sábado, 17 de março de 2018

DIÁLOGO E RECEPTIVIDADE

Palha italiana é um doce preparado com brigadeiro e biscoito. A mistura fica muito saborosa e chega a ser a preferida de muitas pessoas. O preparo é simples, rápido e o resultado é delicioso. Por essa razão aquela jovem, cursando arquitetura, pensando em fazer um dinheirinho, começou a preparar e levar palha italiana para a faculdade. As colegas aderiram, as pessoas de outros cursos também gostaram e as vendas iam muito bem. Ana começou cobrando um real o pedaço. Os parentes sugeriram que ela aumentasse o preço. Afinal, os ingredientes não são baratos e, ademais, ela precisava valorizar o próprio produto. Eles diziam: 
-Existem outros doces semelhantes no mercado, por valor superior e nem sempre tão bons quanto o seu. Suba o preço! 
Ela resistia. Olhava para os colegas estudantes e achava que seria talvez dispendioso para eles continuarem a comprar como faziam. A tia insistia: 
-Você precisa valorizar-se e ao seu produto. Não é questão de extorquir o cliente, mas de colocar o preço do real valor.  
Ana continuava insegura. Consultou alguns colegas, que acharam caro dois reais. Então, ela saiu de casa com sua palha italiana e pelo caminho, foi pensando: 
-Será que continuo cobrando um real? Será que subo o preço para um real e cinquenta? Ou será que passo para dois reais? 
Que seu produto valia, ela tinha certeza. Nesse dia, ela encontrou um jovem de outro curso fazendo o mesmo que ela, ou seja, vendendo doces. Só que era brownie. O preço? Dois reais. Foi o suficiente para encorajá-la. Ela subiu o preço da sua palha italiana para dois reais. A essa altura, poderíamos cogitar de questões de regulamentação do mercado e de concorrência. Alunos com pouco dinheiro em mãos, com um doce a um real e outro a dois, poderia ser mais competitivo. Porém, Ana enxergou o fato como uma possibilidade de subir o preço do doce que oferecia. O outro estudante conhecia o produto dela. E, apesar de estarem disputando o mesmo nicho de mercado de doces, ou seja, os mesmos estudantes, tiveram ambos uma ideia singela. Ao mesmo tempo, bonita. Pensaram em trocar os doces entre eles: um pedaço de brownie por uma palha italiana. Um verdadeiro escambo. Eles não se sentiram competindo. Cada qual valorizou o produto do outro. E saíram a vender. Ela, a sua palha, enquanto comia um brownie e ele, os seus brownies, enquanto saboreava a palha italiana. E os clientes comuns compraram brownies e palha. Todos felizes, com açúcar e com afeto. 
 * * * 
Como seria bom se todos agíssemos assim, sem ver no outro um competidor. Alguém que devemos derrubar, seja com preços incompatíveis de serem mantidos a longo prazo, somente para conquistar o mercado, seja depreciando o produto alheio. Como seria tão mais ameno se entendêssemos que sob esse imenso mundo de Deus, há lugar para todos. O que conquista o cliente aqui ou ali é o diferencial do atendimento, um jeitinho especial conferido ao produto em oferta, algo simples, que faz a diferença. E assim continuam todos vendendo, ganhando, vivendo. Pensemos nisso. Redação do Momento Espírita, com base em fato. Em 4.9.2015.

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