Quando ele viajava, escrevia para ela quase todos os dias.
Aos quatorze anos, Léopoldine apaixonou-se.
O pai não a desejava longe de si tão cedo e somente aos dezenove anos deu seu consentimento para o casamento.
Poucos meses depois, o marido, acompanhado do tio e do primo, embarcou em um barco a remo no rio Sena.
O tempo estava calmo e Charles convidou a esposa para se juntar a eles.
Léopoldine recusou.
Mas acabou por aceder à insistência do marido.
Foram surpreendidos por uma repentina rajada de vento que virou o bote, prendendo os passageiros sob o casco.
As tentativas de Charles de resgatar a esposa e os outros passageiros falharam.
Os quatro se afogaram.
Victor Hugo estava viajando.
Ninguém sabia como contatá-lo.
Seis dias depois da morte de Léopoldine, ele voltava de uma longa caminhada ao sol.
Estava cansado, com sede, chegou a uma aldeia e entrou num café.
Foi ali, no jornal, que ele descobriu que a melhor metade do seu coração estava morta.
Caiu em profunda depressão.
Os dez anos seguintes foram os mais sombrios de sua vida.
Nada do que produzia aliviava sua angústia.
Dez dias antes da morte da filha querida, viajando pelos Pirineus, ele lhe enviara uma carta.
A página, cuidadosamente construída, é mais um testemunho da sua terna devoção à filha mais velha e ao marido dela.
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| VITOR HUGO |
Em 1853, no exílio, na ilha de Jersey, ele foi visitado pela amiga Delphine de Girardin.
A visita foi marcada pela realização de várias sessões mediúnicas.
Numa delas, apresentou-se Léopoldine.
Victor Hugo pareceu ressurgir do seu estado de tristeza para a claridade de uma certeza: sua filha vivia a imortalidade.
E lhe dedicou um poema, cujos versos asseguravam:
Amanhã, ao amanhecer, enquanto o campo clareia, partirei.
Você está me esperando. Eu sei.
Passarei pela floresta e pela montanha.
Não posso mais ficar longe.
Caminharei com os olhos fechados, sem ver nada que me rodeia, sem ouvir nenhum som.
Sozinho, desconhecido, costas curvadas, mãos cruzadas.
E triste.
Quando eu chegar, colocarei em seu túmulo um buquê de azevinho verde e urze em flor.
* * *
O coração do pai murmurava canções de amor à filha querida.
Redação do Momento Espírita, com
base em diversas notas virtuais.
Em 13.11.2025


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