quinta-feira, 6 de novembro de 2025

GESTO TRANSFORMADOR

Anne Sullivan
O Hospital Tewksbury é um local listado no registro nacional de lugares históricos, localizado em um campus de mais de oitocentos acres em Tewksbury, Massachusetts. 
De fevereiro de 1876 a outubro de 1880, abrigou sua interna mais famosa, Anne Sullivan, conhecida como professora e companheira de Helen Keller.
Com a mãe morta e abandonada pelo pai, Sullivan foi ali internada, aos dez anos de idade, junto com seu irmão mais novo, Jimmie. 
Sullivan sofria de tracoma, que começava a cegá-la. 
Seu irmão sofria de tuberculose, que causaria sua morte quatro meses depois.
Anos mais tarde, ela diria que tudo que lembrava desse local era indecente, cruel, melancólico, macabro.
Era uma época em que as pessoas se comportavam assim.
Considerada incorrigível, selvagem, incontrolável, impossível de lidar, ela foi trancada numa cela, no porão. 
Mordia, gritava, atirava comida. 
Médicos e enfermeiros não conseguiam sequer examiná-la.
Uma pessoa encarregada da limpeza, apenas alguns anos mais nova que Anne, achava um horror viver trancada daquele jeito. 
Sentiu-se penalizada. 
Queria ajudar. 
Que fazer, no entanto, se os doutores não conseguiam? 
Numa noite, depois do trabalho, decidiu assar alguns brownies. 
No dia seguinte, deixou-os no chão, diante da cela, e disse: Annie, fiz isso especialmente para você. Se quiser, pode pegar. 
Saiu rápido, com medo de que a menina os atirasse de volta.
Mas a garota pegou os brownies e os comeu. 
A partir daí, tornou-se um pouco mais dócil com ela.
Chegavam a conversar, a rir juntas. 
Uma enfermeira percebeu e contou ao médico. 
Logo, pediram à jovem funcionária que ajudasse com Anne.
Quando precisavam examiná-la, era ela quem primeiro entrava, acalmava a menina, explicava as coisas e segurava sua mão. 
Em outubro de 1880, Sullivan deixou Tewksbury, autorizada, pela intervenção de um funcionário do Estado, a se transferir para a Escola Perkins para cegos, em Boston. 
Ali aprendeu a ler, escrever e, mais tarde, tornou-se professora. 
Anos depois, Anne voltou a Tewksbury como educadora. 
O diretor comentou com ela sobre uma carta que acabara de receber. 
Um pai desesperado tinha uma filha cega, surda e considerada louca. 
Não queria interná-la num asilo. 
Perguntava se alguém poderia ajudá-la em casa. 
Anne Sullivan e Helen Keller
Esse foi o início da história que uniu Anne Sullivan a Helen Keller, aluna, amiga e companheira por toda a vida. 
Anos mais tarde, em 1953, Helen Keller recebeu o Prêmio Nobel da Paz, pelo seu trabalho internacional em prol dos direitos das pessoas com deficiência e dos direitos humanos.
Quando lhe perguntaram quem mais havia influenciado sua vida, ela respondeu: 
-Anne Sullivan. 
Anne, rapidamente a corrigiu: 
-Não, Helen. A mulher que nos transformou a ambas foi uma humilde funcionária de limpeza que um dia ofereceu alguns brownies a uma menina esquecida numa cela. 
***
Compaixão é a capacidade de entender e se conectar com o sofrimento de outra pessoa e promover algo em seu favor. 
Por menor seja o gesto, pode retirar alguém da escuridão para a descoberta de uma réstia de luz, uma esperança. 
Redação do Momento Espírita, com dados biográficos de Anne Sullivan. 
Em 06.11.2025

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