sábado, 22 de julho de 2017

DEFESA PESSOAL

AMÉLIA RODRIGUES
É comum, na atualidade, face ao aumento da violência reinante, que as criaturas cogitem portar armas ou tê-las em casa, para uma eventualidade. Não se apercebem tais pessoas da inocuidade do fato. Mais do que isso, quando alguém passa a portar arma, está se condicionando, predispondo-se a utilizá-la. E nunca mostrou a violência tenha sanado a violência. Armas em casa têm trazido até agora maior soma de dores e transtornos. São inúmeros os casos de crianças que, curiosas, acionam armas dos pais ou irmãos maiores, ferindo-se ou ferindo a outros. Às vezes, mortalmente. Vários são também os casos de pais que acionaram gatilhos contra os próprios filhos, retornando ao lar altas horas da noite, pensando se tratar de assaltantes. Ao abordar a questão, Allan Kardec recebeu dos Espíritos a resposta de que só a necessidade pode desculpar o assassinato. Se pudermos, dizem, preservar a nossa vida sem atentar contra a do agressor, é o que devemos fazer. Ora, quando alguém alimenta a ideia de ferir a outrem, se agredido, desce ao nível do criminoso. Além do que, sintonizando com faixas de agressão, passa a ser alvo muito fácil de agressores de toda sorte. Os adeptos do bateu, levou dizem que agem com agressividade porque já aguardavam a agressão do outro. Explicam que preferem desferir o primeiro golpe, antes de que o outro o faça. O que ocorre é que a violência sempre gera maior carga de violência. Os outros agridem porque também agrediríamos se nossa fosse a chance. Magoam porque faríamos o mesmo se tivéssemos a oportunidade. É importante que não sejamos nós o violador, o agente do mal. Divaldo Franco nos narra uma experiência pessoal. O assaltante lhe coloca uma faca ao pescoço, em plena rua, e tenta agredi-lo. Ante a calma que busca aparentar, explicando nada ter para dar, nem o relógio, que esquecera sobre a mesa, em casa, o criminoso cede e é convencido a ir até o apartamento onde se hospedava Divaldo. De pernas bambas, dado o susto que tomara, Divaldo é amparado pelo quase assaltante. Um longo papo, um café, um telefonema que aciona companheiros espíritas, um confrade que se oferece para empregar o rapaz em desespero e eis um amigo conquistado. Um bandido a menos nas ruas. A melhor técnica, portanto, de defesa pessoal é a confiança em Deus, a vida nobre, o desarmamento íntimo. Revidar mal por mal é tornar-se igual ao mau. Desarmar-se interiormente - eis uma grande decisão. Afinal, vivemos prevenidos uns contra os outros, sempre com a palavra ferina e o gesto de revide. Gandhi e Jesus foram grandes defensores do não revide, da não violência, num mundo de homens violentos em que viveram. Deixaram-se imolar em nome desse ideal. 
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Não esqueça de que o agressor está perturbado e uma reação violenta, por parte da vítima, somente agravará a situação, que poderá acabar em tragédia. A tranquilidade do agredido infunde paz no violento, que se desarma do ódio e se dá conta da sua hostilidade sem justificativa. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 17, do livro Pelos caminhos de Jesus, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 19.11.2012.

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