quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

DEUS DE TODOS NÓS

Entardecia... Na pequena cidade, a jovem desalentada passava em frente a uma igreja, quando resolveu entrar. Nem era da sua religião aquela instituição. No entanto, estava tão triste, com vontade de que o mundo acabasse para que ela própria fosse consumida, que se dirigiu para a porta. Nesse exato momento, o sacristão se preparava para fechar o local. Isabel recuou. Entretanto, ao perceber-lhe a intenção, ele convidou: 
-Deseja entrar? Seja bem-vinda.
-Mas, o senhor estava fechando.
-Sem problemas. Entre e fique quanto quiser. Posso fechar as portas mais tarde. 
Ela adentrou o templo. Com certeza, era diferente do local que costumava frequentar. Sentou-se em um dos bancos e principiou a orar. Uma torrente de lágrimas a tomou. Era como se toda sua dor extravasasse. Soluçou baixinho, enquanto pedia ajuda. Deus a ouviria? Porque tamanha tristeza nem ela mesma conseguia explicar. Tinha problemas, é verdade. Quem não os tem? Mas sua razão dizia que ela não deveria estar tão triste assim. Afinal, havia pessoas, no mundo, que sofriam muito mais do que ela. Orou de novo. Sentiu-se envolver por uma doce presença espiritual. O sacristão, discreto e atento, se aproximou.
-Senhora, eu fui buscar um pouco desta água que abençoamos aqui na igreja. Leve para sua casa. Tome. Vai se sentir melhor. 
Ela apanhou o pequeno frasco, agradeceu e saiu. Sentia-se melhor. Mais tarde, em casa, tendo em mãos o livro de sua predileção para a reflexão diurna, ficou a pensar: 
-Como Deus é bom! Deus não tem religião. Ele está em todo lugar. Atende a todos os seus filhos e se manifesta através de qualquer pessoa de boa vontade. 
 * * * 
Deus é amor. Infinitamente justo e bom, derrama das suas bênçãos por todo o Universo. Quando aprendemos que Deus é Onipresente, nem sempre nos damos conta de que, dentro e fora dos templos, Ele está presente. Jesus orava em pleno coração da natureza. Buscava o Pai no silêncio da noite, ou nas tardes mornas, à beira do lago. Foi Ele quem nos ensinou que Deus deve ser adorado, em Espírito e verdade, no altar do coração. Os homens erguemos templos, no intuito de melhor atender as pessoas, permitindo-lhes um local de acolhimento, uma escola de aprendizagem. Contudo, alguns de nós, exatamente nessa oportunidade, começamos a nos dividir e criar exclusões. Como se Deus protegesse a uns mais do que a outros. Todos Seus filhos. Bom que meditemos a respeito da Onipresença Divina e nos respeitemos mais, participantes de cultos e religiões diversas. Deus não tem religião. A religião serve aos homens para justamente nos aproximar dEle. Portanto, jamais deve ser motivo de separação ou de discórdia. Louvamos os servidores do Senhor que atendem a dor humana, sem indagar da pessoa se é ou não afeiçoada a esse ou aquele culto. Louvamos os que têm o dom da palavra e a oportunidade da liderança e as utilizam para semear a paz, a concórdia e o amor entre todos. Deus abençoe os que servem, de forma anônima e discreta, no silêncio dos templos, na dor dos hospitais, na convulsão dos corações. 
Redação do Momento Espírita. Em 27.4.2016.

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