sexta-feira, 31 de julho de 2015

AOS EDUCADORES

Augusto Cury
O ilustre escritor brasileiro Augusto Cury enumera em seu livro intitulado Pais brilhantes, professores fascinantes, o que ele considera os sete pecados capitais dos educadores. O primeiro deles é corrigir o educando publicamente. Um educador jamais deveria expor o defeito de uma pessoa, por pior que ele seja, diante dos outros. Um educador deve valorizar mais a pessoa que erra do que o erro da pessoa. O segundo é expressar autoridade com agressividade. Os educadores que impõem sua autoridade são aqueles que têm receio das suas próprias fragilidades. Para que se tenha êxito na educação, é preciso considerar que o diálogo é uma ferramenta educacional insubstituível. O terceiro é ser excessivamente crítico: obstruir a infância da criança. Os fracos condenam, os fortes compreendem, os fracos julgam, os fortes perdoam. Os fracos impõem suas idéias à força, os fortes as expõem com afeto e segurança. O quarto é punir quando estiver irado e colocar limites sem dar explicações. A maturidade de uma pessoa é revelada pela forma inteligente com que ela corrige alguém. Jamais coloque limites sem dar explicações. Para educar, use primeiro o silêncio e depois as idéias. Elogie o educando antes de corrigi-lo ou criticá-lo. Diga o quanto ele é importante, antes de apontar-lhe o defeito. Ele acolherá melhor suas observações e o amará para sempre. Quinto: ser impaciente e desistir de educar. É preciso compreender que por trás de cada educando arredio, de cada jovem agressivo, há uma criança que precisa de afeto. Todos queremos educar jovens dóceis, mas são os que nos frustram que testam nossa qualidade de educadores. São os filhos complicados que testam a grandeza do nosso amor. O sexto, é não cumprir com a palavra. As relações sociais são um contrato assinado no palco da vida. Não o quebre. Não dissimule suas reações. Seja honesto com os educandos. Cumpra o que prometer. A confiança é um edifício difícil de ser construído, fácil de ser demolido e muito difícil de ser reconstruído. Sétimo: destruir a esperança e os sonhos. A maior falha que os educadores podem cometer é destruir a esperança e os sonhos dos jovens. Sem esperança não há estradas, sem sonhos não há motivação para caminhar. O mundo pode desabar sobre uma pessoa, ela pode ter perdido tudo na vida, mas, se tem esperança e sonhos, ela tem brilho nos olhos e alegria na alma. 
 * * * 
Você que é pai, professor ou responsável pela educação de alguém, considere que há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo quem está encarcerado dentro do seu próprio mundo. Lembre-se que a educação é a única ferramenta capaz de transformar o mundo para melhor, e que essa ferramenta está nas suas mãos. Do seu uso adequado depende o presente e dependerá o futuro. O jovem é o presente e a criança é a esperança do porvir. Pense nisso e faça valer a pena o seu título de educador. Eduque. Construa um mundo melhor. Plante no solo dos corações infanto-juvenis as flores da esperança. 
Redação do Momento Espírita, com base no livro Pais brilhantes, professores fascinantes, de Augusto Cury, ed. Sextante. Em 02.03.2009.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

AOS CRISTÃOS

Vários são os relatos de sonhos nos quais os homens travaram contato com os Espíritos Superiores, recolhendo, dessa forma, preciosos ensinamentos. Eurípedes Barsanulfo, abnegado trabalhador do Cristo, certa noite, enquanto seu corpo físico repousava através de sono reparador, viu-se transportado em Espírito, a uma região distante da Terra. Sentia-se conduzido por braços intangíveis à vasta campina verdejante. Um lugar de aspecto agradável, onde se podia ouvir constante melodia no ar, e onde a brisa espalhava suave perfume de flores silvestres. Deteve-se por alguns instantes a contemplar aquela paisagem desconhecida e, ao mesmo tempo, extremamente envolvente quando avistou, ao longe, um homem que meditava, envolvido por sublime luz. Atraído pelo desconhecido, aproximou-se... Mas, ao chegar mais perto deteve-se trêmulo... Algo lhe dizia, no íntimo, para que não avançasse mais... E, num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença do Cristo. Baixou a cabeça, constrangido pela honra inesperada, e ficou em silêncio, sentindo-se incapaz de voltar ou seguir adiante. Recordou, instintivamente, as lições do Sublime Galileu, os templos do mundo, as homenagens prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem Dele a ecoar entre os homens, há mais de vinte séculos... Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar... Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quando adquiriu coragem e levantou os olhos, humilde... Ousou olhar nos olhos do Mestre, e percebeu que Jesus também chorava... Tomado de profundo sofrimento por Lhe ver o pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo sublime... Afagar-Lhe as mãos, beijá-las num gesto de extremo reconhecimento pelo Seu amor, jogar-se aos Seus pés... Mas estava como que chumbado ao solo, sem forças para dar um passo à frente. Pensou, no entanto, que os responsáveis pelas lágrimas do Cristo fossem as criaturas que, até hoje, na Terra, Lhe atiram incompreensão e sarcasmo, ignorando Seus sublimes ensinamentos. E, nessa linha de pensamento, não se conteve. Abriu a boca e falou suplicante: Senhor, por que choras? O interpelado nada respondeu. Desejando certificar-se de que estava sendo ouvido, Eurípedes perguntou outra vez: Acaso choras pelos descrentes do mundo, Senhor? O Mestre olhou-o demoradamente e depois respondeu com voz compassiva e doce: Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amar. Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam... Eurípedes não saberia descrever os sentimentos que lhe invadiram a alma naquele momento. E, como se caísse em profunda sombra, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu, desceu... E acordou no corpo físico. Era madrugada. Não conseguiu mais conciliar o sono e levantou-se. Desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se, como professor que era, aos labores da educação, dedicando-se aos alunos como se fossem seus filhos. Atendeu aos doentes e aos necessitados de toda ordem, sem descanso, em nome do Cristo, a quem passou a seguir com mais fidelidade. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 27,do livro A vida escreve, pelo Espírito Hilário Silva, psicografia de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ed. FEB. Em 18.7.2013.

quarta-feira, 29 de julho de 2015

AOS CONSUMIDORES DE DROGAS

Talvez você já tenha dito ou ouvido a infeliz afirmativa: 
-Se eu uso drogas, o problema é meu, e ninguém tem nada a ver com isso. A droga só a mim prejudica. 
Se você pensa dessa maneira, gostaríamos de convidá-lo a fazer algumas reflexões a respeito, sob outro ponto de vista. Você já deve ter visto, ao vivo, pela TV ou nos jornais, a triste imagem de uma criança de oito anos de idade ou de um adolescente de doze, com uma metralhadora na mão, a serviço dos traficantes de drogas, não é mesmo? São cenas chocantes e deprimentes, você há de convir... No entanto, você jamais deve ter pensado que, usando drogas, está colocando o dinheiro na mão do traficante para que ele compre a arma e a coloque nos ombros dessas crianças. Você já deve ter visto o sórdido espetáculo de uma mãe desesperada, com o coração sangrando e o rosto banhado em pranto, debruçada sobre o cadáver do filho querido que foi morto tentando fazer com que a mercadoria chegasse às suas mãos. Você, que é consumidor, talvez não tenha se dado conta, mas é um dos responsáveis pela violência gerada nesse disputado mercado das drogas. Você, que é usuário de drogas, ainda que seja de vez em quando, está contribuindo com a corrupção nutrida no submundo das drogas, e fomentando a disputa sangrenta pelo consumidor, que enche os bolsos dos poderosos do tráfico, dizimando vidas e matando esperanças. Lamentavelmente, a grande maioria desses consumidores não percebe que o mal que causam está longe de ser um problema seu, como afirmam. Não se dão conta de que seu vício é alimentado com sangue e lágrimas de muitos. Em nome da satisfação de seu egoísmo, o consumidor de drogas deixa um rastro de sangue sem precedentes... E responderá por isso perante as Leis Divinas, sem dúvidas. As mídias noticiaram o assassinato de um jornalista, que foi executado a sangue frio pelos donos do pedaço, que ele invadira, no cumprimento do seu dever de profissional comprometido com a verdade. O povo se manifestou. Houve passeatas, protestos e pedidos de justiça. Muito louvável, não há dúvida. Mas, quantos daqueles que empunharam a bandeira da paz e da justiça não terão contribuído para que aquela execução se realizasse? Quantos executivos que, sentados em suas poltronas de luxo criticam a violência, sem se dar conta de que esta é alimentada pela farta mesada que colocam nas mãos de filhos viciados. Você há de concordar que não haveria esse mercado infame das drogas se não houvesse o consumidor. Quando vemos a cínica expressão de um prisioneiro que comanda o terror de dentro da prisão, temos que admitir que ele age dessa forma porque tem costas quentes, e está seguro de que nada lhe acontecerá. E você, que é consumidor de drogas, está financiando esse mercado bilionário, alimentando esses tiranos cruéis que enriquecem graças a sua frágil vontade de encarar a vida de frente e de mente lúcida. Mas essas não são as únicas desgraças que um viciado provoca. Há aquelas que acontecem dentro do seu próprio lar. Aquelas capazes de dilacerar um coração de mãe ou de pai, de irmão ou de filho, com atitudes inconsequentes e egoístas. Se você ainda não havia pensado nessa questão sob esse ponto de vista, pense agora. E, se pensar com sinceridade, perceberá que o vício está longe de ser um problema só seu, que só a você prejudica. Faça um balanço urgente e tome a decisão acertada: boicote as drogas. Empobreça esses abutres que se alimentam das vidas dos dependentes descuidados. Se lhe faltarem as forças, busque ajuda de profissionais especializados e confie seu coração àquele que foi e continua sendo o maior Psicoterapeuta de todos os tempos: Jesus Cristo. Seu atendimento é gratuito, basta buscá-lO através da oração. Se as drogas ainda não destruíram por completo o seu senso crítico, reflita agora sobre tudo isso e mude o rumo dos seus passos. Temos certeza de que você conseguirá.
Redação do Momento Espírita. Em 5.7.2013.

terça-feira, 28 de julho de 2015

AO NOSSO ALCANCE

Certa vez ouvimos uma fábula que nos fez refletir acerca dos ensinamentos que continha. Tratava-se de um incêndio devastador que se abatera sobre a floresta. Enquanto as labaredas transformavam tudo em cinzas, os animais corriam na tentativa de salvar a própria pele. Dentre os muitos animais, havia uma pequena andorinha que resolveu fazer algo para conter o fogo. Sobrevoou o local e descobriu, não muito longe, um grande lago. Sem demora, começou a empreitada para salvar a floresta. Agindo rápido, voou até o lago, mergulhou as penas na água e sobrevoou a floresta em chamas, sacudindo-se para que as gotas caíssem, repetindo o gesto inúmeras vezes. Embora não tivesse tempo para conversa fiada, percebeu que uma hiena a olhava e debochava da sua atitude. Deteve-se um instante para descansar as asas, quando a hiena se aproximou e falou com cinismo: 
- Você é muito tola mesmo, pequena ave! Acha que vai deter o fogo com essas minúsculas gotas de água que lança sobre as chamas? Isso não produzirá efeito algum, a não ser o seu esgotamento. 
A andorinha, que realmente desejava fazer algo positivo, respondeu: 
- Eu sei que não conseguirei apagar o fogo sozinha, mas estou fazendo tudo o que está ao meu alcance. 
E, se cada um de nós, morador da floresta, fizesse uma pequena parte, em breve conseguiríamos apagar as labaredas que a consomem. A hiena, no entanto, fingiu que não entendeu, afastou-­se do fogo que já estava bem próximo, e continuou rindo da andorinha. Assim acontece com muitos de nós, quando se trata de modificar algo que nos parece de enormes proporções. Às vezes, imitando a hiena, costumamos criticar aqueles que, como a andorinha, estão fazendo sua parte, ainda que pequena. É comum ouvirmos pessoas que reclamam da situação e continuam de braços cruzados. De certa forma é cômodo reclamar das coisas sem envolver-se com a solução. No entanto, para que haja mudanças de profundidade, é preciso que cada um faça a parte que lhe cabe para o bem geral. Reclamamos da desorganização, da burocracia, da corrupção, da falta de educação, da injustiça, esquecendo-nos de que a situação exterior reflete a nossa situação interior. Não há possibilidade de fazer uma sociedade organizada, honesta e justa se não houver homens organizados, honestos e justos. Em resumo, para moralizar a sociedade, é preciso moralizar o indivíduo, que somos cada um de nós, componentes da sociedade. Se fizermos a nossa parte, sem darmos ouvidos às hienas que tentarão desanimar a nossa disposição, em breve tempo teremos uma sociedade melhorada e mais feliz. Redação do Momento Espírita. Em 15.07.2009.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

AO MEU QUERIDO PAI

Olá, pai! Eu, que já fui criança um dia e que agora sou jovem, quase adulto, gostaria de dizer o que vai aqui dentro do meu coração, neste dia especial. Eu sei que temos tido alguns desentendimentos, mas creia papai, você é e sempre será meu grande herói. Sabe, pai, quando observo suas mãos fortes, embora algumas marcas feitas pelo tempo, penso no quanto elas significam para mim, pois foram as primeiras a acariciar as minhas, inseguras na infância. Quando vejo seus passos firmes, não esqueço de que foram eles que orientaram meus primeiros passos... Quando você me pede para ler algumas palavras que seus olhos já não conseguem ver com precisão, faço isso com carinho, pois não esqueço das palavras que você repetiu inúmeras vezes para que eu aprendesse a falar. Percebo que hoje suas decisões são mais lentas, mas sei também que minhas primeiras decisões foram por elas balizadas. Talvez você não esteja tão atualizado, quanto às novas tecnologias, mas eu me lembro bem que você pensou muito pouco em si mesmo, para fazer de mim uma pessoa de bem. Se hoje sua saúde anda um pouco debilitada, sei que muito do seu desgaste foi para garantir a minha saúde. E se você não pronuncia corretamente alguma palavra, eu entendo, pois se esqueceu de si mesmo para que eu pudesse cursar uma universidade. Se hoje sua memória o trai, não esqueço das tantas vezes que advogou a meu favor, nas situações difíceis em que me envolvia. Hoje eu cresci, papai, já não sou mais aquela criança indefesa, graças a você. Hoje a juventude me empolga as horas... Mas eu não esqueci minha infância, meus primeiros passos, minhas primeiras palavras, meus primeiros sorrisos... Acredite que tudo isso está bem vivo em minha memória, e eu sei que nesse seu peito, já cansado, ainda pulsa o mesmo coração amoroso de outrora... É verdade que o tempo passou, mas eu nem me dei conta, pois você esteve sempre ao meu lado, disposto a me proteger e a me ensinar... Sabe velho, embora eu não tenha muito jeito para falar coisas bonitas, desejo lhe dizer o quanto você têm sido importante em minha vida. Hoje você pode não ser mais aquele moço forte, quanto ao corpo, mas tem um certo ar de sabedoria que na sua imagem de ontem não existia. Eu sei, pai, que apesar de o tempo ter passado, em seu peito o coração ainda pulsa no mesmo compasso... Que o afeto que você cultivou agora floresce em minha alma... Que as emoções vividas ainda podem ser sentidas como nos velhos tempos... Hoje eu reconheço, meu pai, que apesar dos longos invernos suportados, você ainda mantêm acesa a chama de amor e ternura pelos seres que embalou na infância... Por isso tudo, e muito mais, eu quero lhe agradecer de todo meu coração: "Pela amizade que você me devota... Pelos meus defeitos que você nem nota... Por meus valores que você aumenta... Pela minha fé que você alimenta... Por esta paz que nós nos transmitimos... Por este pão de amor que repartimos... Pelo silêncio que diz quase tudo... Por esse olhar que me reprova mudo... Pela pureza dos seus sentimentos... Pela presença em todos os momentos... Por ser presente, mesmo quando ausente... Por ser feliz quando me vê contente... Por ficar triste, quando estou tristonho... Por rir comigo, quando estou risonho... Por repreender-me quando estou errado... Por meus segredos, sempre bem guardados... Por me apontar Deus a todo instante... Por esse amor fraterno sempre tão constante..." (Texto final, entre aspas, de uma mensagem recebida pela Internet, sem menção ao autor)

domingo, 26 de julho de 2015

AO MEU PAI

Recordo-o ainda. Ele saiu, em um dia de sol, para viajar e nunca mais retornou para nossos olhos físicos. Quando o trouxeram, era somente um corpo dentro de um caixão. Lacrado, ao demais, tendo em vista os dias passados desde a sua morte. Meu pai era um homem alegre. Gostava de música, de dança, de estar com amigos, conversar, contar causos. E ele os tinha às centenas. Toda vez que retornava de viagem, os filhos, éramos três os menores, nos reuníamos em torno da mesa, na cozinha ampla, para ouvi-lo. Ele contava causos de forma pausada. Ia descrevendo as cenas, uma a uma, reproduzia os diálogos. Por vezes, meu irmão e eu, mais impacientes, o interrompíamos: E daí, o que aconteceu? Conta logo. Ele sorria mostrando seus dentes curtos, bem moldados. E continuava com a mesma calma, até o desfecho da história. Tê-lo em casa era muito bom e significava que um de nós iria dormir na cama dos pais. Por vezes, nossa mãe nos dizia que desejava ficar a sós com ele. Mas, mal despertava a madrugada, quem primeiro acordasse, corria para o quarto e se enfiava entre os dois. Ele acordava e brincava conosco, fazendo cócegas, jogando travesseiro. Era uma festa! Meu pai! Quantas saudades! Ele não era letrado. Desde bem jovem conhecera o trabalho duro. Constituíra família cedo e os cinco filhos lhe exigiam que desse o máximo de si. Insistia que precisávamos estudar. E estudar muito. A duras penas, pagou para cada um de nós o ensino fundamental, em escola particular. Escolheu a melhor escola da cidade. Pagou cursos de piano, acordeon, violino para minha irmã, que cedo entrou para o mundo da música. Meus irmãos e eu não chegamos a tanto, mas fomos brindados com o que ele tinha de mais precioso. Ensinou-nos a honestidade, ensinou-nos que melhor era ser enganado do que enganar. Viveu no tempo em que a palavra de um homem era documento mais válido do que nota promissória, duplicata ou qualquer título financeiro. Legou-nos um nome honrado e disse-nos que o dignificássemos, ao longo de nossa vida. Olhava para mim, com orgulho e dizia: Um dia você será uma pessoa muito importante! Hoje, quando viajo pelas estradas, muitas delas velhas conhecidas de meu pai, eu o recordo. Será que ele sabia que um dia eu seria alguém que viajaria, esclarecendo pessoas, ofertando cursos? Ele não conheceu todos os netos. Partiu para a Espiritualidade, em anos jovens, deixando-nos um grande silêncio n'alma. Em homenagem a ele, em nossos aniversários, nas festas de Natal e Ano Novo, nos encontramos. Rimos, ouvimos música, dançamos. Porque ele nos ensinou a sermos assim. A vida é dura, mas nós a podemos adoçar, se quisermos. - É o que dizia. Meu pai, meu mestre, onde estejas, Deus te guarde. Especialmente nesta época em que os pais são recordados pelos filhos, que os brindam com presentes. Meus irmãos e eu te brindamos com a prece da nossa gratidão: Obrigado por nos terdes dado a vida. Obrigado por nos terdes ensinado a bem vivê-la.
Redação do Momento Espírita. Em 08.08.2011.

sábado, 25 de julho de 2015

AO MEU FILHO

Hoje eu abri um livro. Não sei exatamente porque, dentre tantos de minha biblioteca, escolhi aquele. Quando o abri, na primeira página, havia um desenho e o seu nome. Recordei-me do dia em que comprei a obra. Era um lançamento e muito caro. A capa encadernada, folhas de papel de primeiríssima qualidade, um autor famoso. Coloquei-o sobre a mesa da biblioteca, para ler um pouco mais tarde. Lembro-me que, quando descobri que você escrevera ali o seu nome, o chamei. Eu estava muito zangado. O livro era meu e você escrevera seu nome nele e fizera um desenho. Chamei-o para lhe dar uma grande bronca. Você veio sorrindo e, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, vendo que eu segurava o livro em minhas mãos, me disse: 
-E aí, papai, gostou do coração que eu desenhei no seu livro? É o meu coração, papai... para você. E também coloquei meu autógrafo. Como os artistas fazem. Gostou, papai? 
Você pulou no meu pescoço, beijando-me. Pois é, naquele dia não houve bronca. Como poderia? Eu estava preocupado com um livro que comprara e era precioso. Mas o meu bem mais precioso, você, tinha colocado nele a sua marca. Não por maldade, ou por desejar estragá-lo, mas para me dar um presente. Hoje, tantos anos passados, quando você já constituiu sua família e está distante, ao abrir o livro, tudo aquilo brotou dos arquivos da memória. Passei os dedos sobre aquelas garatujas que pretendiam ser um desenho do seu coração e seu nome. Você mal havia aprendido a escrever seu nome, em letras grandes. Você está longe, há tempos não nos falamos. A vida é tão estranha. Quantas vezes lhe disse para ficar quieto porque eu desejava ter um pouco de silêncio? Sabe, meu filho, daria tudo que tenho para ouvir sua voz, hoje, em minha velhice, aqui, na sala em que me encontro. Ter o seu abraço, outra vez. Não sei quando tornaremos a nos ver. Seu trabalho o mantém muito distante de mim. Mas, saiba filho, foi muito bom encontrar seu nome e seu coração grafados em meu livro. Fez-me muito bem à alma relembrar tudo isso. E fico feliz em não lhe ter dado a bronca, naquele dia. Você me deu um grande presente. Deu o que você tinha de melhor: o seu afeto grafado. Sinceramente desejo que seus filhos façam o mesmo com você. Porque chegará sempre o dia em que, distantes, você ansiará por vê-los, por tê-los a seu lado. Sinceramente espero que encontre escritos, bilhetes, desenhos em cada folha de seus livros, na capa de um CD. Obrigado, meu filho! 
* * * 
A disciplina e a ordem, o respeito aos bens alheios, com certeza são valores que os pais prezam passar aos seus filhos. Ninguém pense que se deva deixar os filhos fazerem o que querem, com os seus e os pertences de outrem. No entanto, há que se ter sensibilidade para estabelecer a linha divisória entre malcriação e um ato de amor. Entre maldade e expressão do mais puro afeto de um filho por seu pai. Aprenda a valorizar as pequenas grandes coisas que se expressam em um gesto espontâneo, em um abraço inesperado, um beijo que parece fora de contexto. Jamais rejeite tais manifestações. Ao contrário, retribua, enquanto pode, enquanto seus filhos estão sob sua guarda, enquanto estão sob seu teto. Dia chegará em que a vida os levará para longe, como flechas disparadas por hábil arqueiro, para as conquistas que lhes cabem. E, então, você terá todas essas delicadas lembranças para alimentar os dias da sua saudade... Pense nisso! 
Redação do Momento Espírita. Disponível no cd Momento Espírita, v. 19, ed. Fep. Em 12.08.2011.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

AO MEU AMIGO

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo.
Se não quiser chorar, não chore.
Se não conseguir chorar, não se preocupe.
Se tiver vontade de rir, ria.
Se os amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente a sua versão.
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, me defenda.
Se me quiserem fazer um santo só porque morri, mostre que eu tinha virtudes, mas estava longe de ser o santo que imaginam.
Se lhe disserem que cometi muitos erros, mostre que eu talvez tenha errado muitas vezes, mas que passei a vida inteira tentando acertar.
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase:
“Foi meu amigo, acreditou em mim e sempre me quis por perto.”
Se então derramar uma lágrima, eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar.
Gostaria de dizer para você que viva como quem sabe que vai morrer um dia, e que morra como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você, creio que não vou estranhar o céu, pois ser seu amigo, já é um pedaço dele.
*  *  *
Valorizemos sempre os amigos que conquistamos durante a jornada terrestre. São eles que perfumam e suavizam nossos dias e preenchem nossa vida com as mais belas lembranças.
Alguns são como verdadeiros irmãos. Caminham ao nosso lado nos dando a certeza de que podemos buscá-los, a qualquer momento, porque sempre estarão prontos a nos amparar.
Ofereçamos também a nossa lealdade. Sejamos aquele que se preocupa verdadeiramente com o outro, que doa seu tempo, que oferta compreensão e acolhimento.
Por vezes guardamos a impressão de que os encontros com essas pessoas especiais são na verdade reencontros, que foram anteriormente combinados entre as almas para acontecer no momento certo, superando tempo e espaço.
Essa sensação ocorre quando acabamos de conhecer alguém e logo detectamos uma grande afinidade. Também uma intensa alegria em estar próximo.
Mas, é possível que nos decepcionemos com esses companheiros, em algum momento. É compreensível, pois somos todos falíveis. Nesses casos, procuremos não guardar rancor.
Recordemos que foi um amigo que acusou Jesus e que outro O negou. Alguns O abandonaram e atribuíram-Lhe a responsabilidade pelas dores que passaram a experimentar.
E, mesmo assim, Jesus não os censurou e nem os abandonou. Por amá-los em abundância, os buscou novamente e os conduziu de volta ao reino de Deus.
Por fim, não fiquemos tristes quando chegar a hora de nos despedirmos dessas pessoas queridas.
A despedida é necessária antes de podermos nos encontrar outra vez. E, nos encontrar de novo, depois de momentos ou de vidas, é certo para os que são amigos. 
Redação do Momento Espírita, com
texto inicial, de autoria desconhecida.
Em 19.6.2013

quinta-feira, 23 de julho de 2015

AO LEVANTAR-SE

ANDRÉ LUIZ E CHICO XAVIER
Agradeça a Deus a bênção da vida, pela manhã. Se você não tem o hábito de orar, formule pensamentos de serenidade e otimismo, por alguns momentos, antes de retomar as próprias atividades. Levante-se com calma. Hoje será um excelente dia! - afirme ao espelho, sem medo, sorrindo. As palavras positivas têm maior poder do que imaginamos, e são capazes de transformar tudo, dentro, e depois fora. Se deve acordar alguém, use bondade e gentileza, reconhecendo que gritaria ou brincadeiras de mau gosto, não auxiliam em tempo algum. A primeira impressão que se tem ao acordar, é determinante para os momentos futuros. Quem gosta de acordar com susto, com ruídos incômodos, com tensão injustificada? Guarde para com tudo e para com todos, a disposição de cooperar para o bem. Antes de sair para a execução de suas tarefas, lembre-se de que é preciso abençoar a vida, para que a vida o abençoe. Considere o ato de levantar-se como uma conquista diária: mais uma oportunidade! Mais um dia! Em frente! Se a derrota já está no Espírito que não deseja sair da cama, dificilmente encontrará a tão sonhada vitória lá fora, no mundo. Se a má vontade já o absorve nos primeiros segundos de vigília, como conseguir sorrir mais tarde? Mesmo contra o mau humor crônico de alguns, você pode lutar, pode enfrentá-lo, modificá-lo. Basta uma atitude mental decidida, no sentido contrário. Compare o seu levantar-se diário ao nascer do sol, e espelhe-se nele, com seus raios fulgurantes irradiando luz e calor para todos os cantos. Espalhe a alvorada do coração para os que estão à sua volta também, pelo menos com um alegre: Bom dia! Ninguém resiste a um Bom dia recitado com vontade, com carinho, pois junto dele vêm as boas vibrações, os fluidos universais modificados para o bem, alcançando a alma feito lenitivo poderoso. Ninguém resiste a um abraço forte bem cedo, dizendo, sem palavras: Como é bom acordar e ver você ao meu lado! Não há quem resista a uma gentileza logo cedo: um café da manhã preparado com desvelo; um bilhete amoroso; uma flor ao lado da xícara de café... Não há quem resista a um sorriso, um carinho no rosto ao acordar, pois quando o amor alvorece tudo se transforma. Tudo que era noite vira manhã. Assim, ao levantar-se, erga também o coração, na direção do Amor Sublime, do Criador da Vida, e agradeça por mais um dia, único, indispensável e fascinante. 
* * * 
Abrir os olhos... Puxar o ar com vontade... Vontade de quem quer viver. Os pulmões se enchem de manhã, os olhos de sol, e num bocejo profundo expiramos... E lá se vai a noite de nossa alma aprendiz. Não é mais um dia, não... É o único que temos... Pois o tempo é sempre presente (passado e futuro são invenções da memória e da esperança). Abrir os olhos... Puxar o ar com vontade... Vontade de quem quer viver, de quem quer "bem viver". 
Redação do Momento Espírita com base no cap. 1, do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. Cec. Em 11.03.2009.

quarta-feira, 22 de julho de 2015

ANÚNCIOS DE PRIMAVERA

Quando florescem os ipês em minha cidade, sei que a geada não tornará a se manifestar nesta estação invernosa. Os ipês floridos, derramando seu amarelo na grama verde, em fantasias nacionais, são anúncios da primavera, que se prepara para reinar, por noventa dias. São como batedores que vêm à frente, verificando as veredas e embelezando as estradas, as ruas, as avenidas e as praças. Recordamos que, há cerca de dois mil anos, um homem se ergueu na Palestina, andando pelos caminhos, alertando as populações. Semelhante aos ipês, Ele anunciava a nova estação que estava prestes a encher de flores de esperança o mundo. O Seu era o anúncio da primavera da renovação. Preparai os caminhos do Senhor... Depois de mim, virá aquele do qual não sou digno de desatar as sandálias. Eu sou a voz que clama no deserto... no deserto dos corações humanos. E o Batista trazia as sementes fartas de profecias anunciadas há séculos. O rei se encontrava entre os homens. E escolheu o palco da natureza para entoar sua canção de amor. Compôs poemas e somente os corações de boa vontade registraram seus versos, na intimidade do próprio ser. Mas os versos ficaram ecoando, levados pelos ventos, repetidos pelas montanhas, acolhidos entre as paredes generosas dos que aderiam ao convite. Convite do amor. Convite para amar. Era o auge da primavera. O Governador planetário viera para estar com os Seus. Estou entre vós como quem serve. Eu sou o bom pastor. Nenhuma das ovelhas que o pai me confiou se perderá. O pastor dá a sua pela vida das suas ovelhas. Crede em Deus. Crede também em mim. Versos recitados na montanha, no vale, nas estradas. E dedilhados no alaúde do lago de Genesaré. Primavera celestial. Jamais igualada. 
* * * 
Nos dias que vivemos, novos anúncios se fazem. A era da regeneração se aproxima e a pouco e pouco se instala. Os arautos se multiplicam. A genialidade retorna ao palco do mundo e as crianças declamam, versejam, compõem sinfonias e executam peças magistrais, em evocações da sublimidade celeste. Gênios avançam estudos nas ciências, sonhando com viagens interplanetárias, em mensagem de vera fraternidade. E outros se debruçam sobre lâminas, livros, em laboratórios, academias, institutos, em investigações que objetivam a cura de males que afligem seus irmãos, o diminuir das dores. Outros mais empreendem campanhas em prol dos que nada ou quase nada têm. As suas preocupações não são os folguedos da infância, mas sim o bem-estar de outras tantas crianças, amigos próximos ou desconhecidos distantes. Primícias de primavera. Primavera nos corações. Primavera de um mundo novo, regenerado. Um mundo em que o homem abandonará as armas que aniquilam e abraçará a lira, a ciência, a arte, o amor. Um mundo que já se faz presente. Como os ipês que bordam arabescos pelo chão, que enchem os olhos e afirmam: A primavera se aproxima! Pensemos nisso e deixemo-nos penetrar pelo hálito primaveril do mundo novo. Redação do Momento Espírita. Em 8.10.2014.

terça-feira, 21 de julho de 2015

O ANTÔNIMO DO AMOR

Não raro costumamos dizer que o ódio é o oposto do amor. Imaginamos que o ódio é o substituto do amor, tornando-se seu antônimo, no dicionário do coração. Porém, esquecemo-nos de que os sentimentos não se processam dessa maneira em nossa intimidade e, que a falta de amor não significa a presença do ódio. O ódio nascerá dos sentimentos mal resolvidos em relação ao nosso próximo, da não compreensão de suas atitudes e se alimentará, muitas vezes, nas fontes do egoísmo e orgulho, que ainda cultivamos em nós. O ódio será a doença do amor e não o seu antônimo. Afinal, o ódio será o resultado dos sentimentos resolvidos e tratados de maneira errônea, equivocada. Qual será, então, o antônimo do amor? Se entendermos o amor como o sentimento amplo e completo, o sentimento que nos preenche a alma e nos oferece rumos para bem conduzir nossos relacionamentos, qual será o seu antônimo? O contrário do amor será a própria falta do amor, a sua ausência. De tal monta é a grandiosidade do amor que o seu antônimo não é encontrado em nenhum outro sentimento. O seu oposto é única e exclusivamente sua ausência. Dessa forma, a ausência do amor chama-se indiferença. Será a indiferença a maior expressão de desamor em relação a alguém. Será na indiferença que encontraremos o oposto do amor, sua maior barreira e limitação para que floresça. E quanto de indiferença ainda mora em nosso coração? Quanto somos indiferentes com o que ocorre com nosso próximo e em nossa sociedade? Quantas vezes somos indiferentes com a dificuldade do colega de trabalho, não tendo tempo nem para alguns minutos de conversa, demonstrando nosso interesse pelo que lhe está sucedendo? Não raro, a indiferença surge em relação às aflições do amigo, do parente ou do vizinho. Sabemos das dores e provas difíceis que os assaltam e não empreendemos nenhum gesto, no sentido de os auxiliar. Somos indiferentes às injustiças sociais, às misérias socioeconômicas, à violência moral e física que se nos avizinham, sem nos atingir diretamente. 
* * * 
Quando nos deixarmos aquecer pelo amor ao próximo, pela solidariedade ou compaixão, amizade ou afeição, a indiferença passará a perder espaço. O exercício para amar inicia pelo esforço em abandonar a indiferença pelas dificuldades alheias. E serão sempre as oportunidades diárias, no relacionamento com a família, no trabalho ou na vida em sociedade, que nos oferecerão a chance de acabar com esse antônimo do amor. Quando ela não tiver mais espaço no nosso coração, teremos um mundo onde o amor será a tônica dos relacionamentos, ajudando-nos e apoiando-nos uns aos outros, nesse caminho do progresso e crescimento que todos anelamos. 
Redação do Momento Espírita. Em 08.07.2011.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O ANTIGO HÁBITO DO DUELO

DIVALDO PEREIRA FRANCO
O duelo figura na História da Humanidade como uma prática violenta e injusta. Por muito tempo, as legislações admitiram esse genuíno resquício da barbárie. Ele consistia na exaltação do mais desmedido e descontrolado orgulho, embora travestido de honra. Sua lógica era a de que a honra se lavava com sangue. Entretanto, o homem verdadeiramente honrado não precisa matar ninguém, a fim de atestar essa sua qualidade. A honra é um atributo espiritual de quem cumpre todos os seus deveres, inclusive os de humanidade. E é desumano matar alguém, por mais grave que seja a ofensa recebida. Quando se admitia o duelo, era considerado prova de coragem dele participar. Na verdade, tinha-se apenas exibicionismo social e arrogância, sem qualquer preocupação ética. O duelista treinado não passava de um homicida. Ele se lançava na empreitada ciente de sua supremacia. Já o que aceitava o desafio sabendo-se em desvantagem cometia suicídio. Ambos violavam os Códigos Divinos. Teriam tempo de se arrepender do orgulho a que se entregavam. Essa prática infeliz deixava viúvas e órfãos, por cujas dores e provações os duelistas no futuro responderiam. Lentamente a legislação humana evoluiu. Hoje não mais se admite o duelo. Entende-se que a honra não se conquista ou se mantém à custa de homicídios ou suicídios. Mas a criatura humana é sempre herdeira de suas más inclinações. Antigos hábitos do passado espiritual não desaparecem com facilidade. Orgulho, arrogância, prepotência, egoísmo, ódio e ressentimento são vícios que ainda pesam fundo na economia moral da Humanidade. Esses sentimentos cruéis são a herança do que se viveu no pretérito remoto. Superá-los é o dever de todo homem comprometido com ideais de paz e redenção. Como visto, hoje não há mais duelos de vida e morte. Mas as criaturas permanecem se digladiando por bobagens. Embora não armados, tais confrontos permanecem bastante nocivos. Eles tiram a paz e semeiam tragédias. No lar, no ambiente de trabalho, no meio social, os indivíduos se melindram, com grande facilidade. Ao invés de conversarem e acertarem as diferenças, cultivam mágoas e ódios, à semelhança de tesouros. Tão nefasto cultivo um dia explode na forma de violentas discussões. Na falta de coragem para enfrentar o presumido opositor, não são raros os que lançam mão da maledicência. Tornam a vida do desafeto um inferno, ao espalhar em torno de seus passos as sementes da desconfiança. Onde ele antes via sorrisos e simpatia, passa a confrontar má-vontade e cara feia. Há ainda quem duele mentalmente, desejando o mal àquele que supostamente o ofendeu. Os pensamentos negativos por vezes atingem o destinatário, se este vibra em faixa equivocada e também se entrega a remoques. Mas sempre empestam a atmosfera espiritual de quem os emite e geram mal-estar e enfermidades. Ciente dessa realidade, preste atenção a como você reage a provocações e desentendimentos. Saiba que há mais coragem e sabedoria em relevar do que em revidar as ofensas. Cesse com o triste hábito de duelar e ofender e passe a perdoar e compreender. Uma vida honrada é a melhor resposta a provocações. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. XVII, do livro Jesus e vida, pelo Espírito Joanna de Angelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 12.02.2008.

domingo, 19 de julho de 2015

ANTES QUE SEJA TARDE

DIVALDO PEREIRA FRANCO
E
JOANA DE ÂNGELIS
É bastante comum pessoas, no leito de morte, desejarem aliviar a consciência. Fazem confissões apressadas de erros passados, pedindo e esperando perdão. Acreditam que, por estarem partindo, tudo será perdoado e esquecido. Não é verdade. Em algumas circunstâncias, revelações das faltas cometidas deixam, nos corações dos que ficam na Terra, muita mágoa e azedume. Mágoa e azedume que, como vibrações negativas, chegarão ao Espírito liberto, perturbando-o, na vida espiritual. Outros, antevendo a proximidade da morte, apresentam suas últimas vontades. Dessa forma, os que os assistem nessa hora final, ficam constrangidos a executá-las, gerando-lhes, por vezes, muitos incômodos. Moribundos há que desejam falar, mas não dispõem de voz, debatendo-se em aflição. Por tudo isso, pensa e age de forma diversa. Se sabes que um dia a morte te arrebatará o corpo, providencia já o que acredites necessário. Não faças, nem alimentes inimigos. Perdoa sempre. Desfaz, quanto antes, o mal entendido, para que, depois da morte, não venhas a te perturbar, por causa de remorsos, que serão tardios. Se desejas presentear alguém com o que te pertença, ou almejes adquirir, providencia de imediato. Não aguardes o tempo futuro. Ele poderá não te chegar. Faz testamento, regulariza a doação. Executa tua vontade, agora. Se pensas em reparar erros do ontem, toma logo a atitude. Não relegues a outrem o acerto dos teus desatinos. E, para que não te arrependas, depois da partida, não economizes palavras e gestos aos teus amores. Acarinha, abraça, beija. Após o desenlace, poderás desejar o retorno para dar recados e falar do amor que nunca expressastes na Terra. Poderá ocorrer que a Divindade não te permita. Ou que não tenhas as condições para a manifestação. Ou não encontres a quem falar e dizer. Por ora, podes falar e agir. Faze-o. Depois da morte, precisarás contar com quem te interprete o pensamento, quem te deseje ouvir, te sintonize. E lembra que se não semeares afeições e simpatias, enquanto no trânsito carnal, não terás frutos a recolher na Espiritualidade. Nem quem te recorde no mundo. Se almejas fazer o bem, servindo à comunidade, prestando serviço voluntário, engaja-te hoje ainda. Não aguardes aposentadoria. Dá hoje a hora que te sobra ou conquistas, entre os tantos compromissos agendados, porque poderá acontecer que não venhas a gozar os dias que esperas. Ou que, por circunstâncias que independam da tua vontade, necessites alongar a jornada profissional por mais alguns anos. Vive intensamente. Matricula-te no curso de idiomas, na aula de música, pintura, bordado. Esmera-te no aprendizado para que, ao partir, leves contigo uma grande bagagem. De braço dado com quem amas, realiza a viagem sonhada. E fotografa tudo com o coração, para não esquecer nenhum detalhe. A máquina fotográfica poderá falhar, por defeito técnico ou inabilidade de quem a manuseia. Mas o teu coração não esquecerá jamais o que viveu amorosamente. Feito tudo isso, se a morte chegar, de rompante ou te abraçar de mansinho, poderás seguir sem traumas, sem medos, em paz. E em paz deixarás os teus familiares, os teus amigos, os teus colegas e conhecidos. Pensa nisso.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Antes da desencarnação, pelo Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal. Em 31.10.2011.

sábado, 18 de julho de 2015

ANTES DE DESANIMAR

Jack Canfield e Mark V. Hansen
Antes de você desanimar porque fracassou em alguma coisa, pense que somente alcança o sucesso quem insiste, apesar de tudo. Fred Astaire, o famoso ator que encantou as telas do cinema dançando, ao fazer seu primeiro teste para o cinema, recebeu as informações de que não sabia atuar. Era careca, dizia o relatório, e ainda dançava um pouco. O professor de Enrico Caruso dizia que ele não tinha voz e não era capaz de cantar. Acreditando nisso, os pais de Enrico queriam que ele fosse engenheiro. Ele não desistiu e se tornou famoso cantor de ópera, admirado até os dias atuais. Winston Churchill foi reprovado na sexta série. Somente se tornou Primeiro Ministro da Inglaterra depois dos 60 anos. Sua vida foi cheia de derrotas e fracassos. Mas ele nunca desistiu. Chegou a dizer um dia: 
-Eu deixaria a política para sempre, se não fosse a possibilidade de um dia vir a ser Primeiro-Ministro. 
Conseguiu. E talvez poucos saibam: ele foi prêmio Nobel de literatura em 1953, por suas memórias da Segunda Guerra Mundial. Walt Disney foi despedido pelo editor de um jornal por falta de idéias. Você pode imaginar tal coisa? Antes de construir a Disneylândia, foi à falência diversas vezes. Nunca desanimou. Richard Bach teve recusada a sua história de dez mil palavras por 18 editoras. Era a história de uma gaivota que planava.Uma gaivota chamada Fernão Capelo Gaivota. Porque ele não desistiu, em 1970 a MacMillan publicou a história e em 5 anos vendeu mais de 7 milhões de exemplares, só nos Estados Unidos. Rodin era considerado por seu pai como um idiota. Seu tio dizia que ele era um caso perdido. Por três vezes ele foi reprovado na admissão à escola de artes. Descrito como o pior aluno da escola, Rodin não desistiu e deu ao mundo maravilhas da escultura como O pensador, O beijo e Filho pródigo. Chegou a ficar afastado do mundo das artes por dez anos, quando teve uma de suas obras recusada para exposição.Contudo, em 1900, em Paris, foi lhe destinado um pavilhão inteiro para a mostra de 168 trabalhos seus. Ao morrer, o hotel em Paris, onde viveu seus últimos nove anos de vida, se transformou em Museu Rodin, tendo ele legado suas obras ao Estado. Assim acontece com todos os que perseguem os seus sonhos, não se permitindo desanimar por fracassos, derrotas ou julgamentos precipitados. Portanto, se você está a ponto de desanimar, pare um pouco e pense. Logo haverá de descobrir que ainda há muitas tentativas a serem feitas. Há muita gente a ser procurada, muitos dias a serem vividos e muitas conquistas a alcançar. Não há limites para quem acredita que pode atingir os seus objetivos, que pode concretizar os seus projetos. Charles Darwin, conta sua biografia, era considerado por todos seus mestres e por seu próprio pai, um garoto comum e intelectualmente bem abaixo do padrão médio. Por que não se permitiu desanimar, se transformou no pai da Teoria da Evolução. Pense nisso e tente outra vez. E outra mais. Não se deixe abater por críticas, por experiências mal sucedidas. Vá em frente. Tente de novo e verá que os seus esforços alcançarão êxito. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. Pense nisso do livro Histórias para aquecer o coração – edição de Ouro, de Jack Canfield e Mark V. Hansen, ed. Sextante. Em 13.04.2009.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

ANTES DE CONDENAR...

Stephen Covey
Conta o escritor Stephen Covey, em um de seus livros, um fato ocorrido com ele, numa manhã de domingo, no metrô de Nova York. As pessoas estavam calmamente lendo jornais, divagando, descansando com os olhos semicerrados. Era uma cena calma e tranqüila. Subitamente, um homem entrou no vagão do metrô com os filhos. As crianças faziam algazarra e se comportavam mal. O clima mudou instantaneamente. O homem sentou-se ao lado de Stephen e fechou os olhos, aparentemente ignorando a situação. As crianças corriam de um lado para o outro, atiravam objetos e chegavam a puxar os jornais dos passageiros, incomodando a todos. Mesmo assim o pai não fazia nada. Para Stephen era quase impossível evitar a irritação. Ele não conseguia acreditar que ele pudesse ser tão insensível a ponto de deixar que seus filhos incomodassem os outros daquele jeito, sem tomar uma atitude. Dava para perceber facilmente que as demais pessoas também estavam irritadas. A certa altura, enquanto ainda conseguia manter a calma e o controle, Stephen virou-se para o homem e disse: Senhor, seus filhos estão perturbando muitas pessoas. Será que não poderia dar um jeito neles? O homem olhou para Stephen, como se estivesse tomando consciência da situação naquele exato momento, e disse calmamente: Sim, creio que o senhor tem razão. Acho que deveria fazer algo. Acabamos de sair do hospital, onde a mãe deles morreu há uma hora... Eu não sei o que pensar, e parece que eles também não sabem como lidar com isso. Nós podemos imaginar como Stephen se sentiu naquele momento... Diante da resposta inesperada, ele passou a ver a situação de um modo diferente. E como via diferente, pensava, sentia e agia de um jeito diferente. * * * Quantas vezes nós vemos, sentimos e agimos de maneira oposta à que deveríamos, por não perceber a realidade que está por trás da cena. No mundo conturbado em que vivemos, pensando quase exclusivamente em nós próprios, muitas dores e gemidos ocultos passam despercebidos, e perdemos a oportunidade de ajudar, de estender a mão. Por isso, é importante que cultivemos em nós a sensibilidade para perceber a dor oculta e amenizar a aridez da vida ao nosso redor. Geralmente o que fazemos é condenar, sem a mínima análise da realidade de quem está passando por árduas dificuldades. No entanto, é tão bom quando alguém percebe nossas dores e sofrimentos que não ousamos expressar... É tão agradável quando alguém nota que estamos atravessando momentos difíceis e nos oferece apoio... É tão confortador encontrar alguém que leia em nossos olhos a tristeza que levamos na alma dilacerada, e nos acene com palavras de otimismo e esperança... As pessoas têm maneiras diferentes de enfrentar o sofrimento. Umas se desesperam, outras ficam apáticas, muitas se tornam agressivas, algumas fogem... Por tudo isso, não devemos julgar a situação pelas aparências, porque podemos nos enganar. No caso do metrô, após saber o que realmente estava acontecendo com aquele pai e seus filhos, o coração de Stephen tomou-se de compaixão. Sinto muito. Gostaria de falar sobre isso? Posso ajudar? - Essa foi a atitude daquele que estava prestes a ter um ataque de nervos. Seus sentimentos mudaram. E mudaram porque ele soube da verdade que se escondia por trás da aparente indiferença de um pai que não sabia como lidar com o próprio sofrimento... Pensemos nisso! 
Redação do Momento Espírita, com base no item De dentro para fora, do livro Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes, de Stephen Covey, ed. Best Seller e Franklin Covey. Em 02.05.2008.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

ANTE OS TESTEMUNHOS

Segundo o Evangelho, na iminência de Seu martírio, Jesus dirigiu-Se ao Getsêmani com os discípulos. Acompanhado de três deles, afastou-Se um pouco para orar. Declarou-Se triste, pediu que vigiassem com Ele e orou. Absolutamente tudo o que Jesus fez durante Sua jornada terrena é pleno de significados. Ele é o Modelo e Guia dado por Deus à Humanidade. Forte como nenhum homem jamais o foi, por Suas virtudes, mas ainda assim sujeito às intempéries da vida terrena. Em face do grande testemunho que se avizinhava, esse Homem Superior lançou mão de duas providências. Primeiro, cercou-Se de Seus amigos queridos e partilhou com eles Suas angústias. Segundo, entrou em contato com a Divindade por meio da oração. No mundo, o homem está sempre às voltas com testemunhos. Em sua fragilidade, a cada instante é colocado à prova. Diferente de Jesus, pleno de pureza, bondade e sabedoria, o homem comum está sujeito às tentações e às dúvidas. Frequentemente se indaga a respeito de qual o melhor caminho a seguir. Hesita, sente-se fraco e teme não conseguir vencer as provações. Mesmo quando decidido, às vezes fraqueja ao colocar em prática suas boas resoluções. Essencialmente frágil, o ser humano não se debate apenas com dificuldades pontuais. Diariamente, ele corre o risco de cometer pequenos e desnecessários equívocos. Não se trata de pintar um quadro desanimador, mas de ser realista. O bem é sempre possível e ele invariavelmente ilumina e pacifica. Apenas, por vezes, as tentações do mundo se apresentam bastante sedutoras. Nesse contexto, convém recordar o sábio exemplo de Jesus. Em Sua grandeza, Ele não abdicou de dois sublimes recursos: a oração e a amizade. A oração coloca o homem em ligação com o Divino. Faculta que ele receba salutares inspirações e se fortifique. O hábito de orar constitui um eficiente antídoto contra as loucuras do mundo. Mas, nessa busca do Alto, importa não esquecer os companheiros de jornada. As amizades sinceras aquecem o coração e reduzem as carências e fragilidades. É importante aprender a partilhar as próprias dificuldades e sonhos com algumas pessoas de confiança. Esse processo de narrar os conflitos íntimos a Deus e ao próximo faculta o autoconhecimento. Se algo parecer muito vergonhoso para ser partilhado com um amigo querido, é porque jamais deve ser colocado em prática. Assim, ante seus testemunhos diários, ligue-se a Deus e a seus amigos. Trata-se de uma valiosa estratégia para que vença a si mesmo e caminhe firme em direção ao Alto. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita. Disponível no cd Momento Espírita, v. 20, ed. Fep. Em 20.10.2011.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

ANTE OS QUE PARTIRAM

CHICO XAVIER E EMMANUEL
É possível que nenhum sofrimento na Terra seja comparável ao daquele coração que se debruça sobre outro coração enregelado e querido, que o ataúde transporta para o grande silêncio. Ver a névoa da morte estampar-se, inevitável, na fisionomia daqueles que mais amamos, e cerrar-lhes os olhos no adeus indescritível, é como despedaçar a própria alma e prosseguir vivendo. Digam aqueles que já apertaram contra o peito o corpo inerte de um ser amado, consumidos pela dor e pela angústia da separação. Falem aqueles que, varados de saudade, inclinaram-se, esmagados de solidão, à frente de um túmulo, perguntando em vão pela presença dos que partiram. Todavia, quando semelhante provação te bater à porta, reprime o desespero e dilui a corrente de mágoa na fonte viva da oração, porque os chamados mortos são apenas ausentes e as gotas de teu pranto amargo e revoltado lhes fustigam a alma. Também eles pensam e lutam, sentem e choram. Atravessaram a faixa do sepulcro como quem se desvencilha da noite, mas, na madrugada do novo dia, inquietam-se pelos que ficaram... Ouvem-lhes as lamúrias e as súplicas e sofrem cada vez que os afetos deste plano da vida se rendem à inconformação ou ao desânimo. Lamentam-se pelos erros praticados e trabalham, com afinco, na regeneração que lhes diz respeito. Estimulam-te à prática do bem, compartilhando contigo as dores e as alegrias. Rejubilam-se com tuas vitórias e consolam-te nas horas amargas para que não te percas no frio do desencanto. Tranquiliza, desse modo, aqueles que te antecederam no regresso à pátria espiritual, suportando corajosamente a despedida temporária, e honra-lhes a memória, abraçando com nobreza os deveres que te legaram. Recorda que, em futuro mais próximo que imaginas, respirarás entre eles, dividindo outra vez necessidades e problemas, porque terminarás tu também a própria viagem no mar das provas redentoras. Para e pensa, pois, nessas questões. Não obstante a morte imponha amargura e dor, frustração e lágrimas naqueles que ficam, vale a pena permaneças vigilante, a fim de evitar excessos que te impeçam de pensar com clareza. A morte não é o fim absoluto da querida convivência dos que se prezam, dos que se amam. Cultiva, então, o bom senso. Sofre e chora, sem que o teu sofrimento perturbe os outros, sem que tuas lágrimas tragam desequilíbrio para tua intimidade. Retira o bom aproveitamento do padecer, amadurecendo, superando-te, para que as tuas provações ou expiações humanas, de fato, façam-te avançar para Deus. 
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Choras teus mortos? Então faze desse pranto um aceno de ternura e um bilhete de paz, onde tu digas aos amores desencarnados: Permitiu Deus que te libertasses antes de mim, e eu disso queixo-me por egoísmo, porque preferiria ver-te ainda sujeito às penas e sofrimentos da vida. Espero, pois, resignado, o momento de nos reunirmos de novo no mundo mais venturoso no qual me precedeste. Até breve e que Deus te abençoe, ser querido! 
Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 29, do livro Revelações da luz, pelo Espírito Camilo, psicografia de J. Raul Teixeira, ed. Fráter e no cap. Ante os que partiram, do livro Religião dos Espíritos, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB. Em 15.1.2015.

terça-feira, 14 de julho de 2015

ANTE O SOFRIMENTO

ALLAN KARDEC
Quando as dores nos cheguem com intensidade maior e a soma das dificuldades nos parecer insuperável, acolhamo-nos em prece. Alcemos o pensamento a Jesus, Médico e Amigo, e roguemos novas forças a fim de que não venhamos a soçobrar, a meio do caminho. Recordemos que, antes de nós, milhares de criaturas vivenciaram problemáticas mais ou menos dolorosas que as que nos acometem. E venceram. Venceram as dores, venceram os problemas, agigantaram-se na vitória. Lembremos, ao demais, que outras tantas milhares de criaturas vivem hoje dramas de maior complexidade que os nossos. E prosseguem, embora quase a desfalecer. São os que se encontram muito abaixo da linha da pobreza, a quem falta o pão que lhes possa garantir a subsistência. Alguns deles, pais e mães que, além da sua fome, têm a alma transpassada pelos lamentos dos filhos que lhes pedem algo com que saciar o estômago. Mães que, ante a própria desnutrição, ouvem seus bebês chorarem pelos seios secos que lhes ofertam. Pessoas que sofrem a perda de todos os bens materiais, levados pela força da natureza, que se rebela em terremotos, tsunamis, enchentes e deslizamentos. Doentes terminais ante dores excruciantes que almejariam pudessem cessar e, no entanto, eis que elas não os abandonam, nem se mostram propensas a diminuírem. Talvez pensemos que cada qual sabe de sua própria dor. E é verdade. No entanto, devemos lembrar que a ninguém é concedido fardo maior do que aquele que possa suportar. E, ao demais, como somos ovelhas do aprisco do Celeste Pastor, Ele nos assegurou que, com Ele, todo jugo é suave e todo fardo é leve. Por isso, a oração se faz de importância, colocando-nos em disposição de receber suas bênçãos de amor. Assim fortalecidos, disponhamo-nos a vencer as batalhas que se nos apresentem, uma a uma. Formulemos o propósito de dar um passo a vez, não desejando tudo resolver em uma única empreitada. E, pensando no dia de tantas horas, idealizemos vencer a primeira hora, depois a segunda, até que o dia se complete. E, quando nos prepararmos para o repouso físico, esgotadas as horas do trabalho profissional, das tarefas do lar, do estudo, agradeçamos ao Mestre a etapa vencida. Amanhã, será um novo dia. 
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Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres amados, encontram consolação em a fé no futuro, em a confiança na justiça de Deus, que o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele que, ao contrário, nada espera após esta vida, ou que simplesmente duvida, as aflições caem com todo o seu peso e nenhuma esperança lhe mitiga o amargor. Foi isso que levou Jesus a dizer:"Vinde a mim todos vós que estais fatigados, que eu vos aliviarei." Seu jugo é a observância dessa lei. Mas, esse jugo é leve e a lei é suave, pois que apenas impõe, como dever, o amor e a caridade. 
Redação do Momento Espírita com pensamentos finais do item 2, do cap. VI, do livro O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ed. Feb. Em 15.09.2011.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

ANTE OS ESPÍRITOS PUROS

EMMANUEL
E
CHICO XAVIER
Os feitos das grandes almas que transitaram pelo planeta costumam impressionar. Eles englobam fenômenos magnéticos ainda misteriosos, como os milagres. Há também atos grandiosos de renúncia e coragem, de abnegação e disciplina. Muitas vezes o homem, ao refletir sobre eles, anela realizá-los, por sua vez. Pensa nessas almas iluminadas e deseja partilhar-lhes o banquete de luz. Entretanto, a imensa maioria dos Espíritos vinculados à Terra constitui-se de consciências endividadas. A angelitude persiste como uma meta um tanto distante. Apesar disso, é possível começar, desde logo, a escalada em direção aos planos superiores da existência. Não lhe é viável, hoje, sustar o curso de uma tempestade com o mero erguer de suas mãos. Contudo, possui meios de asserenar a dor dos companheiros em sofrimento. Não lhe é possível, de um momento para o outro, transmitir ao mundo mensagens de supremas e confortadoras revelações. No entanto, com reduzido esforço, pode acender a luz do alfabeto em muitos cérebros que tateiam na noite da ignorância. Não possui meios para, como fez o Cristo no Tabor, materializar seres sublimes da Espiritualidade Excelsa. Todavia, nada o impede de tornar realidade um caldo reconfortante para os doentes abandonados que esmorecem de fome. Na atualidade, resultaria infrutífero qualquer empreendimento de sua parte para limpar alguém coberto de chagas, pronunciando simples ordem verbal. Mas pode alimentar a esperança e lavar as feridas de seu irmão. Talvez ainda não consiga sorrir com serenidade para quem o esbofeteia, como fazia Gandhi. Mas seguramente pode relevar quando um colega de trabalho fala algo ríspido. É bom e saudável refletir nos Mensageiros Divinos, respeitar-lhes a missão e admirar-lhes a grandeza. Também é conveniente pedir-lhes apoio nas dificuldades da jornada terrestre. Mas não se afigura sensato tentar obter de improviso as responsabilidades que lhes pesam nos ombros. Assim, não reclame para seus braços ainda frágeis o serviço próprio de um gigante. Antes de pretender ser sublime, trate de ser honrado e solidário. Cuide principalmente de cumprir os singelos deveres que lhe competem. Para isso, não se diga cansado, nem se proclame inútil. Reflita que um mísero verme, muito distante de seu pensamento, é um servo esquecido que aduba a terra. Da terra adubada é que surge o pão, que lhe sustenta a vida e possibilita o seu agir no mundo. Toda ocupação útil, por simples que se apresente, possui valor. O relevante é bem desempenhar a própria tarefa. Ela constitui uma etapa necessária na elaboração do anjo de luz que você será um dia. Pense nisso. 
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LXVIII do livro Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier,ed. Feb. Em 20.08.2009.

domingo, 12 de julho de 2015

ANTE OS DEFICIENTES

Nancy Puhlmann Di Girolamo
Há algum tempo, em Roma, os jornais noticiaram que um jovem pai lançou seu filho Ivano, um bebê deformado, de uma ponte do rio Tibre. Meu filho nunca me teria perdoado se eu o tivesse deixado viver somente para sofrer, disse o pai, justificando a sua atitude. Numa pesquisa de opinião, realizada por jornalistas europeus, na capital italiana, na ocasião, foi verificado que setenta e seis pessoas entre cem tendem à eliminação dos atípicos, porque pensam que a vida na Terra não é feita para sofrer. Em 10 de maio de 1912, em Nova York nasceu o menino Henry Viscardi Jr. Filho de um barbeiro, imigrante italiano, ele não tinha as duas pernas. No seu lugar, apenas dois cotos, exatamente como o pequeno Ivano. Seus pais o amaram e o criaram com duplicado carinho. Até os vinte e cinco anos de idade, ele não tinha mais do que um metro de altura e andava, graças a umas botas enormes, que pareciam luvas de boxe. Frequentava a universidade, custeando os seus estudos, trabalhando como juiz de basquetebol, garçom e repórter. Aos vinte e seis anos passou a utilizar pernas artificiais. A operação foi gratuita. O médico lhe disse: Um dia, faça alguma coisa por outros deficientes. Então, a dívida estará quitada. Casado e com filhos, Henry se tornou presidente de uma indústria de peças de automóveis, competindo no grande mercado industrial de Nova York. O importante a salientar, em sua indústria, é que todos que ali trabalhavam, desde o presidente ao faxineiro, eram deficientes físicos ou mentais. Tetraplégicos, em macas, usavam alguns dedos das mãos. Senhoras com deficiência mental confeccionavam trabalhos, num perfeito desafio à dignidade humana. Ele escreveu um livro, que se tornou um verdadeiro best-seller, em todo o mundo: Nós poderemos vencer. A primeira página é dedicada à sua mãe. A apresentação da obra é feita pela senhora Eleanor Roosevelt, esposa do ex-presidente americano Theodore Roosevelt. E aí, nos perguntamos: Será que o pequeno Ivano, lançado ao Tibre, não teria nascido para fazer na Europa o que o seu colega Henry realizou nos Estados Unidos? Será que, se deixado viver, não teria mostrado ao mundo que o Espírito suplanta a matéria e a domina? 
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Os deficientes enviam recados à sociedade humana. Recados que transmitem com dignidade, sem reclamações, acreditando no crescimento do hoje. Recados como este: estão se preparando para assumir papéis na vida familiar e na vida social, bastando que recebam uma chance. Bastando que as portas não se fechem para eles. Estão nas escolas e nas oficinas de treinamento. Andam ou são conduzidos pelas ruas, transportando suas pastas com material de estudo ou com instrumentos de trabalho. Conseguiram confiar em si mesmos, e estão dispostos a fazer duplo esforço para contribuir no desenvolvimento do seu potencial existente ou restante. Observemos quantos exemplos de extraordinária superação física e mental. Pensemos nisso e nos disponhamos, sempre, a investir na vida.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 5, pt. 1 e no cap. 3, pt. 2, do livro As aves feridas na Terra voam, de Nancy Puhlmann Di Girolamo, ed. Terra Azul. Em 5.9.2014.

sábado, 11 de julho de 2015

ANTE O ERRO

O discurso mundano fornece desculpas para quase tudo. Basta olhar em volta para identificar alguém que se permite bastante coisa. A depender do modelo que se adota, é fácil esquecer os parâmetros morais. Há quem justifique o abandono de sagrados deveres com a busca da felicidade. Acredita que os prazeres constituem oportunidade rara e necessitam ser imediatamente fruídos. Nessa linha, para viver uma alardeada grande paixão, não hesita em menoscabar o tesouro que representa sua construção familiar. Outro, no empenho de enriquecer, cede à tentação da desonestidade. E assim a criatura humana se complica. De sonho em sonho, de desatino em desatino, ela desce a ladeira moral. O problema é o que vem depois da fantasia realizada. Quando as emoções tumultuosas arrefecem, quando a paixão se apaga. Em geral, o que parece cintilante na imaginação possui outro aspecto na vivência diária É então que muitas vezes o arrependimento surge com seu gosto amargo. O que se sacrificou retoma seu natural valor e sua ausência angustia: a família desfeita, as amizades rompidas, a sociedade esgarçada, o bom nome perdido. Mais grave ainda é a culpa pelo agir equivocado. Antes de se lançar em atitudes radicais e egoístas, convém pensar nos anos que se lhes seguirão. Dentro de algum tempo, como se verá esse comportamento? Outra reflexão interessante é como seria classificada conduta semelhante em um desafeto. Malgrado todos os sonhos que agitam a alma humana, algumas realidades não podem ser ignoradas. Uma delas é que não há felicidade sem paz de consciência. É impossível construir a própria ventura enquanto se semeia a tragédia nos caminhos alheios. Ninguém fere sem se ferir, em igual medida. Talvez se logre calar a consciência um tempo. No tumulto da paixão, quiçá tudo o mais pareça de pouca importância. Contudo, é inevitável um encontro com a própria realidade íntima. Cedo ou tarde, ele se produz, para júbilo ou desgraça da criatura. Para quem se agita muito, costuma demorar um pouco mais. Mas a vida trata de produzi-lo. Ela dispõe de altos meios para desencadear salutares reflexões. Talvez propicie a vivência de uma traição semelhante à praticada. Ou surja na figura de uma enfermidade que tire todo o sabor das conquistas indignas. De todo modo, no ocaso da vida, quando as ilusões perdem a força, a consciência se agiganta no imo do ser. Para evitar amargos arrependimentos, convém pensar hoje nas consequências do que se faz.
Redação do Momento Espírita. Em 03.02.2012.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

ANTE AS DECEPÇÕES

RAUL TEIXEIRA
Não somos poucos os que nos tornamos pessoas amargas, indiferentes ou frias, por causa de decepções que afirmamos ter sofrido aqui ou ali, envolvendo outras pessoas. A decepção foi com o amigo a quem recorremos num momento de necessidade e não encontramos o apoio esperado. Foi com o companheiro de trabalho que nos constituía modelo, parecia perfeito e o surpreendemos em um deslize. Tais decepções devem nos remeter a exames melhores das situações. Decepcionarmo-nos com pessoas que estão no Mundo, sofrendo as nossas mesmas carências e tormentos não é muito real. Primeiro, porque elas não nos pediram para assinar contrato ou compromissos de infalibilidade para conosco. Segundo, porque o simples fato de elas transitarem na Terra, ao nosso lado, é o suficiente para que não as coloquemos em lugares de especial destaque, pois todas têm seu ponto frágil e até mesmo seus pontos sombrios. A nossa decepção, em realidade, é conosco mesmo, pois que nos equivocamos em nossa avaliação, por precipitação ou por análise superficial. Não menos errada a decepção que afirmamos ter com a própria religião, com a doutrina de fé cristã que está a espalhar, em toda parte, os ensinamentos deixados por Jesus Cristo para os seres de boa vontade. O que acontece é que costumamos confundir as doutrinas que ensinam o bem, o nobre, o bom com os doutrinadores que, embora falem das virtudes que devemos perseguir, conduzem as próprias existências em oposição ao que pregam. Como vemos, a decepção não é com as mensagens da Boa Nova, mas exatamente com os que conduzem a mensagem. Nesse ponto não nos esqueçamos de fazer o que ensinou Jesus: comparar os frutos com as qualidades das árvores donde eles procedem, de modo a não nos deixarmos iludir. Avaliemos, desta forma, as nossas queixas contra pessoas e situações e veremos que temos sido os grandes responsáveis pelas desilusões do caminho. Nós mesmos é que criamos as ondas que nos decepcionam e magoam. Cabe-nos amadurecer gradualmente nos estudos e na prática do bem, aprendendo a examinar cada coisa, cada situação, analisar a nós mesmos com atenção, a fim de crescermos para a grande luz, sem nos decepcionarmos com nada ou com ninguém. Precisamos aprender a compreender cada indivíduo no nível em que se situa, não exigindo dele mais do que possa dar e apresentar, exatamente como não podemos pedir à roseira que produza violetas, que não tenha espinhos e que não despetale suas flores na violência dos ventos. 
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Para que avancemos em nossa caminhada evolutiva, imponhamo-nos uma conduta de maturidade, de indulgência e de benevolência para com os demais. Disponhamo-nos a brilhar, sob a proteção de Deus, avançando sempre, não nos detendo na retaguarda a examinar mágoas e depressões, que se apresentam na estrada como pedras e obstáculos, calhaus e detritos.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 28 do livro Revelações da luz, pelo Espírito Camilo, psicografia de Raul Teixeira, ed. Fráter. Em 11.12.2007.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

ANTE A MORTE

Você já foi a algum velório? É possível que sim, pois é certo que, por mais jovens que sejamos, já tivemos a experiência da morte de algum membro da família, de um colega da escola ou da área profissional, um vizinho, um amigo. O que se observa, quase sempre, nos velórios, é que não sabemos exatamente como nos comportar. Observemos alguns conceitos sobre o assunto. A morte é o destino certo de todos os seres vivos. Todos os espiritualistas, isto é, os que acreditam que o Espírito sobrevive à morte, têm consciência de que a morte é do corpo. O ser pensante prossegue vivo e atuante. Justamente por este motivo é que a postura do cristão, nesses momentos, se reveste de características especiais. Se cremos que o ser prossegue vivendo, devemos, desde logo, nos preocupar com a sua condição no além-túmulo. O clima deve ser de oração para que o desencarnado possa se libertar com facilidade dos laços que prendem a alma ao corpo. Oração para que ele se tranquilize, desde logo, ajustando-se ao seu novo estado de Espírito liberto da carne. Prece para que a saudade e a preocupação com os seres amados que ficaram não o atormentem, enquanto ele se ambienta no mundo espiritual. É prudente que, ao chegar no local do velório, procuremos os familiares do desencarnado e, se tivermos intimidade, os abracemos. Eles saberão, assim, que mais um amigo se faz presente naquele momento de dor. Contudo, não se aconselham expressões como Meus pêsames, Lamento muito, Que desgraça! Afinal, se somos discípulos do Mestre que nos legou a mensagem da imortalidade, por que lamentar a libertação daquele que já cumpriu sua etapa na Terra? Seria o mesmo que, retidos em uma enorme prisão, chorássemos a libertação de um companheiro de cela, antes de nós. Os familiares do desencarnado merecem o nosso carinho e o nosso apoio. Naquele momento, necessitam saber que podem contar conosco, que podem chorar em nossos ombros. Ofereçamos o nosso abraço e falemos palavras de encorajamento. Palavras simples como Conte comigo, Oro por sua tranquilidade. Levemos conosco um livro nobre e alimentemos o ambiente com pensamentos saudáveis, com a leitura individual e silenciosa. Assim, estaremos agindo como cristãos, auxiliando o falecido e amparando seus familiares. 
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Se nos preocupamos em comparecer ao local do velório e ao enterro dos nossos conhecidos, colegas e amigos, recordemos que o apoio aos seus familiares deve prosseguir. Nos dias seguintes, lembremos de fazer breve ligação telefônica, indagando se a família não necessita de algo. Talvez um auxílio com papéis, uma orientação ou a simples companhia. Ou, ainda, uns minutos da nossa atenção para amenizar a saudade que tenta lhes fazer companhia. 
Redação do Momento Espírita. Em 02.11.2011.