e do cinema nos hábitos de crianças e adolescentes. Isso foi comprovado por pesquisadores da Escola de Medicina de Dartmouth, nos Estados Unidos.
Por todas essa razões, vale a pena orientar nosso filho para que não seja mais um a aumentar essas tristes estatísticas.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base em
história de autoria desconhecida e no artigo
Nunca se bebeu tanto na TV, publicado na
Folha de São Paulo, em 24.3.2002.
Disponível no livro Momento Espírita, v. 3, ed. FEP.
Em 22.8.2018.
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