segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

DEVER

Freqüentemente o dever entra em conflito com o interesse pessoal. A criatura deseja ardentemente fazer algo, mas sente que não deve. Ou quer fugir de uma situação, abster-se de determinada conduta, quando a consciência indica não ser essa a melhor solução. Surge a dúvida: 
-Por que não é possível a satisfação do desejo? Qual a razão para o senso do dever contrariar os sonhos e as fantasias? Há alguma lógica nisso? 
Há uma lógica, que decorre de uma compreensão mais ampla da vida. Os espíritos reencarnam infinitas vezes. A evolução é uma conquista individual, por meio da qual se transita da ignorância para a sabedoria. Em suas primeiras experiências terrenas, os espíritos são grandemente guiados pelos instintos. De modo gradual, desenvolvem a vontade e conquistam a liberdade de optar. Em decorrência de sua ignorância, as opções que fazem nem sempre são felizes. Todos trazem as leis divinas gravadas na consciência. Com o tempo, inteiram-se do teor dessas leis. Equívocos, maldades, leviandades, tudo é registrado na consciência. Somente goza de perfeita harmonia quem aprendeu a respeitar e valorizar a vida. A paz interior é conquista daquele que se acertou com os estatutos divinos. Isso apenas é possível mediante a recomposição dos tesouros dilapidados ao longo do tempo. Onde se insuflou a guerra, impõe-se a labuta pela paz. Quem induziu os outros ao abismo dos vícios, deve auxiliá-los na recuperação. Se outrora as bênçãos do trabalho foram repudiadas, o tempo perdido deve ser recuperado. Por outro lado, alguns hábitos da época da ignorância cristalizam-se no ser, dificultando a evolução. Embora o processo de evoluir seja vagaroso, é necessário fazer esforços para transformar os hábitos viciosos e conquistar virtudes. Também se impõe o amadurecimento do senso moral. A lucidez espiritual traduz-se por uma conduta pautada no trabalho, no estudo, na lealdade e na compaixão. Essa transição da infância para a maturidade espiritual não se faz sem esforço. É preciso romper com o homem velho e seus hábitos infelizes. Esse é o propósito da existência terrena. Antes de renascer, o espírito faz um balanço de suas vivências. Ele identifica os vícios que necessita vencer, os erros que precisa reparar, e projeta sua nova vida. Todo homem traz em seu íntimo o resultado das experiências vividas. Falta a lembrança do que ocorreu, mas há intuições e tendências. Eis a razão da contradição entre o dever e as fantasias, pois a consciência cobra o dever. De um lado há o passado: paixões, interesse, egoísmo, preguiça e vaidade. De outro, os projetos para o futuro, na forma de disciplina, renúncia, devotamento ao próximo ou a uma causa. Cada qual é livre para escolher seu caminho, mas o trabalho não feito hoje ressurgirá mais tarde, provavelmente acrescido de novos encargos. A paz e a plenitude pressupõem o dever cumprido, a tarefa feita, a lição aprendida. Pense nisso! 
Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita.

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