Comparecemos ao cemitério a fim de abraçar a amiga, cujo pai desencarnara.
Amigos, parentes, familiares se aglomeravam na capela.
Um religioso lia, vez ou outra, trechos do Novo Testamento, enaltecendo a vida imortal.
Chegado o momento do sepultamento, seguimos o carro que levava o caixão.
Observamos que as pessoas andavam de cabeça baixa, silenciosas.
Estaríamos todos pensando quem, dos que ali nos movimentávamos, seria o próximo a partir?
Quem estaria a morte espreitando, naquele exato momento?
Quando retornaríamos àquele mesmo local, para acompanhar outro féretro?
Ou outros viriam ali para nos conduzir o corpo à sepultura?
Enquanto se ultimavam os preparativos dos funcionários para a descida do caixão à cova, novamente se elevou a voz do religioso.
Era jovem, e falou com o entusiasmo de quem traz a luz da fé na própria alma.
Lembrou de fatos positivos daquele homem, que vivera mais de oito décadas e que há pouco mais de dois anos, iniciara sua grande luta contra a enfermidade.
Falou da fé daquele homem. Uma fé que conduzira pessoas em desespero, perdidas na vida a se voltarem para a religiosidade.
Pessoas que haviam encontrado na fé um sustentáculo para continuar na nobreza das lutas.
Falou de templos que ele auxiliara a erguer. Relatou os benefícios distribuídos na sua longa trajetória.
Enalteceu a sua confiança na Divindade, que não se abalara, mesmo entre as dores e as dificuldades, que o mantinham mais no hospital do que no próprio lar.
-Davi era um homem de fé. – Disse ele. Jamais a perdeu. Fácil é se dizer confiar em Deus e nas coisas do Espírito, quando tudo vai bem.
Mas, no hospital, mesmo entre os tantos inconvenientes que a doença lhe trazia, as transfusões, a diálise, ele mantinha a sua confiança inabalável no Poder Divino.
E era de tal sorte a sua fé que aos demais contagiava: médicos, enfermeiros, seu vizinho de enfermaria.
Esse, em recebendo os familiares, certo dia, pediu que todos orassem por ele, por sua recuperação. Isso porque ouvira o companheiro dizer que Deus atende as nossas rogativas.
Finalizando sua oratória, o jovem religioso afirmou:
-Hoje nos despedimos de um homem que realizou uma boa semeadura em sua vida.
Por isso, nossa despedida, apesar da dor da separação é tranquila. Sabemos que adentrou a Espiritualidade e está bem. Que os bons Espíritos o receberam.
Agradecidos por termos conhecido Davi, por termos convivido com ele, uns mais, outros menos, pensemos: Se o Senhor Deus hoje nos chamasse, estaríamos preparados?
Poderíamos partir em paz?
E, enquanto o corpo era baixado, lentamente, ele convocou a todos para uma oração. Oração que falava de dor, de despedida e de alegria.
Finalmente, ele pediu que nenhum de nós se esquecesse da família, que deveria administrar a dor da ausência física do ser amado.
Que lembrássemos de telefonar, de visitar, de abraçar, sustentando-a nos dias seguintes.
Que lição de vida na morte!
Que momento oportuno para orar, para ensinar como se deve lembrar quem parte, como se deve auxiliar quem fica.
Sobretudo, como nos devemos indagar: E se fosse hoje o meu dia de partir, estaria pronto?
Redação do Momento Espírita.
Em 16.3.2018.
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