segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

IMORTALIDADE EM VERSOS

Caminheiro, que passas pela estrada, 
Seguindo pelo rumo do sertão, 
Quando vires a cruz abandonada, 
Deixa-a dormir em paz na solidão. 

É de um escravo humilde sepultura, 
Foi-lhe a vida o gozar de insônia atroz. 
Deixa-o dormir no leito de verdura, 
Que o Senhor dentre a selva lhe compôs. 

Quando, à noite, o silêncio habita as matas,
A sepultura fala a sós com Deus. 
Prende-se a voz na boca das cascatas, 
E as asas de ouro aos astros lá nos céus. 

Caminheiro! Do escravo desgraçado 
O sono agora mesmo começou! 
Não lhe toques no leito de noivado, 
Há pouco a liberdade o desposou. 

Estes são versos da autoria de Castro Alves, o poeta dos escravos. 
É um lamento de dor pela situação do negro, escravo de uma civilização que se denominava cristã, mas não se pejava em escravizar seus irmãos, sem piedade alguma. 
Retirados à força do seu país natal, alguns deles chefes tribais, tinham desprezados todos os seus direitos. 
Direito de ser tratado como ser humano, direito ao descanso, à família, à expressão do seu culto religioso, à dignidade. 
O desejo de ser livre, de poder se expressar em seu próprio idioma, de cultuar seus deuses, tudo lhes era vedado. 
A rebeldia era punida com castigos horrendos e a morte. 
É a morte que, justamente, o poeta dos escravos exalta como a libertadora. 
E em seus versos revela a verdade inconteste da Imortalidade. 
Extinto o corpo, a alma estava liberta para andar pelos campos espirituais. 
Como ser espiritual, imortal, poderia retornar aos ares do seu país natal, poderia reencontrar os amores que houvessem partido antes dele. 
* * * 
Embora muitos haja na Terra que, ainda, insistem em afirmar que nada existe para além da vida física, somos imortais.
Ninguém morre. 
Finda-se o corpo, mas a essência permanece. 
Liberta do corpo, a alma retorna ao grande lar. 
Busca os amores, recompõe-se das lutas travadas durante a vida terrena e prossegue na conquista do progresso. 
É assim que os que sofreram muito sobre a Terra encontram o restabelecimento das forças e as recompensas pelo bem sofrer. 
A imortalidade é a grande porta que se abre para o reencontro dos que se amam e daqueles que ainda necessitam exercitar o amor uns pelos outros. 
É o repouso das lutas, é o reabastecer de energias para novas etapas de progresso do ser que nunca morre e cujo destino final é a perfeição. 
Redação do Momento Espírita, com versos da poesia A cruz da estrada, de autoria de Castro Alves. Disponível no CD Momento Espírita, v. 20, ed. FEP. 
Em 20.01.2025.

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