sexta-feira, 12 de maio de 2017

A ESTRELA

Certa noite, eu tive um sonho. Era garoto ainda e andava um tanto birrento com minha mãe. Afinal, em minha adolescência eu acreditava que ela era do contra. Tinha muitos não para mim e isso fazia com que eu achasse que ela era uma grande chata. No sonho que tive, encontrei meu anjo de guarda. Era um mensageiro de luz, com um sorriso bondoso e amigo. 
-Vem. – Disse-me ele. 
Confiante, me entreguei em seus braços. Logo mais nos encontrávamos em pleno firmamento. A beleza das estrelas me encantou. Cada uma tinha um brilho maior, mais especial do que a outra. Não cabia em mim de tanta alegria e desejava que o passeio se alongasse até a eternidade. Observei então que, entre tantas estrelas, havia um espaço vazio. É como se faltasse uma delas. Não consegui suportar a curiosidade e perguntei ao mensageiro que me guiava: 
Anjo bom, para onde foi a estrela que estava aqui? 
-Foi para a Terra. - Respondeu ele. 
-Como eu não a vi por lá? Jamais vi uma estrela na Terra. 
-Elas vivem no firmamento. Ela se dividiu em pedacinhos para cumprir a missão que Deus lhe confiou. – Explicou o anjo. 
-Quem é ela? - Perguntei, ardendo de curiosidade.
-Ela é auxiliar de Deus, materializando a vida na Terra. É forte como um gigante. Contudo, tem a fragilidade de uma flor. Seu toque é suave e aveludado como as pétalas da rosa. No seu coração, Deus colocou a força do Universo e o segredo da felicidade. É através de suas entranhas que a vida se renova. Pelo seu amor os mundos se modificam. Portal da vida em que se transformou, acolhe com carinho em seu ventre os brutos e os santos, os sábios e os ignorantes, os justos e os injustos. Em seu seio todos encontram acolhida. Ela tem a capacidade de brilhar por toda a noite. Quando chega o dia, deixa-se ofuscar pelo astro maior, o sol, em torno do qual gira a sua existência. Para ela não há estação chuvosa. É sempre primavera em seu coração, embora possam soprar ventos da adversidade e se levantarem ondas de pessimismo. 
Enquanto o anjo continuava a falar, fui tomado por uma sensação de queda e acordei nos braços de minha mãe. Então compreendi. Ali mesmo, aconchegando-me ao seu coração, estava um pedaço enorme daquela estrela. 
 * * * 
Enquanto na Terra os homens desejam ostentar medalhas no peito, uma mulher existe que se apaga para que possa aprender a brilhar o filho de suas entranhas. Não importa a nacionalidade, a raça ou a crença religiosa, mãe é sempre alguém muito especial. Alguém que ama sem esperar retribuição, educa sem aguardar salário e tem a incansável capacidade de repetir e reprisar lições centenas de vezes, até serem aprendidas pelo objeto do seu amor. De todas as formas de amor que a Terra conhece, o amor materno é a mais sublime, por se constituir para a alma humana na mais grandiosa escala de doação e serviço. Se temos nossa mãe ao nosso lado, aproveitemos para envolvê-la em um abraço de profunda gratidão. Se ela já retornou para o mundo espiritual, ofertemos-lhe as perfumadas rosas da ternura do nosso coração, hoje, agora e em todos os dias da nossa existência. 
Redação do Momento Espírita, com base no texto Pedaço de estrela, de autoria de Nelson Moraes. Em 12.5.2017.

Nenhum comentário:

Postar um comentário