É o corvo.
Ele pousa em suas costas e, persistente, começa a lhe bicar o pescoço. Implacável.
Irritante.
A águia, no entanto, não revida.
Não bate as asas com fúria, não gasta energia em represálias.
Não tenta, de alguma forma, contra-atacar.
Serena, ela toma uma atitude: voa para mais alto.
Eleva-se e eleva-se.
Quanto mais alto ela voa, mais rarefeito se torna o ar.
O corvo, incapaz de suportar a altitude, perde forças e cai.
Simplesmente cai, não porque a águia o atacou, mas porque ela se elevou.
* * *
Esse conto nos convida a refletir sobre como lidamos com os corvos da nossa vida: as críticas injustas, as palavras duras, as atitudes maldosas.
Quantas vezes desperdiçamos energia em discussões sem sentido, em disputas pequenas, em conflitos que só nos roubam a paz?
O sábio Mestre de Nazaré já estabelecera como regra que não devíamos resistir ao mal.
Se alguém nos bater na face direita, cabe-nos oferecer também a outra.
Isso nos diz que a verdadeira força está em não revidar, mas em elevar-se moralmente, acima das agressões.
Não resistir ao mal significa vencê-lo com nobreza.
Da mesma forma que a águia sobe a patamares mais elevados, para se livrar do incômodo inimigo, nós também podemos escolher os degraus mais altos da paciência, da serenidade e do amor.
Deixar que o outro fale, critique, zombe, até ataque.
E, em vez de responder no mesmo tom, simplesmente elevar-nos.
Nosso crescimento espiritual se tornará a resposta mais eloquente, sufocando o barulho das incompreensões.
Não se trata de passividade, mas de sabedoria.
Revidar é fácil.
Elevar-se é trabalho da alma.
Responder com agressividade é instinto.
Silenciar e seguir em paz é conquista do Espírito.
Quantas vezes Jesus foi insultado, injuriado, caluniado?
No entanto, em nenhum momento devolveu o mal que recebia.
Elevou-se sempre, em palavras e atitudes, até o ponto mais alto que o amor pode alcançar.
Com certeza, é desafiador seguirmos esse exemplo.
O orgulho ferido grita, a vontade de replicar surge, mas é nesse momento que o ensinamento crístico se torna valioso.
Cada vez que renunciamos à resposta impulsiva, abrimos espaço para uma paz que não pode ser roubada.
Quando escolhemos o caminho da elevação, não apenas superamos os adversários, pretensos inimigos, mas inspiramos outros a nos imitarem.
Nossos gestos de compreensão, de perdão e de silêncio geram ondas que alcançam corações.
Nesse movimento, nossa alma se fortalece e nossa luz interior brilha com mais intensidade.
Dessa maneira, não desperdicemos energias preciosas com os que nos agridem, de qualquer forma.
Direcionemos nossas forças para ascender a planos mais elevados.
Os que não nos acompanharem a caminhada ascendente, ficarão na retaguarda.
Não porque os enfrentamos, os atacamos, mas por causa da grandeza da nossa subida.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita,
a partir de fábula popular.
Em 24.11.2025

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